Relatório de Estágio

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UNIVERSIDADE DE ÉVORA DEPARTAMENTO DE PAISAGEM, AMBIENTE E ORDENAMENTO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO MESTRADO EM ARQUITETURA PAISAGISTA

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA Ana Manuel Sobral Caetano Mestre

Orientador: Professora Dra. Maria da Conceição Martins Lopes de Castro Co-orientador: Professora Dra. Maria da Conceição Marques Freire

Fevereiro 2012

ESTE RELATÓRIO DE ESTÁGIO NÃO INCLUI AS CRÍTICAS E SUGESTÕES DO JÚRI.


ESTE RELATÓRIO DE ESTÁGIO NÃO INCLUI AS CRÍTICAS E SUGESTÕES DO JÚRI.


Quero agradecer, em primeiro lugar, ao Arquitecto Paisagista João Ceregeiro e à Arquitecta Paisagista Marta Francisco que tão bem me receberam na equipa e me apoiaram durante todo o estágio. Agradeço também a todos os professores que fizeram parte do meu percurso académico por me transmitirem os seus conhecimentos e por me fazerem apaixonar pela Arquitectura Paisagista, em especial à Professora Conceição Castro e à Professora Conceição Freire por me orientarem durante a realização deste relatório. Um agradecimento muito especial aos meus colegas de turma com quem criei verdadeiras amizades e com quem partilhei os bons e maus momentos da vida de estudante. Por último quero, também, agradecer à minha família pelo apoio que sempre me deram. III

AGRADECIMENTOS


EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

RESUMO

Neste relatório é apresentado o trabalho desenvolvido durante o estágio realizado no atelier de Arquitectura Paisagista Ceregeiro, Arquitectura Paisagista Lda. – Projecto de espaços exteriores para a residência de estudantes do Tagus Park; Projecto de espaços exteriores da Quinta de S.José de Ribamar; Projecto de espaços exteriores da moradia do bairro da Martinha; Projecto de espaços exteriores para a área envolvente ao Palacete do Campus do Lumiar; Projecto de espaços exteriores para a moradia privada da Av.Tenente‐Coronel José Pessoa; Projecto de espaços exteriores para a moradia Gonçalo Corrêa D’Oliveira; Projecto de espaços exteriores para a parcela 148C da herdade da Comporta e Plano de plantação da moradia Clara Chambel. Juntamente com a exposição dos diferentes trabalhos é feita uma reflexão crítica sobre as metodologias utilizadas e as dificuldades sentidas durante o desenvolvimento dos mesmos, bem como a forma como estes vieram complementar as aprendizagens adquiridas durante o percurso académico e como me valorizaram enquanto profissional da área de Arquitectura Paisagista. IV


EXPERIENCES IN THE FIELD OF LANDSCAPE ARCHITECTURE

ABSTRAT

This report presents the work developed during the internship in the studio Ceregeiro, Landscape Architecture Ltd. – Outdoor Landscape Project for the students residence in Tagus Park; Outdoor Landscape Project of Quinta de S.José de Ribamar; Outdoor Landscape Project of a private villa in Bairro da Martinha; Outdoor Landscape Project of Palace Campus do Lumiar; Outdoor Landscape Project of private villa in Av.Tenente‐Coronel José Pessoa; Outdoor Landscape Project of private villa of Gonçalo Corrêa D’Oliveira; Outdoor Landscape Project of lot 148C in Herdade da Comporta and Planting Plan in private villa of Clara Chambel. Along with the exposure of different studies is carried out a critical reflection on the methodologies used and on the difficulties experienced throughout their development, as well as how they came to complement the learning acquired during my academic career and how am I valorized as a professional in the area of Landscape Architecture.

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ÍNDICE

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

AGRADECIMENTOS .....................................................................................III RESUMO...................................................................................................IV ABSTRAT ...................................................................................................V 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................4 2. BREVE CARACTERIZAÇÃO DA ENTIDADE ONDE FOI REALIZADO O ESTÁGIO...............5 3. EXPERIÊNCIAS ...........................................................................................10 3.1. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A RESIDÊNCIA DE ESTUDANTES DO TAGUS PARK .........................................................10 3.2. PROJETO PARA OS ESPAÇOS EXTERIORES DA QUINTA DE S. JOSÉ DE RIBAMAR.....................................................................................13 3.3. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES DA MORADIA DO BAIRRO DA MARTINHA .................................................................................20 3.4. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A ÁREA ENVOLVENTE AO PALACETE DO CAMPUS DO LUMIAR ..................................................30 3.5. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A MORADIA PRIVADA DA AV.TENENTE‐CORONEL JOSÉ PESSOA ...............................................40 3.6. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A MORADIA GONÇALO CORRÊA D’OLIVEIRA .................................................................................46 3.7. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A PARCELA 148C DA HERDADE DA COMPORTA .............................................................................53 3.8. PLANO DE PLANTAÇÃO DA MORADIA CLARA CHAMBEL ........................60 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................64 5. BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................65 1 MESTRADO EM ARQUITETURA PAISAGISTA ANA MANUEL MESTRE


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ÍNDICE DE FIGURAS Fig.1 Esquiço (da autoria do Arq. Paisagista João Ceregeiro) ............. 7

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Fig.19 Plano Geral da Proposta para os espaços exteriores da moradia do Bairro da Martinha ......................................................... 20 Fig.20 Levantamento da situação existente/corte ............................ 22

Fig.2 Localização Tagus Park ................................................................ 8

Fig.21 Levantamento da situação existente/corte ............................ 22

Fig.3 Corte da fase I ‐ Proposta para os espaços exteriores da residência de estudantes no Tagus Park ............................................................. 10

Fig.22 Aditamento do Plano de Plantação e Sementeiras – Cobertura Plantada ............................................................................ 24

Fig.4 Corte da fase II ‐ Proposta para os espaços exteriores da residência de estudantes no Tagus Park ............................................................. 10

Fig.23 Pavimento e escada ‐ Pormenor da construção...................... 26

Fig.5 Localização da Quinta da S.José de Ribamar ............................. 11 Fig.6 Limite exterior sul (Quinta de S.José de Ribamar)..................... 12 Fig.7 Dragoeiros (Quinta de S.José de Ribamar) ................................ 12 Fig.8 Plano geral da proposta para os espaços exteriores da Quinta de S.José de Ribamar.......................................................................... 13

Fig.24 Base de Guarda‐Sol junto da piscina ‐ Pormenor de construção ......................................................................................... 26 Fig.25 Fotografia do Pátio em fase de obra ....................................... 27 Fig.26 Fotografia da estrutura de ensombramento do estacionamento em fase de obra ...................................................... 27 Fig.27 Localização do IAPMEI ‐ Palacete do Campus do Lumiar ....... 28

Fig.9 Maqueta .................................................................................... 14

Fig.28 Setor Poente ‐ Fotografia do espaço original.......................... 29

Fig.10 Fotografia do espaço original .................................................. 14

Fig.29 Setor Nascente ‐ Fotografia do espaço original ...................... 29

Fig.11 Corte – Jardim da Borracheira e Jardim da Pimenteira........... 15 Fig.12 Corte – Pátio Central ............................................................... 15

Fig.30 Plano Geral da Proposta para os espaços exteriores do Palacete do Campus do Lumiar.......................................................... 30

Fig.13 Elemento de água – Pormenor de construção ........................ 16

Fig.31 Pérgola ‐ Fotografia do espaço original................................... 31

Fig.14 Elemento de água – Pormenor de construção ........................ 14

Fig.32 Setor Poente ‐ Fotografia do espaço original.......................... 31

Fig.15 Plano de Adução e Recirculação de água ................................ 17

Fig.33 Imagem do espaço original em 1960 ...................................... 33

Fig.16 Localização da moradia do Bairro da Martinha....................... 18

Fig.35 Setor Nascente ‐ Fotomontagem da proposta........................ 33

Fig.17 Zona da piscina (fotografia do espaço original)....................... 19

Fig.36 Corte da proposta para os espaços exteriores da área envolvente ao Palacete do campus do Lumiar – Setor Nascente...... 34

Fig.34 Setor Nascente ‐ Fotografia do espaço original ...................... 33

Fig.18 Acesso principal (fotografia do espaço original) ..................... 19 2 MESTRADO EM ARQUITETURA PAISAGISTA ANA MANUEL MESTRE


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Fig.37 Corte da proposta para os espaços exteriores da área envolvente ao palacete do Campus do Lumiar – Setor Nascente...... 35 Fig.38 Bancada – Pormenor em 3D................................................... 36 Fig.39 Bancada – Pormenor de construção ....................................... 36 Fig.40 Banco em bloco de pedra – Pormenor de construção ............ 36 Fig.41 Palacete do Campus do Lumiar/Limite exterior sul Fotomontagem................................................................................... 37 Fig.42 Localização da Moradia da Av. Tenente‐Coronel José Pessoa 38

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Fig.55 Localização da parcela 148C da Herdade da Comporta .......... 51 Fig.56 Herdade da Comporta – Fotografias do espaço original......... 52 Fig.57 Plano Geral da Proposta para os espaço exteriores da parcela 148C da Herdade da Comporta............................................. 53 Fig.58 Corte da proposta para os espaços exteriores da parcela 148C da Herdade da Comporta.......................................................... 54 Fig.59 Passadiço em madeira (deck) – Pormenor de construção ...... 55 Fig.60 Degraus rampeados – Pormenor de construção..................... 55

Fig.43 Fotografias do espaço original................................................. 39

Fig.61 Plano de rede de rega automática para os espaços exteriores da parcela 148C da Herdade da Comporta ........................................ 57

Fig.44 Plano geral da proposta para os espaços exteriores da Moradia da Av. Tenente‐Coronel José pessoa ................................... 40

Fig.45 Plano Prévio de rede de rega automática ............................... 43 Fig.46 Localização da Moradia Gonçalo Corrêa D’Oliveira ................ 44 Fig.47 Fotografias do espaço original................................................. 45 Fig.48 Plano Gera da Proposta para os espaços exteriores da Moradia Gonçalo Corrêa D’Oliveira ................................................... 46 Fig.49 Perfis de modelação do terreno .............................................. 47 Fig.50 Plano de Implantação Planimétrica......................................... 48 Fig.51 Recorte dos degraus em bloco de pedra – Pormenor em 3D . 49 Fig.52 Estrutura de ensombramento ‐ Pormenor em 3D .................. 50 Fig.53 Pormenor de encaixe das pranchas de madeira da pérgola ... 50 Fig.54 Pormenor de fixação dos painéis de madeira da guarda ........ 50

Fig.62 Localização da moradia Clara Chambel................................... 58 Fig.63 Plano de plantação para a moradia Clara Chambel ................ 59 Fig.64 Fotografia do espaço original .................................................. 60 Fig.65 Legenda do plano de plantação para a moradia Clara Chambel – Módulos ........................................................................... 61

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1. INTRODUÇÃO Pretende, este relatório, dar a conhecer o percurso seguido ao longo de sete meses de um estágio curricular na área de projeto de Arquitetura Paisagista no Atelier Ceregeiro, Arquitetura Paisagista Lda. É aqui apresentada uma reflexão sobre toda a experiência adquirida e sobre o meu crescimento enquanto profissional, bem como, a forma como essa experiência complementou as aprendizagens e competências adquiridas ao longo de cinco anos de realização da componente académica do curso de Arquitetura Paisagista. Entre as expectativas que tinha ao iniciar o estágio salientam‐se: adquirir experiência profissional e organizacional na minha área de formação e noutros temas relacionados com a mesma; procurar a oportunidade de desenvolver competências num ambiente profissional e técnico que me permitisse a aplicação prática de temas abordados durante o curso e a oportunidade de utilizar alguns desses conhecimentos em situações específicas; terminar o estágio com a capacidade de continuar a desenvolver o meu trabalho como Arquiteta Paisagista da melhor forma, tornando‐me capaz de o fazer por iniciativa própria; ampliar a minha rede networking de contactos pessoais e profissionais; melhorar as minhas competências comportamentais como relacionamento interpessoal, autoconfiança, disciplina, método de trabalho, e, principalmente, capacidade de integração em organizações e equipas de trabalho. Tive a felicidade de integrar a equipa do Arquiteto Paisagista João Ceregeiro, que me recebeu com imediatas propostas de participação em diversos projetos e com a preocupação de responder às minhas expectativas relativamente ao estágio que me propus realizar. Circunstâncias que muito me motivaram no inicio do percurso como estagiária.

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O relatório foi organizado de modo a sublinhar os vários trabalhos em que tive oportunidade de participar no âmbito do estágio. Após um pequeno enquadramento e análise do local de intervenção, é depois apresentada uma reflexão sobre todo o trabalho desenvolvido e sobre a experiência ganha, assim como uma visão crítica em relação à forma como o processo se desenvolveu e à metodologia e técnicas de trabalho utilizadas. Todos os projetos apresentados tiveram a participação ativa de toda a equipa de Arquitetos Paisagistas, Arquitetos e Engenheiros. Uma especial referência deve ser feita ao Arquiteto Paisagista João Ceregeiro, e à Arquiteta Paisagista Marta Francisco, que constituem a equipa residente do atelier e que coordenam e desenvolvem os projetos ali realizados, para os quais contribuí com o meu trabalho e conhecimentos.

