Revista Multisom - A mistura que faz barulho!

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MULTIS M A mistura que faz barulho!

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ISSN 0912-1986

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Nº 12 junho de 2012 R$ 9,90

Moda sem frescura

Artigos e ilustrações releem “Tropicália”

Tropicalismo insere na moda brasileira o toque OO livro livro homônimo homônimo reune reune olhares olhares de de pensadores pensadores de de de identidade necessário à uma época em tons artistas artistas plásticos plásticos sobre sobre oo disco disco que que marcou marcou época. época. pastéis. pág. 26 pág. pág. 32 32






AO LEITOR

Revelação tropicalista A tropicália não ficou na mesmice, no

padrão, ela foi à frente, experimentou, inovou. Ela misturou rock, bossa nova, samba, rumba, bolero,baião. Sua atuação quebrou as rígidas barreiras que permaneciam no País. Pop x folclore. Alta cultura x cultura de massas. E criou um universo. Não só da musica, do ritmo, do som, mas também na literatura, no cinema, nas artes, no comportamento,no estilo. A Tropicália revolucionou, mudou. Deixando herança nos anos vindouros. Virou referencia, uma historia, um movimento. Amanda Araújo Editora Chefe

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CONEXÕES Rapper Poeta

Gostaria de parabenizar a foto do Criolo. Achei a imagem muito artística e a idéia foi ótima. Não sabia que o rapper era essa pessoa sensível.Foi legal conhecer a realidade desse artista, que, junto a Emicida, está ajudando a refrescar o cenário do rap nacional.

Paula Reis Gomes São Paulo/SP

Artista de Verdade

A edição de agosto me trouxe um alento na forma da matéria a respeito do CSS. O CSS ainda me parece um acontecimento honesto dentro de um reduto rocke brasileiro, liderado por alguém, Lovefoxxx, que não tinha um sonho “lua de cristal” de montar uma banda e ser famosa. Imaginei que leria palavras ditas por uma menininha mimada e ególatra,mas Lovefoxxx parece naturalmente co-

ol. Pago para ler, mas são poucas as pessoas aptas a escrever bem sobre rock no mercado editorial musical brasileiro.

Alexandre kazuo Apucarana/PR

Ontem e hoje

Adorei ganhar a revista da minha mãe e me deparar com uma matéria muito interessante sobre os Strokes. Foi legal ler uma entrevista da banda na época do Room on Fire, e comparar com as entrevistas de hoje em dia, do lançamento do novo álbum, Angels. Os Strokes são a minha banda favorita dos últimos anos, acho que influenciaram e ainda vão influenciar muitos grupos neste século.

Natália Lima Vale No site da Multisom

Grande Homem

Dalai Lama não quer titulos porque já os tem.

Não tenho duvidas de que ele sabe o que faz. Vida longa ao Dalai Lama! Que sua sabedoria e compaixão se espalhem pelos quatro continentes!

Angela Vescovi No site da Multisom

Maná

Gostei muito da matéria sobre o Maná. Já tinha ouvido falar deles, mas não sabia que faziam tanto sucesso na América Latina.

Maria Clara Pereira Rio de Janeiro/ RJ Twitter

Ainda atual

Estou aqui para expressar quão grande é minha alegria em ver que a mídia está deixando de “ignorar” a boa música. O RPM foi um mito dos anos 80, a década de ouro do rock brasileiro, e nada mais justo que o reconhecimento da imprensa e respeito de

todos. A música deles continua muito boa, atual e empolgante, como foi naquela época.

Sheila Oliveira No site da Multisom Facebook: www.facebook.com/ multisom

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HISTÓRICO

Os tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical brasileiro. A música brasileira pós-Bossa Nova e a definição da “qualidade musical” no País estavam cada vez mais dominadas pelas posições tradicionais ou nacionalistas de movimentos ligados à esquerda. Por Tropicália.com.br

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“Os tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical brasileiro”

Movimento O Tropicalismo foi um movimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música popular e da cultura brasileira entre 1967 e 1968. Seus participantes formaram um grande coletivo, cujos destaques foram os cantores-compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, além das participações da cantora Gal Costa e do cantor-compositor Tom Zé, da banda Mutantes, e do maestro Rogério Duprat. A cantora Nara Leão e os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto completaram o grupo, que teve também o artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte como um de seus principais mentores intelectuais. Os tropicalistas deram um histórico passo à frente no meio musical brasileiro. A música brasileira pós-Bossa Nova e a definição da “qualidade musical” no País estavam cada vez mais dominadas pelas posições tradicionais ou nacionalistas de movimentos ligados à esquerda. Contra essas tendências, o grupo baiano e seus colaboradores procuram universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica. Ao mesmo tempo, sintonizaram a eletricidade com as informações da vanguarda erudita por meio dos inovadores arranjos de www.multisom.abril.com.br

