Notícias das Gerais nº 61

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OPINIÃO

O desafio do marketing eleitoral nas eleições de 2016 As eleições de 2016 vão iniciar uma nova era na comunicação eleitoral no País. Com pouco dinheiro e tempo para trabalhar oficialmente as candidaturas, a maneira como se constrói a imagem de um candidato vai mudar radicalmente. Se em 2012 as receitas de empresas foram responsáveis por abastecer 78% das candidaturas dos pleiteantes, essa verba já não vai pingar nos caixas eleitorais. Outro ponto é a instituição do limite de gastos. Os partidos poderão apenas utilizar 70% dos gastos estipulados no último pleito, gerando uma redução drástica do potencial de investimentos. Tudo isso em um cenário de profundo desgaste da classe política em que a figura do “simpatizante” partidário se esvai e a polarização partidária se reforça. Os militantes mostrarão suas cores e aqueles que não são engajados tendem a se fechar para a tradicional comunicação eleitoral. E é justamente esse grupo o alvo a ser ati ngi do. Caberá aos profissionais de comunicação mudar a estratégia e conseguir a atenção desses eleitores pouco abertos ao discurso político. Sem dinheiro, a militância paga – em capitais chegam a ser contratadas de 2 a 5 mil pessoas para a função – ficará impraticável. Entra nessa lista

a distribuição maciça de panfletos. O tempo de televisão – veículo preferencial para o qual cada candidato destinou 80% das verbas no pleito passado – vai de 45 para 35 dias, com início em 26 de agosto. Não muito citada, mas na reforma eleitoral o prazo para os candidatos se apresentarem à sociedade não está mais atrelada à convenção partidária, antes realizada em período próximo ao pleito. A nova regra também deve ser explorada pelos especialistas. Com tudo isso, sai na frente quem começar agora, nesse momento, a desenhar sua estratégia de comunicação. Alguns pretensos candidatos a prefeituras e câmaras municipais já começaram a fechar contratos de consultoria com especialistas em marketing digital. Sem dinheiro e pouco tempo, a profissionalização das redes sociais, usada como meio de mobilização de eleitores e simpáticos às bandeiras dos candidatos, é fundamental para sair na frente nessa corrida. As redes funcionam como um termômetro para se diagnosticar qual bandeira mais gera apelo entre os “não militantes” e transformar isso em mobilização “espontânea”. Além disso, ela permite regionalizar seu conteúdo e selecionar o públicoalvo.

FOTO : ARQUIVO PESSOAL

Mudar a forma de apresentar seu produto – o candidato – saindo do discurso tradicional político será crucial. Falar para a militância é chover no molhado. O que o eleitor busca é um discurso transparente e com um conteúdo que de fato possa mudar a sociedade e sua vida, diretamente. Feita essa análise, é relevante reforçar que a o marketing digital sozinho não ganha uma eleição. Além de funcionar como uma bússola que orienta o período pré-eleitoral, nada substitui o corpo a corpo e um candidato mostrar que tem interesse real na vida da população. E como estamos exercendo a “futurologia”, sabemos sequer se esse texto vai sobreviver a esse novo formato eleitoral. Ana Flávia Gussen Graduada em jornalismo, com MBA em marketing pela Fundação Getulio Vargas e especializada em marketing eleitoral pela ESPM-SP.

NOTÍCIAS DAS GERAIS / janeiro e fevereiro DE 2016

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