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BREVE CARACTERIZAÇÃO A entidade onde realizei o estágio é uma empresa com cerca de vinte anos de trabalho na área de projeto de arquitetura paisagista. A equipa é coordenada pelo do Arquiteto Paisagista João Ceregeiro, licenciado pela Universidade de Évora, que conjuntamente com a Arquiteta Paisagista Marta Francisco (licenciada pela mesma universidade), constituem os elementos que asseguram a continuidade dos trabalhos. Sedeada em Lisboa, tem tido ao longo do tempo, a colaboração de diversos Arquitetos Paisagistas, assim como outros técnicos, entre os quais se salientam o Engº António Magalhães de Carvalho, o Arquiteto Alexandre Berardo e o orçamentista António Pereira. Salienta‐se a presença permanente dos jardins históricos, intervenções que abrangem tanto o setor público como privado. De entre os diversos projetos realizados por este atelier, destacam‐se a proposta para os espaços exteriores da Quinta de S.José de Ribamar; Palácio de Estói e os espaços exteriores da Praça de Touros do Campo Pequeno.

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METODOLOGIA DE TRABALHO Quando os projetos entram no atelier, a todos é atribuída uma referência1. Embora possa haver uma alguma variação, os trabalhos são, normalmente, divididos em várias fases. Na maior parte das vezes temos três fases distintas que são: ‐ Estudo Prévio – Fase em que o trabalho passa, de modo mais significativo, pelo processo criativo e em que é apresentado ao cliente, para que seja discutida e decidida a proposta. Nesta fase são normalmente entregues as peças desenhadas e escritas suficientes para a compreensão da proposta, podendo, por vezes, haver peças que acrescentam, já, alguma informação que remete para o projeto de execução. Esta fase pode ser, também, referida como projeto de licenciamento, nos casos em que a proposta é apresentada à Câmara Municipal para ser licenciada. ‐ Projeto de execução – Fase em que é decidida toda a informação que será necessária apresentar para uma correta leitura do projeto e execução da proposta, em fase de obra. Nesta fase são apresentados todos os pormenores técnicos, materiais utilizados e técnicas de construção. São elaboradas várias peças desenhadas e escritas que servem de guia para a equipa de profissionais que irá executar o projeto. Esta fase é bastante mais complexa que a anterior, o que a leva a requerer mais tempo e maior cuidado. ‐ Obra/execução – Esta é a fase em que se inicia a execução da proposta. Com base nas peças desenhadas e escritas apresentadas, uma equipa especializada, executa o projeto. Apesar de não ter intervenção direta, o Arquiteto Paisagista deve acompanhar esta fase até ao final.

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Em alguns casos, e por diversas razões, o projeto necessita de algumas correções e/ou ajustes das peças que foram entregues. Outras vezes, é pedido que se acrescente alguma informação que complementa o projeto. Estas situações surgem, normalmente, na fase de obra ou na análise das peças antes do início desta. Isto pode ser resolvido de duas formas, dependendo da complexidade das correções ou da informação que se pretende adicionar: quando são casos mais complexos é feita uma revisão ao projeto (fase em que são revistas todas ou algumas peças que foram elaboradas, identificam‐se os erros, as omissões e/ou os ajustes que são necessários fazer e corrigem‐se; nos casos mais simples e em que basta acrescentar novas peças com a informação necessária, é chamado aditamento. Face à evolução do processo, à identificação geral do projeto, é introduzida uma nova referência que indica qual a fase a que pertence cada peça desenhada e escrita2. O Estudo Prévio/Licenciamento e o Projeto de execução são divididos em três desenvolvimentos específicos do trabalho – Construção Geral; Plantações e Sementeiras e Rede de Rega Automática. Cada uma das três é composta por várias peças desenhadas e escritas. Dependendo da frente de trabalho a que se referem, é acrescentada, aos desenhos, mais uma referência3. A esta, é acrescentado, por fim, um número que identifica cada um dos desenhos, atribuindo‐lhes uma ordem4.

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1 Definida pela ordem de entrada e pelo ano em que o projeto é entregue à equipa para se iniciar o trabalho (ex. 05/10, neste caso seria o quinto projeto do ano 2010). 2 3

EP para Estudo Prévio; PL para Projeto de Licenciamento; PE para Projeto de Execução e AD para Aditamentos. No caso das revisões, é apenas referido por extenso na legenda/rótulo da folha. CG para Construção Geral; PS para Plantações e Sementeiras e AGR para Rede de Rega Automática. 4 Ex: 05/10‐PE‐CG01 ‐ Primeira peça (01) da construção geral (CG) do projeto de Execução(PE) do quinto projeto de 2010.(05/10).


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Um projeto finalizado pode então ser composto pelas seguintes peças: Construção geral ‐ Levantamento da situação existente – Apresenta o espaço original. Nesta peça deverá ler‐se a distribuição das áreas plantadas e pavimentadas bem como elementos presentes, edifícios e a topografia do terreno antes da intervenção. ‐ Plano de Amarelos e Encarnados – Apresenta a sobreposição das linhas principais do espaço original e da proposta. As linhas do espaço original são representadas a amarelo (cor, normalmente, atribuída a elementos que serão demolidos) e as linhas da proposta a encarnado (cor atribuída a elementos que serão construídos. ‐ Plano Geral – Apresenta o plano geral da proposta. Nesta peça deverá ser legível a distribuição das áreas plantadas e pavimentadas, a localização de edifícios presentes no espaço, os principais equipamentos propostos e a modelação do terreno. É nesta peça que se faz o zonamento do espaço de intervenção, atribuindo nomes às diferentes áreas propostas, por uma questão de organização e leitura de todo o projeto. ‐ Cortes /alçados – São uma peça essencial para o estudo da modelação de terreno proposta. É também importante para uma visão diferente da organização do espaço e pode ser útil no cálculo de movimentações de terra. No caso dos cortes apresentados nas peças do projeto de execução e apresentam alguns pontos que remetem para os pormenores de construção. ‐ Plano de Modelação do terreno ‐ Peça onde se sobrepõem as curvas de nível e pontos cotados do espaço original com a modelação do terreno proposta, para melhor compressão das alterações a efetuar. Poderão também ser apresentados os perfis

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de modelação, a partir dos quais se calculam os valores de movimentação de terras. ‐ Plano de Implantação planimétrica – É uma peça essencial no início da fase de obra por ser com esta que se fazem as marcações no terreno para se iniciarem as construções. Deve ser legível e indicar todas as medidas/cotas necessárias à localização dos elementos propostos e dos limites principais do espaço (pavimentos, lancis, etc.). ‐ Plano de pavimentos, drenagem e equipamentos ‐ Esta peça apresenta vários “sub‐temas”: o plano de pavimentos, que apresenta a localização dos vários pavimentos propostos; a drenagem, que indica a localização de todas as estruturas e elementos necessários é boa drenagem do terreno; e ainda a localização de todo o mobiliário e elementos de iluminação ou outros elementos mais específicos. ‐ Pormenores de construção – Estas peças são essenciais na fase de projeto de execução. Apresentam todos os pormenores técnicos relativos aos materiais e técnicas de construção propostos. Estas especificações são apresentadas em forma de cortes de pormenor em escalas, normalmente entre 1/50 a 1/10 ou até 1/5. ‐ Memória descritiva e justificativa ‐ Peça escrita que descreve de forma clara todas as opções da proposta relativas à construção geral e as razões dessas opções. ‐ Caderno de encargos – Indica, de forma escrita, todas as especificações técnicas dos materiais a utilizar e descreve todas as ações relativas às técnicas de construção propostas. Na fase de obra, o empreiteiro é obrigado a cumprir todas as condições especificadas nesta peça. ‐ Medições e orçamentos – Apresenta todas as quantidades (de materiais de construção, de terras e de mobiliário e equipamentos) necessárias para execução da proposta e o respetivo preço, indicando‐se também

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possíveis empresas fornecedoras do material. Esta peça é essencial visto que o fator económico é uma das maiores condicionantes à execução de qualquer projeto. Nesta peça é apresentado o valor total, aproximado, da obra. Plantações e Sementeiras ‐ Plano de Plantação – Esta peça pode ser divida em várias (por exemplo Plano de plantação de árvores e arbustos e plano de plantação de herbáceas e sementeiras). Apresenta a localização, a quantidade e o nome de todas as espécies propostas. ‐ Memória descritiva e justificativa ‐ Peça escrita que descreve de forma clara todas as opções da proposta relativamente às plantações e sementeiras e as razões dessas opções. ‐ Caderno de encargos – Indica, de forma escrita, todas as especificações das espécies vegetais a utilizar e descreve todas as ações relativas às técnicas de plantação e sementeira propostas. Na fase de obra, o jardineiro/empreiteiro é obrigado a cumprir todas as condições especificadas nesta peça. ‐ Medições e orçamentos – Apresenta as quantidades de elementos vegetais, das diferentes espécies necessárias para execução da proposta e o respetivo preço, indicando‐se também os possíveis viveiros onde estas poderão ser adquiridas.

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Rede de Rega Automática5 ‐ Plano de rede de rega automática – Apresenta a localização de todos os equipamentos necessários ao bom funcionamento do sistema de rega. ‐ Memória descritiva e justificativa ‐ Peça escrita que descreve de forma clara todas as opções da proposta relativamente ao sistema de rega automática e as razões dessas opções. ‐ Caderno de encargos – Indica, de forma escrita, todas as especificações técnicas dos equipamentos a utilizar e descreve todas as ações relativas às técnicas de implementação do sistema de rega. ‐ Medições e orçamentos – Apresenta as quantidades de equipamentos e tubagens necessárias para execução da proposta e o respetivo preço, indicando‐se também a marca de todos os equipamentos.

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Estas peças são, na maior parte das vezes, desenvolvidas pelo Eng. António Magalhães de Carvalho e posteriormente passadas para um ficheiro autocad pela equipa de Arquitetos Paisagistas.


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A ordem das peças poderá variar de projeto para projeto, embora, no geral, seja semelhante à apresentada. Todo o trabalho é normalmente distribuído pela equipa, ficando cada pessoa responsável por algumas é desenvolvido pelo peças. Na maior parte das vezes, o processo Arquiteto Paisagista João Ceregeiro (fig.1), que coordena a equipa e a execução dos projetos. Uma vez definida a proposta, as peças técnicas são realizadas pela restante equipa. Inicialmente são definidos os desenhos necessários e a metodologia a o que é delineado através da elaboração de alguns esquemas e esquiços. Passa-se depois à produção das peças. A metodologia de trabalho apresentada levou-me a compreender a importância da criteriosa organização das peças desenhadas e escritas que compõem um projeto de Arquitetura Paisagista. É dada grande importância à componente gráfica de todas as peças, onde se destaca a simplicidade e legibilidade das mesmas.

Fig. 1 Esquiço exemplificativo (da autoria do Arq. Paisagista João Ceregeiro)

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3. EXPERIÊNCIAS 3.1. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A RESIDÊNCIA DE ESTUDANTES DO TAGUS PARK CLIENTE Instituto Superior Técnico

TERCENA

EQUIPA TÉCNICA AT93- Arquitetura Ceregeiro, Arquitetura Paisagista Lda. – Arquitetura Paisagista PECS – Instalações hidráulicas TIPO DE PROJETO Estudo Prévio LOCAL Tagus Park, Oeiras

COLINAS DE BARCARENA

TALAIDE

ÁREA TOTAL 7.250 m2 ÁREA DE ESPAÇOS EXTERIORES 5.700 m2

LEIÃO Fig.2 Localização Tagus Park

DATA DE INICIO Outubro 2010

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ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAÇÃO A área de intervenção deste projeto situa‐se no Tagus Park, em Porto Salvo, concelho de Oeiras (fig2). O Tagus Park é uma área de cerca de 200 hectares com um conjunto que compreende diversos edifícios. Estes apresentam diversas funções desde apoio a actividades desportivas, actividades de produção e redes de transportes até restauração, lazer e serviços culturais. O projeto envolvia a intervenção para a envolvente ao futuro edifício com funções de residência de estudantes do Instituto Superior Técnico. Como conteúdo programático foi apenas apresentada a necessidade da articulação dos espaços exteriores com a área edificada definida pela arquitetura, dando resposta aos novos usos e funções daquele espaço.

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REFLEXÃO/CONSIDERAÇÕES PESSOAIS Apesar da mínima participação que tive neste projeto, durante os primeiros dias de estágio, acompanhei a fase final do mesmo de forma ativa. Apesar do susto inicial devido à repentina entrada no atelier e num projeto em fase final, a minha participação facilitou a familiarização com o funcionamento do atelier, com as metodologias de trabalho e com todo o processo burocrático e intensivo que está associado a qualquer projeto, numa fase final. No primeiro dia de estágio fiquei responsável pela realização de três cortes, que envolvia a exportação para Adobe Photoshop CS6 do ficheiro com as linhas básicas do desenho e consequente desenvolvimento a nível gráfico, colorindo‐os e inserindo a vegetação de acordo com o plano de plantação (fig.3 e 4). Este trabalho, obrigou‐me a analisar antigos projetos, facilitou a minha compreensão de todo um conjunto de grafismos e formas de representação utilizadas, normalmente, no atelier. Desenvolvi competências ao nível do trabalho em Adobe Photoshop e apurei o meu sentido de compreensão gráfica, aliado à simplicidade e fácil perceção que se exige em desenhos técnicos.