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maestros como Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzela. Ao unir o popular, o pop e o experimentalismo estético, as idéias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional. Seguindo a melhor das tradições dos grandes compositores da Bossa Nova e incorporando novas informações e referências de seu tempo, o Tropicalismo renovou radicalmente a letra de música. Letristas e poetas, Torquato Neto e Capinan compuseram com Gilberto Gil e Caetano Veloso trabalhos cuja complexidade e qualidade foram marcantes para diferentes gerações. Os diálogos com obras literárias como as de Oswald de Andrade ou dos poetas concretistas elevaram algumas composições tropicalistas ao status de poesia. Suas canções compunham um quadro crítico e complexo do País – uma conjunção do Brasil arcaico e suas tradições, do Brasil moderno e sua cultura de massa e até de um Brasil futurista, com astronautas e discos voadores. Elas sofisticaram o repertório

de nossa música popular, instaurando em discos comerciais procedimentos e questões até então associados apenas ao campo das vanguardas conceituais. Sincrético e inovador, aberto e incorporador, o Tropicalismo misturou rock mais bossa nova, mais samba, mais rumba, mais bolero, mais baião. Sua atuação quebrou as rígidas barreiras que permaneciam no País. Pop x folclore. Alta cultura x cultura de massas. Tradição x vanguarda. Essa ruptura estratégica aprofundou o contato com formas populares ao mesmo tempo em

“Contra essas tendências, o grupo baiano e seus colaboradores procuram universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica.” 12

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que assumiu atitudes experimentais para a época. Discos antológicos foram produzidos, como a obra coletiva Tropicália ou Panis et Circensis e os primeiros discos de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Enquanto Caetano entra em estúdio ao lado dos maestros Júlio Medaglia e Damiano Cozzela, Gil grava seu disco com os arranjos de Rogério Duprat e da banda os Mutantes. Nesses discos, se registrariam vários clássicos, como as canções-manifesto “Tropicália” (Caetano) e “Geléia Geral” (Gil e Torquato). A televisão foi outro meio fundamental de atuação do grupo – principalmente os festivais de música popular da época. A eclosão do movimento deu-se com as ruidosas apresentações, em arranjos eletrificados, da marcha “Alegria, alegria”, de Caetano, e da cantiga de capoeira “Domingo no parque”, de Gilberto

Gil, no III Festival de MPB da TV Record, em 1967. Irreverente, a Tropicália transformou os critérios de gosto vigentes, não só quanto à música e à política, mas também à moral e ao comportamento, ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas. O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do País, porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos.

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É proibido proibir Um ano depois do impacto causado pelas guitarras nas canções “Alegria, alegria” (Caetano) e “Domingo no parque” (Gil), apresentadas no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, Caetano Veloso e Gilberto Gil voltaram a surpreender o público no III FIC, Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo.

“vocês não estão entendendo nada” Caetano Veloso

Caetano, acompanhado pelos Mutantes, defendeu “É proibido proibir” e Gilberto Gil, com os Beat Boys, “Questão de Ordem”. A apresentação de “É proibido proibir” acabou se transformando num happening acaloradíssimo naquela noite de domingo, 15 de setembro de 1968. Na final paulista do FIC, realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, a música de Caetano foi recebida com furiosa vaia pelo público que lotava o auditório. Os Mutantes mal começaram a tocar a introdução da música e a platéia já atirava ovos, tomates e pedaços de madeira contra o palco. O provocativo Caetano apareceu


vestido com roupas de plástico brilhante e colares exóticos. Entrou em cena rebolando, fazendo uma dança erótica que simulava os movimentos de uma relação sexual. Escandalizada, a platéia deu as costas para o

palco. A resposta dos Mutantes foi imediata: sem parar de tocar, viraram as costas para o público. Gil foi atingido na perna por um pedaço de madeira, mas não se rendeu. Em tom de deboche, mordeu um dos tomates jogados ao chão e devolveu o resto à irada platéia. Caetano fez um longo e inflamado discurso que quase não se podia ouvir, tamanho era o barulho dentro do teatro.




MÚSICA

Festivais

Na década de 60, o Brasil vivia uma grande efervescência cultural, da qual uma das pontas-de-lança era a música. Muitos programas de televisão comandados por músicos – todos em uma mesma emissora, a Record – surgiram na metade dessa década. Antes dos grandes atores das novelas, os primeiros ídolos da televisão foram músicos e cantores. Foram nesse período de otimismo com a MPB que foram criados, também pela TV Record, os Festivais de Música Popular Brasileira. Neles, um sem-número de novos talentos podia apresentar suas mais recentes criações e entrarem para a já concorridíssima cena musical. Esses festivais marcaram a história da música brasileira pela comoção que instauraram, pelas discussões que detonaram, pelo espaço que representaram em meio à ditadura e, significativamente, porque, através desses espaços, o movimento tropicalista pôde eclodir com todo o seu arrojo. Alguns festivais foram especialmente marcantes, como o terceiro festival da TV Record, em outubro de 1967. Ousando desafinar o “bom tom” da música brasileira predominante à época – instrumentos acústicos e letras engajadas à esquerda – Caetano Veloso e Gilberto Gil acrescentaram a suas canções elementos do rock-and-roll, o que representava tabu e ojeriza para muitos,

