Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia

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Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia

• Não adianta preservar o nome da vítima e, ao mesmo tempo, estampar uma foto ou mencionar nomes de parentes ou fornecer o endereço do local onde a criança mora. Embora pareça impensável, esta ocorrência é mais comum na cobertura jornalística do que se imagina.

• Recursos técnicos como a contraluz, a distorção da voz e o desfocar a imagem da criança ou do adolescente podem ser utilizados pelos meios de comunicação no sentido de preservarem a identidade e a integridade de meninos e meninas violentados sexualmente.

Abusos por parte dos meios de comunicação Como visto, os profissionais da imprensa estão sujeitos a incorrer em equívocos na cobertura jornalística cotidiana, especialmente quando abordam temáticas mais complexas – como é o caso da violência sexual contra meninos e meninas. Nesses casos, uma atitude proativa das fontes de informação é buscar um diálogo franco com o jornalista, esclarecendo as especificidades da questão e os caminhos para uma cobertura mais qualificada. Esse, inclusive, pode ser um caminho importante para a construção de uma relação profícua com aquele repórter. Nem sempre, no entanto, esse diálogo propositivo alcança o resultado esperado. Como em todas as áreas, o jornalismo também está sujeito a profissionais pouco éticos e que, deliberadamente, utilizam o espaço midiático como palco para desrespeitos de direitos. Para esses casos, é importante saber que a sociedade dispõe de instrumentos legais para coibir abusos por parte dos meios de comunicação. Em novembro de 2005, por exemplo, uma decisão judicial inédita tirou do ar por 60 dias o programa Tarde Quente, exibido pela Rede TV! e que tinha à frente o apresentador João Kléber. A suspensão foi determinada pelo Poder Judiciário, que atendeu a denúncias sobre a constante violação de direitos humanos cometida pela atração Durante mais de um mês, a Rede TV! foi obrigada a exibir, no horário antes ocupado por João Kleber, o Direitos de Resposta – série de 30 programas produzidos em conjunto por seis entidades da sociedade civil organizada, entre elas o Intervozes, que abordava temas como direitos humanos, diversidade sexual e direitos da infância e adolescência.


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