Além das peças já referidas, participei em todo o processo de impressão, dobragem, rotulagem e arquivamento, envio, bem como a elaboração de fichas técnicas, arquivamento, atualização de listas de contactos e de bases de dados. Com isto aprendi rapidamente todo um conjunto de técnicas de trabalho associadas à finalização dos trabalhos e à organização e gestão do atelier. Esta experiência acabou por se mostrar bastante útil ao longo de todo o estágio, em todos os projetos que se seguiram.

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Software de edição de Imagem que permite aplicar várias opções para elaboração e retoque de imagens e fotografias.


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Fig.3 Corte da fase I – Proposta para os espaços exteriores da residência de estudantes, no Tagus Park - Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

Fig.4 Corte da fase I e II – Proposta para os espaços exteriores da residência de estudantes, no Tagus Park - Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

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3.2. PROJETO PARA OS ESPAÇOS EXTERIORES DA QUINTA DE S.JOSÉ DE RIBAMAR CLIENTE RAR Imobiliária, SA EQUIPA TÉCNICA GB Arquitetos Lda. - Arquitetura Ceregeiro, Arquitetura Paisagista, Lda. – Arquitetura Paisagista Eng.º José Almeida – Geodesenho Lda. António Pereira – Orçamentista Eng.º. António Magalhães – Rede de Rega automática Arbocare – Engª Carla Abrantes – Vegetação e Fitossanidade Engº José Rui Mascarenhas – Estruturas Dr.Henrique de Menezes Augusto – Azulejos TIPO DE PROJETO Projeto de Execução LOCAL Alameda Hermano Patrone, Algés, Oeiras

Fig.5 Localização da Quinta de S.José de Ribamar

ÁREA TOTAL 17.250 m2 ÁREA DE ESPAÇOS EXTERIORES 16.150 m2 DATA DE INICIO Novembro 2010

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ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAÇÃO A área de intervenção situa-se junto da Alameda Hermano Patrone, em Algés, concelho de Oeiras (fig.5). O sítio encontra-se classificado como imóvel de interesse Municipal, no âmbito do Plano de Salvaguarda do Património Construído e Ambiental do Concelho de Oeiras7. A unidade da Quinta é composta por vários jardins e pomares e que são acompanhados por diversos elementos arquitetónicos e florísticos, conjunto que lhe confere um especial valor paisagístico que, naturalmente, contribui para a sua classificação (fig.6). Os jardins apresentam-se com uma ambiência informal, em que a vegetação, mais do que o desenho do espaço, é a protagonista (fig.7). O conjunto de edifícios que compõem a Quinta é constituído pelo Convento e Igreja e Jardins. Todos adquirem grande valor, não só pelo valor arquitetónico intrínseco mas também por toda a carga histórica que traz consigo, testemunhado pela presença de construções associadas a um universo de materiais de revestimento e decorativos (fig.10). O objetivo da intervenção envolveu a adaptação do conjunto edificado a um condomínio residencial e a requalificação dos espaços abertos envolventes respondendo aos novos usos e funções. Considerando as características do espaço, o projeto de arquitetura paisagista foi pensado de forma a respeitar um património de grande importância e não foram propostas ações ou programas que pudessem comprometer ou alterar a sua essência - seja no plano de plantação ou na introdução de novas construções que pudessem comprometer ou desvirtuar as características do espaço original (fig.8 e 9). A intervenção contemplou, em si, um trabalho de conservação e restauro (muito significativo) e outro de obra nova.

Fig. 6 Limite exterior sul (Quinta de S.José de Ribamar)

Fig. 7 Dragoeiros (Quinta de S.José de Ribamar)

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Instrumento urbanístico orientador da defesa e valorização dos seus valores patrimoniais, ambientais e construídos do concelho de Oeiras, em vigor desde 1997. Aprovado pela Assembleia Municipal sob a forma de Regulamento Municipal e foi posteriormente publicado no Diário da República a 19 de março de 2004.


RELATÓRIO DE ESTÁGIO 2 Jardim dos Dragoeiros 3 Talude Sul 4 Jardim da Pimenteira 5 Jardim do Pomar 6 Pomar 7 Jardim da Borracheira

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22.50

8 Jardim do Buxo 9 Passeio dos Ciprestes 10 Rua da Quinta 11 Travessa da Quinta 12 Piscina/Spa 13 Coberturas Plantadas 14 Quintais

23.18

22.49

12 26.22

AS

22.00

21.49

10

21.49

21.40

19.87

23.21

19.87

23.21

23.21

19.87

19.87

23.21

19.87

17.00

23.21

A 16.31

18.97

10

16.50

24.68

21.00 20.80

24.11

8

D

23.21

13

21.49

9

19.87

22.51

21.71

20.80

23.21

14

12

13

22.50

23.21 22.51

21.01

24.00

22.86

22.51

7%

24.44

21.00

21.22

20.88

22.88

10

20.75

17.84 17.84

14 16.51

20.50

11

16.51

16.51

16.51

16.51

20.75 20.80

20.00 17.50 20.07

20.75

1

18.50

27.83

19.50

7

20.80

19.25 19.00

B

19.35

14.50

17.10

13.50

14.00

18.30 19.26

6

21.21

18.50

17.00

18.00

14.00 10.00

15.00

17.00

18.00

16.00

C

12.50

16.50

2

13.50

15.50

17.50 17.00

16.00

16.50

5

13.00

4

13.00

A - Moradias AS - Piscina/Spa B - Convento C - Palacete D - Sala de Condomínio E - Plataforma panorâmica

14.00

18.50

16.50

16.00 15.50

17.50 17.00 16.50

13.50

16.00

16.50 16.00

13.50

13.00

12.50

3 E

Fig. 8 Plano geral da proposta para os espaços exteriores da Quinta de S.José de Ribamar - Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

15

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EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

REFLEXÃO/CONSIDERAÇÕES PESSOAIS O projeto de espaços abertos da Quinta de S.José de Ribamar começou a ser desenvolvido no atelier no ano de 2007. Devido à dimensão e complexidade do mesmo, quando iniciei o estágio, em outubro de 2010, o trabalho estava em fase de projeto de execução, já bastante adiantada. Comecei por fazer alguns reajustes que foram necessários devido a pequenas alterações conceptuais da proposta. Foi preciso acertar a modelação, refazer as medições das áreas pavimentadas e dos elementos vegetais. Foi-me também pedido que melhorasse a apresentação do Plano Geral (fig.8) da proposta dando-lhe alguma expressão com sombras, substituição de alguns grafismos e melhoramentos ao nível da cor. Este último trabalho levou-me a aprender novas técnicas de representação que podem ser usadas em projetos elaborados apenas em AutoCAD, ou seja, sem recurso a qualquer outro software de desenho e/ou edição de imagem. Realizei, ainda, uma nova peça desenhada com cortes referentes à área de intervenção onde se indicavam alguns pontos que remetiam este desenho para o pormenor construtivo correspondente (fig. 11 e 12). A elaboração desta peça exigiu-me uma melhor compreensão dos pormenores construtivos que estavam a ser desenhados pela Arquiteta Paisagista Marta Francisco.

Fig. 9 Maqueta

Fig.10 Fotografia do espaço original

16

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EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

18.00 17.00 16.00 15.00 14.00 13.00 12.00 11.00 10.00 09.00

P11

P10.2

P10.1

P08

P09

Fig.11 Corte - Jardim da Borracheira e Jardim da Pimenteira - Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

17.00 16.00 15.00 14.00 13.00 12.00

P07.3

P07.1

Fig.12 Corte - Pátio Central - Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

17

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EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

Mais tarde, já depois do projeto de execução entregue, este foi avaliado por uma equipa especializada que desenvolveu um relatório de erros e omissões, donde decorreram algumas reformulações. Foi nesta fase que a minha participação neste passou a ser muito mais ativa. No relatório foram referidos vários pequenos erros, na sua maioria corrigidos pela Arquiteta Paisagista Marta Francisco. Além destes, foi pedido, que se acrescentasse ao projeto uma peça que permitisse uma melhor leitura do circuito hidráulico relativo ao sistema de adução e recirculação dos elementos de água propostos e restaurados (fig 13 e 14). O Plano de adução e recirculação de água (desenhado por mim, com a orientação da Arquiteta Paisagista Marta Francisco) exigiu um conhecimento mais profundo dos elementos de água da proposta e de todo o sistema de circulação de águas, bem como o estudo de várias formas de representação, para encontrar aquela que tivesse melhor leitura, visto que, até aí, não tinha sido ainda elaborada, no atelier, nenhum desenho deste tipo (fig.15). A peça apresentava uma representação de toda a tubagem do circuito bem como as respetivas ligações de cada elemento de água às redes de abastecimento e recolha de águas.

Bica em pedra existente (ver capítulo Conservação e Restauro ) Capeamento a cantaria de pedra

Conservação e Restauro )

Nível da água

Estrutura em cantaria de pedra Conjunto azulejar

Gravilha tipo Grauwacke da Citrus-paisagismo Lda, ou equivalente (esp.: 0.07m) Manta geotêxtil (180gr/m²)

Fig.13 Elemento de água - Pormenor de construção- - Realizado à escala 1:20 (imagem apresentada sem escala)

A participação neste projeto foi uma mais valia por me dar a conhecer a metodologia de trabalho inerente a intervenções paisagísticas em áreas que exigem diversificadas ações ao nível da conservação e restauro devido ao seu valor histórico e patrimonial. Em consequência da complexidade e da grande variedade de materiais e técnicas de construção explorados e utilizados na execução da proposta apresentada, o projeto de espaços abertos da Quinta de S.José de Ribamar revelou-se uma referência, sendo este muitas vezes consultado em peças de execução que se seguiram. Fig.14 Elemento de água - Pormenor de construção- - Realizado à escala 1:20 (imagem apresentada sem escala)

18

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Sistema de adução e recirculação: Tubo de abastecimento PEAD 20d - PN6

Tubo de recolha PEAD 20d - PN6

Tubo de alimentação PEAD 20d - PN6 23.27

23.27 Cabo eléctrico

23.27

23.27

23.27

Caixa de secção quadrada (600x600) com tampa revestida com pavimento envolvente (gravilha com resina á base de poliuretano incolor) tipo RRC - C250 EN124 da Norinco, ou equivalente

Sistema de escoamento:

Descarregador de superfície em tubo de aço inox (Ø 32mm) com filtro de malha metálica

16.50

21.54 21.54

21.00

17.94

17.94

Descarregador de fundo em válvula de pé com filtro em inox

17.94 17.69

Tubo de escoamento PEAD 20d - PN6

Caixa de visita de águas pluviais de secção quadrada com tampa revestida com pavimento envolvente tipo RRC 650 - C250 EN124 da Norinco, ou equivalente

17.69

DF DS

20.88

17.69

21.40

17.69

17.69

DF DS

17.69

19.26

17.92

17.95

DF DS DF DS

Fig. 15 Plano de Adução e Recirculação de Água - Realizado à escala 1:100 (imagem apresentada sem escala)

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23.27


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3.3. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A MORADIA DO BAIRRO DA MATINHA CLIENTE Leonor e Ricardo Saragga EQUIPA TÉCNICA Ceregeiro, Arquitetura Paisagista Lda. (Arquitetura Paisagista) Eng.º António Magalhães de Carvalho (rede de rega automática) Arq. Alexandre Berardo (estrutura de ensombramento) António Pereira (orçamentista) ARTRADI (Arquitetura) TIPO DE PROJETO Projeto de execução LOCAL Estrada do Golfe, Bairro da Martinha, Cascais ÁREA TOTAL 2.700 m2 ÁREA DE ESPAÇOS EXTERIORES

2.385 m

2

Fig. 16 Localização da moradia do Bairro da Mar

DATA DE INICIO Fevereiro 2011

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EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAÇÃO A moradia do Bairro da Martinha situa-se numa área limítrofe, a norte da Vila de Cascais, onde se sente a transição entre uma zona urbana e o espaço rural circundante, fortemente marcado por uma ocupação florestal (fig.16). Esta Paisagem é marcada pela presença de inúmeras moradias unifamiliares que se distribuem de modo disperso cuja imagem é de recintos vedados que encerram extensas áreas de jardim.

solução para os diversos usos que se pretendiam para aquele lugar (fig.19). Os projetos de arquitetura e de arquitetura paisagista foram desenvolvidos isoladamente, tendo apenas havido cruzamento de dados aquando do fornecimento das bases de trabalho. Metodologia esta que trouxe alguns problemas durante todas as fases deste trabalho.

