Fisiologia Articular - Volume 3

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A MIGRAÇÃO DE ÁGUA NO NÚCLEO

o núcleo repousa sobre a parte central do platô vertebral, parte cartilaginosa, porém com numerosos poros microscópicos que comunicam o compartimento do núcleo com o tecido esponjoso situado debaixo do platô vertebral. Quando uma pressão importante é exercida sobre o eixo da coluna vertebral, como no caso da influência do peso do corpo na posição de pé (fig. 1-35), a água contida na substância cartilaginosa do núcleo passa através dos forames do platô vertebral ao centro dos corpos vertebrais. Se esta pressão estática é mantida durante todo o dia, nas últimas horas da noite o núcleo está nitidamente menos hidratado que no início da manhã: então, se pode deduzir que a espessura do disco diminui sensivelmente. Para um indivíduo normal, esta perda de espessura acumulada sobre a altura total da coluna vertebral pode atingir os 2 em. Ao contrário, durante a noite, em decúbito sllpino (fig. 1-36), os corpos vertebrais não sofrem a pressão axial exercida pela ação da gravidade, mas somente a do tônus muscular, muito relaxado também pelo sono. Neste momento, a hidrofilia do núcleo atrai a água que retoma dos corpos vertebrais para o núcleo. Assim, o disco recupera a sua espessura inicial. De modo que somos mais altos pela manhã que pela noite. Como o estado de pré-compressão é mais acentua-

do de manhã que de noite, a flexibilidade vertebral também é maior no começo do dia. A pressão de embebição do núcleo é considerável, visto que, segundo Chamley, pode alcançar os 250 mm Hg. Com a idade, este estado de embebição diminui ao mesmo tempo que a hidrofilia, provocando uma diminuição do estado de pré-compressão. Isto explica a diminuição tanto de estatura quanto de flexibilidade vertebral nos anciões. Hirsch demonstrou que, aplicando uma carga constante sobre um disco vertebral (fig. 1-37), a diminuição da espessura do disco não é linear, mas sim, exponencial (primeira parte da curva), o que sugere um processo de desidratação proporcional ao volume do núcleo. Quando a carga é retirada, o disco recupera a sua espessura inicial, porém, também neste caso, a curva não é linear, mas exponencial inversa (segunda parte da curva), e a restauração total da espessura inicial do disco precisa de algum tempo. Se estas cargas e descargas do disco se repetem com muita assiduidade, o disco não tem tempo de recuperar a sua espessura inicial. Igualmente, se as cargas e descargas se repetem de maneira muito prolongada, embora se espere o tempo necessário de recuperação, o disco não recupera a sua espessura inicial. Neste caso se constata um fenômeno de envelhecimento.


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