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ou melhor, para quase todos. Caetano defendeu a sua canção “Alegria, alegria” – uma marchinha pop cuja letra caleidoscópica retrata fragmentos da realidade urbana – acompanhada pelo grupo argentino de rock Beat Boys. Uma esperada vaia terminou abafada por aplausos de muitos. Gil também inovou apresentando a música “Domingo no parque” acompanhado pelos jovens roqueiros paulistas Os Mutantes. A grande novidade dessa música era o arranjo de concepção cinematográfica criado por Gil e Rogério Duprat. Defendidas as canções, vaiadas e polemiza-

“Esses festivais marcaram a história da música brasileira --- pelas discussões que detonaram, pelo espaço que representaram em meio à ditadura e, significativamente, porque, através desses espaços, o movimento tropicalista pôde eclodir com todo o seu arrojo.”


das, desenhou-se o que a Tropicália levaria às últimas conseqüências. A partir daí, cresceram os desafetos, assim como a violência da platéia. No entanto, para desgosto de muitos, “Alegria, alegria” classificou-se em 4º lugar e “Domingo no parque”, em 2º. Um ano depois, a emergente Rede Globo de Televisão lançou o III FIC, Festival Internacional da Canção, em setembro e outubro de 1968. O impulso tropicalista estava com força total nas mentes e produções de Gil e Caetano. Ambos se inscreveram, porém, não preocupados em vencer. Suas intenções eram questionar as estruturas do próprio festival e de toda a atmosfera cultural vigente. No FIC, ambos levaram à máxima potência a crítica e a ironia tropicalistas. Gil apresentou “Questão de Ordem” ao lado dos Beat Boys. Junto a uma vaia abissal veio a sua desclassificação. As guitarras, seu visual black power e seu modo de cantar não agradaram a ninguém. Caetano apresentou “É proibido proibir”. A canção era praticamente um pretexto para ele defender uma

postura de ruptura declarada ao “bom gosto” que as patrulhas de esquerda e de direita impunham à cultura. Mais performático, junto aos Mutantes, armou uma verdadeira zoeira musical orquestrada por Rogério Duprat. Repetia o slogan francês: “É proibido proibir”, enquanto um hippie americano urrava ao microfone. Em novembro de 1968, a TV Record promoveu o seu IV Festival de Música Brasileira, mas este não suscitou o calor das edições anteriores. Tom Zé defendeu a sua “São São Paulo, meu amor” e obteve o 1º lugar. Os Mutantes concorreram com “2001”, de Tom Zé e Rita Lee, e ficaram em 4º lugar. Entretanto, a grande revelação deste festival foi Gal Costa, que defendeu “Divino, maravilhoso”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Com uma interpretação lancinante e agressiva, revelava-se ao País uma virada na carreira da cantora que, até então era conhecida como Gracinha. A canção classificou-se em 3º lugar. O IV Festival da Record teve, ainda que sob a ressaca do FIC, um saldo expressivo para os tropicalistas. www.multisom.abril.com.br

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“o Tropicalismo vem, com maior ou menor intensidade, inspirando jovens artistas que surgem em nossa música.”

Herdeiros musicais Desde a sua eclosão, o Tropicalismo vem, com maior ou menor intensidade, inspirando jovens artistas que surgem em nossa música. Sua abertura de possibilidades sonoras e quebras de fronteiras entre gêneros e padrões de qualidade influenciaram direta e indiretamente as gerações seguintes. Sua ousadia pioneira ainda no fim dos anos 60 possibilitou uma maior liberdade para os músicos e bandas surgidas após o movimento. Nos anos 90, a obra dos tropicalistas serviu de estímulo para uma série de grandes cantores-compositores da moderna MPB. O pernambucano Chico Science, por exemplo, criou junto com sua banda Nação Zumbi uma das expressões mais fortes do panorama musical do período, empregando um recurso tipicamente tropicalista: o diálogo estratégico de ritmos regionais (como o maracatu) e universais (como o rock, o funk e o rap). O estilo foi classificado de Mangue-beat e adquiriu caráter de movimento, com direito a manifesto influenciado pela proposta de antropofagia cultural do modernista Oswald de Andrade. Outras bandas atuais de Recife, como Mombojó ou Eddie, ainda mantêm a perspectiva de modernizar o som local a partir de influências universais. A sintonia com o canibalismo oswaldianotropicalista é evidenciada também por outros