O espaço de intervenção tem, como elemento central, uma moradia de 2 dois pisos com uma área de implantação de cerca de 300m (existente e em processo de requalificação) e um jardim com cerca de 2.385m2, também a requalificar. O espaço apresentava-se dividido em diversos subespaços: a zona da piscina (fig.17), uma área de relvado e uma área pavimentada para acesso e estacionamento automóvel, limitada por diversos canteiros, junto da entrada principal da moradia (fig.18). Apesar do visível bom estado de conservação, tanto da vegetação como de todos os elementos construídos presentes, a sua organização funcional era pouco eficaz. O objetivo da intervenção consistia na requalificação global do conjunto e mais especificamente de alguns aspetos dos espaços exteriores envolventes. Foi solicitado um espaço mais funcional, onde pudesse receber grupos de pessoas em pequenos eventos privados; um espaço para o estacionamento de vários automóveis; espaços de estadia para ocasiões mais familiares e a requalificar de toda a área envolvente à piscina tornando-a esteticamente mais apelativa.

Fig. 17 Zona da piscina (fotografia do espaço original)

Como resposta ao conteúdo programático referido, foi elaborado um projeto de requalificação de toda a área de espaços exteriores, redesenhando-se o espaço de forma a torná-lo mais funcional, confortável e onde se pudessem sentir diferentes ambiências, como Fig. 18 Acesso principal (fotografia do espaço original)

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Via Principal Áreas exteriores de acesso à casa Acesso ao Núcleo Poente Estacionamento Acesso à Garagem Escadas do jardim / Zona de Estadia Núcleo da piscina Jardim Sul Canteiro do Terraço Terraço Jardim Interior da Biblioteca Jardim da Sala de Jantar Floreiras - Terraços/Varandas Floreiras - Áreas de Estacionamento

81.37

11 79.50

81.50

11

82.30 79.50

79.50

81.00

82.30

9

79.50

80.50

79.87

79.50

79.75

80.00

80.12

3 76.50

5

3

14

76.00

76.52

76.38

14

2

79.00

77.52

80.00

6

76.80

78.51

13

79.50

78.51

7

80.12

12

79.43

8

80.00

79.50

80.12

79.50

80.00 79.75 79.50

81.00

81.00

13

79.75

82.30

81.50

82.00

10

79.50 75.50

75.75

79.00

75.00

4 77.00

77.50

78.00

78.50

Limite da área de intervenção Acesso principal Ligações interior/exterior

74.50

74.75

79.30

78.96

4

74.50

74.90 74.00

77.10 73.50 72.00 71.50

1

71.00 70.50 70.00 69.50

69.50 69.00

69.00

Fig. 19 Plano Geral da Proposta para os Espaços Exteriores da moradia do Bairro da Martinha - Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

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REFLEXÃO/CONSIDERAÇÕES PESSOAIS O projeto para os espaços exteriores da Moradia do Bairro da Martinha foi o primeiro no qual participei ativamente em todas as fases. Este projeto fez parte de um conjunto de outras intervenções de caráter privado onde participei, mas foi, de todos, aquele que mais experiência me deu. O processo iniciou‐se com uma visita ao local com o objetivo de realizar um levantamento e análise detalhada daquele lugar. Fiz um trabalho minucioso (apesar de algumas dúvidas que surgiram) relativo a toda a vegetação e aos elementos construídos presentes. Já no atelier, elaborei seis peças desenhadas com pormenores de todos os muros, escadas, lancis e pavimentos existentes, de forma a entender os materiais e técnicas de construção daqueles elementos (fig.20 e 21). Para a elaboração destas peças de análise, foi necessário uma pesquisa sobre os materiais e técnicas de construção que se pensou terem sido utilizadas. Esta experiência levou‐me a recordar alguns conceitos aprendidos durante o curso e, principalmente, algumas espécies vegetais já esquecidas. As maiores dificuldades sentidas neste trabalho foram, principalmente de nível técnico e gráfico. Foi, primeiramente, complicada a identificação das técnicas utilizadas em elementos já construídos e bem conservados. Em segundo lugar, foi neste trabalho que precisei entender melhor a linguagem gráfica e estética aliada aos desenhos de projeto (daquele atelier) para poder utiliza‐la de forma eficaz Entendi, também, que é necessário, em alguns projetos, uma compreensão mais profunda das preexistências do local de forma a que estas possam ser modificadas da melhor forma e com total conhecimento do que, de facto, se está a propor, fazendo‐se um melhor e maior reaproveitamento de materiais. Estas peças foram essenciais na fase inicial do projeto de execução, no capítulo relativo à demolição e/ou restauro dessas mesmas estruturas. No que toca à vegetação juntou‐se às peças de levantamento da situação

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existente um desenho com a localização, identificação e classificação fitossanitária de todas as espécies. Mais à frente, na fase de projecto de execução, estes desenhos foram revistos e melhorados. A peça referente à vegetação existente foi, também, revista, referenciando‐se, nesta, quais as espécies a manter, a retirar e a transplantar. Após a conclusão da análise da área de intervenção, o Arquiteto João Ceregeiro iniciou o processo de criação das novas linhas projectuais para aquele espaço. Com base nos esboços, elaborei, em conjuntamente com a Arquiteta Paisagista Marta Francisco, todas as peças desenhadas e escritas referentes à execução do jardim proposto.

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Fig.20 Levantamento da situação existente/corte realizado à escala 1:100 (imagem apresentada sem escala)

Fig.21 Levantamento da situação existente/corte realizado à escala 1:100 (imagem apresentada sem escala)

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A exigência, por parte do cliente, de ter um espaço amplo que pudesse albergar vários automóveis dificultou a organização da área de jardim, tendo sido impossível convencer a Dra. Leonor Sarraga que haveriam soluções mais viáveis. Assim, o desenho de projeto apresentava uma área ampla, pavimentada onde se propôs uma estrutura de ensombramento para estacionamento de automóveis. O projeto da estrutura foi elaborado com a ajuda do Arquiteto Alexandre Berardo, tendo resultado num elemento esteticamente apelativo, que respondia ao uso pretendido e perfeitamente adaptado às morfoligia do terreno, visto este ter que ser colocado numa área com algum declive. Outra condicionante ao projeto foi o facto do cliente possuir alguns materiais de construção que pediu que fossem aproveitados, alguns deles nada adequados à imagem que se pretendia daquele lugar. Destes materiais é de referir a pedra usada no revestimento das escadas propostas e as lajes, também em pedra, propostas para o pavimento de um dos pátios. Os dois tipos de pedra em nada se assemelhavam, embora tivessem que ser utilizados no mesmo local. O pavimento em laje mostrou‐se completamente inadequado para uma área de espaços exteriores relativamente perto da área da piscina. Além destes, foi proposto o reaproveitamento de algumas sulipas de caminho de ferro, estas sim, corretamente colocadas em áreas plantadas como forma de pontuar os espaços e utilizadas para a construção de alguns bancos, em zonas de estadia. Além dos materiais armazenados, todo o projeto foi desenhado com a intenção de reaproveitar grande parte dos materiais pré‐existentes como as calçadas, devido ao bom estado de conservação que estes apresentavam. A proposta procurava unificar o espaço, mantendo os usos e funções pretendidos nas diferentes áreas do mesmo. Redefiniu‐se o desenho dos canteiros; requalificou‐se toda a área da piscina e envolvente de forma a tornar esta área esteticamente mais apelativa e confortável e foram demolidos alguns muros e muretes que compartimentavam o espaço.

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Além das ações já referidas, foi proposto também a redefinição de alguns acessos. Relativamente às plantações e sementeiras, fiquei responsável pela escolha das espécies a utilizar e a distribuição das mesmas. Devido à boa manutenção do espaço original, tentou‐se, tanto quanto possível, transplantar o máximo de espécies de forma a aproveitar aquelas que se adequavam à leitura pretendida do novo espaço e que apresentavam ótimas condições fitossanitárias. Houve especial cuidado nesta fase, de forma a criar diferentes ambiências, de acordo com a vontade do cliente e sempre com a atenção de utilizar espécies adaptadas ao contexto geográfico da área de intervenção e que se conjugassem com as espécies pré‐existentes. Propôs‐se uma considerável variedade de espécies, entre vegetação autóctone e exótica que caracterizavam os diferentes espaços (fig22). A elaboração do Plano de Plantação da moradia do bairro da Martinha, fez‐me crescer enquanto Arquiteta Paisagista, numa área tão importante desta profissão que é a vegetação. Este trabalho exigiu pesquisa de espécies, vários esboços e experiências de diferentes conjugações de elementos vegetais bem como algumas discussões com o Arquiteto Paisagista João Ceregeiro para chegar à melhor solução.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

78.50

79.00

MANUTENÇÃO DE CANTEIRO EXISTENTE 78.00

79.50

77.50

7Ec

79.70

79.50

80.00

79.60

2Hag

80.54

12Mc

5Hag

32Tc

79.50

19Aa

56Fg

16Sa

9Hag

14Mc

3Fm 23De 79.60

79.50 79.50

4Aj

80.81

76.80

630Cd

6Fm

45On

79.50

79.50

2Gj

79.60

79.70

84Fo

79.50

Fig. 22 Aditamento do Plano de Plantações e Sementeiras - Cobertura Plantada - realizado à escala 1:100 (imagem apresentada sem escala)

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O projeto de execução foi dividido, como a maioria dos projetos realizados no atelier, em três capítulos – Construção geral, Rede de Rega Automática e Plantações e Sementeiras. No conjunto das peças desenhadas relativas à Construção Geral incluíram‐ se: as peças de análise elaboradas na fase inicial do projeto e posteriormente revistas (pormenores de construção e uma planta de levantamento da situação existente); o Plano de Amarelos e Encarnados, o Plano Geral e cortes; o Plano de Pavimentos e Iluminação e as peças com todos os pormenores construtivos necessários è correta leitura e aplicação do projeto (fig.23 e 24). Todos estes desenhos foram elaborados pela Arquiteta Paisagista Marta Francisco, tendo ficado a meu cargo as peças escritas que os acompanham – Memória descritiva e justificativa, Caderno de Encargos e Medições e Orçamentos. Neste processo fui acompanhada e orientada pela Arquiteta Paisagista, tendo efetuado a análise de projetos anteriores bem como a procura de valores atualizados de preços e de quais as unidades de medida a utilizar em cada material utilizado. Precisei também compreender os pormenores de construção que estavam simultaneamente a ser desenvolvidos, o que aumentou o meu conhecimento relativo a materiais e técnicas de construção. O pedido por parte do cliente para se aproveitarem alguns materiais que tinha armazenado, dificultou‐nos o trabalho, uma vez que não nos foi dada a informação das quantidades e medidas reais dos materiais referidos. Foram necessárias algumas alterações ao projeto, já depois da obra iniciada, devido a algumas incompatibilidades entre os desenhos e os materiais que se pretendiam aproveitar. Foram posteriormente entregues ao cliente alguns aditamentos ao projeto que resolveram essas mesmas incompatibilidades.

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

A maior dificuldade que senti nesta fase deveu‐se às medições e orçamentos relativos às demolições, recortes e restauro de alguns muros pré‐existentes na área de intervenção. Este trabalho exigiu‐me um esforço extra e uma pesquisa minuciosa acerca deste tema, que me levou a adquirir conhecimentos mais profundos na área de conservação, requalificação e restauro, muito pouco ou nada explorada durante o percurso académico. As peças desenhadas relativas ao capítulo das plantações e sementeiras foram da minha responsabilidade, desde o processo criativo até aos desenhos técnicos, bem como medições e orçamentos dos mesmos. Devido à grande variedade de espécies utilizadas, reforcei enormemente o meu conhecimento nesta área. O grande valor que a vegetação possuiu nesta intervenção, devido às diferentes ambiências que se pretendiam para aquele espaço e à existência de zonas plantadas muito distintas como relvados, canteiros, floreiras, pátios interiores e uma cobertura plantada, exigiu uma intensa procura e compreensão dos elementos vegetais. O cliente mostrou‐se bastante satisfeito com a proposta apresentada sendo apenas necessária a substituição das Gramíneas, propostas para a cobertura plantada, devido a doenças alérgicas na família. O capítulo referente à Rede de Rega Automática foi realizado pelo Engenheiro António Magalhães, que frequentemente colabora com o atelier.

