Anais VII ENEE - 2015

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VIII Encontro Nordestino de Etnoecologia e Etnobiologia Aracaju, Sergipe, Brasil – 23 a 25 de Setembro de 2015

Sumário EXTRATIVISMO DO CAMBUÍ [Myrciaria tenella (O. Berg.)] NO MUNICÍPIO DE RIBEIRA DO POMBAL-BA ............................................................................................................................... 1 CONTRIBUIÇÃO PARA A MELHORIA DOS CRITÉRIOS DE DESTINAÇÃO DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL FEDERAL ..................................................................................... 2 A ETNOBIOLOGIA PATAXÓ DA RESERVA DA JAQUEIRA-BA: CO-INVESTIGAÇÃO E O ESTUDO DA BIODIVERSIDADE .................................................................................................... 3 CAUSOS CONTADOS E ENCANTADOS: VOZES POR UMA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ......... 4 COSMOVISÃO E ETNOCONSERVAÇÃO NOS BURITIZAIS DO MUNICÍPIO DE TUTÓIA, ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL ............................................................................................... 5 PRODUÇÃO DE GEOTÊXTEIS A PARTIR DE FIBRAS VEGETAIS: UM ESTUDO DE CASO DE TECNOLOGIA SOCIAL DESENVOLVIDA EM PARCERIA COM COMUNIDADE TRADICIONAL NO BAIXO SÃO FRANCISCO SERGIPANO........................................................ 6 AS POTENCIALIDADES DE USO DA ESPÉCIE Paspalum millegrana Schrad EM OBRAS PARA ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES COM TÉCNICAS DE ENGENHARIA NATURAL ....... 7 UM ESTUDO DE CASO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL CONTEMPLANDO SABERES LOCAIS PARA A CONFECÇÃO DE GEOTÊXTEIS JUNTO À COMUNIDADE DE ARTESÃOS DO BAIXO SÃO FRANCISCO ............................................................................................................................... 8 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE NO ENSINO SUPERIOR, NORDESTE DO BRASIL................................................................................................................... 9 COMERCIALIZAÇÃO DE MULUNGU (Erythrina sp.) E JUAZEIRO (Ziziphus joazeiro Mart.) EM FEIRAS LIVRES DO BAIXO SÃO FRANCISCO, SERGIPE...................................... 10 A UTILIZAÇÃO DA ESPÉCIE NATIVA Paspalum millegrana Schrad COMO ALTERNATIVA AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL PARA POVOAMENTO DE TALUDES SUBMETIDOS À DEGRADAÇÃO PELOS PROCESSOS EROSIVOS ......................................... 11 ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS EM QUINTAIS AGROFLORESTAIS ........................................................................................................................................................... 12 LEVANTAMENTO PARTICIPATIVO DE SEMENTES CRIOULAS DE MILHO E FEIJÕES NO MUNICÍPIO DE POÇO REDONDO/SE ......................................................................................... 13 PLANTAS ALIMENTARES EM DUAS COMUNIDADES INDÍGENAS, RORAIMA, BRASIL . 14 PERCEPÇÃO DE AGRICULTORES AGROECOLÓGICOS SOBRE AS MUDANÇAS NA PAISAGEM DO ASSENTAMENTO ZUMBI DOS PALMARES - BRANQUINHA, ALAGOAS . 15 DA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA PARA UMA METODOLOGIA DE EXTENSÃO AGROECOLÓGICA DE PESQUISA-AÇÃO-PARTICIPATIVA.................................................... 16 EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS VERMELHA BRASILEIRA SOBRE CARCINOMAS ESPINOCELULARES PERI-ORAIS QUIMICAMENTE INDUZIDOS EM MODELO MURINO ........................................................................................................................................................... 17

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VIII Encontro Nordestino de Etnoecologia e Etnobiologia Aracaju, Sergipe, Brasil – 23 a 25 de Setembro de 2015 ETNOCONHECIMENTO DAS COMUNIDADES DE ILHA GRANDE DE SANTA ISABEL, APA DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL............................................................................... 18 “DIVERSIDADE OCULTA” DE PLANTAS MEDICINAIS NAS REGIÕES NORTE, CENTROOESTE, SUL E SUDESTE DO BRASIL .......................................................................................... 19 ESSA ILHA É MINHA - CONHECIMENTO TRADICIONAL EM DEFESA DA CRIAÇÃO DE UMA RESERVA EXTRATIVISTA, NA APA DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL .... 20 O SABER DOS EXTRATIVISTAS SOBRE A SOCIOBIODIVERSIDADE NA ILHA GRANDE DE SANTA ISABEL, APA DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL ........................................ 21 DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS APARELHOS DE PESCA UTILIZADOS POR PESCADORES ARTESANAIS NO MUNICÍPIO DE ILHA GRANDE DO PIAUÍ-PI ............................................ 22 O RESGASTE DE SEMENTES CRIOULAS EM COMUNIDADES TRADICIONAIS DO ESTADO DO MARANHÃO ............................................................................................................................. 23 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO MEIO PARA A PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM DUAS ESCOLAS RURAIS NO MUNICIPIO DE PIRAMBÚ/SE ........................................... 24 TECENDO SABERES NO ESPAÇO DA PESCA ARTESANAL EM NOSSA SENHORA DO SOCORRO/SE .................................................................................................................................. 25 EFEITO ANTITUMORAL DO EXTRATO AQUOSO DA Punica granatum Linn EM MODELO MURINO ........................................................................................................................................... 26 JOGOS LÚDICOS NO AUXÍLIO À PREVENÇÃO DAS PARASITOSES INTESTINAIS EM UMA COMUNIDADE INDÍGENA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO ...................................................... 27 A PERCEPÇÃO DOS (AS) AGRICULTORES (AS) SOBRE OS INSETOS DA FAMÍLIA CHRYSOPIDAE EM JATOBÁ – PE ................................................................................................ 28 CRIAÇÃO DE UMA BASE DE DADOS BIOLÓGICA DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR COMUNIDADES TRADICIONAIS DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL ...................... 29 INSETICIDAS BOTÂNICOS COMO MÉTODO NO CONTROLE ALTERNATIVO DE PRAGAS AGRÍCOLAS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO ............................................................................... 30 ITENS ALIMENTARES DO MERO (Epinephelus itajara), SEGUNDO O CONHECIMENTO ECOLÓGICO DE PESCADORES ARTESANAIS NA APA DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL ............................................................................................................................................. 31 DIVERSIDADE DE AVES DA CAATINGA COMERCIALIZADAS NA FEIRA LIVRE DE DELMIRO GOUVEIA, ALAGOAS, BRASIL................................................................................... 32 CARACTERES DA CASCA COMO VALOR DIAGNÓSTICO: PERCEPÇÃO E RECURSO DE IDENTIFICAÇÃO PARA PLANTAS MEDICINAIS ...................................................................... 33 PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS SOBRE A MANGABA (Hancornia speciosa Gomes) ......... 34 PREFERÊNCIA DO USO DE PLANTAS FORRAGEIRAS DA CAATINGA POR PECUARISTAS DO ASSENTAMENTO DOM HÉLDER CÂMARA, EM GIRAU DO PONCIANO, ALAGOAS .. 35 ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DE PLANTAS MEDICINAIS COM EFEITO GASTROPROTETOR EM COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE AREIA BRANCA/SE ........................................................................................................................................................... 36

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VIII Encontro Nordestino de Etnoecologia e Etnobiologia Aracaju, Sergipe, Brasil – 23 a 25 de Setembro de 2015 CARACTERIZAÇÃO E CONHECIMENTO DE FRUTOS DE MANGABA SOB O OLHAR DAS CATADORAS ................................................................................................................................... 37 CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS TÓXICAS NO POVOADO GITAÍ- CAMPO GRANDE- AL .................................................................................................................................... 38 ANALISE DOS TIPOS DE AUTO DE INFRAÇÃO DE CRIMES CONTRA A FAUNA NOS BIOMAS DO ESTADO DE SERGIPE ............................................................................................. 39 SABERES E SIGNIFICADOS SOBRE A QUESTÃO AMBIENTAL NA VISÃO DOS INGARIKÓ DA REGIÃO DA SERRA DO SOL – RORAIMA / BRASIL .......................................................... 40 PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS BRIGADISTAS DE COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA ............................................ 41 CONHECIMENTO SOBRE MACROFUNGOS EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO............................................................................................................. 42 USO DE PLANTAS MEDICINAIS CULTIVADAS NOS QUINTAIS URBANOS DO BAIRRO JARDIM ESPERANÇA NO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA – AL ................................................. 43 USO E CONSERVAÇÃO DE PLANTAS NATIVAS EM QUINTAIS AGROFLORESTAIS NO ASSENTAMENTO DOM HELDER CÂMARA EM GIRAU DO PONCIANO – ALAGOAS ........ 44 PLANTAS UTILIZADAS COMO LENHA PARA PRODUÇÃO DE PEÇAS DE CERÂMICA ARTESANAL NO MUNICÍPIO DE TRACUNHAÉM (PERNAMBUCO) .................................... 45 ANÁLISE MORFOMÉTRICA DE FRUTOS DE MANGABA DE COMUNIDADES LOCAIS DO ESTADO DE SERGIPE .................................................................................................................... 46 EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ADOÇÃO DA AGROECOLOGIA E PERMACULTURA NA COMUNIDADE INDÍGENA KARIRI-XOCÓ ................................................................................. 47 ETNOICTIOLOGIA EM COMUNIDADE DE PESCADORES DA APA DO DELTA DO RIO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL .......................................................................................................... 48 PESCA HISTÓRIA: SABERES TRADICIONAIS ACERCA DA PESCA EM COMUNIDADES DO ESTUÁRIO DOS RIOS TIMONHA E UBATUBA, PI E CE .......................................................... 49 O PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DA CASTANHA DE CAJU – UMA LEITURA DESCRITIVA NO POVOADO CARRILHO, ITABAIANA (SE). .................................................. 50 PERCEPÇÃO DA INFLUÊNCIA ANTRÓPICA NA ALIMENTAÇÃO DO SAGUI (Callithrix jacchus) PELOS VISITANTES DO PARQUE BELVEDERE EM PAULO AFONSO, BAHIA .. 51 HORTA AGROECOLÓGICA COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............ 52 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................. 53 ETNOCONHECIMENTO SOBRE A PESCA ARTESANAL DA TUVIRA (GYMNOTIFORMES) NA BARRA DO SÃO LOURENÇO, PANTANAL SUL MATOGROSSENSE. .............................. 54 ETNOPEDOLOGIA NO PROJETO DE ASSENTAMENTO SÃO FRANCISCO, BURITIZEIRO, MINAS GERAIS................................................................................................................................ 55 LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES CRIOULAS DE MILHO E FEIJÃO EM COMUNIDADES RURAIS DO SERTÃO OCIDENTAL SERGIPANO .................................. 56 PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE NO PELOTÃO AMBIENTAL DO ESTADO DE SERGIPE ........................................................................................................................................................... 57 Anais SIMTEC - ISSN: 2318-3403 / Proceeding of ISTI – ISSN: 2318-3403


VIII Encontro Nordestino de Etnoecologia e Etnobiologia Aracaju, Sergipe, Brasil – 23 a 25 de Setembro de 2015 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DAS CRIANÇAS DO ASSENTAMENTO SÃO JUDAS TADEU, PORTO DA FOLHA-SE ................................................................................................................... 58 PERCEPÇÃO DOS MORADRES DOS POVOADOS, JUNÇA, TIGRE E SERIGY EM RELAÇÃO À ECONOMIA SOLITÁRIA REALIZADA EM PACATUBA-SE ...................................................... 59 PLANTAS MEDICINAIS COMERCIALIZADAS NO MERCADO MUNICIPAL DE ARACAJU-SE ........................................................................................................................................................... 60 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO SÍTIO MARIMBAS/PAPAGAIO, PESQUEIRA – PE EM RELAÇÃO À FLORA DA CAATINGA ..................................................... 61 TEOR DE ÓLEO DE FRUTOS DE Acrocomia intumescens Drude DURANTE AS ESTAÇÕES SECA E CHUVOSA NA ZONA DA MATA PERNAMBUCANA .................................................... 62 TRAJETÓRIA E DESDOBRAMENTOS DA CARAVANA AGROECOLÓGICA E CULTURAL DE SERGIPE. .......................................................................................................................................... 63

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EXTRATIVISMO DO CAMBUÍ [Myrciaria tenella (O. Berg.)] NO MUNICÍPIO DE RIBEIRA DO POMBAL-BA Dráuzio Correia GAMA (1)*; José Monteiro do NASCIMENTO JÚNIOR (2); Leonardo dos Santos SOARES (3); Janisson Batista de JESUS (4); Laura Jane GOMES (1) 1 – Departamento de Ciências Florestais – UFS, São Cristóvão-SE 2 – Departamento de Biologia – UFS, São Cristóvão-SE 3 - Centro Territorial de Educação Profissional do Semiárido NE II – CETEP II, Ribeira do Pombal-BA; 4 – Mestre em Agricultura e Biodiversidade 5 – Professora Doutora do Departamento de Ciências Florestais – UFS * drauziogama@hotmail.com

A extração de produtos florestais não madeireiros no Brasil tem grande importância socioeconômica e ambiental. O Bioma Caatinga com uma vegetação biodiversa é palco de extrativismos com valor socioeconômico relevante para muitas famílias de catadores, a exemplo do extrativismo do umbu e do licurí. O que se torna uma realidade possível a outros produtos não madeireiros como o cambuí: um fruto globoso, polpa suculenta, doce; superfície glabra, estriada de 8-10 mm de diâmetro. Apreciado também pela avifauna, é obtido do cambuizeiro (Myrciaria tenella (DC) O. Berg.), uma mirtácea de porte arbóreo que chega à altura de até 6 m. Ocorrem em terrenos de altitude, capoeiras secas, solos pobre, arenosos ou margens de campos não inundáveis. O presente trabalho objetivou identificar o extrativismo do cambuí no município de Ribeira do Pombal, afim de relacioná-lo à contribuição socioeconômica dos catadores. Realizou-se entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015 no município de Ribeira do Pombal (762,212 km² de extensão, 50.805 habitantes, situado na região nordeste do estado da Bahia, incluindo-se ao domínio morfoclimático da Caatinga, coordenadas 10°48"S e 38°31'W). Utilizou-se de entrevistas semi-estruturadas, realizada com catadores nos povoados Cedro, Jenipapo, Salgadinho e feira livre da cidade. Fez-se 12 entrevistas (03 do sexo masculino e 09 do sexo feminino) referentes à safra 2014. Estimou-se entre os entrevistados produção média de 3.620 Litros de cambuí. Desse total, 52% foi vendido na feira livre, 29% sob encomenda, 18% consumo próprio e 1% para estabelecimentos comerciais. Também constataram redução da produção, onde 58% afirmaram como motivo a falta de chuva; 30% desmatamento; 9% impedimento pelos proprietários de terras e 3% preço baixo. Na comercialização, o preço variou na feira livre entre R$ 2,50 a R$ 4,00/Litro. Por encomenda entre R$ 5,00 e R$ 8,00/Litro. No final da safra ficou entre R$ 10,00 e R$ 15,00/Litro. No município o cambuí é consumido in natura e para fabricação de sucos e licores. Constatou-se que as famílias catadoras de cambuí tem o extrativismo como uma renda complementar, obtendo em média R$ 900,00 por safra. A desvalorização do produto, desmatamento e falta de chuva os preocupam à continuidade do extrativismo. Palavras-chave: Bioma Caatinga. Produtos florestais não madeireiros. Socioeconômica.

