Nora roberts trilogia da gratidão 01 arrebatado pelo mar

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— Então você já conversara com Mackensie antes... e eu imagino que você, ou o seu advogado, sei lá... já tem estado em contato com a companhia de seguros a respeito desse assunto há algum tempo. — Phillip é que está lidando com o problema. — Mas você sabia e não me contou nada. — Isso não tem nada a ver com você nem com o seu trabalho. Não, sentiu ela, não era possível manter toda a mágoa represada. — Entendo... — reagiu ela. Aquilo era um assunto pessoal, lembrou a si mesma. Ela ia lidar com isso mais tarde. — Até que ponto isso pode afetar Seth? — Ele não sabe de nada a respeito disso. — A fúria surgiu novamente dentro dele, parecendo apertar-lhe a garganta. — Se você realmente acredita nisso, está se enganando. A fofoca corre solta e depressa em cidades pequenas e comunidades fechadas. E crianças pequenas ouvem muita coisa em casa. Agora era a assistente social falando, reconheceu Cam, com um ressentimento que aumentava pouco a pouco. Só faltava ela estar usando a pasta bonita e vestindo uma daquelas roupas formais. — Tudo não passa de fofoca, Anna! Não tem importância alguma. — Pelo contrário... fofoca pode ser muito nociva. Seria mais sábio de sua parte se mostrar aberto com Seth, ser honesto. Mesmo que isso seja difícil para você. — Não distorça as coisas para jogar a culpa em mim, Anna. Trata-se apenas de uma droga de seguro. Não é nada! — Trata-se do seu pai! — corrigiu ela. — Trata-se da reputação dele. Não creio que haja outra coisa que signifique mais para você. — Ela respirou fundo. — Porém, como você assinalou tão bem, não tem nada a ver comigo, em nível pessoal. Acho que podemos encerrar esse assunto. — Espere um instante! — Ele deu um passo e se colocou na frente dela, bloqueando-lhe a passagem. Sentiu uma desesperadora impressão de que se ela se afastasse dele naquele momento iria para muito mais longe do que o local onde estava o carro. — Por quê? — voltou ela. — Você pode me explicar? Não se trata de um assunto de família? Eu não sou parte da família. Você tem toda a razão. — Cam ficou surpreso ao ver a voz dela tão calma, tão pouco envolvida, tão completamente razoável, mesmo vendo que ela estava fervilhando por dentro. — Imagino que você achasse que o melhor a fazer era manter o assunto fora do conhecimento da assistente social de Seth. Seria muito mais esperto mostrar a ela apenas o lado positivo das coisas e esconder o negativo. — Meu pai não se matou. Não preciso defendê-lo para você nem para qualquer outra pessoa. — Não, não precisa. Nem eu jamais lhe pedi para fazer isso. — Desviando dele, ela seguiu em direção à porta. Ele a segurou antes que ela saísse, mas ela já esperava por isso e se virou com toda a calma. — Não há motivo para discussões, Cam, quando nós estamos essencialmente de acordo. — Então também não há motivo para você ficar pau da vida — retrucou ele. — Estamos lidando com o problema da companhia de seguros... e estamos lidando com a fofoca sobre Seth ser filho verdadeiro do meu pai, fora do casamento, pelo amor de Deus! — O quê? — Atônita, Anna colocou as mãos na cabeça. — Existe também a especulação de que Seth é filho ilegítimo de seu pai? — Nada além de mentiras de gente com mente curta — replicou Cam. — Meu Deus, e você já considerou, ao menos por um momento, como Seth vai ser afetado se ouvir esse tipo de disse-me-disse? Já considerou, ao menos por um momento, que isso era uma coisa que eu precisava saber desde o princípio, a fim de avaliar e ajudar Seth da forma mais apropriada?

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