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO

04 05

P08.1a

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

06

0.02

0.15

03

01 02

0.10

Estrutura em barrote de de pinho tratada tipo Banema, ou equivalente, assente betão da base

PORMENOR - 1:5 0.10

0.02

0.08

0.10

01 - CUBO DE GRANITO CINZA 0.10X0.10 02 - SAPATA EM BETÃO ARMADO 03 - CANAL DE DRENAGEM 04 - LAJE EXISTENTE 05 - ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO 06 - ESTRUTURA EM BETÃO ARMADO

Prancha de madeira natural tipo IPÊ (1500x95x20mm) com acabamento anti derrapanete e fixação oculta a barrotes da BAHAMA ou equivalente

Poste do guarda-sol Base de fixação

Tampa de protecção em metal

Parafuso Chave

Base em maciço de betão

Parafuso

Brita 3 (25cm)

Base de fixação do poste à base em maciço de betão 0.03

0.08

0.12

0.48

P08.1a

Base em maciço de betão ref: BAB1(0.50x0.50X0.77m) da BAHAMA, ou equivalente Gato de fixação

0.02

Canal de drenagem (cofragem da estrutura em betão armado) Sapata em betão armado Betão de limpeza (esp.:0.04m)

PORMENOR 08.1

Fig. 23 Pavimento e Escada - Pormenor de construção Realizado à escala 1:10 (imagem apresentada sem escala)

0.47

0.15

Areia / Pó de pedra com traço seco1:6 nas juntas Areia (esp.: 0.05m) Tout-venant (esp.: 0.10m) Brita 4 (esp.: 0.07m) Manta geotêxtil (180gr/m²)

0.04

Focinho do degrau chanfrado Alheta no espelho do degrau, cofragem da estrutura de betão armado com as dimensões 0.02x0.02m

Pavimento em cubo de pedra de granito cinza (0.10x0.10x0.10m)

Prumo em alumumínio lacado a branco

Base sem guarda-sol

Base com guarda-sol

PORMENOR 01.2

Fig. 24 Base de Gua rda-Sol junto da Piscina - Pormenor de construção Realizado à escala 1:10 (imagem apresentada sem escala)

28

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO A fase de obra foi aquela que mais problema trouxe à equipa de Arquitetura Paisagista. Como já referido, foram necessários diversos aditamentos ao projeto, uns por incumprimento do mesmo por parte da equipa de construtores civis, que foi preciso corrigir, outros por mudanças de ideias por parte do cliente, e outros ainda por alterações no projeto de arquitetura (durante a obra de requalificação da moradia) que interferiam nos espaços exteriores. O acompanhamento da obra foi realizado pelo Arquiteto João Ceregeiro, de modo a garantir o cumprimento da proposta. A equipa de pedreiros mostrou-se muito pouco experiente na leitura de projetos de execução o que levou a alguns desentendimentos de difícil resolução. As estruturas e os materiais seguidos na construção decorriam muitas vezes das opções dos trabalhadores com despropósito das peças desenhadas e caderno de encargos que compunham o projeto (fig.25 e 26). Acresce o facto do cliente consultar o projeto e, não impedir tal ação. Mais, com frequência, o cliente adquiria equipamentos ou materiais semelhantes com os propostos mas de menor qualidade ou mesmo diferentes dos indicados em caderno de encargos (o que era efetuado sem qualquer consulta prévia ou comunicação à equipa de Arquitetos Paisagistas.

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA Devido ao inicio do projeto de Arquitetura Paisagista numa fase em que o projeto de Arquitetura já se encontrava em execução e à falta de contacto entre as duas especialidades, estas trabalharam de forma isolada o que levou a algumas incompatibilidades que foram necessárias corrigir, prevalecendo sempre a vontade do cliente. A equipa de Arquitetos Paisagistas foi forçada a modificar o desenho do espaço em resposta a constantes alterações no projeto de requalificação da moradia que apresentavam repercussões nos espaços exteriores. Além dos problemas já referidos, a recorrente mudança de ideias do cliente e o incumprimento da proposta, aquando da fase de obra, tornou, ainda mais complexo o desenvolvimento deste trabalho.

Para execução das plantações, foi contactada pelo Arquiteto João Ceregeiro, em concordância com o cliente, um técnico de jardinagem. Infelizmente, grande parte das espécies que se pretendiam manter ou transplantar haviam sido completamente destruídas ou retiradas e deitadas para o lixo durante a obra de requalificação da moradia, iniciadas algumas semanas antes da elaboração do projecto de espaços exteriores. Este facto levou à necessidade de novos aditamentos de forma a ocupar o lugar das espécies destruídas com novos elementos.

Fig. 26 Fotografia da estrutura de ensombramento em fase de obra

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3.4. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A ÁREA ENVOLVENTE A PALACETE DO CAMPUS DO LUMIAR CLIENTE IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação EQUIPA TÉCNICA ROTH Projetos – Arquitetura/Coordenação Ceregeiro, Arquitetura Paisagista Lda. – Arquitetura Paisagista Eng.º António Magalhães de Carvalho – Rede de rega automática Ligthpart – Design de iluminação Eng.º João Guilherme Raimundo Garcia – Instalações técnicas especiais TIPO DE PROJETO Estudo prévio Projeto de execução LOCAL Área das duas Quintas, Estrada do Paço do Lumiar, Lumiar, Lisboa. ÁREA TOTAL 3.750m2 ÁREA DE ESPAÇOS EXTERIORES 3.300m2

Fig. 27 Localização do IAPMEI, Área das Duas Quintas

DATA DE INICIO Março 2011

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ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAÇÃO O conjunto que constitui a área de intervenção insere-se num contexto urbano e arquitetónico de especial valor (fig.27). Consta da Carta do Património (Câmara Municipal de Lisboa, 1991) e é classificada como zona a preservar pelo Guia Urbanístico e Arquitetónico de Lisboa (1987). Classificações justificadas pela presença de um conjunto de imóveis de interesse público (IPPC – Igespar, 1977). Diretamente ligado ao Palacete, existe um jardim onde se salienta a existência de espécies arbóreas de grande porte que marcam, significativamente, todo o setor poente (fig.28). Toda a área apresentava marcas de cuidados de manutenção recentes (fig.29).

Fig. 28 Setor Poente - Fotografia do espaço original

Para o Palacete foi prevista a instalação de novos gabinetes de trabalho do IAPMEI bem como uma área para realização de eventos. A proposta para os espaços exteriores procurou responder de forma articulada aos novos usos e funções do Palacete e às qualidades existentes de toda a área envolvente. Além de aspetos funcionais positivos, a proposta foi conduzida no sentido de uma aproximação ao desenho original. O processo envolveu uma ação projectual conjunta entre a Arquitetura e a Arquitetura Paisagista, articulação que resultou, não somente da necessária conjugação entre espaço edificado e espaço exterior, como também da própria importância histórica que o local reservava (fig.30).

Fig. 29 Sector Nascente - Fotografia do espaço original

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C3

C1

2 1

3

6

2 M2

4

7

5

1 Jardim (sector poente) 2 Área de acesso principal 3 Área de esplanada 4 Eixo Principal 5 Jardim (sector nascente) 6 Bancada e escadas 7 Talude nascente

M2 Palacete C1 Anexo 1 (Bar/Quiosque) C3 Anexo 2 (sanitários) Limite da área de intervenção Acessos

Fig. 30 Plano Geral da Proposta para os espaços exteriores do Palacete do Campus do Lumiar - Realizado à escala 1:100 (imagem apresentada sem escala)

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REFLEXÃO/CONSIDERAÇÕES PESSOAIS O projeto para os espaços exteriores da área envolvente ao Palacete do Campus do Lumiar revelou-se, desde o início, um trabalho com interesse singular. O caráter histórico do espaço e as modificações sofridas ao longo de anos exigiu uma pesquisa profunda. Esta foi realizada juntamente com a equipa de arquitetura que coordenou o projeto. Procurou-se entender quais as linhas originais do desenho do espaço, uma preocupação que se sustentava na vontade de aproximação à organização original, agora adaptada a novos usos e funções. O projeto foi dividido em duas fases distintas – Estudo Prévio e Projeto de Execução. Durante o desenvolvimento do trabalho, contactei diretamente com profissionais de várias áreas de formação. A coordenação das diferentes especialidades não decorreu da melhor forma, resultado da pouca experiência da Arquiteta Diana Roth em tais funções.

Fig. 31 Pérgola - Fotografia do espaço original

Num primeiro momento, analisou-se a proposta prévia da Arquitetura, fez-se um levantamento da vegetação existente e identificaram-se os valores e condicionantes mais salientes. Esta análise resultou um conhecimento mais profundo do espaço, momento em que começaram a surgir algumas ideias a considerar na proposta. Neste trabalho, senti maior segurança devido à experiencia já adquirida nos projectos anteriores.

Fig. 32 Setor Poente - Fotografia do espaço original

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Na fase de elaboração do Estudo Prévio, foram delineados, os passos a seguir – esboços da proposta e discussão da mesma pela equipa de Arquitetura Paisagista, focando já alguns pontos relativos à execução da mesma. Seguiu‐se a elaboração das peças desenhadas e escritas e posterior apresentação das mesmas, em reunião com a coordenação do projeto. O processo criativo iniciou‐se, sob orientação do Arquiteto Paisagista João Ceregeiro, centrado em antigas imagens do local, fornecidas pelo gabinete de Arquitetura( fig.33). A partir de algumas ideias iniciais, discutidas em equipa, coube‐me a mim o desenvolvimento das mesmas através de alguns esboços. Os esquiços de trabalho realizados acabaram por ser bastantes criticados pelo Arquiteto Paisagista João Ceregeiro, não pelas opções em si mas pela fraca qualidade gráfica e de apresentação que estes apresentavam. As críticas resultaram em orientações de trabalho que compreenderam materiais e técnicas de representação diferentes da prática a que estava acostumada, requeria‐se um trabalho limpo e com grande clareza, independentemente das opções e decisões não estarem ainda confirmadas (trabalho com minas de espessura fina, régua e borracha, bem como folha e mesa de trabalho criteriosamente limpas e arrumadas). Esta troca de opiniões veio pôr em causa alguns aspetos associados ao ato de projetar (processo criativo), adquiridos no meu percurso académico. Passei então a trabalhar como me foi exigido, sentindo, porém, algumas dificuldades em colocar em papel algumas ideias desenvolvidas em projetos que se seguiram, uma vez que a legibilidade requerida e imagens cuidadas e tecnicamente sustentadas se afastarem de uma metodologia que havia seguido ao longo da minha reduzida experiência. Entre as dificuldades que decorreram durante o desenvolvimento da proposta, sublinha‐se a identificação do limite da área de intervenção. Como se previa que o trabalho fosse dividido em duas fases (que resultaram em dois projetos distintos), cabia à coordenação a definição dos limites da fase I e da fase II. Por falta de experiência, a equipa de coordenação não definiu os limites da área de espaços exteriores para as

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duas fases, o que acabou por ser definido pela equipa de Arquitetura Paisagista, sem certeza quanto á conveniência da opção, dado o que se pretendia para a primeira fase. Esta questão veio criar alguns problemas, na fase de Projeto de Execução, que se mostraram de impossível resolução e resultaram em más opções projectuais, como mais á frente será explicado. No setor poente, o desenho do espaço apresentava‐se pouco modificado, em comparação com o original (fig.31 e 32), o que resultou numa proposta com alterações mínimas. Nesta área, propôs‐se apenas a substituição de alguns materiais, como lancis e remates de canteiros, devido ao estado de degradação que apresentavam; o ajuste de alguns percursos e a substituição, remoção e plantação de material vegetal. No setor nascente, o espaço encontrava‐se bastante alterado, em comparação com o traçado original apresentado nas fotos e desenhos datados de 1960. Do desenho antigo, resgataram‐se as linhas principais de organização do espaço, o que resultou num traçado geométrico, definido por um eixo central e duas áreas distintas (a Norte e a Sul do mesmo), de formato aproximadamente retangular. A área a Norte, que originalmente recebia hortas e pomares (fig.33), veio, na nova proposta, albergar uma área ampla de esplanada, com revestimento em saibro e pontuada com algumas espécies arbóreas de grande porte. Esta área encontra‐se associada à requalificação de um dos anexos, definido, pela Arquitetura, como um pequeno quiosque. Para Sul propôs‐se uma área de estadia, relvada e algumas árvores de grande porte. O relvado culmina numa área pavimentada, proposta conjuntamente com a Arquitetura, que se liga com o terraço do Palacete, permitindo, assim, uma mais eficiente circulação entre o edifício e os espaços exteriores.

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Fig. 34 Setor Nascente - Fotografia do espaço original

Fig. 33 Imagem do espaço em 1960

Fig. 35 Setor Nascente - Fotomontagem da proposta

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO O estudo prévio apresentado pela equipa de Arquitetura, antevia, para a fase II do projeto, dois campos de jogos, a nascente da área intervencionada na fase I. Como resposta a esta previsão, propôs-se, no limite nascente, e ainda no estudo prévio da fase I, uma bancada que viria, futuramente, a servir a área desportiva prevista. A proposta da bancada, seguiu, como condicionante, o estudo prévio da Arquitetura, para esta área, não tendo sido alteradas as cotas previstas no projeto. Na fase de projeto de execução, veio comprovar-se que as cotas apresentadas pela arquitetura não eram as corretas, estando, os campos de jogos, cerca de um metro abaixo das cotas originais do terreno. Este erro, tanto da equipa de Arquitetura como da equipa de Arquitetos Paisagistas, resultou numa enorme incompatibilidade nas cotas altimétricas do terreno na área intervencionada em ambas as fases. O problema foi resolvido com a proposta de um talude, uma opção que constituiu uma mera forma de adiar o problema para a fase II do projeto.