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CONTRIBUIÇÃO PARA A MELHORIA DOS CRITÉRIOS DE DESTINAÇÃO DA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL FEDERAL Paulo Jardel Braz FAIAD (1)* 1 – Mestrando em Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA * paulofaiad@gmail.com

A aplicação dos recursos da compensação ambiental federal, através da destinação às Unidades de Conservação, é inegavelmente uma importante fonte de recursos para implantação dessas áreas no Brasil. No entanto, a tarefa de destinar tais recursos, em sua maioria de grande vulto, coloca o gestor público naquele que é, talvez, o maior gargalo da administração pública – a tomada de decisão. Para tanto, o gestor deve fundamentar-se em uma metodologia de destinação transparente e efetiva em cumprir o objetivo principal do instituto da Compensação Ambiental, qual seja: o de compensar os danos que não puderam ser evitados e mitigados no processo de licenciamento de empreendimentos causadores de significativo impacto ambiental. O presente trabalho buscou contribuir para a melhoria dos critérios de destinação da compensação ambiental federal, através da revisão de experiências de destinação de outros estados e nações além de apresentar o seu status através da análise das Atas de reuniões do Comitê de Compensação Ambiental Federal – CCAF. No entanto, verificamos que a compensação deve ser pensada como um todo, pois uma etapa influencia a seguinte e retroalimenta a anterior. Diante das diversas contribuições colhidas, verificamos a urgente necessidade de uma reformulação ampla da compensação federal, com retorno à sua “essência” e ajuste de responsabilidades entre os atores. Palavras-chave: Unidade de Conservação. ICMBio. Compensação Ambiental. Destinação. Gestão ambiental pública.

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A ETNOBIOLOGIA PATAXÓ DA RESERVA DA JAQUEIRA-BA: CO-INVESTIGAÇÃO E O ESTUDO DA BIODIVERSIDADE Jade Silva dos SANTOS(1)*; Fábio Pedro Souza de Ferreira BANDEIRA(2) 1 – Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana-BA 2 – Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana-BA * jadesilva16@hotmail.com

A Reserva da Jaqueira é uma área de proteção ambiental administrada por uma associação indígena Pataxó. Criada em 1998, localiza-se na Terra Indígena Coroa Vermelha no extremo Sul Baiano e possui 827 ha de Mata Atlântica, onde se desenvolve o etnoturismo atrelado a um trabalho de reafirmação étnica. A co-investigação, como uma pesquisa participativa, busca total envolvimento da comunidade em todas as etapas de realização da pesquisa. Assim, compreendendo a importância da participação dos povos e comunidades tradicionais nos estudos e projetos de conservação ambiental, este trabalho analisou a contribuição da co-investigação para o estudo da biodiversidade. A pesquisa se baseou no levantamento bibliográfico de espécies listadas em trabalhos etnobiológicos em diferentes aldeias Pataxó da região, e por meio da abordagem co-investigativa do projeto COMBIOSERVE, onde o povo Pataxó atuou como co-pesquisadores e co-autores das pesquisas. O grupo de pesquisadores indígenas, intitulado Siriatê Jikitayá, realizou o levantamento da flora e fauna culturalmente relevantes da Reserva da Jaqueira por meio de turnê guiada, diário de campo, entrevistas, e com apoio e suporte técnico de pesquisadores acadêmicos. Com base em 6 publicações etnobiológicas realizadas junto aos Pataxó, a partir de investigação com participação dos indígenas limitada ao fornecimento de informações, foi possível produzir uma lista com 121 espécies de plantas e 25 espécies de animais da região. Enquanto os pesquisadores Pataxó registraram 117 etnoespécies de plantas e 113 etnoespécies de animais para a Reserva, sobressaindo-se quantitativamente o número total de etnoespécies levantadas pelos Pataxó. A comparação ao nível de nome vernacular, entre as listas produzidas a partir das publicações e pelos pesquisadores indígenas, permitiu observar que apenas 14,53% das plantas e 8,85% dos animais citados pelos Pataxó coincidiram com as etnoespécies citadas nas publicações. A maioria das etnoespécies listadas pelos pesquisadores indígenas não tinham sido catalogadas nos trabalhos etnobiológicos convencionais, o que em parte evidencia a importância da participação da comunidade como sujeitos ativos em todas as etapas das pesquisas e não apenas como participantes passivos ou “informantes”, demonstrando que co-investigação tem um grande potencial para apoiar e complementar os estudos e inventários da biodiversidade proporcionando intercâmbio entre conhecimento tradicional e científico. Palavras-chave: Co-investigação. Etnobiologia. Índios Pataxó. Mata Atlântica.

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CAUSOS CONTADOS E ENCANTADOS: VOZES POR UMA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Damile de Jesus FERREIRA (1)*; Antonio Almeida da SILVA (2) 1 – Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana-BA 2- Departamento de Educação, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana-BA * damileferreira@yahoo.com.br

A tradição oral conceitua-se como um agregado de costumes e práticas que não foram colocadas na sua forma escrita, mas contribuem para a formação da visão de mundo de grupos sociais. Tendo em vista a importância da tradição oral nos diferentes espaços, visamos à necessidade de registrar, potencializar e, possivelmente, dialogar com essas vozes em práticas educativas de caráter ambiental crítico. Assim, este trabalho se aproxima de causos contados por moradores do Povoado de Alecrim Miúdo, localizado no município de Feira de Santana/Bahia, no intuito de dialogar com uma perspectiva de meio ambiente e educação que se abrisse a encontro com a multiplicidade de saberes. Optamos por uma abordagem qualitativa, com coleta de dados realizada a partir de entrevistas a seis contadores, moradores do povoado, sendo que todos os contadores assinaram o TCLE. A análise dos dados foi feita de acordo com o referencial da análise de conteúdo, de natureza etnográfica. Nos diferentes causos relatados, em sua maioria, percebem-se a presença constante da antropomorfização dos animais. Diante de nossa análise, esta presença se dá, possivelmente, há uma ligação íntima entre os contadores e os animais, mostrando as marcas de experiências que esses sujeitos vivenciam com a natureza. Há certa alteridade na relação entre os moradores e os animais, e esta pode ser entendida e percebida como uma maneira do ser humano enfrentar da melhor maneira possível as diversas situações que são encontradas em seu cotidiano. Nos causos relatados foi possível perceber o papel do contador intergeracional, o qual tem a importante função de recontar essas estórias, transmitindo com estes diversos conhecimentos e saberes populares, a partir das vivências cotidianas. A atribuição de valores, significados e simbologias aos elementos pertencentes a sua pratica rotineira, é o que leva estes sujeitos a direcionarem sua práxis, atuando na natureza, de maneira consciente. Com isso, tentamos apontar atitudes e práticas, que reconheçam a dinâmica natural e cultural do meio, visualizando nas práticas de educação ambiental, enquanto campo que permite e dar espaço, para que estes saberes populares sejam reconhecidos na sociedade, reafirmando a cultura e apresentando novas formas de compreender e se relacionar com a natureza. Palavras-chave: Narrativas orais. Tradição oral. Educação Ambiental.

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COSMOVISÃO E ETNOCONSERVAÇÃO NOS BURITIZAIS DO MUNICÍPIO DE TUTÓIA, ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL Irlaine Rodrigues VIEIRA (1)*; Jefferson Soares de OLIVEIRA (2); Kelly Polyana Pereira dos SANTOS (1); Fábio José VIEIRA (3); Roseli Farias Melo de BARROS (1) 1 – Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), Universidade Federal do Piauí, Teresina- PI 2 – Departamento de Biomedicina, Universidade Federal do Piauí, Parnaíba-PI 3 – Departamento de Biologia, Universidade Estadual do Piauí, Picos – PI * irlaine.vieira@yahoo.com.br

Os aspectos simbólicos associados aos valores sociais em comunidades tradicionais constituem-se elementos culturais regulatórios do manejo dos recursos naturais. Compreender como a cultura influencia e determina o manejo, é fundamental na formulação de estratégias de gestão ambiental. O município de Tutóia-MA é o segundo maior extrativista nacional de fibras de Mauritia flexuosa L.f., popularmente conhecida como buriti. Diante disso, o trabalho objetivou compreender e registrar os mitos e valores de extrativistas que propiciam a conservação dos buritizais do município de Tutóia. O estudo foi desenvolvido na comunidade Justa, a qual fornece fibras para a associação de artesãs do município de Tutóia. Houve uma seleção intencional de extrativistas com idade superior a 18 anos e residentes a mais de 20 anos na comunidade. Desta maneira, foram realizadas 32 entrevistas utilizando formulários semiestruturados e os dados coletados foram avaliados qualitativamente. A pesquisa foi realizada em concordância com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí. Dentre os entrevistados, 31,2% citaram pelo menos um elemento místico: mãe d’água, cripe e/ou fantasmas. Dentre os elementos citados, o cripe se posiciona como um fator prejudicial ao buritizal, enquanto os fantasmas como protetores, sendo elementos reguladores do extrativismo. Além dos elementos místicos foi verificada a presença de outros valores que envolvem a conservação do habitat do local como a prática de plantar ou devolver as sementes das frutas para o buritizal de onde estas foram removidas; o extrativismo de folhas regido pelas fases da lua em um sistema de manejo que visa a manutenção da capacidade de suporte da planta e reuniões de extrativistas em associações que propiciam a discussão e a tomada de decisões coletivas para a conservação dos buritizais, bem como a proteção do território contra possíveis invasores desmatadores. Neste trabalho concluímos que a íntima relação das pessoas com os buritizais resulta em uma relação social com o meio em que vivem, atribuindo ao território o sentimento de apropriação e cuidado, o qual é resultante da fusão dos elementos simbólicos que envolvem o manejo, a ética, conhecimentos e gestão tradicional. Palavras-chave: Fibras. Cultura. Extrativismo. Conservação.

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PRODUÇÃO DE GEOTÊXTEIS A PARTIR DE FIBRAS VEGETAIS: UM ESTUDO DE CASO DE TECNOLOGIA SOCIAL DESENVOLVIDA EM PARCERIA COM COMUNIDADE TRADICIONAL NO BAIXO SÃO FRANCISCO SERGIPANO Janisson Bispo LINO (1)*; Francisco Sandro Rodrigues HOLANDA (1); Cátia dos Santos FONTES (2); Maria Hosana dos SANTOS (3); Marks Melo MOURA (4) 1 – Departamento de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE. 2 – Programa de Pós- Graduação em Geografia, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE 3 – Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Biodiversidade, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE 4 – Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE * janissonlino@gmail.com

As comunidades ribeirinhas do Baixo São Francisco vêm trabalhando com diferentes fibras vegetais provenientes das espécies de junco (Juncus sp.), taboa (Typha latifolia Linn.) e ouricuri (Syagrus coronata) para fabricação de peças artesanais como cestos, esteiras, bolsas e demais trançados. A partir de uma análise tecnológica prévia foram identificadas características nessas fibras que se prestavam ao fabrico de Geotêxteis, mantas que auxiliam no controle da erosão de taludes de estradas ou de cursos d’água e oferecem proteção e condições ecológicas propícias para reestabelecimento da vegetação. A substituição dos geossintéticos por geotêxteis de fibras vegetais é um processo ambientalmente sustentável, já que apresenta degradação em campo, em tempo adequado para proteção dos taludes. O objetivo do trabalho foi realizar o levantamento do potencial de uso de junco, taboa e ouricuri como matéria-prima para confecção de geotêxtil junto às comunidades ribeirinhas de artesãos. Foram realizadas visitas prévias de campo para reconhecimento da área e as potencialidades de uso sustentável dos materiais vegetais, além de coleta de dados gerais sobre a área e as comunidades, em Pacatuba. Foram conduzidos levantamentos das áreas de ocorrência da taboa, do junco e do ouricuri constatando-se grande abundância local dos materiais. Além disso, foi realizada uma oficina mostrando o projeto de intervenção e trabalhos semelhantes conduzidos em outras comunidades na Região Nordeste. No desenvolvimento do geotêxtil foram considerados aspectos relacionados à sustentabilidade da extração do material, como forma e período tradicionais dessa extração. Foi definido um modelo padrão de geotêxtil com dimensões que atendessem aos critérios considerados aceitáveis pelas Normas Técnicas vigentes, como textura, espessura, firmeza e durabilidade do material. Durante a confecção foi amplamente discutido com as comunidades os tipos de trançados ajustados a esse tipo de geotêxtil, com ativa participação dos envolvidos nas ações relacionadas, até que se chegasse depois de muitas tentativas, ao trançado que foi utilizado nos testes de campo para o fim proposto que era proteção do solo contra a erosão. Nesse processo considerou-se a possibilidade dessa ação fomentar uma renda adicional para os artesãos, principalmente durante o período em que a demanda por materiais artesanais apresenta-se baixa no mercado consumidor. Palavras-chave: Saberes locais. Biomantas. Juncus sp. Typha latifolia. Syagrus coronata.

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AS POTENCIALIDADES DE USO DA ESPÉCIE Paspalum millegrana Schrad EM OBRAS PARA ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES COM TÉCNICAS DE ENGENHARIA NATURAL Ivo Maciel Almeida do NASCIMENTO (1)*; Francisco Sandro Rodrigues HOLANDA (1); Tássio Lucas Sousa SANTOS (1); Maria Hosana dos SANTOS; Ueric dos Santos RIBEIRO (1). 1 –Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE * ivoman260@gmail.com

A vegetação possui papel importante na proteção de taludes, devido ao reforço promovido pelo sistema radicular para a agregação dos solos, diminuindo o arraste de partículas e, consequentemente, resultando em menor taxa de erosão e assim reduzindo o assoreamento de cursos d’água, seja na área rural como também na área urbana. Espécies como o CapimVetiver (Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty) vêm sendo utilizadas com esse propósito, porém sendo uma planta exótica, de origem indiana, não se apresenta compatível com os princípios das técnicas de Engenharia Natural para estabilização de taludes. Nesse sentido a bioprospecção, com enfoque nas espécies nativas compondo as técnicas de Engenharia Natural, é estimulada, pela possibilidade de manter o ambiente equilibrado, sem prejuízos para a biodiversidade local, para compor um conjunto de técnicas que exercem o mesmo papel no controle da erosão do solo, com consequente diminuição da degradação ambiental. O objetivo desse trabalho foi estudar as características fenotípicas da espécie nativa CapimPaspalum (Paspalum millegrana Schrad), com ênfase nas características morfológicas e sua adaptabilidade às técnicas de Engenharia Natural. Esse capim é caracterizado como uma espécie de desenvolvimento cespitoso perene, com rizomas longos e profundos, apresentando colmos eretos. Os parâmetros avaliados foram a arquitetura da planta (parte aérea e sistema radicular), perfilhamento, e sua adaptabilidade aos estresses hídricos (saturação e déficit). As plantas tem apresentado até 16 perfilhos, característica importante para o aumento da densidade radicular, com comportamento diferenciado quando submetido às condições de estresse ou saturação hídrica, com melhor expressão nas condições de umidade intermediária (entre os extremos), promovendo o maior desenvolvimento da parte aérea, embora as plantas apresentaram desenvolvimento satisfatório nas condições de déficit hídrico, ocorrentes nos topos dos taludes, como também na condição de saturação, muito comum na base do talude, ao nível da água nos rios. O comprimento das raízes tem variado de 0,9-1,5m, de grande importância para a ancoragem do solo susceptível aos processos erosivos. A altura da planta ultrapassa 1,0m, acrescido de comprimento de panícula de 0,13-0,18m, característica fenotípica muito importante para aumento da assimilação de fotossintatos. A espécie Paspalum millegrana apresenta grande potencial para utilização em projetos de recuperação de taludes, motivado pelas características morfológicas que além de garantir importante contribuição para recomposição florística dos taludes, trazem uma contribuição como reforço mecânico aos solos vulneráveis aos processos erosivos. Palavras-chave: Biodiversidade. Mata ciliar. Erosão.