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trabalhos, como os de Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Marisa Monte. Não à toa, os três fundaram o projeto Tribalistas, com claras influências tropicalistas, seja pelo seu som e letras, seja pela proposta de um disco coletivo entre compositores. Da mesma forma, esse legado também se faz presente em suas carreiras. O compositor e músico baiano promove tanto com sua música quanto com


seu visual exagerado, uma nova e pessoal mescla de linguagens locais e alienígenas, o rock-afro-reggae-baiana. Já o paulista Arnaldo Antunes, compositor popular e poeta concretista mostrou-se em sua carreira solo um legítimo herdeiro da inquietação e do espírito de aventura característicos do revolucionário grupo baiano. A carioca Marisa Monte, por sua vez, segue o exemplo de liberdade de repertórios e compromisso com a inovação musical. Marisa se permite interpretar os mais diversos gêneros de dentro e de fora do País, do pop à brega, do rock de vanguarda ao samba de tradição, gravando inclusive músicas diretamente ligadas ao Tropicalismo, como “Panis et Circensis”. Ainda na virada do novo século, a influência do tropicalismo mostrou-se presente. Sem resgates saudosistas, ela impôs-se, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, como uma das mais inovadoras propostas musicais no século XX. Bandas como Tortoise, Nirvana, Stereolab, High Lamas, e cantores como David Byrne, Beck e Sean Lennon admitiram a influência direta dos discos tropicalistas em suas obras. No Brasil, compositores e bandas como Adriana Calcanhoto, Lenine, Pedro Luís e a Parede, Los Hermanos, +2 (formada por Moreno Veloso, Domenico Lancelotti e Kassin), além das manifestações ligadas aos sons das periferias urbanas – como o rap e o funk – trazem um forte laço com o tro-

picalismo, nem tanto pelo aspecto sonoro, mas principalmente pelo aspecto da atitude inovadora e da quebra dos preconceitos que, nos anos 60, engessavam a modernização e a liberdade criativa no País.

Cds O Que Você Quer Saber de Verdade Marisa Monte Simples sem ser simplório, moderno sem ser intocável, mas acima de tudo, extremamente pop, o mais acessível, com uma coleção de canções que se encaixa facilmente no rádio, AM ou FM, na TV e na trilha sonora da vida de cada um de nós.

Chão Lenine Lenine aparece com o neto dormindo sobre si, na capa do novo disco, Chão. Com arranjos que usam canto de pássaro, som de chaleira e batida de coração, inova propondo sonoridade artesanal. Ao mesmo tempo, o músico pernambucano mantém uma estética que é pura elegia às misturas e à delicadeza. www.multisom.abril.com.br

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ENTREVISTA

“A gente vinha pensando nessas questões já fazia um bom tempo.“ Caetano Veloso sobre o Movimento Tropicália

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Por Ana de Oliveira


Ana de Oliveira: Antes do lançamento de “Alegria, alegria” e “Domingo no parque”, você e Gil já falavam da necessidade de um movimento de renovação da música popular brasileira. Caetano Veloso: A gente já falava nisso em 66. Você pode ler na contracapa do disco Domingo: “vou cantar essas canções que compus tempos atrás à vontade porque hoje estou pensando em coisas e projetos completamente diferentes.” Gil já tinha feito até umas reuniões no Rio com os outros compositores e músicos pra tentar transmitir o novo modo de ver. Ele marcou na casa de Sérgio Ricardo, chamou Edu Lobo, Chico Buarque, o irmão de Sérgio Ricardo, várias pessoas. Gil queria que todos participassem, mas o pessoal não entendeu. A gente vinha pensando nessas questões já fazia um bom tempo. Eu vinha conversando muito com Rogério Duarte sobre a falta de capacidade de aventura do criador de música popular no Brasil, sobre os resguardos dentro do mundo do bom gosto e do politicamente correto na época. Também sobre o preconceito contra o rock e o iê-iê-iê, que, embora não interessassem tanto em princípio, tinham uma vitalidade que a gente foi descobrindo.

Ana: Quando você ouviu pela primeira vez o termo Tropicália? Caetano: Num almoço em São Paulo, dito por Luiz Carlos Barreto, em 1967. O disco

já estava praticamente pronto, e a música já estava gravada, mas não tinha título. Luiz Carlos pediu pra cantar as músicas novas – naquela época se cantava muito com violão em reuniões assim. Quando eu cantei essa, ficou maravilhado. Achou parecida com o filme Terra em Transe e com a obra de um artista do Rio, Hélio Oiticica, chamada “Tropicália”. Dizia que eu devia dar esse título à música. Respondi que não conhecia nem a pessoa nem a obra, e que não ia botar o título de uma coisa de outra pessoa na minha música. A pessoa podia não gostar. Manoel Barenbein, produtor do disco, adorou e escreveu na lata: Tropicália. Era provisório, mas ficou lá.

