EM TEMPO - 16 de janeiro de 2014

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Caderno D

Plateia MANAUS, QUINTA-FEIRA, 16 DE JANEIRO DE 2014

plateia@emtempo.com.br

DIVULGAÇÃO

Alunos criam Grupo de Teatro Experimental (92) 3090-1042

Plateia 3

Cena noturna abre espaço para os góticos A nona edição da festa “Bela Lugosi’s Dead”, que gerou também a Forest Dark Celebration e a Gotham, está marcada para sábado LUIZ OTAVIO MARTINS Especial EM TEMPO

A

falta de eventos voltados para os fãs da subcultura gótica em Manaus incentivou o guitarrista da banda Joy Pós Punk, Lucio Ruiz, 40, a criar a festa temática “Bela Lugosi’s Dead”, que vai para a sua nona edição sábado, às 22h, na Estação Cultural Arte e Fato (rua 10 de Julho, 443, próximo ao Teatro Amazonas, Centro). Além de um tributo da Joy Pós Punk ao grupo The Sisters of Mercy, o evento contará com um show da banda de gothic symphonic Nythra, que interpretará hits de Evanescence e Nightwish, e com os DJs Douglas Mandrake, Adeson Moraes e Erison Tyranus. O ingresso custa R$ 15 e será vendido somente na hora. “Nós percebemos que em Manaus não havia um evento voltado para essa cultura e que evocasse o trabalho gótico dos anos 80 e o atual. Vemos muitas bandas surgindo com som industrial, por exemplo, e nossa intenção foi promover essa mistura,”, explica Lucio Ruiz. O guitarrista da Joy Pós Punk já foi integrante da banda gótica Alma Nômade, que investia em músicas autorais com letras em português, e acabou em 2011. Ao contrário da Alma Nômade, a Joy não possui composições próprias e dedica-se a interpretar a obra de ícones de diversas fases do rock gótico. Lucio revela que o interesse pelo gótico sempre fez parte de sua personalidade. “Minha mãe já reparava que eu era introspectivo e esse interesse pelo estilo foi se formando. Eu lia Augusto dos Anjos, Lord Byron, Edgard Alan Poe. O gótico, na verdade, é um conjunto de arquétipos, de personalidades, de elementos que se encontram”, define o músico. É possível mesmo encontrar elementos da subcultura gótica desde a música até a literatura, passando pela moda e pelas artes plásticas. “O gosto pelo gótico é bem definido. Tem andróginos, poetas que conhecem o requinte da música. Em Manaus, é uma tendência crescente e, por incrível que pareça, somos uma minoria gótica”, acredita Lucio Ruiz. Segundo Douglas Mandrake, 41, o público participante da Bela Lugosi’s Dead, baseado em bilheteria, é de cerca de 250 pessoas. “Essencialmente quem curte é quem é gótico. Pessoas de fora ficam meio deslocadas porque os góticos vão sempre caracterizados”, observa Mandrake. Mas, tanto ele quanto Lucio afirmam

que o evento é aberto ao público em geral. Além da Bela Lugosi’s Dead, os góticos de Manaus também podem se divertir em outros dois eventos gerados a partir dessa festa: a Forest Dark Celebration, que teve a segunda edição realizada no último dia 4, e a Gotham, que aconteceu apenas uma vez, no Nativos Bar, mas voltará a ser promovida em fevereiro. Douglas Mandrake diz que gosta de rock gótico desde os 19 anos. “Eu me encaixo no grupo que curte o pós-punk tradicional, que ouve The Cure, por exemplo”, afirma o DJ e produtor, que possui uma web rádio onde costuma tocar músicas de grupos como Joy Division, Bauhaus, Siouxsie and The Banshees, Ceremony, entre outros. Nos eventos góticos, ele e outros DJs comandam uma variedade musical dessa subcultura, que vai além do rock gótico. Alguns dos estilos existentes que podem ser ouvidos são o darkwave, ethereal wave, industrial, neoclássico, EBM, deathrock, synthpop, entre outros. Referências A origem do nome da festa “Bela Lugosi’s Dead” é uma música gravada em 1979 pelo Bauhaus, grupo inglês de rock gótico. O título da canção, por sua vez, faz referência ao ator Bela Lugosi, que interpretou o Conde Drácula num filme de 1931. A música pode ser ouvida na sequência de abertura do filme “Fome de Viver”, com o próprio Bauhaus interpretando-a num clube noturno. O cineasta Tony Scott foi quem dirigiu esse ícone gótico cinematográfico, em 1983, que tem como protagonistas Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon. A subcultura gótica teve início entre o final da década de 1970 e o início dos anos 80, na Inglaterra, numa cena embalada musicalmente pelo rock gótico (um subgênero do pós-punk), que era marcado por versos introspectivos e temas sombrios. Os grupos Joy Division, Siouxsie and The Banshees, Bauhaus e The Cure são alguns dos ícones musicais, mas as raízes do rock gótico podem ser encontradas na estética de nomes como David Bowie, Alice Cooper, The Doors, Sex Pistols e The Velvet Underground. Essa subcultura envolve ainda um estilo visual específico, com peças de roupas e maquiagem de cores escuras.

SERVIÇO FESTA BELA LUGOSI’S DEAD

O visual e o som da banda The Cure são exemplos da subcultura gótica

Quando: Sábado, às 22h Onde: Estação Cultural Arte e Fato (rua 10 de Julho, 443, próximo ao Teatro Amazonas, Centro) Quanto: R$ 15

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Os DJs Adeson Moraes, Douglas Mandrake e Erison Tyranus

Siouxsie Sioux, da banda Siouxsie and The Banshees é uma cantora britânica que integra o repertório das festas

Luiz Ruiz é guitarrista da banda Joy Pós Punk


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