Aveiro cota zero ou quase

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NAR RATI VA C O M O AP R E N D E NTE

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Almada Negreiros, Eça de Queiroz Miguel Torga, Alberto Souto, Raul Brandão, Ary dos Santos, Carlos Souto

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A minha primeira abordagem constrói-se a partir das palavras de outros (a literatura e a poesia). A dupla interpretação do território – a do escritor ou poeta e a minha.

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Miguel Torga

“Um companheiro, ao lado, explica a outros o açoreamento da Ria, e eu, na carta, sigo o assoreamento das consciências. ” "Gosto desta terra. Não por se parecer com outras lá de fora,…uma originalíssima expressão urbana, ao mesmo tempo firme e movediça, doce e salgada no sabor, e perpetuamente arejada por uma fresca brisa".

«O que pode o inconsciente colectivo! Nunca aqui venho, seja qual for o motivo que me traga, que uma força poderosa me não coaja intimamente. Sem querer, sinto-me cidadão. Parece que caminho nas ruas com todos os direitos e obrigações às costas.»

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Alberto Souto

«...é um delírio de velas, de luz, de água, de vida!»

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Raúl Brandão

“O que eu queria dar só o podem fazer os pintores – os tons molhados, os reflexos verdes, o galopar das nuvens fugindo sobre a imensa superfície polida, e, por fim, ao cair da tarde, a agonia dolorosa da luz.”

“ luz aqui estremece antes de pousar...”

“Há três dias que ando metido na ria, com a barba por fazer, sujo como um ladrão de estrada, e fora de toda a realidade. Afigura-se-me que vivo num país estranho – amplidão, água e sonho.”

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Raúl Brandão

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“Sinto que a tinta que envolve a paisagem morre a muito custo, e que toda esta humidade se quer fartar de luz, transformando-se como numa mágica em explosões e cores desgrenhadas pelos ares e em cenários irreais na terra cheia de mistério, até que um único risco de oiro ao cimo de água, oscila, serpenteia e acaba por desaparecer num último arabesco...”

“Em qualquer dos casos, a sensação que se tem é de que está tudo ao mesmo nível: água e terra num casamento tão íntimo que por vezes se torna difícil estabelecer uma fronteira. A sublinhar essa indefinição dizia Raul Brandão: Bois pastam na água, um barco navega no interior das terras... A ria é mágica e possui uma luz própria que a veste.”

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Ary dos Santos

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http://behappyaveiro.blogspot.p t/2011/07/sou-ria-de-aveiro-osal-do-mundo.html

“Morro de Amor pelas águas da Ria Esta espuma de dor, eu não sabia sou moliceiro do teu lodo fecundo Sou a Ria de Aveiro, o Sal do mundo Vara comprida, tamanho da vida Braço de mar, a lavrar, a lavrar… Morro de Amor nesta rede que teço e é no Sal do Suor que eu aconteço. Para além da Salina, o horizonte me ensina que há muito Mar, para lavrar, para lavrar…”

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Carlos Souto

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“Aveiro é um hino à liberdade! São as pessoas – cagaréus, ceboleiros e bicudos – são as ruas que são gente que engrandeceu de prestígio esta terra dos congressos republicanos, dos injustiçados, da democracia. “

“Aveiro é ria com a sua paisagem e emoções, são as aves nas suas danças ondulantes, é a luz que se espelha na água, são os moliceiros, as marinhas, os esteiros e o cheiro a maresia. “

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Almada Negreiros

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“Aveiro não tem fronteiras nem no mar, nem em terra, nem no ar. As fronteiras do mundo não passam por aqui.”

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Eça de Queiroz

<<De repente Dâmaso recordou-se que tinha até um presentinho para a sra D. Maria Eduarda… -Tenho-o ali no embrulhozinho de papel pardo… -há seis barriquinhas de ovos moles de Aveiro. É um doce muito célebre, mesmo lá fora. Só o de Aveiro é que tem chique… Pergunte V. Exª ao Carlos. Pois não é verdade, Carlos que é uma delícia?... -- Ah, certamente…>>. Os Maias (Hotel Paris Porto)

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entre os elementos

Evolução do desenho do território PROTOHISTÓRIA HOJE http://historia-estarreja-murtosa.blogspot.pt/2011/04/terra-marinhoa-na-idademedia.html

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entre os elementos

Neste espaço com todos os elementos presentes, o desenho da transição entre alguns, ao longo do tempo, parece-me importante como enquadramento, na minha interpretação/narrativa. Um território com limites definidos e permanentes é o oposto a um território recortado e que vai variando a sua configuração ao longo do tempo. A junção ou o abraço deste processo dinâmico transporta em si a incerteza e a surpresa.