Ana: Que significado da palavra Tropicalismo você percebia e rejeitava? Caetano: Tropicália parece uma coisa viva, que está acontecendo. Tropicalismo parece uma escola, um movimento num sentido mais convencional. A palavra Tropicalismo apareceu na imprensa num texto de Nelsinho Motta e noutro de Torquato Neto, parecido com o de Nelsinho. Até hoje acho www.multisom.abril.com.br

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simpáticos ambos os textos, mas equivocados e ingênuos, tal como achava na época. Eu não sentia tanta atração pela idéia de Tropicalismo, porque botar esse nome parecia que a gente queria fazer um negócio dos trópicos, no Brasil e do Brasil. Não queria que fosse esse o centro da caracterização do movimento, porque ele queria ser internacionalista e anti-nacionalista. Tendia mais pra o som universal, outro apelido que a gente ouviu e adotou também durante um período, mais pra idéia de aldeia global, de Marshall MacLuhan, muito presente na época. A gente tinha muito interesse nas conquistas espaciais, no rock’n’roll, na música elétrica e eletrônica, enfim, nas vanguardas e na indústria do entretenimento. Tudo isso era vivido como novidade internacional que a gente queria abordar assim desassombradamente. Mas hoje acho que foi o nome mais certo possível.

Ana: Além disso, Gil propôs falar das coisas de Pernambuco que ele tinha visto e com as quais tanto se entusiasmou. Caetano: Justamente. A arte popular pernambucana e a questão propriamente social e política do Brasil no momento. Como ele sentiu a partir de Pernambuco. Essa mistura de vontade de atuar na história com a audição da Banda de Pífaros de Caruaru e a consciência do que significavam os Beatles

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na cultura de massas, essa conjunção incendiou a cabeça de Gil.

Ana: Qual foi o papel de Maria Bethânia na Tropicália? Caetano: Ela foi um estopim quando disse que assistia todo domingo ao programa de Roberto Carlos e que eu deveria fazer o mesmo. Ela me disse que a Jovem Guarda tinha muito mais vitalidade do que o nosso ambiente de pós-bossa nova, bom gosto e tudo, que era muito defensivo. Como também aqueles slogans de esquerda, aquelas músicas… Todo mundo com medo do iêiê-iê. De repente as pessoas não estavam ouvindo o que se passava. Eu, pra ser sincero, morava no Solar da Fossa e nem suportava televisão. Mas por causa do conselho de Bethânia procurei ver, quando podia, na casa da avó de Dedé, aos domingos, o programa de Roberto Carlos, e percebi, de fato, que Bethânia tinha razão.

Ana: O que vocês absorveram da relação com os eruditos, Rogério Duprat, Júlio Medaglia, Damiano Cozella e Sandino Hohagen? Caetano: Isso veio depois. Eles apareceram quando a gente foi pra São Paulo, com repertório e idéias desenvolvidas. Eu já estava ensaiando “Alegria, alegria” com os Beat Boys quando encontramos Julio Medaglia, que me levou a Augusto de Campos. O


“Todo mundo com medo do iê-iê-iê. De repente as pessoas não estavam ouvindo o que se passava. Eu, pra ser sincero, morava no Solar da Fossa e nem suportava televisão” que Augusto e o seu grupo queriam fazer com poesia estava próximo do trabalho de vanguarda desses músicos. Mas naquele momento eles estavam interessados em ser o mais anti-eruditos nas atitudes e nas conversas, sobretudo Rogério Duprat, que colaborou mais significativamente com os tropicalistas. Embora não fosse nada desprezível o trabalho de todos. Eles vinham de um grupo erudito muito bem formado, que queria justamente quebrar com a criação de uma obra séria. Eles eram pós-John Cage. Sobretudo Rogério, que já queria fazer música pop como músico erudito de vanguarda. Embora trouxesse a técnica toda de quem era maestro. Também era o caso de Julio Medaglia, que era mais regente, enquanto Rogério era um compositor mais importante. Ele se postava de maneira muito descontraída do ponto de vista cultural. Por

isso, não houve uma doutrinação estética na nossa relação.

Ana: O que rendeu à tropicália a aproximação com os concretos, Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos? Caetano: A experiência de acompanhar os embates que eles tiveram que travar, depois que nos conheceram, em defesa crítica do Tropicalismo. Isso trouxe novos atritos entre o grupo deles e o resto da intelectualidade brasileira, e também no próprio meio da criação de música popular. Augusto foi o primeiro defensor crítico do Tropicalismo. Antes que o movimento começasse, e antes que nos conhecêssemos, ele já tinha escrito um artigo profético sobre o que faríamos. As suas traduções dos poemas de e. e. cummings e dos textos de James Joyce, o livro sobre Sousândrade, o ABC da Literatura, de Ezra Pound, tudo isso foi importante. Mas o essencial foi o contato com Oswald de Andrade que aconteceu através deles. O meu disco já estava pronto, o repertório do de Gil também, mas à luz do pensamento, da poesia e da ficção de Oswald tudo o que a gente estava fazendo ganhava um sentido mais preciso, e eu me sentia reconfirmado nas minhas intuições. O Oswald foi um presente de uma precisão absoluta que Augusto nos deu.

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Ana: Qual foi a importância de Rogério Duarte? Caetano: Ele foi anterior às nossas experimentações tropicalistas. Ele nos influenciou, a mim sobretudo, pra que tudo se tornasse possível. Não foi como Augusto, Rogério Duprat ou Julio Medaglia, que já viram a coisa pronta. Eu não chegaria aonde cheguei se não tivesse tido as conversas todas que tive com Rogério.