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UM ESTUDO DE CASO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL CONTEMPLANDO SABERES LOCAIS PARA A CONFECÇÃO DE GEOTÊXTEIS JUNTO À COMUNIDADE DE ARTESÃOS DO BAIXO SÃO FRANCISCO Maria Hosana dos SANTOS (1)*; Francisco Sandro Rodrigues HOLANDA (2); Janisson Bispo LINO (2); Cátia dos Santos FONTES (3); José Fladson Ferreira de CARVALHO (2) 1 – Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Biodiversidade, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE 2 – Departamento de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 3 – Programa de Pós- Graduação em Geografia, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE * hosana_bio@hotmail.com

As estratégias de enfrentamento da problemática ambiental, para surtirem efeito, envolvem uma articulação entre todos os tipos de intervenções incluindo neste contexto as ações de educação ambiental. As comunidades tradicionais do Baixo São Francisco sergipano dominam conhecimentos sobre traçados com o uso de diversos tipos de fibras vegetais e de grande abundância local como o Junco (Juncus sp) e a Taboa (Typha latifolia L.). As formas de manejar esse material biológico podem acarretar perdas se não ocorrer o manejo sustentável das áreas de extrativismo. O objetivo deste trabalho foi discutir com as comunidades de artesãos informações sobre o uso dos recursos naturais, e toda a sistemática de exploração destes na região. Foram realizadas entrevistas e aplicação de 30 questionários semiestruturados aos associados, com perguntas abertas e fechadas, onde todos concordaram em participar com a assinatura do termo de consentimento. As visitas realizaram-se no período de janeiro a maio de 2014. Nos questionários foram trabalhadas perguntas relacionadas ao manejo das espécies, as formas de controle dos cortes excessivos, as técnicas dos trançados, a renda auferida com essa atividade. As plantas selecionadas para uso foram aquelas que apresentaram melhores aspectos visuais sem qualquer tipo de injúria. As fibras são coletadas com a utilização de foice ou facão, e os cortes são realizados acima da raiz, o que possibilita o rebrotamento já que eles estabeleceram um período de retorno, que varia de seis meses a um ano. Em reuniões e oficinas, realizados na Associação dos Artesãos em Pacatuba/SE por estudantes de graduação e pós-graduação com os artesãos foi discutida a problemática do necessário controle das áreas de coletas, visando o uso sustentável ao longo dos anos, assim como a preocupação das comunidades com a dinâmica das dunas, e a restrição de utilização das fibras em alguns locais, que fazem parte de uma reserva legal. Percebe-se a necessidade de se criar novas estratégias, para evitar a explotação dessas áreas sem preocupação com a sua sustentabilidade, buscando novos locais de coletas, ou até mesmo se investir em áreas de cultivo, uma vez que são espécies de largo uso pelas comunidades ribeirinhas para vários fins. Palavras-chave: Comunidades tradicionais. Fibras naturais. Sustentabilidade.

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE MEIO AMBIENTE NO ENSINO SUPERIOR, NORDESTE DO BRASIL Bárbara Ohana de Araújo SANTOS (1), Manoela Carvalho da SILVA(1)* 1 – Universidade do Estado da Bahia * manoela_biologa@hotmail.com

O termo meio ambiente demonstra uma grande diversidade conceitual, possibilitando diferentes interpretações, devido à vivência de diferentes experiências. As representações sociais mais comuns de meio ambiente são classificadas em naturalista, antropocêntrica e globalizante. A naturalista evidencia a percepção dos aspectos naturais do ambiente e o espaço físico em que um organismo se desenvolve. Já a antropocêntrica, evidencia a utilidade dos recursos naturais para a sobrevivência do ser humano. Por último, a globalizante, representa o ambiente numa perspectiva de relação e interação entre sociedade e natureza. O presente estudo teve por objetivo investigar as representações sociais sobre meio ambiente de estudantes do curso superior de Tecnologia e Gestão Ambiental, identificando os conceitos inferidos e buscando analisar o nível de consciência ecológica manifestado por eles. A pesquisa foi desenvolvida com acadêmicos concluintes do curso superior de Tecnologia e Gestão Ambiental, no Pólo presencial da UNIASSELVI na cidade de Paulo Afonso-BA. A coleta dos dados partiu da aplicação de questionários individuais com perguntas abertas, que permitem ao participante construir a resposta com suas próprias palavras. Os resultados possibilitaram observar que o termo meio ambiente é representado na maioria das vezes pelos estudantes de forma a privilegiar basicamente os aspectos naturais. Portanto, a representação de meio ambiente é muito mais do que ambiente meramente natural, que se costuma imaginar. Torna-se necessário trabalhar com os graduandos uma visão globalizante de meio ambiente, considerando as relações recíprocas entre natureza e sociedade, possibilitando aos futuros gestores ambientais se tornarem agentes multiplicadores, estimulando as relações entre os homens e entre estes e o meio ambiente. Palavras-chave: Primatas. Área urbana. Alimentação artificial. Visitação.

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COMERCIALIZAÇÃO DE MULUNGU (Erythrina sp.) E JUAZEIRO (Ziziphus joazeiro Mart.) EM FEIRAS LIVRES DO BAIXO SÃO FRANCISCO, SERGIPE Danielly Oliveira SANTOS (1)*; Laura Jane GOMES (2); Débora Moreira de OLIVEIRA (3) 1 – Departamento de Biologia, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 2 – Departamento de Ciências Florestais, São Cristóvão – SE 3 – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, São Cristóvão – SE. * dani_santosoliver@hotmail.com

O objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento da ocorrência de comercialização das espécies juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.) e mulungu (Erythrina sp.)

em feiras livres e mercados de cidades que compõe a região do Baixo São Francisco, em Sergipe, devido às suas propriedades de crescente interesse e uso na indústria de cosméticos e farmacêutica, respectivamente. Foram realizadas 30 entrevistas semiestruturadas com todos os vendedores de plantas medicinais encontrados nas feiras livres e mercados regionais no momento da visita em campo, no período entre novembro de 2014 a janeiro de 2015, em 26 cidades que compõe o Baixo São Francisco. O formulário foi dividido em três partes, sendo que a primeira estava associada aos dados pessoais e socioeconômicos do entrevistado, a segunda continha perguntas a respeito da comercialização das espécies mais vendidas e a terceira visava obter informações comerciais específicas para o mulungu e juazeiro. Foram citados 39 nomes de plantas mais comercializadas, pertencentes a cerca de 23 famílias. As cinco espécies citadas pelos informantes como mais vendidas foram analisadas mediante adaptação da metodologia Ordenamento Rápido do Informante. Dentre estas, as que tiveram maior representatividade foram Fabaceae (sete citações) e Asteraceae (quatro citações). Neste grupo de indicações, o mulungu e o juazeiro foram citados respectivamente por 23,3% e por 10% dos vendedores. As etnoespécies mais citadas foram o barbatimão e boldo, com 40% e 36,6% de citações respectivamente. Palavras-chave: Cadeia produtiva. Extrativismo. Produtos florestais não madeireiros. Plantas medicinais.

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A UTILIZAÇÃO DA ESPÉCIE NATIVA Paspalum millegrana Schrad COMO ALTERNATIVA AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL PARA POVOAMENTO DE TALUDES SUBMETIDOS À DEGRADAÇÃO PELOS PROCESSOS EROSIVOS Francisco Sandro Rodrigues HOLANDA (1)*; Antonio Iury Alves MARANDUBA (1); Ivo Maciel Almeida do NASCIMENTO (1); Marks Melo MOURA (2); Lucas Santos BONFIM(3) 1 – Departamento de Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 2 –Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 3 –Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE * fholanda@infonet.com.br

Quando a biodiversidade é restituída através dos agroecossistemas, numerosas e complexas interações passam a se estabelecer entre o solo, as plantas e os animais, contribuindo para a conservação da água e do solo por meio do controle da erosão. Os mecanismos para estabilizar os taludes de um rio em processo erosivo podem ser alcançados por meio do conhecimento das características agroecológicas da vegetação, considerando o aproveitamento da biodiversidade local para esse fim. O objetivo desse trabalho foi estudar as características agronômicas do Capim-Paspalum (Paspalum millegrana Schrad), com enfoque agroecológico, considerando as suas potencialidades para estabilização de taludes fluviais e repovoamento desses ambientes. Foram avaliadas a produção de biomassa da parte aérea e sistema radicular, assim como a contribuição da raiz para aumento da resistência mecânica do solo. A resposta da planta às condições diferenciadas de umidade do solo pelas flutuações de vazão dos rios, vêm possibilitar além de boa cobertura vegetal pela produção de biomassa aérea (proteção da superfície do solo aos efeitos da chuva), como também maior agregação do solo promovida pela satisfatória densidade radicular, que possibilita um reforço físico-mecânico do solo. A sua adaptação ás condições diferenciadas de fertilidade natural do solo, permite o povoamento da espécie em áreas onde as suas demandas nutricionais serão atendidas a partir da fertilidade natural dos taludes ribeirinhos. As raízes do Capim-paspalum apresentam na sua maioria diâmetros não superiores a 2,5mm, apresentando predominância na faixa de 0,5 – 1,0mm. Essa distribuição exerce impacto no rompimento das raízes quando submetidas à estresses de tensão. Então, para romper raízes com diâmetro inferior a um milímetro (mm) são utilizadas, em média, tensões maiores que 100 MPa. Por outro lado, raízes maiores que um milímetro de diâmetro rompem-se com menores tensões de tração (< 100 MPa), chegando a uma tensão média mínima de 16,4 MPa para raízes de 2,7 mm. Esses aspectos físicomecânicos ratificam a importância do conhecimento da contribuição do sistema radicular dessas espécies nativas como elementos de fundamental importância para a disponibilização de subsídio técnico-científicos para a concepção de técnicas para recuperação Hidroambiental de caráter sustentável com enfoque nas áreas degradadas. Palavras-chave: Agroecossistemas. Erosão. Mata ciliar.

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ESTUDO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS EM QUINTAIS AGROFLORESTAIS Mário Jorge Campos dos SANTOS (1)*; Francielle Rodrigues SANTOS (2); Marta Jeidjane Borges RIBEIRO (2); Saulo de Tarso de Santos SANTANA (2) 1 – Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 2 – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE * mjkampos@gmail.com

O objetivo do trabalho foi realizar um levantamento das espécies de uso medicinal nos sistemas agroflorestais no povoado Samambaia no semiárido sergipano, SE. A metodologia empregada foi a de mapeamento participativo e entrevistas semi-estruturadas. Foram entrevistadas dez propriedades no povoado, que utilizam quintais florestais com aptidão para a utilização de farmácia popular. Foram encontradas 21 espécies, distribuídas em 8 famílias. As famílias mais representativas em número de espécies nos quintais agroflorestais foram: Asteraceae (5), Lamiaceae (5) e Fabaceae (4). Os resultados indicaram que as partes das plantas medicinais mais utilizadas são as folhas (71%), raízes (14%), semente (10%) e casca (4%). Quanto à população de gênero, as mulheres representam um papel fundamental no cultivo e uso das plantas medicinais através da manutenção dos quintais florestais, onde são utilizadas para o uso na comunidade no combate a doenças. Outros fatores que chamou a atenção foi o repasse do conhecimento popular dos idosos para seus herdeiros e os produtos medicinais utilizados na comunidade não são usados para fins comerciais. Palavras-chave: Comunidade rural. Espécies medicinais. Agrofloresta.

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LEVANTAMENTO PARTICIPATIVO DE SEMENTES CRIOULAS DE MILHO E FEIJÕES NO MUNICÍPIO DE POÇO REDONDO/SE Lanna Cecília de OLIVEIRA (1)*; Lucas Oliveira do AMORIM (2); Fernando Fleury CURADO (3); Edson Diogo TAVARES (3); Mônica Cox de Britto PEREIRA (2) 1 –Instituto Federal de Sergipe, São Cristovão-SE 2 – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente/Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE 3 - Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju-SE * lannacecilia@yahoo.com.br

As comunidades camponesas mantém número expressivo de variedades locais que contribuem com os modos de vida em unidades de produção garantindo a segurança alimentar das famílias. A presente pesquisa teve como objetivo realizar um levantamento participativo de variedades crioulas de milho e feijões no município de Poço Redondo/SE. Para tanto, foi realizada uma oficina na comunidade Lagoa d’Antas, onde estiveram presentes 18 agricultores (13 mulheres e 05 homens), provenientes das seguintes comunidades: Lagoa Grande, Sítio Óleo, Lagoa de Dentro e Lagoa d’Antas. Para o levantamento foi utilizada a técnica participativa ‘Lista da Agrobiodiversidade’, considerada uma ferramenta útil para conhecer a origem das variedades, bem como a quantidade de pessoas que cultivam determinada semente. Os resultados demonstram uma grande diversidade de variedades encontradas na região. No total foram identificadas 09 variedades de feijão e 05 variedades de milho. Quanto aos feijões, os mais cultivados nas comunidades presentes foram: carioquinha, feijão de corda costela de vaca, cariocão e o carioca da boca amarela. Segundo os participantes, poucas pessoas cultivam: feijão cachinho, fava coquinho, fava motinha, badajó e andu rajado. Segundo os agricultores grande parte destas variedades são cultivadas na região há muitos anos. Algumas variedades fazem parte de herança familiar, como a fava coquinho das irmãs Quitéria e Josefa, que já era cultivada pelo seu pai em Alagoas. Quanto ao milho, as variedades mais plantadas são: hibra e o milho anão, enquanto os milhos branco, capuco grosso e o milho alho são plantados por poucas pessoas. Os agricultores destacaram a importância do milho hibra, que tem um porte alto e espiga grande. Estas características conferem a esta variedade amplo uso, desde a alimentação animal até a utilização na alimentação humana como milho verde ou como ingrediente de pratos tradicionais. Conclui-se que, apesar das ameaças do avanço da revolução verde no campo sergipano, as comunidades camponesas preservam suas sementes crioulas e resistem à imposição de sementes inadequadas direcionadas para o mercado. Também é possível concluir que os feijões mais cultivados, decorrem da integração destas comunidades com o mercado, visto que estas variedades são as mais demandadas em espaços convencionais de comercialização. Palavras-chave: Conhecimento tradicional. Agrobiodiversidade. Agroecologia.

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PLANTAS ALIMENTARES EM DUAS COMUNIDADES INDÍGENAS, RORAIMA, BRASIL Sandra Kariny Saldanha de OLIVEIRA (1)*; Márlia Coelho-FERREIRA (2); Mário Augusto Gonçalves JARDIM (2) 1 – Doutoranda em Biodiversidade e Conservação - Rede BIONORTE, Universidade Estadual de Roraima – UERR, Boa Vista-RR 2 – Pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG, Belém-PA * sandrakariny@oi.com.br

O saber ambiental indígena revela informações sobre as práticas, uso e manejo dos recursos naturais próprias de sua etnia e de seu habitat. A pesquisa teve como objetivo identificar as principais plantas alimentares cultivadas nas comunidades indígenas Vista Alegre e Darôra no baixo São Marcos Roraima. As duas comunidades do baixo São Marcos, fazem parte da área rural do município de Boa Vista, ficam aproximadamente 80 km da capital do Estado. Na realização desta pesquisa seguiu-se as orientações estabelecidas pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-UFRR) que emitiu parecer nº 953.257, autorizando as informações serem coletadas através de entrevistas semiestruturadas e observações in loco com as famílias indígenas que possuem roçado. Nas roças em Vista Alegre foram encontradas 19 espécies, distribuídas em 16 famílias e 17 gêneros e na comunidade Darôra foram registradas 7 espécies, distribuídas em 5 famílias e 6 gêneros. As principais culturas dos roçados são mandioca, feijão, melancia e pimenta. As comunidades objeto de estudo tradicionalmente têm a mandioca e o feijão, como base alimentar e principal elemento de suas plantações. O cultivo nas duas comunidades acontece na área de cerrado, as roças são na sua maioria consorciadas com pelos menos duas plantas na mesma área. Algumas famílias das Comunidades vivem basicamente da agricultura, que tem importância alimentar e comercial. Palavras-chave: Roças. Baixo São Marcos. Agricultura.