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA O estudo prévio, compreendeu sete peças desenhadas – Levantamento da Situação Existente; Plano de Amarelos e Encarnados; Plano Geral; Cortes; Plano Prévio de Modelação do Terreno; Plano Prévio de Pavimentos, Mobiliário e Iluminação; Plano Prévio de Plantações e Sementeiras – e a memória descritiva e justificativa. Esta fase foi temporalmente curta, tendo abraçado a sua responsabilidade conjuntamente com a Arquiteta Paisagista Marta Francisco.

Fig. 36 Corte - Proposta para os espaços exteriores da área evolvente ao Palacete do Campus do Lumiar - Setor Nascente - realizado à escala 1:100 (imagem apresentada sem escala)

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO Resultado da dinâmica do atelier, o projeto de execução não foi iniciado logo após a aprovação do estudo prévio. A entrada de novos projetos que requeriam maior urgência, adiaram a continuação do trabalho em alguns meses. Este afastamento permitiu uma análise e postura crítica mais clara da intervenção proposta, quando se iniciou a fase de execução, permitindo corrigir pequenos erros e fazer ajustes que facilitaram a elaboração do projeto. A última fase do projeto foi, sem dúvida, a mais conturbada, devido à maior exigência que se colocava, globalmente, a uma equipa técnica vasta, bem como pela inexistencia de uma coordenação eficaz. A deficiente coordenação exigiu maior número de contactos nomeadamente com os responsáveis pela iluminação para que houvesse um entendimento e um cruzamento de dados entre o projeto de iluminação de exteriores e o projeto de Arquitetura Paisagista.

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA Também a falta de compreensão do projeto de espaços exteriores por parte da Arquiteta levou a algumas incompatibilidades no que toca a espaços onde os dois trabalhos se cruzavam, nomeadamente no prolongamento do terraço do Palacete, no setor nascente e na cobertura plantada que se pretendia para um dos anexos (fig.30). Entre as peças desenhadas do projeto de execução, realizei os pormenores de construção (fig.38, 39 e 40), assim como o Plano de Amarelos e Encarnados, o Plano Geral, os cortes (fig.36 e 37) e as três peças relativas ao Plano de Plantações e Sementeiras. Como foi o primeiro projeto, durante o estágio em que contactei diretamente com os pormenores construtivos, foi fundamental o apoio da Arquiteta Paisagista Marta Francisco e do Arquiteto Paisagista João Ceregeiro.

Fig. 37 Corte da proposta para os espaços exteriores da área envolvente ao Palacete do Campus do Lumiar - Setor Nascente - Realizado à escala 1:100 (imagem apresnetada sem escala)

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Fig. 38 Pormenor em 3D da bancada realizado à escala 1:20 (imagem apresentada sem escala)

Fig. 39 Pormenor de construção da bancada - realizado à escala 1:10 (imagem apresentada sem escala)

Fig. 40 Pormenor de construção de banco em bloco de pedra - realizado à escala 1:10 (imagem apresentada sem escala)

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO Esta foi, para mim, uma experiência extremamente enriquecedora, Foi o primeiro projeto onde desenvolvi todo o processo criativo, onde executei os pormenores de construção, onde, mais ativamente, participei nos contactos com toda a equipa técnica e de coordenação, bem como com várias empresas fornecedoras de todo o tipo de equipamentos; e ainda onde tive a oportunidade de confrontar com alguns problemas e propor soluções mais adequadas para os mesmos. Todas as confusões em volta deste processo aumentaram a minha capacidade de decisão na resolução de problemas e conflitos. O trabalho com uma equipa multidisciplinar bastante alargada permitiu-me o contacto com áreas, até aí, praticamente desconhecidas que me transmitiram conhecimentos em diversos setores. Esses conhecimentos levaram a um aperfeiçoamento do meu sentido crítico relativamente a outras áreas que não a Arquitetura Paisagista.

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA Além de todas as mais valias já referidas, foi bastante importante a exigência gráfica que envolveu. O trabalho com programas como Adobe Photoshop e Indesign foi essencial para responder eficazmente aos pedidos feitos pela arquitetura no sentido de completar algumas fotomontagens elaboradas pela equipa daquela especialidade (fig.35). Apesar da Arquiteta Paisagista Marta Francisco também possuir conhecimentos na área de edição e manipulação de imagens e de me ter transmitido novos conhecimentos acerca dos programas referidos, a experiência que eu possuía, de trabalho com os mesmos, foi uma mais valia para o atelier, naquele momento.

Fig. 41 Foto-montagem - Palacete do Campus do Lumiar/ Limite exterior sul

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3.5. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A MORADIA DA AV.TENENTE-CORONEL JOSÉ PESSOA CLIENTE Ângelo de Castro, Arquitetura e Desenho Lda. EQUIPA TÉCNICA Ceregeiro, Arquitetura Paisagista Lda. – Arquitetura Paisagista Ângelo de Castro, Arquitetura e desenho Lda. - Arquitetura TIPO DE PROJETO Projeto de Licenciamento LOCAL Av. Tenente-Coronel José Pessoa, Outeiro da Vela, Cascais ÁREA TOTAL 1.170 m2 ÁREA DE ESPAÇOS EXTERIORES 805 m2 DATA DE INICIO Janeiro 2011

Fig. 42 Localização da moradia da Av. Tenente-Coronel José Pessoa

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ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAÇÃO A área de intervenção do projeto de espaços exteriores para a Moradia da Av. Tenente-Coronel José Pessoa, localiza-se no Outeiro da Vela, Cascais (fig.42). Trata-se de um lote, com cerca de 1.170m2 de área total, de configuração aproximadamente retangular. O espaço encontrava-se ocupado apenas por manchas de vegetação e algumas estruturas residuais de antigas construções no local, das quais se destacam muros e escadas em alvenaria. Relativamente à vegetação é de destacar a existência de exemplares de Phoenix canariensis (fig.43)., espécie protegida no âmbito do Regulamento Municipal dos Parques, Jardins e espaços verdes e Proteção de Árvores do Município de Cascais8 O projeto de Arquitetura compreendia uma moradia unifamiliar de dois pisos, com uma área de implantação de cerca de 365 m2. O trabalho foi entregue à equipa de Arquitetura Paisagista já numa fase final do estudo prévio, daí que o desenho de espaços exteriores tenha sido baseado nas linhas principais e orientadoras já definidas pela Arquitetura.

Fig. 43 Fotografias do espaço original

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Proíbe o abate, transplante ou poda de qualquer espécie de palmeira com altura de tronco (espique) superior a 1,5m. Estas ações só poderão ser realizadas com autorização expressa do Presidente da Câmara Municipal ou de quem este delegar.


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3 1 2

2

9 4

9 6 8

7

5

1 Área de recepção 2 Acesso principal 3 Estendal 4 Jardim poente 5 Jardim Sul

6 Núcleo da piscina 7 Terraço do jacuzzi 8 Acesso secundário 9 Patamares Acessos ao lote Acessos à moradia

Fig. 44 Plano geral da proposta para os espaços exteriores para a moradia da Av. Tenente Coronel José Pessoa - Realizado à escala 1:100 (imagem apresentada sem escala)

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REFLEXÃO/CONSIDERAÇÕES PESSOAIS O presente licenciamento reflete a realidade vivida em grande parte dos ateliers de Arquitetura Paisagista, em projetos coordenados por gabinetes de Arquitetura que apenas recorrem a equipas de Arquitetos Paisagistas em fases finais do trabalho. Apercebi‐me, durante o estágio, que a circunstancia é recorrente neste tipo de projetos, devido às exigências de alguns Municípios. Decorrente desse processo avançado, os documentos desenhados chegaram ao atelier já com alguma definição das linhas orientadoras do desenho dos espaços exteriores. A proximidade do prazo de entrega não nos permitiu avançar para a reformulação dessas orientações já estudadas, ainda que tivéssemos vontade de apresentar outra solução. A área destinada à implantação da moradia situava‐se numa posição central do lote, distribuindo‐se os espaços exteriores em volta desta. A organização do espaço, a norte9, já se encontrava definida pelo projeto de arquitetura, apresentando‐se como uma zona de acessos à moradia e ao jardim, através de uma rampa e escada. Junto ao limite norte deste mesmo espaço, a arquitetura propôs a construção de alguns canteiros em patamares de diferentes cotas, para os quais se propôs a plantação de espécies arbóreas e arbustivas da flora local. Para o jardim poente propôs‐se, a construção de um talude plantado, com muretes de suporte em sulipas de madeira. Ao longo do murete de cota mais baixa, as sulipas seriam, em algumas zonas, dispostas de forma diferente das restantes, transformando‐se em bancos. Na área restante, propôs‐se uma área livre de relvado. Relativamente à vegetação para o jardim poente, propôs‐se o revestimento do talude com espécies herbáceas e arbustivas da flora local, surgindo, em alguns pontos, algumas árvores, para criar zonas mais sombrias.

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

Na área sul, o projeto de arquitetura previa a construção de uma piscina. Devido à incompatibilidade entre esta construção e a manutenção das espécies de Phoenix canariensis presentes (espécies protegidas), propôs‐ se a transplantação destas para uma área adjacente. Além desta ação, o projeto de arquitetura paisagista propunha, também, uma área de estadia, pavimentada, que faria a ligação entre a piscina e a área pavimentada, junto ao limite sul. Devido ao caráter exótico das palmeiras transplantadas, propôs‐se, para junto destas, espécies de características semelhantes como plantas suculentas, yucas sp., e cordylines sp. Preconizou‐se, também, para esta zona, uma escada em sulipas de madeira, para acesso ao exterior do lote, que funcionaria como acesso secundário e/ou de serviço. A Nascente da moradia, e para os terraços plantados, planeou‐se o uso de espécies exóticas, mantendo o mesmo caráter da zona da piscina (fig.42).

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Por uma mera questão de organização do projeto, dividiram‐se os espaços exteriores em quatro áreas distintas – área norte, área sul, jardim poente e terraços.


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Todas as peças desenhadas e escritas que compuseram o trabalho ficaram a meu cargo, nomeadamente, o Levantamento da Situação Existente, Plano de Amarelos e Encarnados, Plano Geral, Cortes, Plano Prévio de Modelação do Terreno, Plano Prévio de Pavimentos, Plano Prévio do Sistema de rega automático (fig.45) e Plano Prévio de Plantações e Sementeiras. Foi na peça referente ao sistema de rega que senti maiores dificuldades. Foi necessária a consulta de projetos de licenciamento anteriores para melhor compreensão do que se pretendia. Tanto em projetos de licenciamento como em estudos prévios, o plano do sistema de rega automática pretende mostrar a organização geral do mesmo (tubagens) e os tipos de rega a utilizar nas diferentes áreas plantadas (gota‐a‐gota em arbustos, anel em árvores e aspersão em áreas relvadas), de forma simples e sem qualquer referência mais pormenorizada e ou técnica relativa aos materiais que o compõem. Durante o desenvolvimento do projecto, tentei, sem sucesso, contactar o arquiteto responsável pelo projeto para esclarecimento de algumas dúvidas relativas à Arquitetura. Esta falta de informação dificultou a ligação entre os espaços exteriores e a moradia em termos de usos e funções e de materiais de construção utilizados. Após a finalização dos desenhos e da memória descritiva, e antes da entrega destes, marquei, por sugestão do Arquiteto Ângelo de Castro, uma reunião com a Arquiteta Paisagista da Câmara Municipal de Cascais. Esta reunião teve como objetivo a apresentação e discussão da proposta, de forma a compreender os critérios a que esta seria sujeita no processo de licenciamento.

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

A reunião, que inicialmente me preocupou, devido à falta de experiência neste campo, acabou por não ter significado, afirmando‐se mesmo desnecessária, devido à falta de disponibilidade e atenção manifestadas pela responsável com quem contactei. Este trabalho deu‐me a conhecer todo o processo inerente a projetos de licenciamento, bem como as peças que o compõem e como estas devem ser apresentadas. Tal como em estudos prévios, este deve ser composto pelas peças estritamente necessárias à correta compreensão da proposta e de alguns aspetos técnicos que remetem para o desenvolvimento futuro do projeto de execução. É necessário, nestes casos, a pesquisa e compreensão dos critérios de licenciamento do Município onde se insere a área de intervenção. Por todas as tarefas que realizei e por toda a responsabilidade que me foi dada, aumentei a minha rede de contactos e desenvolvi o meu sentido crítico relativamente à regulamentação inerente a projetos de licenciamento. É também de referir a importância do meu crescimento como profissional e a maior capacidade de comunicação e segurança que adquiri, principalmente, devido à oportunidade de reunião com outros técnicos a trabalhar em instituições públicas.