Ana: Qual foi a importância de Rogério Duarte? Caetano: Ele foi anterior às nossas experimentações tropicalistas. Ele nos influenciou, a mim sobretudo, pra que tudo se tornasse possível. Não foi como Augusto, Rogério Duprat ou Julio Medaglia, que já viram a coisa pronta. Eu não chegaria aonde cheguei se não tivesse tido as conversas todas que tive com Rogério.

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MODA & ESTILO

Moda sem frescura Tropicalismo insere na moda bra­si­leira o toque de iden­ti­dade neces­sá­rio à uma época em tons pas­téis Por Fernando de Albuquerque No mundo afora teve o nome de psicodelia, no Brasil o movi­mento ganhou cores verdeamarelo e tornou-se Tropicália. A década de 60 foi um período importantíssimo tanto para o cenário político quanto para o cultural, em específico, a moda. A mulher e mais ainda o homem viviam amarrados a um bom mocismo desmedido de taiers retilíneos, tons pastéis e uma cartela de cores nem um pouco ousada. Para os exemplares do sexo masculino o vestuário se resumia ao conjuntinho calça, camisa ou terno. Sempre em cores completamente neutras prevalecendo o preto; os mais ousados pensavam no cinza. Todos se inspiravam em ícones onde a sobriedade era o principal sintagma como é o caso de Jackie Kennedy. O movimento tropicalista trouxe uma série de elementos à um vestuário sisudo demais. Calças mais folgadas, cores mais berrantes. Tudo calcado em uma hiponguice ousada e elegante com flores grandes, cores fortes. Isso pode ser visto com mais contundência em croquis de Helio Eichbauer, todos deslumbrantes, para a histórica montagem do “Rei da Vela”, do teatro oficina e também nos

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vestidos feitos por Lina Bo Bardi — espécie de parente espiritual de Hélio Oiticica, artista que muitos dos tropicalistas se inspiraram para fazer músicas, escrever poemas e se expressar. Aqui e ali é fácil achar elementos e resquícios desse modismo. Um exemplo forte é a Melissa Severine, inspirada na doçura e na forma delicada do morango, criada, ano passado, pela estilista da marca Thais Losso. Ou mesmo nas inserções da Neon, das jovens Adriana Barra, Cris Barros, Carol Martins e Helô Rocha. Todas bebem, e muito, nesse modismo da fauna, flora, favelas, escolas de samba, moleques e marginais para compor estampas e mesmo o corte de algumas peças. Hoje é fácil achar batas enormes, blusões femini­nos mais retos em tecidos leves, ou monocromismos furtivos — todos são crias, diretas dessa década. Como se vê, tropicalismo é hoje um guardachuva enorme e generoso, fonte legítima de inspiração e, também, álibi condescendente para qualquer “mistura” de níveis de cultura, referências pop e eruditas, tradição e, vá lá, transgressão.


Ensaio de moda: lady like encontra a tropicália brasileira Por Luigi Torre

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De olho em dois dos principais rumos do verão 2012, unimos neste editorial cheio de bom humor (e alguns exageros), o estilo lady like dos anos 1960 com o tropicalismo e um jeitinho de ser bem tupiniquim. Deixe o preconceito de lado e inspire-se nessas imagens! 01 e 02: Broche usado no cabelo, Duza, R$ 520 Vestido, Lenny, R$ 3200 Maiô, Blue Man, R$ 279 Colar, Lázara Design, R$ 223 Cinto, Andrea Marques, R$ 386 Pulseiras de madeira, Cantão, R$ 119 cada Pulseira, Claudia Maresguia, R$ 40 cada Sandália, Zeferino, R$ 1416 01

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03 | 04

03: Esquerda: vestido, Sta Ephigenia, R$ 998 Chinelo, Havaianas, R$ 26,90 04: Blazer, R$ 1337, Triton Broche, Laundry, R$ 35 Colar, Francesca Romana Diana, R$ 170 Brinco, Sobral, R$ 58,90 Top, Triya, R$ 480 Lenรงo, Virgin Again, R$ 29 Pulseiras, Claudia Maresguia, R$ 40 cada Pulseira de madeira, Duza, R$ 90 Anel Karin, Reiter, R$ 350 05: Camisa, R$ 459, e cinto, R$ 119, Ellus Top, Blue Man, R$ 112 Sapato, Costanรงa Basto, R$ 759 Pulseira grossa, R$ 44,90, e pulseira fina, R$ 28,90, Sobral Brinco, Diferenza, R$ 242,80 Lenรงo, Lucy In The Sky, R$ 59

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06 e 07: テ田ulos, Ventura, R$ 390 Top, Rosa Chテ。, R$ 360 Broche, Cavendish, acervo do stylist Saia, Missoni, R$ 1700 Lenテァo, Scarf, R$ 188 Cinto, Marcelo Bonito, R$ 114 Bolsa, Ellus, R$ 648 Brinco, Cohn, R$ 290 Pulseira, Sobral, R$ 39,90 cada Anel, Lテ。zara Design, R$ 135 Sapato, Schutz, R$ 340

