Tr s metros acima do c u

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Step agradece e segue em frente. Hook e o Siciliano chegam carregados de ovos e tomates. Começam a acertar nos quadros, nas paredes e nos convidados, com total imparcialidade, com força, para machucar. Brandelli se junta a Roberta. — Onde fica o telefone? — Ali. — Roberta aponta para o lado oposto ao do banheiro. Parece-lhe ser um guarda do trânsito que tenta dar um jeito naquele vaivém, ou melhor, naquele caos repentino que tomou conta da sua sala. Infelizmente, não tem autoridade para multar todo o mundo e expulsá-los dali. Alguém, mais sábio ou mais covarde do que os demais, aproxima-se, beijando-a. — Até a próxima, Roberta. Muitas felicidades. Já está ficando tarde, precisamos ir. -Ali. -Já completamente surtada, Roberta aponta para a saída pela qual, não fosse o fato de estar na sua própria casa, gostaria de fugir. — Pare, já disse para me pôr no chão. Você vai pagar por isso... — E quem vai me punir? Aquele cabide engomadinho que mais parece um garçom? Step entra no banheiro e abre a porta corrediça, de acrílico opaco, do box. Babi se agarra na armação de metal na tentativa de detê-lo. — Não, pare! Socorro! Alguém me ajuda! Step dá um passo para trás, segura as mãos dela e as solta sem dificuldade. Babi decide mudar de tática. Tenta dar uma de simpática. -Tá bom, tá bom, então desculpe. Agora me ponha no chão, por favor. — O que quer dizer por favor? Você jogou um copo de Coca na minha cara e agora me diz por favor? — Eu sei, e reconheço que estava errada, não deveria ter feito isso. — E bota errada nisso. — Step entra no chuveiro e se ajeita bem embaixo do cano. — Mas agora é tarde. Preciso tomar uma chuveirada de qualquer jeito, senão vai até me acusar de ser pegajoso. — Não, não. Não tem nada a ver. Um jato de água bate bem no meio da cara de Babi, quase jogando as palavras na garganta da garota. — Cretino! — Ela se agita tentando evitar a água, mas Step a segura firme, fazendo-a rodar para que fique toda molhada. — Me solta, seu débil mental, me deixe sair daqui. — Quente demais? — Sem esperar pela resposta Step mexe no regulador de temperatura que está bem diante dele. Vira-o completamente para o azul. A água torna-se imediatamente fria. Babi grita. — É disso mesmo que a gente precisa, uma boa chuveirada gelada para dar um jeito no seu sangue esquentado. Sabia que é muito bom passar da água quente para a gelada, assim, de repente? — E leva o ponteiro novamente para o vermelho. A água começa a fumegar. Babi grita ainda mais alto. — Isso queima! Fecha logo essa porcaria! — Acredite, isso é bom mesmo. Abre os poros, ajuda na circulação, chega mais sangue ao cérebro para a gente raciocinar melhor e entender que precisa tratar


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