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Ponto de adução - Rede pública F Filtro P Programador C Contador GH Bomba/Grupo hidropressor Válvula de seccionamento Rega gota-a-gota Rega por aspersão Camisamento em PVC 5

- Realizado à escala 1:100 (imagem apresentada sem escala)

Anel de gotejadores - rega de árvores

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3.6. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A MORADIA GONÇALO CORRÊA D’OLIVEIRA CLIENTE Gonçalo Corrêa D’Oliveira EQUIPA TÉCNICA Ceregeiro, Arquitetura Paisagista Lda. – Arquitetura Paisagista Eng.º António Magalhães de Carvalho – Rede de Rega Automática ARTRADI - Arquitetura TIPO DE PROJETO Projeto de Execução LOCAL Murches, Cascais ÁREA TOTAL 2.536 m2 ÁREA DE ESPAÇOS EXTERIORES 2.070 m2 DATA DE INICIO Março 2011

Fig. 46 Localização da moradia Gonçalo Corrêa D’Oliveira

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ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAÇÃO O estudo consistiu na apresentação do projeto de execução para os espaços exteriores de uma moradia privada, em Murches, Cascais (fig.46). O lote, com cerca de 2.536m2 de área e configuração aproximadamente retangular, compreendia a moradia de um só piso, numa posição central, já em fase de obra. O terreno apresentava-se genericamente plano (variação altimétrica entre a área central e envolvente de cerca de 0,60m, ausente da presença de elementos vegetais ou construídos (fig.47). Salienta-se a presença de afloramentos rochosos, alguns deles já retirados da zona de obra da moradia. Estes, a pedido do cliente, deveriam ser aproveitados no projeto de espaços exteriores (o único aspeto programático sublinhado pelo cliente).

Fig. 47 Fotografias do espaço original

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10

2

9

8 6

8

9 8

5

4

11

1

7

8

1 Área Norte 2 Percurso poente 3 Percurso nascente 4 Área relvada 5 Piscina 6 Área de estadia/ zona técnica da piscina 7 Elevação em blocos de pedra

10

3

10

8 Áreas plantadas Limite da área de intervenção 9 Pomar Limite de propriedade 10 Sebe periférica Área de cedência ao espaço público 11 Moradia Fig. 48 Plano geral da proposta para os espaços exteriores da Moradia Gonçalo Corrêa D’Oliveira - Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

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REFLEXÃO/CONSIDERAÇÕES PESSOAIS O Projeto de espaços exteriores para a Moradia Gonçalo Corrêa D’Oliveira, foi iniciado alguns meses antes da minha entrada no atelier, tendo sido interrompido devido a algumas indecisões do cliente. As linhas orientadoras do projeto estavam já definidas, assim como alguns pormenores construtivos relativos à zona da piscina. O reconhecimento do espaço de intervenção foi feito apenas por fotografia e por informação dada pelo Arquiteto João Ceregeiro, sem uma visita ao local. Isto dificultou o desenvolvimento do projeto de execução por ser, por vezes, difícil ter uma correta perceção do lugar onde estávamos a trabalhar.

O trabalho iniciou-se com a elaboração do Plano Geral (fig.48), com base nos esquiços da proposta. Seguidamente foram feitas as peças relativas à modelação do terreno, que incluíram alguns perfis para melhor compreensão e cálculo das movimentações de terra necessárias (fig.49). Esta abordagem inicial, levou-me a recordar alguns conceitos aprendidos durante o curso, sobre o cálculo de movimentações de terra com base em perfis topográficos. O trabalho foi facilitado por uma tabela pré-definida que calcula os volumes de terra de escavações e de aterros com base nas áreas calculadas em cada perfil.

Gostaria de salientar ainda, alguns aspetos sobre os quais o desenvolvimento me permitiu tecer algumas considerações/críticas. Penso que a proposta deveria ter uma menor área de impermeabilização e que a solução encontrada para aproveitamento dos blocos de pedra retirados do solo, durante a obra não foi a mais eficaz. A elevação em bloco de pedra, proposta, surge no espaço como algo estranho, que cria uma sensação de tensão e desarmoniza o espaço, principalmente por se encontrar numa área praticamente nivelada que contrasta com a mesma elevação. Poderiam ter-se encontrados soluções mais viáveis para uso da pedra, como por exemplo, colocá-la em áreas plantadas como forma de criar um jardim rochoso, usa-la nas áreas pavimentadas ou mesmo para construção de muretes ou remates de áreas plantadas e/ou pavimentadas.

Além dos dois planos já referidos, desenhei também o Plano de Implantação Planimétrica (fig.50), que, neste caso, se mostrou mais eficaz recorrendo a uma quadrícula para marcação dos pontos de implantação do percurso proposto (solução mais eficaz em projetos com linhas mais orgânicas).

O projeto de execução compreendeu as peças desenhadas – Plano Geral; Plano de Modelação do Terreno I; Plano de Modelação do Terreno II Perfis; Plano de Implantação Planimétrica; Plano de Pavimentos, Drenagem, Equipamentos e Pontos de Luz; cinco peças relativas aos pormenores de construção; e duas peças relativas às plantações e sementeiras; assim como as respetivas peças escritas – Memória descritiva e Justificativa, cadernos de encargos e mapas de medições e orçamentos. A meu cargo ficaram as peças relativas à construção geral.

Fig. 49 Perfis de modelação do terreno (imagem apresentada sem escala)

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

0.9

0.7

0.7

1

0.8

0.6

0.6

0.3

0.7

0.2

0.4

0.6

0.7

0.7

0.2

0.4

0.4

0.5

0.7

0.7 0.3

0.4

0.5

0.7

0.7

0.3

0.5

0.9

0.8

0.3

0.5

1.6

4.2

0.7 3.6

0.5

0.8 0.6

2.1

2

0.4

1

0.2

4.1

0.5

0.6

0.5

0.2

0.3

0.3

2.2

2

0.9

5.1 4.7 5.5 2.6

0.4

3.8

3.5

0.5

1.9

10.8

1.2

2.3

0.2

0.9

2.9 2.8

1.4

3.9

2.4

1.2

0.9

0.9

1.9

0.9

0.6

0.9

0.7

0.8

0.5

5.8

0.6

0.2

0.2 0.3

0.9

0.9

0.5

0.8 0.2

0.7

0.9

0.3

0.8

0.4

0.4

0.2

0.1

0.7 0.5 0.7

1 0.5 0.6

0.1

0.1 0.7

0.8

0.6

0.4

0.7

0.1

0.7

0.9

0.2

0.5

0.6

0.8 0.2

0.5

0.3

0.3

0.6

0.6

0.7

0.8

0.2

0.8 0.4

Fig. 50 Plano de Implantação Planimétrica - Realizado à escala 1:100 (imagem apresentada sem escala)

50

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO Para melhor compreensão da proposta, escolheram-se os pontos que deveriam ser pormenorizados. Foi necessário desenhar e estudar a disposição das lajes do pavimento, definindo assim uma estereotomia, neste caso muito importante nos limites/remates do percurso; Foi pormenorizada toda a área da piscina (incluindo a guarda e a pérgola propostas) e a elevação em bloco de pedra, para melhor leitura da forma como as pedras se dispunham e como se desenhava o recorte dos degraus.

Mais uma vez, a elaboração dos pormenores construtivos foi importante por me trazer mais conhecimentos acerca de materiais e técnicas de construção, até aí não explorados. O contacto com empresas fornecedoras e a procura de soluções adequadas à proposta, levou-me a entender melhor a ligação entre os projetistas e os fornecedores, o que se mostrou bastante importante, em fases de projeto de execução para que não sejam propostos elementos irreais ou com incorretas técnicas de construção, ou ainda, para procurar as soluções menos onorosas. Neste caso, o contacto é, para ambos, vantajoso – Para o projetista porque encontra as melhores e mais baratas soluções e para a empresa por poder vir a ser a fornecedora de equipamento que se está a propor, visto que pode vir a ser sugerida em caderno de encargos e/ou medições e orçamentos.

≈1.30

≈0.15

Os pormenores de construção relativos à piscina (já iniciados pela Arquiteta Paisagista Marta Francisco) foram por mim reformulados e aperfeiçoados no contexto desta fase. Para o trabalho de pormenorização da pérgola (fig.52 e 53) e da guarda (fig.54) foi necessária uma pesquisa de empresas fornecedoras deste tipo de equipamento e alguns contactos com as mesmas para se perceber se alguma poderia fabricar os elementos com as medidas propostas ou se seria necessário conceber outros. Para desenhar a elevação em bloco de pedra, procurei trabalhos anteriores onde fossem usadas construções semelhantes (em blocos de pedra irregulares) para algum tipo de construção semelhante ou para muros e/ou muretes, para entender a melhor forma de ligar os blocos de forma segura, sem que a massa ligante ficasse demasiado visível, mantendo o ar mais natural da elevação. Foram também estudadas as medidas dos degraus a recortar nos mesmos blocos (fig.51).

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

≈0.4

5

Pormenor em 3D - Recorte dos degraus (esc.:1/10)

Fig. 51 Pormenor em 3D do recorte dos degraus em blocos de pedra - Realizado à escala 1:10 (imagem apresentada sem escala)

51

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EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

3.96

0.1

2

0.1

2

2.30

Fig. 53 Pormenor de encaixe das pranchas de madeira da pérgola - Realizado à escala 1:5 (imagem apresentada sem escala)

9

0.0 2.32

5.00

0.90

0.09

1.20 0.90

Fig. 52 Pormenor em 3D da estrutura de ensombramento - pérgola Realizado à escala 1:20 (imagem apresentada sem escala)

Fig. 54 Pormenor de fixação dos painéis de madeira da guarda - Realizado à escala 1:5 (imagem apresentada sem escala)

52

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3.7. PROJETO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA A PARCELA 148C DA HERDADE DA COMPORTA CLIENTE Sofia Magalhães EQUIPA TÉCNICA Ceregeiro, Arquitetura Paisagista Lda. – Arquitetura Paisagista Eng.º António Magalhães de Carvalho – Rede de Rega Automática TIPO DE PROJETO Projeto de Execução LOCAL Herdade da Comporta, Comporta ÁREA TOTAL 90.800 m2 ÁREA DE ESPAÇOS EXTERIORES 90.200 m2 DATA DE INICIO Abril 2011

Fig. 55 Localização da Parcela 148C da Herdade da Comporta

53

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ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAÇÃO O espaço de intervenção situa-se na Herdade da Comporta, numa área com um forte caráter rural e em área protegida (fig.55). A paisagem apresenta um caráter fortemente marcado pela presença de Pinus Pinaster e Pinus Pinea e solo arenoso. Esta moradia é a segunda habitação dos proprietários e funciona também como turismo rural, sendo arrendada em época de férias. A intervenção circunscrevia-se apenas ás áreas envolventes à moradia (fig.56). A cliente pretendia uma área para receber os visitantes da herdade procurando-se manter as características da paisagem daquele local, (vegetação, rede de caminhos e área de estacionamento). Todas as ações propostas pretendiam-se simples e discretas. Foi solicitado a plantação de algumas espécies aromáticas como Lanvandula luisieri (rosmaninhos) e Lavandula angustifolia (alfazemas) na área mais próxima da moradia (fig.57).

Fig. 56 Fotografia do espaço original - Herdade da Comporta

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59

.00

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

C B

2

4

59

.10

58

.50

59

.10

D

59

.42 61

62

.07

.65

3

.02

.26

.50

60

59

60

.19 61

62

.07

60

.75

59

.78

A 1 Estacionamento 2 Piscina 3 Campo de jogos

.00

E

.00 58

.00 58

59

.00 60

.00

61

.00 60

59

58

.00

1

57

.00

.00

A - Moradia B - Zona técnica da piscina C - Painel solar D - Telheiro E - Ruína

Fig. 57 Plano geral da proposta para os espaços exteriores da parcela 148C da Herdade da Comporta - Realizado à escala 1:500 (imagem apresentada sem escala)

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REFLEXÃO/CONSIDERAÇÕES PESSOAIS O projeto foi direcionado de forma a respeitar o caráter do lugar e, ao mesmo tempo, responder aos usos e funções associados à utilização prevista. A proposta elaborada pelo Arquiteto Paisagista João Ceregeiro, propôs-se a redefiniu os caminhos pedonais em toda a área de intervenção. Na zona de receção da herdade criou-se uma nova área de estacionamento com espaço para cerca de 10 a 15 automóveis. A partir do estacionamento, o percurso pedonal encaminha na direção da moradia, próximo da qual se transforma numa sequência de degraus rampeados. Desde o acesso principal da moradia até à área da piscina, foi preconizado um passadiço em madeira que culmina por cima do nível da água, marcando este percurso como um dos principais em toda a área de intervenção (fig.57 e 58). Os materiais utilizados tiveram em conta a ruralidade do local tendo sido trabalhadas as madeiras e saibros. Procurou-se assegurar revestimentos e pavimentos que mantivessem a total permeabilidade do solo. Relativamente às plantações e sementeiras, propôs-se a plantação de uma grande variedade de espécies aromáticas da flora local, a delimitar os percursos e a área envolvente á moradia. Como elementos arbóreos, foi reforçada a presença de Pinus pinastea.

