A lista de brett lori nelson spielman

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— Pode levar — respondo, perplexa com o fato de alguém se importar com uma planta quando nossa mãe acabou de morrer. Meus irmãos e as esposas saem lentamente da casa de nossa mãe e adentram a noite brumosa de setembro, enquanto eu fico parada, mantendo a porta de jacarandá aberta, tal como nossa mãe costumava fazer. Catherine é a última a passar, enfiando uma echarpe da Hermès para dentro de sua jaqueta de camurça. — Nos vemos amanhã — ela diz e me dá um beijo na bochecha, deixando-a marcada com seu batom da cor Casino Pink. Solto um suspiro queixoso. Como se decidir quem fica com qual planta não fosse divertido o bastante, no dia seguinte, às dez e meia da manhã, todos os bens de nossa mãe serão distribuídos entre os filhos, como uma cerimônia de prêmios dos Bohlinger. Em questão de horas, eu me tornarei a presidente da Cosméticos Bohlinger e a chefe de Catherine, e não estou nem um pouco confiante de que conseguirei lidar com alguma dessas posições.

A tempestuosa casca da noite se rompe, revelando uma manhã sem nuvens e um céu azul. Decido que isso é um bom presságio. Do banco traseiro de um Lincoln, fixo o olhar na orla do lago Michigan e ensaio mentalmente o que vou dizer. Uau, estou comovida. É uma honra. Nunca vou substituir minha mãe, mas farei o melhor que puder para levar a empresa adiante. Minha cabeça lateja e novamente me amaldiçoo por ter bebido aquele maldito champanhe. O que eu estava pensando? Sinto náuseas, e não é algo apenas físico. Como pude fazer aquilo com minha mãe? E como posso esperar que meus irmãos me levem a sério agora? Pego o pó compacto de minha bolsa e dou umas pinceladas nas bochechas. Hoje eu devo mostrar uma aparência de competência e serenidade, como uma presidente deve se apresentar. Meus irmãos precisam saber que consigo dirigir os negócios, mesmo que nem sempre consiga lidar com o álcool. Será que eles ficarão orgulhosos da irmãzinha, passando de executiva de publicidade a presidente de uma grande empresa aos trinta e quatro anos de idade? Apesar do desastre de ontem, acho que sim. Eles já deslancharam na própria carreira e, exceto pela participação nas ações da empresa, pouco têm a ver com os negócios da família. E Shelley é uma fonoaudióloga e mãe ocupada. Ela não está nem aí para quem dirige a empresa de sua sogra. É de Catherine que eu tenho medo. Graduada pela prestigiada Escola de Administração Wharton, da Universidade da Pensilvânia, e membro da equipe de nado sincronizado dos Estados Unidos durante os Jogos Olímpicos de 1992, minha cunhada tem o cérebro, a tenacidade e a competitividade para dirigir três empresas ao mesmo tempo. Ela ocupa o cargo de vice-presidente da Cosméticos Bohlinger há doze anos e


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