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Luta por Justiça e Resgate da Memória | Relatos e Debates da Comissão da Verdade do ANDES-SN
ra – por democracia real, serviços públicos e gastos excessivos com os megaeventos e mesmo contra a violência policial –, enfrentaram as tradicionais respostas a movimentos de reivindicação: a repressão e a criminalização. E isso aconteceu exatamente quando nos propomos a “rememorar” os 50 anos do Golpe e a fazer o balanço dos 25 anos da “Constituição Cidadã”. O modelo de desenvolvimento excludente e autoritário Esta violência está vinculada a um certo modelo de desenvolvimento e que não existe apenas no Rio de Janeiro, mas que se expressa no Brasil afora por megaempreendimentos. Nas cidades, tal modelo também é caracterizado pelo seu caráter excludente e autoritário. Percebe-se que esse modelo pretende que a população pobre não ameace os negócios, como a elite os concebe. Os expedientes utilizados pra isso têm, até mesmo, sua nomenclatura originada na Ditadura, um dos mais importantes é o “auto de resistência”, que justifica a grande dizimação de jovens negros pobres e da periferia do Brasil. Também são lançados expedientes como as barreiras acústicas, os “caveirões” – que vêm de Israel e da África do Sul – e os “ecolimites”, quando se perseguem certos interesses da especulação imobiliária. O uso de uma favela cenográfica como lugar de treinamento de policiais
denota o tipo de abordagem que o poder público faz sobre certos setores e locais de moradia. Bope e Militarismo têm raízes na Ditadura Portanto, não falamos de meros resíduos, mas de algo importante que restou e que é permanentemente ressignificado. Se tomarmos o Bope e o Militarismo de forma geral, estaremos diante das áreas que mais recebem investimentos no campo da segurança e são elementos cujas raízes se vinculam à Ditadura. Perdas e ganhos com as jornadas No processo das Jornadas de Junho, houve conquistas – evitouse a demolição da Escola Municipal Friedenreich e de outros aparelhos esportivos no entorno do Maracanã – mas houve também derrotas significativas e que permanecem, ainda, com a utilização de mecanismos autoritários. Prisões coletivas e injustificadas: os artifícios do poder O uso da figura do desacato, um tipo penal que cria uma espécie de privilégio de proteção a certos agentes públicos é, na realidade, uma reversão da contestação do abuso de poder. Ou seja, quando