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PERCEPÇÃO DE AGRICULTORES AGROECOLÓGICOS SOBRE AS MUDANÇAS NA PAISAGEM DO ASSENTAMENTO ZUMBI DOS PALMARES - BRANQUINHA, ALAGOAS Ferdnando Mariano Brito SILVA (1) *; Antoniel Silva de ALMEIDA (1), Cícera Maria de JESUS (1); Isabel Galindo NEPOMUCENO (1); Rafael Ricardo Vasconcelos da SILVA (1) 1 – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal Alagoas, Rio Largo- Alagoas * ferdnando.mbs@gmail.com

Os conhecimentos e percepções das populações locais representam um elemento estratégico no planejamento do uso da terra, especialmente no âmbito do paradigma agroecológico. Nessa pesquisa objetivou-se analisar a percepção de produtores agroecológicos do Assentamento Zumbi dos Palmares - Branquinha, Alagoas, sobre as mudanças ocorridas na paisagem do assentamento. Para coleta dos dados foram realizadas oficinas participativas para o desenho coletivo de mapas do assentamento no passado e no presente. Posteriormente, utilizou-se outro mapa produzido através de SIG (Sistema de Informações Geográficas), para avaliar o potencial de contribuição das informações representadas nos mapas coletivos para o planejamento de uso dessas áreas. Os agricultores demonstram um vasto conhecimento sobre os geoambientes que compõem as paisagens do assentamento, suas características e componentes da fauna e flora, além da localização de escolas, igrejas, corpos d’água, estradas, espacialização dos fragmentos florestais e das diferentes atividades agropecuárias desenvolvidas. As áreas produtivas foram diferenciadas pelos participantes de acordo com as características de relevo, umidade do solo, proximidades das propriedades e pontos de referências. Através dos mapas, os participantes indicaram que houve uma diversificação das atividades produtivas ao longo do tempo, passando da monocultura de cana-de-açúcar à produção de citrus, horticultura e pecuária. Em relação à reserva florestal, os agricultores relataram que os fragmentos diminuíram em tamanho, devido ao histórico de uso da madeira como lenha e para construção de cercas. Durante os debates, os participantes relacionaram a diminuição da cobertura florestal com o menor fluxo de água nos rios e desaparecimento de nascentes, manifestando interesse em ações de recuperação florestal no assentamento. A comparação entre os mapas produzidos pelos agricultores e os elaborados através do SIG revelou que as técnicas são complementares, contribuindo para uma melhor caracterização ambiental da área. Embora o SIG tenha gerado dados geográficos mais precisos, o mapeamento coletivo permitiu a obtenção de informações mais detalhadas sobre os termos locais e a percepção dos participantes sobre as mudanças temporais ocorridas no assentamento. Palavras-chave: Mapeamento. Diagnóstico participativo. Uso do solo. SIG.

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DA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA PARA UMA METODOLOGIA DE EXTENSÃO AGROECOLÓGICA DE PESQUISA-AÇÃO-PARTICIPATIVA Tereza Cristina OLIVEIRA(1)*; Fernando Fleury CURADO (1); Edson Diogo TAVARES (1) 1 – EMBRAPA Tabuleiros Costeiros, Aracaju-SE * tereza.oliveira@embrapa.br

A metodologia tradicionalmente adotada para a transferência de tecnologia por instituições de pesquisa baseia-se no modelo “difusionista”, que afirma que os conhecimentos sobre novas tecnologias devem ser “transferidos” aos agricultores e técnicos da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). Esses formatos não dialogam com os diferentes saberes e tampouco preveem a participação dos agricultores como sujeitos. Visando superar essa limitação desenvolveu-se uma metodologia em projetos relacionados com o Plano Brasil Sem Miséria-PBSM no Território do Alto Sertão Sergipano e do Agreste de Alagoas que incorpora a dimensão da participação social, sendo aqui denominada por extensão agroecológica de pesquisa-ação-participativa. Nessa nova metodologia utilizam-se ferramentas e técnicas participativas embasadas nos princípios da Agroecologia a partir de processos de construção coletiva, com a integração e diálogo de saberes, reconhecendo os conhecimentos científicos e populares. O método se baseia numa relação dialógica de ensino-aprendizagem onde todos participam. Famílias agricultoras, extensionistas, técnicos e pesquisadores assumem, ao mesmo tempo, o papel de educadores e educandos para que, a partir da integração do conhecimento científico e do “saber fazer” dos agricultores, seja possível a construção de soluções para as realidades locais. Essa metodologia de extensão agroecológica integra os pilares da pesquisa-ação-participativa que se realiza em uma área denominada de Unidade de Experimentação Agroecológica Coletiva – UEAC. A metodologia é constituída de seis momentos que são: 1) Constituição de Comitê Gestor; 2) Diagnóstico da Realidade Local; 3) Planejamento Participativo; 4) Construção das Unidades de Experimentação Coletiva-UEACs; 5) Acompanhamento, monitoramento e avaliação das UEACs; 6) Sistematização da Experiência. Foram implementadas 18 UEACs sendo 06 em Sergipe e 12 em Alagoas. Em cada UEAC foi formado um Grupo de Interesse com aproximadamente 20 famílias agricultoras, envolvendo um total aproximado de 360 famílias beneficiadas pelo PBSM, técnicos, pesquisadores e extensionistas de ATER pública e privada e demais parceiros locais. O uso da metodologia possibilitou avanços na inclusão sócio produtiva das famílias agricultoras e sua maior autonomia, evidenciando aos diversos atores sociais a sua aplicabilidade e efetividade em outras experiências e projetos de ATER que adotem a Agroecologia como matriz teórica de atuação com Agricultura Familiar e Camponesa. Palavras-chave: Agroecologia. Diálogo de saberes. Construção do conhecimento. Agricultura Familiar e Camponesa.

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EFEITO INIBITÓRIO DA PRÓPOLIS VERMELHA BRASILEIRA SOBRE CARCINOMAS ESPINOCELULARES PERI-ORAIS QUIMICAMENTE INDUZIDOS EM MODELO MURINO John Lennon Silva CUNHA (1)*; Angela Valéria Farias ALVES (1); Danielle Rodrigues RIBEIRO (1), Juliana Cordeiro CARDOSO (2); Ricardo Luiz Cavalcanti de ALBUQUERQUEJÚNIOR (1) 1 – Laboratório de Morfologia e Patologia Experimental, Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), Universidade Tiradentes, Aracaju – SE, Brasil 2 – Laboratório de Biomateriais, Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), Universidade Tiradentes, Aracaju SE, Brasil * lennonrrr@live.com

Apesar dos efeitos da própolis verde em tumores malignos serem amplamente explorados, o potencial antitumoral e quimiopreventivo da variedade vermelha deste produto ainda é pouco conhecido. O objetivo deste trabalho foi investigar o efeito da administração oral do extrato hidroalcoólico da própolis vermelha brasileira (EHPV) em carcinomas de células escamosas orais (CCEOs) induzidos por DMBA em roedores. Para tanto, a própolis vermelha foi coletada em apiário localizado no município de Brejo Grande no Estado de Sergipe, Brasil (S 10°28'25'' e O 36°26'12'') e o EHPV obtido e caracterizado por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Uso de Animais da Universidade Tiradentes com número de protocolo 191208. A carcinogênese foi induzida utilizando 9,10-dimetil-1,2-benzantraceno (DMBA) através da aplicação tópica no lábio inferior dos 25 camundongos experimentais. O EHPV foi administrado por via oral nas doses de 10, 50 e 100 mg/kg (EHPV10, EHPV50 e EHPV100, respectivamente), enquanto água destilada e Tween 80 à 2% foram administrados para os grupos controles negativos (TUM1 e TUM2) em dias alternados a aplicação do DMBA. Os animais foram monitorados diariamente para registro do aparecimento de tumores clínicos. Após 26 semanas, os animais foram eutanasiados e os tumores removidos para análise macro e microscópica. Os dados obtidos foram analisados por ANOVA (teste de Tukey) e teste do qui-quadrado, e as diferenças entre os grupos foram consideradas significativas quando p<0,05. A análise cromatográfica identificou três compostos principais: formononetina (23.29±0.06 mg/g), biochanina A (0.67±0.01 mg/g) e daidzeína (0.38±0.01 mg/g). A administração oral de EHPV inibiu 40% de crescimento em EHPV50 e EHPV100, bem como promoveu um retardo de três semanas no desenvolvimento de tumores clinicamente detectáveis em todos os grupos tratados com EHPV. A análise histológica revelou que os tumores representavam carcinoma de células escamosas bem diferenciados e que houve desenvolvimento de lesões displásicas em amostras clinicamente livres de tumor. A análise da expressão imunohistoquímica de Ki67 e p16INK4a não apresentou diferença significativa entre os grupos (p>0,05). Os resultados sugerem que o EHPV exerce atividade quimiopreventiva sobre a progressão da displasia epitelial para CCEOs induzidos por DMBA em modelo experimental. Palavras-chave: Produtos naturais. Carcinogênese. DMBA.

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ETNOCONHECIMENTO DAS COMUNIDADES DE ILHA GRANDE DE SANTA ISABEL, APA DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL Maria Gracelia Paiva NASCIMENTO (1)*; Francinalda Maria Rodrigues da ROCHA (2) 1 –Consultora da Comissão Ilha Ativa - CIA, rua São José, 192. Ilha Grande – PI 2 – Sócia da Comissão Ilha Ativa - CIA. rua São José, 192. Ilha Grande – PI * grace.lia@hotmail.com

Objetivou-se apresentar os saberes Etnobiológicos das comunidades pertencentes a Ilha Grande de Santa Isabel, Piauí, acerca das espécies com usos extrativistas. Entrevistou-se moradores de nove associações (líderes) pertencentes a área, perfazendo 86 indivíduos. Entrevistas semiestruturadas, turnês guiadas e método-participativo foram utilizados para a coleta dos dados. Os entrevistados mencionaram 193 espécies que são utilizadas no extrativismo. Destas, 38 são pertencentes à flora e 155 à fauna, sendo 43 pertencentes às classes moluscos, crustáceos, aves, répteis, mamíferos e 112 a classe dos peixes. Quanto à flora, a carnaúba, (Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore) se destaca pela importância socioeconômico, sendo usada principalmente para confeccionar cofos (cesta utilizada no armazenamento do pescado) e os seus frutos são utilizados em na produção de doces e outros itens alimentícios, além de ser usada na dieta de animais. As sementes são utilizadas na produção de bijuterias. Outras que se destacam por sua importância na alimentação e geração de renda local são: caju (Anacardium occidentale L.), puçá (Mouriri elliptica Mart.), murici (Byrsonima crassifólia (L.) Kunth) e guajiru (Chrysobalanus icaco L.). O mangue-de-botão (Conocarpus erectus L.) é utilizada na confecção de apetrochos de pesca. Em se tratando da fauna, 96% das espécies são mencionadas como alimentícia, os outros 4% somam as categorias medicinal, artesanato e ornamental. Dentre os moluscos tem-se o marisco (Anomalocardia brasiliana Gmelin, 1791) que merece destaque como fonte de alimento, no qual mais de 100 catadoras vivem desse recurso. Dentre os crustáceos, o caranguejo-uçá (Ucides cordatus Linnaeus, 1763) é um prato apreciado pelos turistas, fazendo parte inclusive da identidade da região. Dos peixes, o camurupim (Megalops atlanticus Valenciennes,1847) se destaca, além de ser utilizado na alimentação, suas escamas têm utilidade na confecção de bijuterias. A arraia (Dasyatis guttata (Block & Schneider, 1801) é citada também como medicinal, sendo utilizada (fígado) no tratamento de asma. Os resultados fortalecem a importância de se conservar a biodiversidade e o conhecimento tradicional local das comunidades, além de ser ferramenta de preservação dos recursos, como proposto pela comunidade para ser uma outra unidade de Conservação – reserva extrativista, embora já esteja inserida dentro da Área de Proteção Ambiental (APA). Palavras-chave: Conhecimento tradicional. Flora. Fauna. Sustentabilidade. Extrativismo.

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“DIVERSIDADE OCULTA” DE PLANTAS MEDICINAIS NAS REGIÕES NORTE, CENTRO-OESTE, SUL E SUDESTE DO BRASIL Andressa Dayanne Celestino da SILVA (1)*; Francisca Barros da SILVA (1); Deyvson Rodrigues CAVALCANTI (2)* 1 – Graduandas do curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Alagoas, Palmeira dos Índios – AL. Bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas – FAPEAL 2 – Curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Alagoas, Palmeira dos Índios, AL, Brasil * deyvson@yahoo.com

Investigações etnobotânicas têm sido utilizadas como uma importante ferramenta para subsidiar a seleção de plantas medicinais, por meio do resgate do conhecimento tradicional associado à biodiversidade. A despeito da massiva divulgação e crescente utilização das plantas medicinais, diversos autores têm apontado ressalvas quanto aos riscos associados ao consumo de plantas medicinais oriundas do comércio informal. As principais preocupações dizem respeito à identificação taxonômica segura, uma vez que parte dos materiais vegetais encontra-se descaracterizados ou fragmentados. Estudos recentes realizados em mercados públicos do Nordeste, por Cavalcanti e Albuquerque (2013), evidenciaram a existência de variadas espécies que compartilham uma mesma denominação vernácula. A tal conjunto de espécies os autores denominaram “diversidade oculta”, a qual, para a região Nordeste atingira uma proporção de 2.78 espécies para cada etnoespécie. Assim, no presente trabalho procuramos diagnosticar a referida “diversidade oculta” de plantas medicinais para as regiões Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil. Foram selecionados, em revistas indexadas, 133 trabalhos de levantamentos etnobotânicos, nos quais as espécies correspondentes tenham sido identificadas pelos métodos taxonômicos convencionais. As espécies foram classificadas de acordo com o tipo de correspondência, em: (1) biunívocas, apresentaram correspondência com uma etnoespécie; e (2) subdiferenciadas, apresentam mais de uma espécie correspondente a uma etnoespécie. Os dados encontrados revelaram que para as regiões Norte, Centro-oeste, Sul e Sudeste há, respectivamente, uma proporção de espécies por etnoespécies de: 1.91; 2.01; 2.12; e 2.26 espécies. Para a região Norte, 68 etnoespécies apresentaram correspondência biunívoca e 72 subdiferenciação; para a região Centro-Oeste, 68 etnoespécies apresentaram correspondência biunívoca e 108 delas subdiferenciação; para a região Sul, 35 etnoespécies apresentaram correspondência biunívoca e 63 subdiferenciação; e para a região Sudeste, 64 biunívocas e 123 subdiferenciadas. Tais resultados corroboram os resultados de Cavalcanti e Albuquerque (2013) para as demais regiões do Brasil, como também revelam que a proximidade filogenética e as semelhanças morfológicas podem favorecer a sobreposição destas espécies. Tais resultados indicam a necessidade de garantir um maior rigor metodológico em trabalhos de levantamentos etnobotânicos, como também suscita o debate sobre eventuais riscos sanitários relacionados ao consumo popular, e possibilidades diversas para estudos ecológicos e de biosprospecção. Palavras-chave: Biodiversidade. Levantamentos etnobotânicos. Confiabilidade dos dados etnobotanicos.