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O rio Vouga desaguava numa extensa baĂ­a

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Decomposição de areias com formação de cordões dunares litorais, começou a surgir uma laguna com algumas ilhas dispersas no interior.

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O cordão litoral de dunas deu origem a uma laguna, onde desagua o rio Vouga e outros pequenos cursos de água. A ligação com o mar chegou a estar comprometida. Hoje a ligação é feita por uma única barra mantida artificialmente.

6.000 hectares permanentemente alagados

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Aveiro – núcleo urbano que faz parte deste processo evolutivo e que continuará a estar ligado ao território envolvente em permanente mudança com cheiro e desenho movediços.

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Cota zero é linha horizontal, linha flutuante, variável ao longo do tempo e das estações do ano, hoje mais estável devido à intervenção do homem na regularização da ria. Linha que nem sempre divide e que nem sempre separa, porque também une. Linha que influência fortemente TUDO. Linha que se percorre através de um moliceiro, e que nos oferece inúmeros pontos de vista, em diversos contextos da história da cidade e da evolução da mesma. Linha percorrida a diferentes velocidades e em diversos tempos. Aveiro

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Fiz diversas leituras, tentei adivinhar a vida na cidade, a vida produtiva e outras vidas onde a laguna tem um ascendente determinante. Registei olhares, os meus.

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Senti a luz, a cor e as formas projectadas na cota zero, e as volumetrias observadas ao longo dos canais. Senti uma outra cidade. A cidade dos reflexos, dos espelhados sobre as águas paradas, é mais misteriosa e camaleónica, consoante a hora do dia e dependendo do ângulo de visão seleccionado. Senti uma cidade de sol de águas coloridas e uma cidade enublada com águas em tons de prata.

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das pedras das muralhas e outras

Cais que regularizam, que disciplinam, que estabelecem limites, que contêm, que desenham linhas paralelas de vizinhanças permanentes. O domínio do homem sobre a natureza

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As águas escuras e enigmáticas dos canais vestem-se com cores dinâmicas à passagem dos moliceiros que transportam turistas e outras embarcações. O tempo da cidade passa a ser o tempo/velocidade do moliceiro que a percorre e a apresenta a partir da perspectiva da cota zero, como se de uma ante-câmara se tratasse. As cores duplicam-se por reflexão mostrando o real e o virtual, ambas as dimensões pertencentes à ria e aos canais. Aveiro

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Espaços de todos aqueles que se debruçam para os canais e que assistem aos compromissos assumidos pelos espaços construídos. Espaço de chão entre uma e outra coisa. Aveiro

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Perfis de linha quebrada, como em todas as cidades, mas onde se lê a tentativa de homogeneizar, de assumir como predominante a dimensão horizontal. Cada alçado traduz a história, a cronologia, as vontades ou a ausência delas, como deve ser nas urbanidades vivas e mutantes. A convivência de várias formas, de várias artes e de várias realidades alimenta o jogo entre o cheio e o vazio, o construído e o não construído, servindo de cenário aos canais e tornando possível análises críticas diversas. Aveiro

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A linguagem arquitectónica oscila entre o popular e o erudito. O erudito como cartão de visita, o popular como expressão do trabalho. As diversas e possíveis leituras visuais ligadas ao espaço construído, são indissociáveis dos canais. Os canais de Aveiro são os protagonistas e os referenciais de toda a geometria espacial; são eles que definem as linhas organizadoras da malha urbana, os espaços edificados e não edificados. São presença falsamente silenciosa e discreta, pois contêm todo o potencial do ordenamento do território próximo. Aveiro

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Ligações feitas à escala humana num esforço de união entre margens para que os canais unam e não separem.

