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Nós e os outros II
from Nós e os Outros III
by Ana Umbelino
Título
Nós e os outros III
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Autores
Alunos do 12º ano, turma CPTEAC3 (2022/2023)
Coordenação e revisão de texto
Ana Maria Umbelino
Edição
Biblioteca da Escola Secundária da Lousã maio 2023
Coleção
Projeto de leitura
Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular
Certos países têm como dia nacional datas de batalhas, de conquistas ou da sua própria fundação. Portugal preferiu escolher o dia da morte de um poeta para o seu dia nacional. Concordo que seja assim. Porque se outros libertaram e fundaram o país, a Camões se deve o facto de ter feito da língua portuguesa não só a Pátria Cultural dos portugueses, mas da também a pátria da imensa comunidade lusófona. Não devemos esquecer que Fernando Pessoa escreveu: A Minha Pátria é a Língua Portuguesa Foi na língua portuguesa que os povos das ex-colónias declararam as suas identidades, lutaram pela libertação e glorificaram as suas independências. Português é uma língua que, tendo sido de domínio, foi também língua de liberdade e libertação. Língua da Revolução de Abril. Mas também das independências do Brasil, de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Língua que passa pelo momento singular da escrita de Os Lusíadas por Camões, o primeiro poeta europeu a ter contacto com povos e culturas de outros continentes.
Ao contrário de outras obras, os heróis de Os Lusíadas não são heróis de papel; são homens verdadeiros, exploradores de novos caminhos e novos mundos, vanguardistas de uma revolução cultural e científica que estará nos primórdios do Renascimento europeu. Quando as “ Naus de Verde Pinho” partiram a desbastar o mar oculto, os portugueses foram, de certa forma, Europa antes dela o ser. O Mundo antigo estava unificado no Mediterrâneo. As navegações abriram caminho ao Mundo moderno, na primeira globalização da História. Nasceu uma nova maneira de pensar, um novo saber de experiência feito.
Apesar de tudo isso, Camões não foi indiferente aos problemas que afetavam o seu tempo. Por isso acusa a corrupção instalada. Camões foi um soldado entre soldados, um navegador entre navegadores, um português entre portugueses. Viveu na miséria, foi encarcerado, exilado, regressou pobre e assim morreu. Mas deixou-nos uma obra universal. E deu origem a esta língua que anda pelo mundo inteiro, língua de diferentes pertenças e culturas, em que as vogais não têm a mesma cor e em que as consoantes, como se sabe, em Portugal assobiam, em África cantam e no Brasil dançam.

Manuel Alegre
(reescrita de texto, trabalho coletivo)
Grande é o número de países que pertencem à Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Além das comunidades de Macau (China) e Goa (Índia), são os seguintes oito países que falam português no mundo: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Assim, a Língua Portuguesa é uma das línguas mais importantes do mundo. Tem mais de 230 milhões de falantes, o que a torna a terceira mais falada no ocidente, ficando apenas depois do Inglês e do Espanhol. É um importante meio de comunicação para os povos que pertencem à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, de onde se destaca o Brasil pelo número elevado de falantes.
Contrariamente ao que muita gente pensava, este milénio não é bilíngue – língua nacional mais o Inglês – mas multilíngue.
Neste contexto, é importante apreciar e proteger a nossa língua. Afinal de contas, defendê-la é muito mais do que cuidar do idioma de um povo, representa a defesa do que há de mais valioso no país: a identidade do povo, as tradições, a história e, até mesmo, o futuro auspicioso que se tem.
Luísa Galvão Lessa (reescrita de texto, trabalho coletivo)
Na Grécia antiga, o poeta era aquele que cantava as façanhas dos deuses ou de heróis lendários, acompanhado pela lira ou pela cítara. Para os romanos, era o profeta, que profetizava o futuro, era o tradutor da melodia celestial. Entre os celtas, o bardo era aquele que engrandecia a importância dos guerreiros, era um trovador, alguém que escrevia poemas, os musicava e cantava de terra em terra.
Se, por um lado, o poeta é um ser superior, um intermediário entre o transcendente e o real, um mensageiro; por outro, ele é um artífice que ouve todos os sons da palavra, dando cor à página em branco. Um poema pode ser luta até à última rima, pode ser um grito de revolta ou de alívio. Um poema pode ser uma melodia de paz, ou um brado de revolução.
A língua portuguesa tem, desde sempre, uma predisposição musical. Que o digam os poetas dos primórdios da nossa nacionalidade. Que o diga D. Dinis, nas suas cantigas de amigo. Que o digam todos os poetas, do passado e do presente
Quando se fala de poesia, fala-se inevitavelmente da língua em que se escreve. A poesia é a música da nossa língua. O alicerce de um legado comum que recebemos e queremos guardar, cuidar, partilhar, porque uma língua como a nossa não se perde, não se esgota, não se prende. Pode, pela sua dinâmica, estar sujeita a alterações na forma, no som, e até no sentido de algumas palavras. No entanto, uma língua como a nossa não altera na sua alma, naquilo que ela representa como essência de um povo, pelos vários continentes espalhada. A língua portuguesa é o nosso lar. O nosso refúgio.
