2. INTRODUÇÃO
O presente texto apresenta um conjunto de dados e reflexões sobre o crítico momento que vivemos no Brasil. Ainda que não se trate de um golpe empresarial militar como ocorreu em 1964, o golpe de 2016 abriu a antessala para o avanço de um intenso processo autoritário, seja pela militarização do Estado - com a ocupação de cargos estratégicos por militares e a incorporação de militares às escolas públicas, ou ainda, pela intervenção do Governo Bolsonaro nas Instituições Federais de Ensino/IFE. O exame desta dupla face do autoritarismo (militarismo e intervenção nas IFE) será apresentado em três seções. Na primeira seção, analisamos os dados referentes à militarização do Estado pelo mapeamento do número de militares atuando em cargos estratégicos do governo federal e nas áreas da Saúde e Socioambiental. Na segunda seção, apresentamos um mapeamento da militarização das escolas de Educação Básica e os dados recentes da sistemática intervenção do Governo Bolsonaro nas instituições federais de ensino pela indicação de reitores não eleitos nos fóruns das referidas instituições1. Um processo agressivo e autoritário que reconfigura profundamente o serviço público federal, bem como fere a autonomia de gestão, financeira e político-pedagógica e a democracia interna nas instituições de ensino. Por fim, destacamos algumas reflexões sobre o quadro preocupante de militarização das principais áreas do serviço público federal e de intervenção nas instituições públicas de ensino. Evidenciamos as tarefas políticas de denúncia, resistência e enfrentamento coletivo que estão colocadas para todos os trabalhadores e as trabalhadoras nestes tempos de ofensiva ultraconservadora do capital, conduzida pelo bolsonarismo, em um país, como o Brasil, marcado por sua inserção capitalista dependente na economia mundial.
1
Levantamento até fevereiro de 2021.
8