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ESSA ILHA É MINHA - CONHECIMENTO TRADICIONAL EM DEFESA DA CRIAÇÃO DE UMA RESERVA EXTRATIVISTA, NA APA DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL Francinalda Maria Rodrigues da ROCHA (1, 2) *; Liliana Oliveira SOUZA (1); Kesley PAIVASILVA; Maria Gracelia Paiva NASCIMENTO (1) 1– Comissão Ilha Ativa - CIA, Rua São José, 192. Ilha Grande – PI 2 – Universidade Federal do Piauí-UFPI. Avenida São Sebastião S/N. Parnaíba - PI * Francinalda.rocha@gmail.com

Desde de 2005 a comunidade residente nos municípios Ilha Grande - PI e Parnaíba - PI, deram passos para proteger a ilha de onde sobrevivem do extrativismo. Solicitaram do Ministério de Meio Ambiente a criação da Reserva Extrativista. Em apoio aos moradores, a CIA realizou estudos com as comunidades tradicionais. Primeiramente aconteram conversas para entender os saberes existentes dentro da área proposta. A metodologia utilizada foi construção do mapa da biodiversidade solicitando que os moradores e usuários citassem os produtos e as áreas de coleta da fauna e flora utilizado como extrativista. Assim, foi produzida a cartilha da biodiversidade da Ilha pelo conhecimento dos comunitários com descrição das sete espécies da fauna e 14 da flora. Nos anos de 2013 a 2015 os moradores receberam mais estudos pelo apoio financeiro do Fundo Brasileiro para Biodiversidade FUNBIO e em parcerias com instituições de pesquisa, executando assessoria a cinco organizações sociais extrativistas; levantamento do extrativismo do pescado e sua importância; valorização do etnoconhecimento local onde aconteceu a síntese entre o conhecimento científico e o tradicional; e a caracterização socioeconômica e ambiental. Nesse sentido, o conhecimento da população esteve presente em todos os momentos contribuindo para o entendimento da área e o empoderamento social do espaço em que vivem interligando com a ciência. Como produtos dessa etapa, a feira da agricultura familiar se destaca, com venda dos produtos do extrativismo, em que os feirantes explicam a coleta e uso dos produtos do extrativismo para os visitantes; levantamento da ictiofauna, com a descrição de nove artes de pesca e levantamento de 83 espécies, 61 comerciais e 22 não comerciais de peixes do mar e no rio; e 193 espécies da flora. Portanto, observa-se que é um desafio possível de integrar o conhecimento científico e tradicional que poderá resultar numa conservação ambientalmente mais eficaz e numa melhoria das condições sociais e econômicas que ajudam a manter o ambiente. Mas, a defesa desse espaço, para criação da Resex dependerá da abertura em prol da conservação desses espaços dos órgãos ambientais e da demanda incisiva da população fundamentada nos estudos técnicos e do etnoconhecimento local. Palavras-chave: Resex. Ictiofauna. Biodiversidade. Etnoconhecimento. Flora.

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O SABER DOS EXTRATIVISTAS SOBRE A SOCIOBIODIVERSIDADE NA ILHA GRANDE DE SANTA ISABEL, APA DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL Kesley PAIVA-SILVA (1) *; Francinalda Maria Rodrigues da ROCHA (1); Nathalya Couto SILVA (1); Matheus Silva OLIVEIRA (1,2); Francinara Araújo dos SANTOS (1) 1– Comissão Ilha Ativa - CIA, Rua São José, 192. Ilha Grande – PI 2 – Universidade Federal do Piauí-UFPI. Avenida São Sebastião S/N. Parnaíba - PI * kesley.bio@gmail.com

Em 2007 iniciou-se o pedido de criação de uma Unidade de Conservação nos municípios de Parnaíba e Ilha Grande-PI, a Reserva Extrativista Cajuí, objetivando maior proteção dos recursos naturais, território e modo de vida da população. Estudos realizados comprovam a importância da região para seus moradores/usuários. Visando contribuir na participação da população no processo de conservação dos bens naturais, o projeto Sociobiodiversidade da Ilha realizou a caracterização socioambiental da área. Este trabalho apresenta os principais problemas socioambientais enfrentados pelas comunidades. O estudo foi realizado junto à 281 famílias com aplicação de roteiro (perguntas abertas e fechadas), no período de maio a agosto de 2014. Aos entrevistados, foram apresentadas opções de alguns problemas socioambientais. Estes poderiam escolher uma ou mais dificuldades ou ainda indicar outros. A categoria de maior representatividade, “Desemprego”, foi citada por 28,46% (n=183) dos informantes. Em seguida, o “Lixo”, correspondeu a 16,33% (n=105) e “Queimadas”, 13,53% (n=87) da amostra. A pesquisa mostrou que ainda existem famílias vivendo em condições de miséria e fome (7,93%; n=51). O “Desmatamento”, correspondeu a 28,46% (n=50) e a poluição dos rios/lagoas, dos quais retiram seu sustento, alcançou 5,75% (n=37). Embora em menor expressão, a caça, representou 1,09% (n=7) e o tráfico de animais 0,31% (n=2). O avanço das dunas correspondeu 4,04% (n=26). Outras dificuldades como: fornecimento irregular de água e energia, carência de postos de saúde e a distância de hospitais das comunidades, totalizou 14,62 % (n=94). Na região não há oferta de emprego e há dificuldade em cidades circunvizinhas devido à falta de qualificação, justificando o alto índice do grupo “Desemprego”. Sobre o lixo, é verificado o descarte de forma irregular em estradas, próximos às lagoas e terrenos baldios; e escassez da coleta de resíduos. As queimadas são provocadas pela produção de carvão e na construção de parques eólicos, resorts e estradas. Os dados mostram a necessidade de melhorar a qualidade de vida dos residentes/usuários da área prevista para implantação da Resex Cajuí, no âmbito social e ambiental. Assim, sugere-se a inserção destes nos processos de gestão participativa, fortalecimento das organizações comunitárias e sensibilização para a preservação dos bens naturais. Palavras-chave: Caracterização socioambiental. Conservação. Resex.

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DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS APARELHOS DE PESCA UTILIZADOS POR PESCADORES ARTESANAIS NO MUNICÍPIO DE ILHA GRANDE DO PIAUÍ-PI Liliana Oliveira SOUZA (1) *; Fabíola Helena dos Santos FOGAÇA (1); Kesley PAIVA-SILVA (1); Vinicius França SOUZA (1,2); Waldemar Justo do Nascimento NETO (1,2) 1 – Comissão Ilha Ativa - CIA, Rua São José, 192. Ilha Grande – PI 2 – Universidade Federal do Piauí-UFPI. Avenida São Sebastião S/N. Parnaíba - PI *lilianabiologa.phb@gmail.com

A pesca artesanal é uma das principais atividades econômicas no litoral do Piauí, apresentando uma variedade de recursos pesqueiros explorados. O Projeto Sociobiodiversidade da Ilha levantou informações sobre a pesca artesanal na região. Este trabalho tem por objetivo descrever as principais artes de pesca utilizadas por pescadores no município de Ilha Grande-PI. Os dados foram obtidos no período de dezembro de 2013 a dezembro de 2014, por meio de conversas informais durante o desembarque pesqueiro e acompanhamentos da atividade in loco. Foram observadas que os principais aparelhos são: rede de emalhe, linha de mão, jequi, espinhel e landuá. Rede de emalhe: extensão de fio em nylon trançados com uma base de boias e outra de chumbos. As bases que sustentam as panagens são cordas com 5 mm de espessura. A abertura da malha varia de acordo com as espécies a serem capturadas. Linha de mão: linha de nylon com numeração variada e comprimento a partir de 150 metros. No final do apetrecho é fixado um anzol e um pedaço de chumbo, garantindo a funcionalidade do aparelho. Os anzóis possuem numeração que varia de 20 ao 1. Jequi: cesto feito de taquaras flexíveis e unidas com três aberturas, onde um possibilita colocar a ração para atrair os camarões e retirá-los quando presos na armadilha. As demais localizam-se nas laterais possibilitando a entrada dos espécimes. Grozeira/espinhel: possuem de 1 a 3 km de comprimento. Podem ser denominados espinhel de fundo ou de superfície. Trata-se de um aparelho composto por um cabo de 5 a 10 mm, chamada linha principal e várias linhas secundárias presas por um grampo. Em cada linha principal é fixado um anzol. O apetrecho pode apresentar acima de 50 anzóis. Landuá: rede em forma de cone com aro de madeira, sem cabo, utilizado para coletar marisco e camarão. A descrição dos apetrechos permitiu o conhecimento de diversas modalidades de pesca na região e a identificação das principais espécies exploradas comercialmente. A pesca na área configura-se como importante atividade para as comunidades, visto que retiram seu sustento da pesca no mar e lagoas, onde esse conhecimento tradicional é repassado às gerações. Palavras-chave: Artes de pesca. Atividade econômica. Piauí.

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O RESGASTE DE SEMENTES CRIOULAS EM COMUNIDADES TRADICIONAIS DO ESTADO DO MARANHÃO Vivian do Carmo LOCH (1)*; Georgiana Eurides de Carvalho MARQUES (2); Caroline SENA (3); Ariadne Enes ROCHA (4); Emerson Lucas Tomaz da SILVA (2) 1 – Núcleo de Estudos em Agroecologia, São Luís – MA 2 – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, São Luís – MA 3 – Associação Agroecológica Tijupá, São Luís - MA 4 – Universidade Estadual do Maranhão, São Luís – MA * vivian.loch@hotmail.com

O uso abusivo de recursos naturais em conjunto com a massificação da agricultura convencional resultou, ao longo dos anos, em erosão genética e diminuição de recursos naturais. Nesse sentido, a busca por métodos de produção mais sustentáveis tem sido priorizada a fim de diminuir ou estagnar tais impactos. Assim, surge o resgaste do uso de sementes crioulas, ou seja, sementes adaptadas às condições locais, melhoradas ao longo de gerações pelas comunidades tradicionais, que são fundamentais para a soberania da agricultura familiar. Logo, esta pesquisa buscou identificar e caracterizar variedades de sementes crioulas em comunidades tradicionais do Território da Cidadania do Baixo Munim (MA). Foram selecionados 42 grupos familiares, divididos em 17 comunidades tradicionais localizadas nos municípios de Morros, Cachoeira Grande e Rosário. Através de aplicação de questionários semiestruturados, turnês guiadas e coletas nos cultivos levantaram-se as etnovariedades de sementes locais cultivadas, bem como as principais características morfológicas e de produção, segundo os próprios agricultores. Ao final, foram identificadas 16 variedades de arroz (Oryza sativa), 41 de mandioca e 7 de macaxeira (Manihot esculenta), 9 de milho (Zea mays), 8 de feijão (Vignia sp), 6 de melancia (Citrullus lanatus), 9 de inhame (Dioscorea sp.), 4 de maxixe (Cucumis anguria L), 4 de quiabo (Abelmoschus esculentus), 4 de abóbora (Cucurbita sp.), sendo caracterizadas como as principais culturais alimentícias locais. Observou-se que apesar da facilidade de acesso a sementes melhoradas no mercado, ainda existe um grande banco de sementes crioulas na região, que possibilita a manutenção da agrobiodiversidade local. Além disso, o conhecimento tradicional associado a cada variedade (saberes relacionados a desenvolvimento vegetativo, rendimento, características morfológicas e fisiológicas) apresenta-se como uma riqueza cultural de grande valia para o desenvolvimento de futuras pesquisas associadas a este conhecimento. O despertar da importância do resgate e conservação destes recursos se reflete na soberania e a segurança alimentar do campo, amenizando o processo de erosão genética, e, consequentemente, trazendo benefícios para o desenvolvimento de uma agricultura pautada na sustentabilidade. Palavras-chave: Agrobiodiversidade. Agroecologia. Sementes Crioulas. Soberania alimentar.

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A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO MEIO PARA A PRÁTICA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM DUAS ESCOLAS RURAIS NO MUNICIPIO DE PIRAMBÚ/SE Natali Oliveira Santos ECKERT (1)*; Lumara Souza Alves BONFIM (2); Ruany Tacielly Santos SANTANA (2) Me. Felipe Alan Souza SANTOS (3), Drª Andressa Sales COELHO (4) 1 – Mestranda em Saúde e Ambiente – UNIT 2 - Licenciatura em Ciências Biológicas – UNIT 3 - Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFS 4 - Laboratório de Biologia Tropical - Instituto de Tecnologia e Pesquisa, Universidade Tiradentes * natalieckert_mma@hotmail.com

A escola necessita possibilitar atividades didático-pedagógicas que almeje contribuir para aproximar a realidade dos alunos ao seu espaço de vivência. Uma atividade inovadora e o estudo do meio, que permite através da interdisciplinaridade uma aproximação com o meio ambiente e efetiva a formação de um olhar crítico e investigador das questões socioambientais. Essa metodologia de ensino unida com a essência da fenomenologia permite uma aproximação dos conteúdos que estão nos livros com o espaço real vivido e entendido pelo aluno. O presente trabalho objetivou analisar as contribuições do estudo do meio para a prática de educação ambiental com alunos do 5º ano de duas escolas municipais: Escola Municipal Laudelina Moura Ferreira, povoado Aguilhadas e Escola Municipal Ester Ribeiro Dantas, povoado Lagoa Redonda, ambas localizadas na zona rural do município em Pirambu/SE, área de entorno da Reserva Biológica de Santa Isabel. O método usado na pesquisa foi a fenomenologia que é um caminho da crítica do conhecimento universal das essências, compreender essa essência e debruçar sobre o conhecimento do indivíduo sobre o seu espaço vivido, é compreender o seu saber subjetivo sobre algo ou alguma coisa. Para interpretar a essências dos conhecimentos dos alunos a metodologia adaptada na pesquisa partiu de uma aula de campo, onde foi feita uma trilha com três paradas aleatórias na área conhecida como Lagoa Redonda dentro da área da Rebio. Em tais paradas foram discutidos a importância dos recursos hídricos e seu estado de degradação, a questão do lixo presente no local e a importância das dunas, da vegetação de restinga, de um sítio arqueológico recentemente encontrado na Rebio e da fauna e flora local. Os discursos revelados pelos alunos foram organizados e categorizados pelos pesquisadores, almejando compreender a essência subjetiva do conhecimento dos discentes sobre a visita de campo. O resultado encontrado nesta pesquisa efetiva o entendimento de que quando o processo de ensino quebra as barreiras da sala de aula e permite o florescer de um novo diálogo entre indivíduo, sociedade, ambiente e mundo, resulta na simetria do exercício da cidadania. Parcelas expressivas dos alunos trouxeram para o estudo análises fundamentais sobre distribuição, cadeia alimentar e importância de espécie para a dinâmica ambiental na reserva, outro resultando pertinente foram as interelações construídas pelos discentes a respeito das ações antrópicas e a degradação ambiental na área, nota-se a importância da visita de campo para interligar o conteúdo estudado e os saberes dos alunos. Palavras-chave: Escola. Meio ambiente. Trilha.

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TECENDO SABERES NO ESPAÇO DA PESCA ARTESANAL EM NOSSA SENHORA DO SOCORRO/SE Eline Almeida SANTOS (1)*; Rosemeri Melo e SOUZA (2) 1 – Programa de Pós Graduação em Geografia, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 2 – Departamento de Engenharia Ambiental e Programa de Pós Graduação em Geografia. Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE * elinegeo@hotmail.com

Discute-se neste estudo o saber emanado na relação dos pescadores artesanais com o ambiente estuarino, enfatizando as tramas tecidas na estruturação da atividade pesqueira e na ligação com o sobrenatural, expressada nos mitos e nas crenças transmitidas de geração em geração. O caminho percorrido foi desenhado a partir do método fenomenológico, o que possibilitou a leitura do espaço geográfico enquanto espaço das experiências vividas. Os procedimentos metodológicos utilizados englobaram levantamento bibliográfico e pesquisa de campo (observação, registro fotográfico e aplicação de entrevistas) sublinhando os processos inerentes aos saberes dos indivíduos envoltos na pesca. Em Nossa Senhora do Socorro/SE, área de estudo, os homens e as mulheres da pesca organizam sua vida profissional e social em função do subir e descer das águas. A jornada de trabalho diária é delineada através da dinâmica do ambiente, do fluxo da maré cheia e seca que determina as estratégias utilizadas e o trajeto a ser percorrido para o trabalho nos pontos de pesca. É no convívio com o grupo e/ou acompanhando os pais quando criança ao rio/mangue, vendo como os outros executam as atividades, imitando-os que os indivíduos que desenvolvem a atividade pesqueira constroem o etnoconhecimento na comunidade analisada. Logo, o etnoconhecimento apresenta-se como um instrumento de grande relevância para a compreensão do quadro geral da pesca, das transformações no ambiente pesqueiro e do convívio das comunidades com a biodiversidade. O estudo do etnoconhecimento dessas comunidades pode ser utilizado como base para a avaliação das potencialidades dos ecossistemas e o estabelecimento de ferramentas que propiciem a manutenção da diversidade local, bem como para a participação democrática dos pescadores nos planos de gestão institucionais. Palavras-chave: Etnoconhecimento. Pescadores artesanais. Ambiente. Cultura.