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Quando o olhar se eleva e descobre o cĂŠu como fundo mutante de muitos outros pormenores.

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As pessoas nascem e morrem ligadas Ă ria, organizam o seu dia e a sua vida conforme esta linha de ĂĄgua se comporta e dependendo do que lhes oferece.

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Morfologia do território, grandes planos de água salgada pouco profunda, o sol e o vento criam boas condições de evaporação /cristalização para a produção do sal.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/13/Ria_de_Aveiro%2C_Portugal_%28panorama%29.jpg

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Poeta do Penedo

A técnica é milenar – a safra do sal – sabiamente aplicada pelo MARNOTO.

“Não tenho rosto, nem voz. Apenas uma alma portuguesa, que nas sombras do escuro anonimato me impeliu ao glorioso passado, contando em terra de sal uma magnífica história de mar, na simplicidade de mim a glória de um povo, esta lusitana paixão que emana da humildade do marnoto.”

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Safra organizada em 3 fases – limpeza, cura e produção - de Março a Outubro. O resto dos meses está inactiva. Trabalho duro de sol a sol.

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SALINA (intervenção do homem na natureza)

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Organização do território– viveiro, algibés, caldeiros, sobrecabeceiras, talhos, cabeceiras, meios de cima e de baixo. cota zero ou quase


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Salina e palheiro (habitação do marnoto durante a safra)

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Plantas que crescem submersas em água salgada, são recolhidas num barco moliceiro e depois são utilizadas para fertilizar campos arenosos, convertendo-os em terrenos agrícolas férteis. cota zero ou quase


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As salinas desactivam-se, os moliceiros deixaram de recolher moliço e transportar sal, hoje transportam turistas. AtÊ quando?

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Os enigmas, são interrogações, são persistências que inquietam a memória e que surpreendem nem sempre positivamente. Talvez uma forma de descobrir o espaço urbano e constatar que ele é único em cada sítio. Enigmas que partem da cota zero.

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dos m贸dulos SALINA

LOTE

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dos modelos

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dos modelos

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dos modelos

DOGE -VENEZA

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dos modelos

Serviços de Cultura da Câmara Municipal

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da assimetria Claustro do Antigo Mosteiro de Jesus Actual Museu

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da história

Família

TAVARES E TÁVORA Aveiro

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da história

Família

TAVARES E TÁVORA

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A eloquência e as novas visões do mundo

da postura

José Estevão

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do sĂŠculo XXI - as perspectivas fechadas de alguns

O desenho urbano apostando num falso progresso vivencial

terrasdomarnel.blogspot.com -

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do século XXI - as perspectivas fechadas de alguns

Impermeabilização dos solos

Manuel Bóia

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Canais que separam e que fracturam o territ贸rio

do s茅culo XXI - as perspectivas fechadas de alguns

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As falácias do século XX, a negação da arquitectura como expressão cultural contemporânea

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do fora de época

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Rotunda das pontes ou praça Humberto Delgado O nó mais importante de Aveiro, concentricamente desenhado em relação a um vazio ou um orifício popularmente denominado o Cú de Aveiro. Afinal o vazio a unir duas pontes, e a ortogonalizar com o canal, anteriormente certamente o escoamento de detritos putrefactos..

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intencionalmente criados

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Fachada falsa do antigo convento de Cristo – a composição do alçado a prevalecer

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das reconstruções/renovações

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O acaso não existe.

da divina proporção

Igreja da Misericórdia

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O acaso não existe.

da divina proporção

Claustro da Igreja da Misericórdia

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da tela deslocada Igreja da Miseric贸rdia

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do Cristo representado

Igreja da Miseric贸rdia

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Detalhe de pormenor construtivo Aproveitamento de recipientes cerâmicos para enchimento de parede – a história escondida.

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dos pães de açucar

Edifício palaciano renascentista

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da s escadas que marcam o tempo e a postura

EdifĂ­cio palaciano renascentista

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A identificação do proprietário

da posse

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que futuro?

O futuro serรก sempre o que a รกgua determinar.

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Curso "Aveiro: a cidade escondida - património e leituras históricas“ Formador: Prof. Rui Tavares Trabalho final – Anabela Quelhas Maio 2013

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