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07 www.multisom.abril.com.br

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Artigos e ilustrações releem “Tropicália ou Panis et Circencis” Artigos e ilustrações releem “Tropicália ou Panis et Circencis” O livro homônimo reúne olhares de pensadores e artistas plásticos sobre o disco manifesto que marcou a época revolucionária e colorida da cultura nacional Por Vinícius Cardoso

Em 1968, o AI-5 legalizou a temporada de extrema violência do regime militar brasileiro. O decreto deu poderes absolutos ao governo ditatorial, e a linha dura da época foi revista no mesmo ano por um manifesto antológico: o disco feito coletivamente por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Mutantes, Tom Zé, Torquato Neto, Capinam e o maestro e arranjador Rogério Duprat. O álbum Tropicália ou Panis et Circencis nasceu há mais de quatro décadas para revolucionar as artes e agora desembarca em livro descrito pelo olhar do desenho e da prosa. Sob a batuta de Ana de Oliveira, pensadores e artistas plásticos criaram obras que traduzem cada uma das 12 faixas marcantes na trajetória da cultura nacional. A obra lançada este mês pela editora Iyá Omin, com patrocínio da Petrobras, contém ilustrações e artigos de nomes como Eli Sudbrak, Viviane Mosé, Gringo Cardia e Guto Lacaz, descrevendo as canções feitas em um período conturbado e rico da história nacional, como diz prefácio

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assinado por Arnaldo Antunes. “Este livro é uma reflexão sobre o disco-manifesto Tropicália, mas também um reflexo do que ele semeou. As diferentes abordagens, estilos, pontos de vista e criações gráficas a partir de suas doze canções, ilustram, em seu mosaico diversificado, o quanto aquelas conquistas encarnaram em nossa realidade cultural o espírito de invenção, de mistura, de afirmação vital das nossas potencialidades”. O disco Tropicalia ou Panis et circencis tornou-se símbolo não só do movimento tropicalista como também da vertiginosa movimentação cultural que tomou conta do Brasil no final nos anos 1960.


Panis Et Circencis

O livro, idealizado e organizado pela pesquisadora Ana de Oliveira, é composto por doze ensaios inéditos, de autores diferentes, um ensaio para cada uma das doze canções que compõem o LP. Textos que misturam memória, análise, encantamento, documentação, teoria, prática, filosofia, poesia, pão e circo, formando um livro único no Brasil, dedicado especialmente a um único disco. “A infinidade de imagens poéticas das letras desse disco nos inspirou a convidar designers e artistas visuais de variadas tendências e disciplinas a apresentarem interpretações visuais de cada faixa. Assim, as obras musicais foram traduzidas para linguagens próprias das artes

visuais, os capítulos ganharam ilustrações personalíssimas e cada canção foi contemplada com um pôster”. Livro-objeto único, imperdível, tropicalista. “Há discos – poucos, pouquíssimos – que são muito mais do que uma coletânea de canções: além de marcar época, trazem novos rumos www.multisom.abril.com.br

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que estabeleceu um antes e um depois na música popular brasileira e significou uma mudança significativa no comportamento das gerações que viveram aquele período marcante da história. Das canções aos arranjos, das letras às vozes que as cantavam, tudo significou uma abertura total de caminhos. Baby

Miserere Nobis

para os tempos vindouros, deixam influências não apenas na música mas em gerações. Mais do que fator decisivo para determinada etapa da música, são marcos na cultura de um país. Assim foi com Tropicália ou Panis et circensis, de 1968. Passado todo esse tempo, continua com o vigor de um divisor de águas,


Geleia Geral

CoraçãoMaterno

Nada mais natural, portanto, que Tropicália continue sendo, tantas décadas depois, objetivo de estudos e análises, e que suas canções sejam tema para novas interpretações – e não apenas musicais, mas de várias outras formas de expressão. Este livro é boa prova disso. Reunindo en-

saios de pensadores e trabalhos de artistas plásticos de várias gerações, é um bom reflexo não apenas do impacto causado pelo disco, mas de sua permanência. A Petrobras patrocina este projeto. E, assim, reafirma sua parceria com as artes do nosso país. www.multisom.abril.com.br

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Parque Industrial Hino do Senhor do Bonfim

Batmakumba

Há mais de meio século cumprimos de maneira rigorosa nossa missão primordial, que é a de contribuir para o desenvolvimento do Brasil. Patrocinar nossas artes e nossa cultura é parte dessa missão, desse compromisso.”