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EFEITO ANTITUMORAL DO EXTRATO AQUOSO DA Punica granatum Linn EM MODELO MURINO Juliana Campos PINHEIRO*(1) Talita Santos BASTOS (1); Marismar Fernandes do NASCIMENTO (1); Grace Anne Azevedo DÓRIA (2); Ricardo Luiz Cavalcanti de ALBUQUERQUE-JÚNIOR (1) 1 – Núcleo de Pesquisa e Pós-Graduação em Saúde e Ambiente, Universidade Tiradentes, Aracaju-SE. 2 – Departamento de Fisiologia, Universidade Federal de Sergipe, Aracaju-SE * julianapinheiroodonto92@gmail.com

Devido aos muitos efeitos colaterais induzidos por agentes quimioterápicos atualmente utilizados no tratamento anticâncer, diversas pesquisas envolvendo produtos naturais tem sido realizada buscando terapias alternativas adjuvantes. Tem sido demonstrado que extratos de Punica granatum Linn apresentam atividade antitumoral. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da administração do extrato aquoso da casca de Punica granatum Linn (EAPG) no crescimento de Sarcoma 180 em modelo murino. Para tanto, o EAPG foi analisado por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) para identificação de seus compostos químicos majoritários. No ensaio biológico, células de S-180 foram implantadas em 60 camundongos distribuídos em 05 grupos (n=12, cada), tratados com solução salina, 5-fluorouracil (5-FU) e EAPG nas doses de 10, 25 e 50 mg/kg. Após sete dias, os animais foram eutanasiados e os tumores e órgãos internos (fígado, rins e baço) foram pesados e analisados em microscópio de luz. Hemogramas e os indicadores bioquímicos da função renal e hepática também foram avaliados. A análise estatística dos dados foi realizada utilizando análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey (p <0,05). Elagitaninos, tais como o ácido gálico (32,24 mgg) e ácido elágico (41,67 mg/g) foram identificados em EAPG. Apenas 5-FU promoveu redução da massa corpórea dos animais (p <0,05). Todos os tratamentos (5-FU e EAPG) promoveram redução significativa da massa tumoral em comparação com solução salina (p <0,001), enquanto o índice de inibição do crescimento de EAPG 10 e 50 mg/kg foi estatisticamente comparável ao do 5-FU (p> 0,05). A percentagem de células apoptóticas mostrou-se significativamente aumentada em 5-Fu (p <0,01) e grupos tratados com EAPG (p <0,01), mas não foi observada nenhuma diferença significativa entre o 5-FU e as três doses de EAPG. 5-FU induziu efeitos tóxicos, tais como atrofia do baço e leucopenia, mas estes efeitos não foram observados nos grupos tratados com EAPG. Esses dados fornecem evidências de que os efeitos antitumorais exercidos pelo EAPG são comparáveis àqueles induzidos por 5-FU em modelo murino, provavelmente como resultado de índices apoptóticos mais elevados, mas sem os efeitos colaterais apresentados por 5-FU. Palavras-chave: Sarcoma 180. Câncer. Produtos naturais.

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JOGOS LÚDICOS NO AUXÍLIO À PREVENÇÃO DAS PARASITOSES INTESTINAIS EM UMA COMUNIDADE INDÍGENA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO Deyvison Rhuan Vasco dos SANTOS (1)*; Roseanny Morais de SOUZA (1); Thayse Macedo dos SANTOS-LIMA (1); Breno Vieira da SILVA (1); Erika dos Santos NUNES (1) 1 – Universidade do Estado da Bahia * deyvison.biouneb@gmail.com

Inquéritos epidemiológicos conduzidos em comunidades indígenas têm revelado uma alta prevalência de helmintos e protozoários intestinais, configurando as parasitoses como um grave problema de saúde pública entre estas populações. O saneamento básico, o abastecimento de água inadequado, a ausência de coleta de lixo, bem como os hábitos de higiene e alimentares, constituem os principais fatores de contaminação. Estes têm favorecido a transmissão e reinfecção das verminoses principalmente em crianças, resultando em diversas consequências, como a subnutrição, responsável por uma alta taxa de mortalidade. Entre as diversas formas de combate às parasitoses, a utilização de jogos lúdicos caracteriza-se como uma importante ferramenta de prevenção, pois é um elemento pedagógico de alto valor educacional, que torna a assimilação dos conteúdos mais eficiente e estimula a difusão do conhecimento. Visando contribuir para uma melhor qualidade de vida dos sujeitos desta pesquisa, este estudo teve como objetivo elaborar recursos lúdicos que mobilizassem os estudantes da Escola Estadual Indígena Santa Rita de Cássia na aldeia Kantaruré-Batida a desenvolver cuidados preventivos contra os parasitas intestinais. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Estado da Bahia, sob o CAAE 111009812.0.0000.0057. Os jogos foram elaborados com base no ciclo de vida dos principais helmintos e protozoários intestinais, bem como foi analisado os hábitos dos alunos para aproximar o conteúdo dos jogos à realidade local. Como resultado, foram criados três jogos: Um tabuleiro, quebra-cabeças e um jogo da memória, intitulados respectivamente como: Caminhos da prevenção; Qual é o ciclo?; e Atentos à prevenção. Dentre a variedade de jogos, as modalidades supracitadas foram escolhidas por haver uma literatura consolidada corroborando a eficácia destas. Os recursos elaborados possuem informações sobre a morfologia, formas de transmissão, habitat e patogenia dos parasitas, medidas preventivas, assim como interagem com a realidade da comunidade, por tratar de diferentes formas de contaminação observadas em campo e praticadas pelas crianças, como o hábito de não lavar os alimentos, andar descalço e roer unhas, entre outros descuidos profiláticos que foram inclusos e enfatizados nos jogos para estimular o desenvolvimento crucial de ações preventivas entre os estudantes da aldeia Kantaruré-Batida. Palavras-chave: Comunidade tradicional. Ludicidade. Parasitologia humana.

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A PERCEPÇÃO DOS (AS) AGRICULTORES (AS) SOBRE OS INSETOS DA FAMÍLIA CHRYSOPIDAE EM JATOBÁ – PE Alan Pedro de ARAÚJO (1)*; Deyvison Rhuan Vasco dos SANTOS (1); Eliane Maria de Souza NOGUEIRA (1) 1 – Universidade do Estado da Bahia * alannpdro@gmail.com

Ao longo da história evolutiva dos seres vivos tem se observado complexas relações dos seres humanos com os insetos, sobre os aspectos culturais, ecológicos e biológicos. O conhecimento sobre a interação, percepção e vivência com povos, comunidades e populações tradicionais com esse grupo dar-se por meio da etnoentomologia, que faz parte das etnociências. Dada a escassez de trabalhos na área, especialmente com a ordem Neuroptera, este estudo objetivou analisar os saberes de uma comunidade rural de Jatobá, semiárido pernambucano, sobre a família Chrysopidae (ordem Neuroptera). O estudo foi conduzido durante o mês de agosto de 2014 com 30 agricultores do Sítio Bem-Querer da cidade de Jatobá – PE, que foram convidados a assinar um TCL caso aceitassem contribuir com a pesquisa através de uma entrevista semiestruturada norteada pelas questões: 1) Você conhece esse bicho? 2) Como você o chama? 3) Onde o vê com frequência? 4) Ele possui alguma importância para a natureza? As perguntas eram feitas e um espécime era mostrado aos agricultores. Com as respostas, pôde-se verificar que a maioria dos agricultores (80%), independente do sexo, dizia saber qual era o inseto mostrado a eles. Nomes como borboleta (17%), mosquito (13%), formiga-de-asa (10%), esperança (10%) e grilo (7%) foram os mais citados, entretanto todos pertencentes a ordens que não enquadram os neurópteros. Apesar da maioria dos entrevistados dizer saber o nome do animal mostrado a eles durante a entrevista, 67% dos homens e 47% das mulheres afirmaram nunca ter visto o inseto; entre os que viram, os homens dizem ter visto o inseto apenas na natureza (20%) e em plantações (13%), enquanto que as mulheres (27%) também viam dentro de casa. Dados preocupantes foram constatados, como o fato de 13% dos agricultores considerarem os crisopídeos como pragas prejudiciais às plantações. O estudo termina concluindo que os adultos da ordem Neuroptera não possuem um nome vernáculo exclusivo, como também mostra que, para os agricultares da comunidade do Sítio Bem-Querer, os Neuroptera não apresentam nenhuma utilidade ou só trazem prejuízo para a plantação. Assim, sugere-se aos órgãos ligados à economia do campo, trabalhos educativos sobre a importância dos crisopídeos no controle biológico de pragas. Palavras-chave: Etnozoologia. Etnotaxonomia. Neuroptera.

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CRIAÇÃO DE UMA BASE DE DADOS BIOLÓGICA DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR COMUNIDADES TRADICIONAIS DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL Dyego Henrique Ferro SILVA (1)* 1 – Graduando do curso de Ciências Biológicas. Universidade Estadual de Alagoas, Palmeira dos Índios – AL.; Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq * dyego_ferro@hotmail.com

A etnobotânica desempenha papel fundamental na identificação de plantas para uso medicinal. O conhecimento popular encontrado nas comunidades locais e grupos étnicos tem sido catalogado com vistas à identificação de espécies vegetais com propriedades terapêuticas. Este trabalho propôs a criação de uma base de dados biológica de plantas medicinais utilizadas pelas comunidades tradicionais da região Nordeste do Brasil, com objetivo de subsidiar pesquisas ulteriores e também servir como fonte de informação para o público em geral. Para elaboração da base de dados foram selecionadas inicialmente 128 espécies de plantas medicinais relacionadas em levantamentos etnobotânicos para a região, para os quais fora realizado uma ampla pesquisa bibliográfica, levando em consideração, por critério de atualização, trabalhos com publicação dos dois últimos anos no Portal Periódicos da CAPES, por meio da ferramenta de busca avançada, através da qual foram localizados trabalhos relacionados a cada espécie, utilizando o nome da espécie correspondente como palavra-chave. Os trabalhos pesquisados foram catalogados e agrupados em planilha eletrônica, onde foram listadas as etnoespécies, famílias, nome científico das espécies, título do artigo, informações dos autores e resumo. Como resultados, foram encontrados 2.231 trabalhos relacionados ou que simplesmente citavam uma das 128 espécies de plantas medicinais inventariadas. Após análise das informações obtidas, os trabalhos foram submetidos ao processo de triagem, sendo selecionados somente àqueles que apontavam indicações terapêuticas para as espécies consultadas. Assim, foi verificada a existência de 98 trabalhos que descreviam uso terapêutico para 38 (29,7%) espécies de plantas medicinais. Para 90 das 128 espécies ora pesquisadas não foram encontrados trabalhos com atualização para estudos fitoquímicos e farmacológicos das espécies. Os resultados evidenciam uma carência de estudos fitoquímicos e farmacológicos para a maioria das espécies de plantas medicinais pesquisadas, e consequentemente uma grande necessidade por pesquisas nestas áreas, uma vez que se apresentam como atividades bastante promissoras do ponto de vista da terapêutica popular e medicinal. Palavras-chave: Etnobotânica. Espécies vegetais. Uso medicinal. Triagem.

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INSETICIDAS BOTÂNICOS COMO MÉTODO NO CONTROLE ALTERNATIVO DE PRAGAS AGRÍCOLAS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO Josefa Dayane Silva dos SANTOS (1); Dyego Henrique Ferro SILVA (1); Deyvson Rodrigues CAVALCANTI (2)* 1 – Graduandos do Curso de Ciências Biológicas da Universidade estadual de Alagoas- UNEAL; Campus Palmeira dos Índios 2 – Professor Adjunto da Universidade Estadual de Alagoas * deyvson@yahoo.com

O interesse por práticas relacionadas ao controle alternativo de pragas em sistemas agrícolas vem aumentando significativamente. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o uso de plantas com potencial inseticida em pragas que acometem importantes culturas alimentares do semiárido brasileiro, a saber: feijão, milho e mandioca. Para tanto, fora realizado um amplo levantamento bibliográfico a partir da busca de artigos acadêmicos, monografias, dissertações e teses relacionados ao controle alternativo de pragas nas referidas culturas. O levantamento bibliográfico foi realizado nas seguintes bases de dados: Google Acadêmico, Scielo (Scientific Electronic Library Online), Periódicos da CAPES (Coordenação de aperfeiçoamento pessoal de Nível Superior) e BDTD (Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações), utilizando, de forma alternada e combinada, as seguintes palavras-chave: milho; feijão; mandioca; controle alternativo; insetos-praga; inseticida botânico. O critério para seleção dos trabalhos levantados foi a avaliação do potencial inseticida de plantas, em qualquer foma de aplicação, sobre pragas que acometem as culturas pesquisadas. A realização do levantamento bibliográfico ocorreu entre o período de Abril à Dezembro de 2014. Foram encontrados 61 trabalhos em todos os onze estados pertecentes ao semiárido brasileiro, sendo catalogadas 93 espécies vegetais, de 33 famílias botânicas, testadas em 17 pragas de importância agrícola em todas as culturas (feijão/milho/mandioca), com destaque para as seguintes pragas, em ordem de importância: Callosobruchus maculatus (caruncho-do-feijão), Zabrotes subfasciatus (Caruncho-do-feijão) Aphis craccivora (pulgão-preto-do-feijoeiro), Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho-do-milho), Sitophilus zeamais (Caruncho-do-milho), Mononychellus tanajoa (ácaro-verde-da-mandioca). As espécies vegetais utilizadas, que sobressaíram apresentando maior frequencia e eficácia na utilização, foram: Azadirachta indica, Chenopodium ambrosioides, Glycine max, Momordica charantia, Piper tuberculatum, Piper nigrum, Syzigium aromaticum, Zea mays, em diversas formas de composição e aplicação.O uso de inseticidas botânicos constitui um método alternativo bastante utilizado e promissor para o manejo se insetos-praga, apresentando várias vantagens em relação aos inseticidas sintéticos. É um material de baixo custo, fácil acesso e manipulação, geralmente não tóxicos aos humanos, com efeito específico contra a praga-alvo, podendo ser utilizados para diminuir custos nas pequenas produções rurais, melhorando também a qualidade dos alimentos e a saúde do trabalhador e consumidor. Palavras-chave: Inseticidas naturais. Insetos-praga. Cultivos alimentares.