Uma vez definida a proposta apresentada e discutida com a cliente e consequentemente aprovada, passou-se á elaboração das peças desenhadas e escritas do projeto de execução. De entre as peças referidas, fiquei mais uma vez responsável pelos pormenores construtivos e pela colaboração na execução do Plano de Rede de rega Automática (fig.61). Começou-se por pormenorizar o revestimento em saibro dos caminhos e os degraus rampeados (fig.60). Até esta fase não senti grandes dificuldades por ter, já, noutros projetos, contactado diretamente com estes tipos de materiais e técnicas de construção. A grande novidade, neste trabalho, foi a pormenorização do passadiço em madeira (deck) proposto. Consultei antigos projetos onde se propôs estruturas semelhantes e iniciei um trabalho intensivo de estudo das medidas mais adequadas e de todos os encaixes e ligações entre vigas, pilares e traves de madeira, bem como as respetivas fundações. Os pormenores desta estrutura (fig.59) foram particularmente interessantes de desenhar devido à complexidade do elemento construtivo em questão. Ganhei alguma experiência em técnicas de construção, normalmente aplicadas a estruturas de madeira mais complexas, o que aumentou o meu gosto por este material e por estruturas deste género.

Fig. 58 Corte da proposta para os espaços exteriores da parcela 148C da Herdade da Comporta - Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

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P02

Fig. 59 Pormenor de construção do passadiço em madeira - deck Realizado à escola 1:20 (imagem apresentada sem escala)

Fig. 60 Pormenor de construção dos degraus rampeados - Realizado à escala 1:50 (imagem apresentada sem escala)

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O maior desafio foi, no entanto, a elaboração do Plano de Rede de Rega Automática (fig.61). Forneceu‐se ao Eng. António Magalhães de Carvalho, que frequentemente colabora com o atelier, os elementos necessários da proposta (áreas plantadas, o local onde se encontra o ponto de adução, e qual a origem da água, rede, furos, poços etc.) e ainda outras informações relativas ao sistema de rega pré‐existente (o qual poderia ter elementos que se pudessem mater ou reutilizar). O plano de rede de rega automática e os respetivos cálculos e memória descritiva foram então elaborados tendo sido entregues à equipa de Arq. Paisagistas em três folhas distintas de papel esquiço – uma com a conduta principal, outra com a conduta secundária e outro, ainda, com a rede elétrica, apresentadas em reunião onde se explicaram os pormenores necessários à completa compreensão dos esquiços. A partir destes desenhos, é elaborada, em Autocad, uma peça que sobrepõe os três desenhos iniciais. A maior dificuldade é construir uma peça perfeitamente legível e, dentro do possível, simples. A rede de rega proposta para a herdade da Comporta mostrou‐se bastante complexa, o que me exigiu um esforço extra na realização deste trabalho, tendo contado com o apoio da Arq. Paisagista Marta Francisco e do Eng. António Magalhães de Carvalho. A complexidade deste trabalho levou‐me a rever conceitos abordados durante o meu percurso académico e a aprofundar outros, de acordo com a exigência da peça. Adquiri também novos conhecimentos técnicos ao nível do desenho assistido por computador e tive a oportunidade de aperfeiçoar alguns métodos de representação gráfica. O contacto direto com o Engenheiro alargou a minha rede de contactos e reforçou a importância do trabalho multidisciplinar.

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

58 MESTRADO EM ARQUITETURA PAISAGISTA ANA MANUEL MESTRE


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EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA 0.75 1.0 1.0 1.5 0.75 0.75

F

P 1.0

0.75

1.0

1.0

1.0

1.0 4 1.0

3.0 2.0

2.0

2.0

2.0

2.0 2.0 5

4.0

6

1.0

1.0

4.0 2.0

2.0

2.0 4.0 1.0

2.0

Ø75

Ø75 2

8.0

Ø250

2.0

4.0

4.0

2.0 4.0

7 8.0 4.0 2.0 4.0 9

3.0

4.0 4.0

4.0 4.0 8.0 6.0

8

8.0

2.0 3

3.0 Ø63

6.0

4.0

1

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- Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

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3.8. PLANO DE PLANTAÇÃO PARA A MORADIA CLARA CHAMBEL CLIENTE Clara Chambel EQUIPA TÉCNICA Ceregeiro, Arquitetura Paisagista Lda. – Arquitetura Paisagista TIPO DE PROJETO Plano de Plantação LOCAL Aldeia do Juso, Malveira da Serra ÁREA TOTAL 4.579 m2 ÁREA DE ESPAÇOS EXTERIORES 4.089 m2 DATA DE INICIO Abril 2011

Fig. 62 Localização da moradia Clara Chambel

60

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ENQUADRAMENTO E CARACTERIZAÇÃO

REFLEXÃO/CONSIDERAÇÕES PESSOAIS

A área de intervenção situa-se na Aldeia do Juso, Malveira da Serra, no concelho de Cascais (fig.62). Trata-se de um lote com cerca de 4.579 m2 de área, de configuração aproximadamente retangular e com a moradia localizada junto ao canto noroeste do espaço.

No setor Norte, a sebe foi composta por um alinhamento contínuo de Cupressocyparis leylandii e Thuja plicata, com 1.20m de afastamento entre pés para permitir que cada elemento crescesse mais livremente. Este foi acompanhado por outro alinhamento, mais baixo, de Crassula portulacea e Crassula arborescens, com 0,60m de afastamento entre pés. Junto da moradia, o canteiro sofreu um estrangulamento, propondo-se, nesta zona, apenas o alinhamento de elementos arbóreos (Cupressocyparis leylandii e Thuja plicata). Associada ao muro limite que envolve a área da piscina foi proposto um alinhamento contínuo de Melaleuca diosmifolia, com uma distância entre pés de 0,60m. No setor poente e sul propôs-se um módulo de plantação composto pelos mesmos elementos arbóreos da área norte (Cupressocyparis leylandii e Thuja plicata), plantados em quincôncio com um afastamento de 3m entre pés e 1m entre linhas. A poente, foi introduzido também um alinhamento de elementos de porte arbustivo de Cytisus scoparius, Pistancia lentiscus, Prunus lusitanica, Viburnum tinus e Sambucus nigra, com 1,5m entre pés, no alinhamento dos exemplares de Cupressocyparis leylandii. O plano de plantação da herdade Clara Chambel diferenciou-se dos restantes planos de plantação que realizei durante o estágio por utilizar uma metodologia de trabalho diferente. Pela primeira vez, elaborei uma proposta utilizando módulos de vegetação. Este método consistiu em criar grupos de espécies com afastamento e organização criteriosamente estudada, que foram depois distribuídos pelas várias áreas destinadas à plantação. Neste trabalho, foi necessária uma atenção reforçada na escolha do elenco vegetal e na distribuição deste no limitado espaço dos canteiros da herdade. Com este trabalho ganhei uma maior experiência e conhecimentos na área da vegetação e aprendi uma nova metodologia de trabalho que se revelou bastante útil em projetos com extensas áreas plantadas ou para, como neste caso, sebes constituídas por várias espécies.

O projeto compreende o plano de plantação de uma sebe a plantar ao longo do limite do lote, como proteção dos limites do terreno. O projeto decorre da vontade da sebe ser executada numa fase inicial do projeto, de modo a que as suas funções fossem asseguradas com a maior brevidade. Apenas 328,5m2 foram destinados a esta plantação.

Fig. 64 Fotografia do espaço original

61

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EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

73.00

73.00

73.00

Fig. 63 Plano de Plantação para a Herdade Clara Chambel - Realizado à escala 1:200 (imagem apresentada sem escala)

62

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EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

Melaleuca diosmifolia (dist. entre pés = 0.6m)

Árvores existentes

Thuja plicata + Cupressocyparis leylandii (dist. entre pés = 1.20m)

SEBE PERIFÉRICA ÁRVORES Cl - Cupressocyparis leylandii - 65uni

Crassula portucalea + Crassula arborescens (dist. entre pés = 0.6m) * Distância entre linhas = 0.6m

Tp - Thuja plicata (túia-gigante) - 68uni ARBUSTOS Cs - Cytisus scoparius (giesteira-das-vassouras) - 2uni

Thuja plicata (dist. entre pés = 3m) Cupressocyparis leylandii (dist. entre pés = 3m) * Distância entre linhas = 1m

Md - Melaleuca diosmifolia (melaleuca) - 80uni Thuja plicata (dist. entre pés = 3m) Cupressocyparis leylandii + Sambucus nigra (dist. entre pés = 1.5m)

Ple - Pistacia lentiscus (aroeira) - 2uni Pl - Prunus lusitanica (loureiro de Portugal) - 6uni

* Distância entre linhas = 1m

Sn - Sambucus nigra (sabugueiro) - 4uni Crassula portucalea (dist. entre pés = 0.6m) Crassula arborescens (dist. entre pés = 0.6m)

Vt - Viburnum tinus (folhado) - 2uni CARNUDAS Cp - Crassula portulacea - 43uni

* Distância entre linhas = 0.6m

Ca - Crassula arborescens - 40uni Limite da área de plantação da sebe * Distância entre linhas = 1m

Thuja plicata (dist. entre pés = 3m) Cupressocyparis leylandii + Prunus lusitanica +Pistacea lentiscus + Sambucus nigra + Viburnum tinus +Cytisus scoparius (dist. entre pés = 1.5m)

Fig. 65 Legenda do plano de plantação para a moradia Clara Chambel - Módulos

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63

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

As tarefas que desenvolvi permitiram‐me desenvolver competências num ambiente profissional, em que pude aplicar os conhecimentos adquiridos durante o curso a situações específicas e reais. Aumentei a minha capacidade de integração em equipas e aprendi novos métodos de trabalho.

Considero, o estágio que realizei, bastante dinâmico e enriquecedor, pela diversidade de tarefas que tive à minha responsabilidade e pela oportunidade de trabalho em variadas situações, desde administrativas (como organização de arquivos, realização de encomendas de material necessário e receção das mesmas), até todas as funções mais técnicas inerentes ao processo de desenvolvimento de projetos. Relativamente aos trabalhos desenvolvidos, penso que o atelier deveria apostar ainda na apresentação de imagens 3D e/ou perspetivas da De todos os trabalhos realizados, o Projeto de Espaços Exteriores para a proposta. Este tipo de desenhos ajuda à compressão da mesma, Área Envolvente ao Palacete do Campus do Lumiar e o Projeto de Espaços principalmente quando apresentada a profissionais de outras áreas ou Exteriores da Moradia do Bairro da Martinha foram aqueles que mais aos próprios clientes que, muitas vezes, não sabem ler corretamente as dedicação me exigiram. Consequentemente, foram aqueles que mais peças técnicas. As imagens 3D ajudam a ter uma perceção da experiência me deram e mais me fizeram crescer enquanto profissional espacialidade e da organização da proposta mais próxima da realidade. da área de Arquitetura Paisagista. Neles tive oportunidade de participar Salienta‐se, também, a falta de disponibilidade do Arquiteto paisagista ativamente em todas as fases e com eles estabeleci vários contactos com João Ceregeiro para discutir as ideias conceptuais associadas às propostas equipas de outras áreas bem como com empresas fornecedoras (o que (processo criativo) com a restante equipa de forma a poderem encontrar‐ me permitiu aumentar a minha rede de contactos profissionais). se outras soluções. A falta de tempo para o trabalho que era necessário elaborar revelou‐se No geral, tive a oportunidade de participar com todas as diferentes peças uma constante ao longo de todo o estágio, o que se deve, na minha desenhadas e escritas que compõem um projeto e de consultar outros opinião, ao facto da equipa de Arquitetos Paisagistas ser reduzida, face à trabalhos existentes no arquivo do atelier, de forma a poder aperfeiçoar o quantidade de trabalho existente. nível técnico e gráfico. Este estágio foi uma fase vital do meu percurso académico que me Salienta‐se, ainda, a oportunidade de experimentar diferentes permitiu conhecer a realidade profissional da Arquitetura Paisagista. metodologias de trabalho e diferentes formas de representação gráfica, Estou certa de que a termino com uma maior autoconfiança e com a como por exemplo nos Planos de Plantação. Isto permitiu‐me conhecer capacidade de continuar a desenvolver trabalho por iniciativa própria. vários métodos de forma a poder escolher aquele que melhor se adapta a cada tipo de intervenção. 64 MESTRADO EM ARQUITETURA PAISAGISTA ANA MANUEL MESTRE


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5. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA NA REALIZAÇÃO DOS PROJETOS

EXPERIÊNCIAS NO ÂMBITO DA ARQUITETURA PAISAGISTA

LIVROS BLICH, Michael, BURNIE, Geoffrey – Gardening Encyclopedia, Random House Australia, 2007 MOREIRA, José Marques – Árvores e Arbustos em Portugal, Lisboa, Argumentum, 2008 Bambus e Ervas, Civilização Editora, 2008 AYDANO, Roriz, Enciclopedia prática 1001 plantas y flores, Euro Best, 2005

CATÁLOGOS NORINCO IBERICA, Tampas e grelhas em ferro fundido dúctil. HESS, Iluminação BEGA, Iluminação PHILLIPS, Flexible tube, Fev.2008 Viveiros VIPLANT Viveiro CANTINHO DAS AROMÁTICAS NEFF, Ludwin, NEUFERT, Peter – Casa, Apartamento, Jardim, Gustavo Gili, 2007 SIGMENTUM, Plantas autóctones NEUFERT, Peter – Neufert, A Arte de projetar em Arquitetura, Gustavo Viveiros PLANTA LIVRE, 2010 Gili, 2004 65 MESTRADO EM ARQUITETURA PAISAGISTA ANA MANUEL MESTRE


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