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livros

Escuta Só - Do Clássico ao Pop | Alex Ross De Bach a Björk, da música chinesa aos Beatles, de Brahms a Bob Dylan. Propõe um instigante percurso pelo melhor da música mundial. O livro é uma introdução a algumas das figuras capitais do cânone erudito, explicando em linguagem acessível a arte de mestres como Mozart, Beethoven, Verdi e Schubert. Simultaneamente, canções emblemáticas de ícones do pop como Frank Sinatra, Kurt Cobain e a banda Radiohead recebem releituras inovadoras.

Esganadas | Jo Soares Os tipos e a trama deste livro são especialmente engenhosos e através deles o autor nos dá um retrato saboroso do Rio de Janeiro no fim dos anos 30 e começo do Estado Novo - o Rio das vedetes que davam e dos políticos que tomavam, das estrelas do rádio e das corridas de “baratinhas”. E nesse mundo em ebulição chega uma figura portuguesa, saída de um poema do Fernando Pessoa, para elucidar o estranho e terrível caso das gordas desaparecidas.

A Primavera do Dragão – A Juventude de Glauber Rocha | Nelson Mota O enredo da história lembra um roteiro de um filme de suspense. Depois de um roubo, todo o trabalho de pesquisa feito por Zuenir desapareceu misteriosamente. Anos mais tarde, o próprio Zuenir acabou incentivando Nelson a retornar ao projeto. “O Glauber era místico. Interpretei a conversa como um sinal ‘glauberiano’ de que era a hora certa para voltar ao trabalho”, recorda, entre risos.

Tropicália ou Panis Et Circencis | Ana de Oliveira Este livro é uma reflexão sobre o discomanifesto Tropicália e também um reflexo do que ele semeou. As diferentes abordagens, estilos, pontos de vista e criações gráficas a partir de suas doze canções, ilustram seu mosaico diversificado. As muitas imagens poéticas das letras do disco inspirou designers e artistas visuais de variadas tendências e disciplinas a apresentarem interpretações para cada faixa.

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TECNOLOGIAS Gravando....

A Sony anunciou, no Japão, o lançamento do VBD-MA1, o primeiro gravador de Blu-ray/DVD que não precisa de um computador para funcionar. Os usuários podem conectar suas câmeras de vídeo, por exemplo, diretamente no dispositivo para gravar o conteúdo em disco (via USB) ou usar o cartão de memória. O material pode ser visualizado na tela de LCD de 2,7 polegadas antes da gravação e copiado com o simples apertar de um botão. A novidade pode também ser conectada a um computador e usada como um gravador externo. O VBD-MA1 começou a ser vendido, inicialmente, no mercado do japonês, em agosto, por U4 $ 380.

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Sem amarras

Uma boa noticia para quem detesta aquele emaranhado de fios dosequipamentos eletrônicos. A Multilaser anunciou a minicaixa de som digital Hi-fi que dispensa o tradicional cabo P2 3,5 mm, uma vez que utiliza somente o cabo USB como fonte de energia e sinal de áudio. Com potencia de 6W RMS e controle de volume no cabo, é de fácil instalação e qualidade digital de som. Ideal para aqueles que precisam de equipamentos portáteis, como os notebooks, mas não abrem mão de qualidade sonora.Preço médio de R$50.


Imortal

Inspirada na paixão pela mistura de música de e moda, a V-Moda, empresa criada pelo designer, DJ e produtor musical Val Kolton, anuncia os fones de ouvido baseados na serie vampiresca True Blood. Além do design moderno – com detalhes em vermelhosangue -, o V-80 é feito com tecnologia de ponta: estrutura em aço, cabo revestido com kevlar (fibra de aramida muito resistente e leve), plug banhado a ouro e controlador de áudio que pode ser utilizado também em smartphones e notebooks. Disponivel por US$ 230 na loja virtual da V-Moda (HTTP://shop.v-moda.com)

E vai rolar a festa

Chegou ao mercado brasileiro,pelas mãos da Multilaser, o Home Theater 5.1 canais Black Wave, com potencia de 80W RMS para a reprodução de filmes, jogos e musicas com alta qualidade Black piano e painel luminoso, o equipamento é formado por subwoofer em madeira – para garantir a qualidade dos sons graves – e cinco caixas satélites que distribuem o som de forma uniforme pelo ambiente. Também sintoniza radio FM e tem entradas para pen drives e cartões de memória SD. Funcionam nos modos 2.1 ou 5.1 canais. Disponível nas principais lojas de varejo por R$ 300.

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Na rede A Sony Ericsson anunciou hoje novas funcionalidades para a sua gama de smartphones Xperia 2011 com uma actualização de software a partir de Outubro de 2011. Utilizadores com smartphones Xperia 2011 irão beneficiar de exclusivas melhorias no Facebook dentro do Xperia e da funcionalidade da câmara 3D da Sony. A actualização também permite aos utilizadores desfrutar de todos os benefícios da plataforma Android Gingerbread incluindo Google Talk com Vídeo Chat . As recentes actualizações da câmara da Sony introduzem a tecnologia panorama sweep 3D para as imagens poderem ser capturadas e depois vistas em 3D, ligando o telemóvel a uma TV 3D usando a saída HDMI.

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