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ITENS ALIMENTARES DO MERO (Epinephelus itajara), SEGUNDO O CONHECIMENTO ECOLÓGICO DE PESCADORES ARTESANAIS NA APA DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL Waldemar Justo do Nascimento NETO (1,2) *; Elane Marques RODRIGUES (1,2); Liliana Oliveira SOUZA (1); Kesley PAIVA-SILVA (1); Francinalda Maria Rodrigues da ROCHA (1) 1– Comissão Ilha Ativa - CIA, Rua São José, 192. Ilha Grande – PI 2 – Universidade Federal do Piauí-UFPI. Avenida São Sebastião S/N. Parnaíba - PI * w.neto@hotmail.com

O litoral do Piauí está inserido na Unidade de Conservação APA Delta do Parnaíba e possui 66 km faixa litorânea, abrigando espécies ameaçadas de extinção, como o peixe-boi, cavalomarinho, tartarugas marinhas e mero. Na região, o projeto Senhor das Pedras vem levantando os primeiros dados sobre o mero (Epinephelus itajara), um peixe marinho criticamente ameaçado de extinção. Este trabalho apresenta hábitos alimentares do Gigante dos Mares, segundo o conhecimento ecológico de pescadores artesanais do litoral do Piauí. Os dados foram obtidos por meio de pesquisa direta, realizada no período de outubro de 2013 a janeiro de 2014, com aplicação de roteiros (perguntas abertas e fechadas), com a participação de 25 pescadores dos municípios de Ilha Grande e Parnaíba-PI (comunidade Pedra do Sal). A amostragem deu-se de forma não-aleatória intencional, uma vez que os entrevistados foram pré-definidos, considerando especialistas no assunto, utilizando o método bola-de-neve. Em relação aos hábitos alimentares do mero (E. itajara), 19 itens foram mencionados, sendo peixes, crustáceos, moluscos, quelônios marinhos e elasmobrânquios. Segundo os informantes, o mero possui uma dieta variada, embora tenha preferência por organismos menores. O item de maior representatividade foi o ariacó, correspondendo a 15% (n=8) das respostas. O bagre e moreia, aparecem como itens preferencias quando relacionado ao grupo dos peixes, sendo indicado por 9,26% (n=5), cada item. Em seguida, o coró branco (7,41%; 4), tibiro 5,56 (n=3) e pescada, com 3,7% (n= 2). Os peixes carapitanga, dentão, bonito e espada, somaram 9,25% (n=5) da amostra. Dos crustáceos citados, o siri foi mencionado por 11,11% (n=6) dos informantes, seguido do camarão e lagosta representando 5,56% (n=3) cada um. O único molusco indicado, a lula, obteve 5,56% (n=3) das respostas. Entre os elasmobrânquios, foi citada a raia, 7,41% (n=4) e tubarão juvenil, com 7% (n=1). Além destes grupos, os quelônios marinhos na fase neonato ou juvenil, sendo mencionado por 1,85% (n=1) dos informantes. O conhecimento repassado por pescadores artesanais do litoral do Piauí corrobora com as informações da literatura. Devido ao tamanho e preferência alimentar, o mero provavelmente exerce influência sobre a população de invertebrados e pequenos peixes que vivem em seu território. Palavras-chave: Conservação. Mero. Pescadores. Piauí.

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DIVERSIDADE DE AVES DA CAATINGA COMERCIALIZADAS NA FEIRA LIVRE DE DELMIRO GOUVEIA, ALAGOAS, BRASIL José Clemensou dos REIS JÚNIOR (1)*; Mayke da Silva SANTOS (1); Raila Soares ALVES (1) 1 – Departamento de Eduacação, Universidade Estadual da Bahia, Paulo Afonso - BA *e-mail: clemensou@gmail.com

O tráfico de animais gera em todo o mundo cerca de 10 bilhões de dólares ao ano. Grande parte da fauna comercializada é oriunda de florestas tropicais. O Brasil tem anualmente retirado de suas matas e florestas de 12 a 38 milhões de animais silvestres. Segundo o IBAMA, 80% dos animais traficados no Brasil são aves, fator relacionado à sua rica biodiversidade, beleza, canto e ampla distribuição geográfica. O comércio ilegal de aves continua sendo um problema extremamente sério devido à alta demanda de pássaros de gaiola, levando à extinção algumas de nossas 1901 espécies. A Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, possui 510 espécies de aves distribuídas em 62 famílias com vários casos de endemismo. Na região Nordeste o hábito de criar pássaros em gaiolas é cultural, podendo ser uma atividade como meio de sobrevivência alternativo ou apenas uma fonte de lazer. A partir de tais fatos notou-se a importância de realizar tal trabalho com objetivo de relatar a diversidade de espécies silvestres da Caatinga comercializadas e seu valor comercial na feira livre do município de Delmiro Gouveia-AL, por meio de visitas semanais à feira livre, no período de Janeiro à Maio de 2015. A partir das visitas realizadas, foi possível identificar 35 espécies, pertencentes a 24 gêneros, nove famílias e três ordens. Dentre as espécies, três são endêmicas da Caatinga: o Galo de Campina (Paroaria dominicana), o Golinho (Sporophila albogularis) e o Periquito-do-nordeste (Eupsittula cactorum). Os valores cobrados pelas aves variaram entre os pássaros selvagens, com preços de R$2,00 a R$50,00 e pássaros “cantadores” de R$30,00 a R$500,00. A ordem Passeriforme é a mais representativa em número de famílias e espécies comercializadas, destacando-se a família Trhaupidae com 17 espécies e 10 gêneros. O gênero Sporophila foi o maior representativo com seis espécies. As espécies mais comercializadas foram em primeiro lugar o Galo-de-campina (P. dominicana), seguido pelo Golinho (S. albogularis) e por fim o Azulão (Cyanoloxia brissonii). Os resultados obtidos contribuem para uma maior divulgação do comércio ilegal que acontece impunemente no município amostrado. Desta forma, ações políticas que criem alternativas econômicas e promovam a conscientização são necessárias para a implantação de práticas conservacionistas. Palavras-chave: Aves. Tráfico de Animais. Caatinga. Endemismo.

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CARACTERES DA CASCA COMO VALOR DIAGNÓSTICO: PERCEPÇÃO E RECURSO DE IDENTIFICAÇÃO PARA PLANTAS MEDICINAIS Larissa Maria Barreto de Medeiros TRIGUEIROS(1)*; Carmen MARANGONI(1); Raquel Silva BARBOSA(1); Laise de Holanda Cavalcanti ANDRADE(2) 1 – Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Pernambuco, Recife 2 – Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco, Recife * trigueiros.larissa@gmail.com

A morfologia fornece caracteres de valor diagnóstico para a identificação de espécies, que podem ser utilizados por comunidades locais, para diferenciar as plantas úteis, especialmente as medicinais. Este trabalho objetivou averiguar quais os caracteres morfológicos que são percebidos e identificados como marcantes para o reconhecimento da aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão), angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan), jatobá (Hymenaea courbaril L.) e quixaba (Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult.) T.D.Penn.). As quatro espécies ocorrem com frequência na Caatinga e são amplamente utilizadas como medicinais. Foram realizadas 22 entrevistas semiestruturadas em comunidades de três municípios pernambucanos (Caruaru, Belo Jardim e Serra Talhada) selecionadas pela técnica bola de neve. As plantas foram coletadas durante turnês guiadas visando sua identificação botânica. O grupo de entrevistados não difere em relação ao gênero, possui uma faixa etária alta e baixa escolaridade e foi tomado como representativo de comunidades que habitam o agreste e o sertão. As plantas estudadas apresentam características bem diferenciadas das suas cascas, tais como coloração, aspereza, rugosidade e presença ou não de espinhos, tornando fácil o seu reconhecimento pela população local. Os caracteres morfológicos e organolépticos da casca são de fácil percepção, sendo os mais utilizados para essas quatro espécies. Palavras-chave: Etnobotânica. Caatinga. Morfologia. Etnotaxonomia.

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PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS SOBRE A MANGABA (Hancornia speciosa Gomes) Daniela Silva CRUZ (1)*; Bruno Antônio Lemos de FREITAS (2); Débora Moreira de OLIVEIRA (3); Laura Jane GOMES (4) 1 – Estudante de Engenharia Florestal Bacharelado, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 2 – Engenheiro Florestal, Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Biodiversidade GENAPLANT-UFS 3 – Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente, PRODEMA-UFS 4 – Professora do Departamento de Ciências Florestais da UFS * dani.florestaufs@gmail.com

Nativa do Brasil a mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) ocorre do Nordeste até os Cerrados das regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste. O fruto é coletado de forma extrativista e é apreciado tanto in natura quanto na forma de polpas, doces, geleias, a madeira pode ser extraída para lenha, as raízes, cascas e o látex para fins medicinais. Objetivou-se analisar as publicações acadêmicas sobre a mangabeira disponíveis na plataforma de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), utilizando-se os princípios da bibliometria. Para tanto, foram buscadas as palavras-chave: “mangaba”, ‘mangabeira” e “Hancornia speciosa Gomes”. Foram excluídos artigos que não estavam relacionados à espécie, bem como as repetições, resultando em 109 publicações, que foram classificadas de acordo com o ano, o tipo, o periódico e as áreas de conhecimento estabelecidas pela CAPES. A primeira publicação data de 1990 onde mostra uma lista de espécies de uso medicinal no estado de Minas Gerais, e a maior concentração no ano de 2009, com 17 publicações. Foram encontrados 99 artigos, três dissertações, cinco resumos expandidos e dois artigos em jornais. Destacaram-se pela concentração de publicações: Revista Brasileira de Fruticultura 12 (11,01%), Pesquisa Agropecuária Brasileira 7 (6,42%), Ciência e Agrotecnologia 6 (5,50%), Journal of Ethonpharmacology e Ciência Rural com 5 (4,58%). Após enquadramento, 35,8% pertence às Ciências Biológicas, 22% às Ciências de Alimentos, 20,2% às Ciências Agrárias, 8,3% às Ciências Sociais Aplicadas, 9,2% às Ciências da Saúde e 4,6% à Química. Dos idiomas o português obteve 56 (51,37%), inglês com 52 (47,71%) e uma publicação em espanhol (0,92%). As pesquisas concentraram estudos sobre genética, produção de mudas, Química, física, físico-química, bioquímica dos alimentos e matérias-primas alimentares, farmacognosia e multidisciplinaridade. Apenas as regiões de 90 publicações foram contabilizadas, pois alguns estão indisponíveis para leitura grátis completa. O Nordeste com 43 (47,8%) das publicações, destacando Sergipe 21 (23,3%), o Centro-Oeste com 29 (32,2%), Goiás obteve 11 (12,2%), o Sudeste e o Norte 9 (10%). Constatou-se poucos estudos de aspectos socioeconômicos, ecológicos e culturais indicando necessidade de mais estudos sob esses enfoques, sabendo que espécies nativas de base extrativistas são essenciais para subsidiar estratégias para conservação. Palavras-chave: Biodiversidade. Bibliometria. Mangabeira. Publicação científica.

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PREFERÊNCIA DO USO DE PLANTAS FORRAGEIRAS DA CAATINGA POR PECUARISTAS DO ASSENTAMENTO DOM HÉLDER CÂMARA, EM GIRAU DO PONCIANO, ALAGOAS Roberta de Almeida CAETANO (1)*; Isis silva MARQUES (1); Henrique Costa Hermenegildo da SILVA (2) 1 – Licencianda em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Alagoas–UFAL, Campus de Arapiraca 2 – Professor Adjunto da UFAL– Campus de Arapiraca *e-mail: robertacaetano1991@gmail.com

O uso de plantas nativas na alimentação animal é uma das formas de utilização dos recursos vegetais na Caatinga pela população local. O presente trabalho teve como objetivos avaliar a preferência da população local por plantas para alimentação animal, identificar os locais de forrageamento desses animais na vegetação e conhecer a estrutura da pastagem no Assentamento Dom Hélder Câmara, município de Girau do Ponciano- AL. Para tanto, selecionaram-se sete informantes por escolha intencional, listados a partir de um estudo etnobotânico prévio. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas para avaliar suas preferências quanto às plantas forrageiras oferecidas aos seus animais e sobre os locais de forrageamento dos mesmos. Para a identificação dos locais de pastagem realizou-se uma turnê guiada. A avaliação dos critérios de seleção dessas plantas pelos especialistas se deu por meio do Índice de Significado Cultural de Plantas Forrageiras (ISCPF), o qual apresenta diversas variáveis ecológicas, zootécnicas e geográficas. Para avaliação estrutural das plantas na pastagem nativa indicada pelos pecuaristas foram instaladas 30 parcelas de 1m². Os parâmetros fitossociológicos de frequência, densidade e abundância foram calculados para a caracterização estrutural da comunidade de plantas. Os maiores valores de ISCPF foram: Portulaca oleraceae L. (12995288,09), capim nativo* (26277,6), Cereus jamacaru D.C (21718,8) e Manihot glaziovii Muell. Arg. (12533,95349). A denominação de capim nativo* foi atribuída pelos pecuaristas às espécies pertencentes aos gêneros Chloris, Eragrostis e Dactyloctenium. Na amostragem da pastagem foram encontradas 28 espécies divididas em 10 famílias, sendo as mais representativas: Fabaceae, Poaceae e Euphorbiaceae. Com a quantificação das espécies, observou-se que Eragrostis ciliares L. apresentou maior densidade (1118 indivíduos), frequência de 76,6% e abundância de 48,6. Porém Sida spinosa L. (806 indivíduos) apresentou frequência de 100% e abundância de 26,8. Verificouse que a vegetação local é uma grande pastagem para os animais e que os principais critérios para a seleção de forrageiras pelos pecuaristas são múltipla utilidade, versatilidade animal, frequência do seu uso, sua abundância, o múltiplo uso das suas partes e a agregação de diversos outros critérios juntos. Constatou-se que a Caatinga constitui, durante o ano inteiro, o principal recurso de alimentação e manutenção dos animais criados pelos pecuaristas. Palavras-chave: Seleção de plantas. Alimentação animal. Fitossociologia.

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ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DE PLANTAS MEDICINAIS COM EFEITO GASTROPROTETOR EM COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE AREIA BRANCA/SE Ana Marta Libório de JESUS (1)*; Josemar Sena BATISTA (2); Laura Jane GOMES (3) 1 –Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 2 – Departamento de Fisiologia, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 3 – Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE * ana.liborio@hotmail.com

A úlcera péptica é um problema de saúde crônico de grande magnitude social, que resulta de um desequilíbrio entre os fatores de proteção e os fatores lesivos presentes na mucosa do trato gastroduodenal. Com o advento da endoscopia e a descoberta da bactéria Helicobacter pylori, nas últimas décadas, o seu tratamento passou por grandes modificações. Atualmente, existem diversos medicamentos destinados a combater à doença. No entanto, muitos dos produtos farmacêuticos em uso não são totalmente eficazes e podem causar graves efeitos colaterais quando utilizados por longo período. Por estas e outras razões, o uso de produtos naturais de origem vegetal constitui uma das alternativas à terapia convencional. Nesse sentido, a Etnobotânica e a Etnofarmacologia vêm sendo frequentemente utilizadas como abordagem primária na busca por espécies vegetais com propriedades medicinais. Logo, esta pesquisa possui como objetivo geral a realização de um estudo etnodirigido visando à identificação de plantas medicinais com efeito gastroprotetor em quatro comunidades rurais do município de Areia Branca/SE. E como objetivos específicos: fazer um levantamento etnofarmacológico das espécies vegetais utilizadas e indicadas para o tratamento da úlcera gástrica; e descrever o conhecimento popular sobre plantas medicinais com efeito gastroprotetor. Para o desenvolvimento deste estudo, foi realizado nas comunidades Areias, Canjinha, Junco e Rio das Pedras, um levantamento etnofarmacológico com especialistas locais (detentores do conhecimento popular sobre plantas medicinais), após aprovação do Comitê de Ética. Esse levantamento permitiu a identificação de 14 espécies vegetais utilizadas nessas comunidades para o tratamento de úlceras gastrointestinais. Ao todo foram entrevistados 13 especialistas locais, identificados e selecionados através da técnica bola-de-neve e da realização paralela de um estudo exploratório com moradores locais. Os dados qualitativos foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas contendo perguntas abertas e fechadas. Os dados quantitativos, por sua vez, foram analisados pela técnica Importância Relativa. O canudinho (Hyptis sp.) e o couve-branco (Brassica sp.) constituem as espécies mais citadas. Enquanto, o canudinho e o barbatimão (Abarema sp.) representam as mais versáteis, ambas indicadas para o tratamento de afecções dos sistemas digestivo e imunológico. Deste modo, este estudo promoveu o resgate e a preservação do saber popular sobre plantas medicinais. Palavras-chave: Úlcera gástrica. Flora medicinal. Medicina popular.

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CARACTERIZAÇÃO E CONHECIMENTO DE FRUTOS DE MANGABA SOB O OLHAR DAS CATADORAS Bruno Antonio Lemos de FREITAS (1)*, Débora Moreira de OLIVEIRA (1), Laura Jane GOMES (1), Allívia Rouse Carregosa RABBANI (2), Renata SILVA-MANN (1) 1 – Universidade Federal de Sergipe, Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, São Cristóvão - SE. 2 – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Campus de Porto Seguro, Porto Seguro - BA. *brunoalf@hotmail.com

A mangaba (Hancornia speciosa Gomes) apresenta polpa carnosa que varia de doce à ácida. Serve como matéria-prima para doces, licores, geléias e polpa. Sua comercialização vem do extrativismo realizado por mulheres, denominadas Catadoras de Mangaba (CM). Esta pesquisa teve como objetivo registrar o conhecimento das catadoras de mangaba de três comunidades, localizadas no Estado de Sergipe, quanto aos tipos de frutos existentes, por meio de oficinas, utilizando técnica de Diagnóstico Rápido Participativo (DRP). As oficinas foram realizadas em março e abril de 2015, nas associações de CM de Baixa Grande (Pirambu), Manoel Dias (Itaporanga d’Ajuda) e Riboleirinha (Estância). Foram registrados os diferentes tipos de frutos de mangaba conhecidos pelos moradores, diferenças no sabor, usos e a existência de outras características, identificadas por meio de uma “matriz de caracterização de frutos”. Os contatos foram feitos por meio das associações de CM e as catadoras foram convidadas a participar da pesquisa, sendo que o representante legal assinou um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para realização das atividades. As catadoras de Baixa Grande reconhecem os tipos de mangaba por meio das cores: verde e vermelha, sendo o primeiro menos doce que o segundo. Por sua vez, as catadoras de Manoel Dias afirmaram existir três tipos de mangaba: vermelha, amarela (também chamada branca) e verde, sendo a amarela mais doce em relação às outras. Em Riboleirinha existem duas classificações de frutos, a vermelha e a branca, sendo a última mais doce. Em relação ao uso, todas as catadoras afirmaram utilizar todos os tipos misturados durante a fabricação dos produtos. No entanto, se utilizadas separadas, as mangabas vermelhas escurecem alguns produtos como o licor e a polpa, não sendo bem aceitos pelos consumidores. Ainda segundo as catadoras, quando vendidas in natura em feiras, as mangabas amarelas (Estância e Manuel Dias) e verdes (Baixa Grande) são preferidas pelos compradores. Embora sejam percebidos pelas catadoras os tipos de mangabas existentes e suas diferenças, estas não são consideradas durante seleção para preparo de produtos, e se fosse poderia ser utilizado para agregação de valor. Desta maneira, evidencia-se a importância de um registro do conhecimento acerca da diversidade de frutos de mangaba sob perspectiva das CM. Palavras-chave: Seleção de frutos. Catadoras de mangaba. Hancornia speciosa Gomes.

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CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS TÓXICAS NO POVOADO GITAÍCAMPO GRANDE- AL Giselma Barbosa dos SANTOS(1)*; Marivânia Barbosa Justino SANTOS(1); Maria Silene da SILVA(1) 1 – Grupo de Pesquisa em Etnobotânica e Etnofarmacologia - Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Alagoas, campus I * gylhey@hotmail.com

Plantas tóxicas são as que apresentam substâncias capazes de causar alterações metabólicas, reconhecidas como sintomas de intoxicação, podendo causar sérios transtornos e até mesmo levar a óbito. Muitos indivíduos possuem estas plantas cultivadas em vasos e jardins como ornamentais, e desconhecem o seu potencial tóxico, o que favorece a ocorrência de intoxicações. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo geral analisar o conhecimento da comunidade do povoado Gitaí, na cidade de Campo Grande- AL, sobre plantas responsáveis por intoxicações. A metodologia abrangeu pesquisa de campo com os informantes da comunidade, com instrumental de pesquisa composto por entrevistas semi-estruturadas e um guia de campo contendo ilustrações de espécies tóxicas do Nordeste brasileiro. A amostragem foi não probabilística e intencional, composta de 185 sujeitos, com faixa etária de 14 a 72 anos. Os informantes residem na área rural do município de Campo Grande e, em sua maioria, trabalham na agricultura familiar, tendo uma relação muito próxima com as plantas. Ao todo foram selecionadas 24 espécies de plantas tóxicas. A espécie Dieffenbachia picta Schott (comigo-ninguém-pode), foi a mais citada, reconhecida como tóxica por 99% da comunidade. Esta planta foi encontrada em 52% dos domicílios dos entrevistados e foi responsável pela maioria das intoxicações em crianças. A maior parte dos casos de intoxicação ocorreu em adultos (63%). Destes, 70 foram causados pela Fleurya aestuans L. (urtiga). Foram identificadas espécies de plantas tóxicas usadas medicinalmente pela comunidade como a Brugmansia suaveolens L (SaiaBranca), Luffa opercullata (Buchinha), Ruta graveolens (Arruda), Fleurya aestuans L (Urtiga), Euphorbia tirucalli L. (Avelós). Assim, a melhor forma de prevenir os acidentes com plantas é o conhecimento e a divulgação das espécies tóxicas, assim como a implementação de programas educativos junto à população. Palavras-chave: Plantas tóxicas. Conhecimento popular. Intoxicação.

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ANALISE DOS TIPOS DE AUTO DE INFRAÇÃO DE CRIMES CONTRA A FAUNA NOS BIOMAS DO ESTADO DE SERGIPE Thaiane Moreira Natalle (1)*; André Batista SALES (1); Rafael Oliveira (1), Diego Loureiro, Laura Gomes (1) 1 – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE * thaianenmlima@gmail.com

No Estado de Sergipe, os crimes contra a fauna são frequentes e pouco estudados no meio acadêmico, embora, quando analisado no cenário nacional, não apresentam elevados registros de ocorrência. Desse modo, faz-se necessário analisar o cerne da questão, a fim de subsidiar estratégias de planejamento e gestão envolvendo a fauna silvestre. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo analisar os registros de crimes contra a fauna de 2000 a julho de 2013, no banco de dados do IBAMA, e de 2006 a 2012, no banco de dados do Pelotão Ambiental, no Estado de Sergipe, quanto à cronologia das ocorrências dos crimes por bioma. A análise consistiu em comparação entre os dados das respectivas instituições em porcentagens e expressos em gráficos e tabelas produzidos em Excel bem como mapas elaborados por meio do software ArcGIS 10.2.1.Esta análise promoveu uma melhor visibilidade dos crimes quanto à sua distribuição espacial, gerando-se, um banco de dados geográficos, no formato GEODATABASE. O Bioma Mata Atlântica recebeu o maior número de autos/ocorrências de crimes em detrimento a Caatinga. Em relação ao tipo de crime por Bioma , a comercialização de fauna silvestre teve o maior número de registro. Concluiu-se que há maior registro de crimes no Bioma Mata Atlântica, e, como neste bioma estão inseridas cidades de maior número de habitantes como Aracaju, pode - se afirmar que a região é rota de escoamento de animais e a escolha do local para o comércio ilegal é realizada, estrategicamente, pelos traficantes por se tratar de áreas pouco fiscalizadas pelos órgãos ambientais. A dependência da vida silvestre pelas populações rurais brasileiras, aliada ao desconhecimento geral dos problemas ligados ao comércio ilegal e da perda do patrimônio faunístico, faz com que haja pouca participação popular nas atividades conservacionistas. O mapeamento contribuiu para uma visão espacial do que se configura como formas de conflitos socioambientais nos biomas envolvidos, demonstrando a necessidade de propor aos gestores públicos das três esferas de governo a integração de um banco de dados, para que estes sejam atualizados, a fim de subsidiar na tomada de decisão, sobretudo, no ordenamento das ações no combate aos crimes ambientais contra a fauna. Palavras-chave: Conflitos socioambientais. Crimes ambientais. Fiscalização

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SABERES E SIGNIFICADOS SOBRE A QUESTÃO AMBIENTAL NA VISÃO DOS INGARIKÓ DA REGIÃO DA SERRA DO SOL – RORAIMA / BRASIL Márcia Teixeira FALCÃO (1)*; Sandra Kariny Saldanha de OLIVEIRA (2); Maria de Lourdes Pinheiro RUIVO (3); Elizabeth Melo NOGUEIRA (4) 1 – Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia -Bionorte/PA, docente do Departamento de Geografia, Universidade Estadual de Roraima, Boa Vista – RR 2 – Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia - Bionorte/PA, docente do Departamento de Biologia, Universidade Estadual de Roraima, Boa Vista – RR 3 - Docente do Programa de Pós Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia - PPGBIONORTE/Rede Bionorte, Bolsista CNPQ PQ2 4 – Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima- IFRR * marciafalcao.geog@uerr.edu.br

Esta pesquisa tem como objetivo, demonstrar a partir da visão da etnia indígena ingarikó a relação entre os elementos naturais, os saberes e significados sobre a questão ambiental. O estudo foi realizado na região da Serra do Sol área de sobreposição com a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, localizada nas coordenadas N 4 0 56’28,6’’ / W 600 28’09,2’’ no extremo norte do estado de Roraima, entre a tríplice fronteira Brasil, República Cooperativista da Guiana e República Bolivariana da Venezuela. Para realização da pesquisa o projeto foi submetido ao comitê de ética em pesquisa da UFRR que emitiu parecer nº 1.001.442, permitindo assim a coleta de dados a partir de uma abordagem participativa através de oficinas, participação em assembleias e reuniões no período de 2009 a 2014, através, da qual os indígenas puderam expor suas concepções sobre a questão ambiental por meio de desenhos, etnomapas e música, no qual foram realizados questionamentos relacionados ao conhecimento sobre a geomorfologia, rios, a questão dos resíduos sólidos. Os resultados demonstraram que os indígenas demonstraram conhecimento empírico relevante sobre a delimitação do espaço geográfico através dos elementos naturais, no qual demarcam com propriedade principalmente os rios e as serras como divisor das comunidades. Dessa forma, nota-se que as populações indígenas têm em seu território o significado fundamental na vida, economia e na cosmologia do povo. Percebeu-se que a comunidade utiliza os elementos naturais para a sua sobrevivência e ao mesmo tempo possui um grande respeito e admiração pelos elementos da natureza, observa-se a necessidade de trabalhos em parcerias com outras instituições de ensino, visando à melhoria socioambiental da comunidade a partir dos anseios e desejo dos participantes da pesquisa, pois nesta comunidade, conforme os próprios indígenas já existem vários problemas ambientais, em especial no que se refere à disposição dos resíduos sólidos, a introdução de plásticos na comunidade, e outros. Palavras-chave: Indígenas Ingarikos. Serra do Sol. Natureza.

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PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS BRIGADISTAS DE COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS NO PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA Marcus Vinicius Noronha de OLIVEIRA (1)*; Genésio Tâmara RIBEIRO (1); Benjamin White (2); Larissa WHITE (1); Marleno COSTA (3) 1 – Programa de Pós-graduação em Agricultura e Biodiversidade, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE 2 – Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão-SE 3 – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Itabaiana-SE. *mv_bioufs@hotmail.com

As Unidades de Conservação da Natureza - UC representam os anseios e as necessidades do homem moderno em preservar recursos biológicos diversos, a fim de garantir sustentabilidade para presente e futuras gerações. Entretanto, a frequente ocorrência de incêndios florestais é apontada como responsável pela degradação ambiental e perda da biodiversidade, podendo, inclusive, causar a extinção de espécies endêmicas. A contratação de brigadistas de combate aos incêndios florestais constitui uma importante e essencial medida a fim de mitigar os danos causados pelo fogo. O presente trabalho teve como objetivo identificar o perfil socioeconômico dos funcionários que compõem a brigada de prevenção e combate aos incêndios florestais no Parque Nacional Serra de Itabaiana, Sergipe. Além disso, buscou-se identificar a importância econômica e social que a contratação remunerada destes funcionários, mesmo que temporariamente, tem com a gestão ambiental da área de estudo. Nas avaliações foi aplicado um questionário semiestruturado baseado nas observações diárias dos trabalhos realizados pelos brigadistas. Os resultados evidenciam que os brigadistas são predominantemente, do sexo masculino (100%), mulatos (57%) e com idade média de 22 anos. A maioria (43%) não conseguiu completar o ensino fundamental e suas famílias vivem com uma renda bruta de até um salário mínimo. A pesquisa evidenciou ainda que a contratação dos brigadistas, mesmo que temporária, além de proporcionar um ganho ambiental quanto ao combate aos incêndios florestais, contribuem para a redução das desigualdades econômicas da região. Muitos destes brigadistas, mesmo depois do término contrato, criam vínculos essenciais com o local e continuam a realizar trabalhos em prol da conservação ambiental, seja fazendo denúncias junto aos órgãos fiscalizadores, ou realizando atividades voluntárias de educação e monitoramento ambiental. Conclui-se que a efetivação desses brigadistas ou a manutenção de programas que disponibilizem recursos, mesmo que de forma temporária, para a contratação de brigadistas para as ações de prevenção e combate aos incêndios florestais na área, tornam-se instrumentos importantes para a preservação da UC avaliada, mas também por permitir a inclusão social de mão de obra com baixo nível de escolaridade no mercado de trabalho, possibilitando sua inserção e de sua família no contexto social e econômico da região. Palavras-chave: Conservação. Gestão Ambiental. Educação Ambiental.

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CONHECIMENTO SOBRE MACROFUNGOS EM UMA COMUNIDADE RURAL DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO Santina Barbosa de SOUSA (1)*; José de Ribamar de Sousa ROCHA (1, 2); Roseli Farias BARROS (1, 2); Reinaldo Farias Paiva LUCENA (3,4); Brunna Laryelle Silva BOMFIM(1) 1 – Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste (TROPEN). Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), Universidade Federal do Piauí, Ininga – PI 2 – Centro de Ciências da Natureza. Departamento de Biologia, Laboratório de Micologia/Etnomicologia, Teresina, Piauí 3 - Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Fitotecnia e Ciências Ambientais. Laboratório de Etnoecologia, Areia, Paraíba, Brasil 4 - Pesquisador Associado do Missouri Botanical Garden. St Louis, Missouri, Estados Unidos *e-mail: sbarbosadesousa@gmail.com

O homem do campo sempre buscou relacionar-se com o meio para dele tirar seu sustento, visando curar seus males e, compreender a natureza. Nesse sentido, procurou-se verificar a relação do homem com os fungos, a partir dos conhecimentos e usos desses organismos na cultura local, por meio dos relatos, dos saberes ambientais e da classificação de macrofungos conhecidos e/ou utilizados em uma comunidade rural do semiárido brasileiro, município de São Raimundo Nonato/-PI. A coleta de dados foi realizada com base em entrevistas semiestruturadas aplicadas a 48 informantes (28 mulheres e 20 homens), remanescentes da antiga comunidade Zabelê, que era instalada em área do Parque Nacional Serra da Capivara, utilizou-se ainda álbum seriado com fotografias de fungos da região, tendo em vista seu reconhecimento e usos, durante o período de novembro/2014 a março/2015. Utilizou-se o programa Freelist e Pilesorte Multidimencional Scaling do Antropac para tratamento dos dados. Registraram-se um total de 12 nomes vernaculares de macrofungos de ocorrência em plantas e solo, distribuído em oito espécies, sendo que 48% os reconheceram como objeto lúdico, 29% como parasita de planta e 19% com uso medicinal. Os mais citados foram à“orelha-de-pau”, fungos do Complexo Ganoderma applanatum (Pers.) Pat. e do Complexo Ganoderma lucidum (W. Curt:Fr.) Karst, nas categorias parasita de planta e medicinal. Na categorização dos seres vivos, reconhece-os como sendo organismos diferentes das plantas e dos animais, porém, apresentando aproximação maior com as plantas. As atribuições ecológicas foram correlacionadas ao papel decompositor da matéria orgânica, principalmente os macrofungos presentes em substratos de madeira, atribuindo essas ações à morte das plantas. Os fungos de ocorrência em solo retrataram memórias de crenças populares que indicam fim de período chuvoso e do uso como objetos lúdicos. A percepção com os fungos está relacionada à atividade agrícola e observou-se repasse dos saberes entre os membros da família que, contribuiu para valoração desses seres vivos tanto no aspecto positivo, quanto negativo. Os dados reforçam a ideia de que os saberes locais são construídos culturalmente e, podem ajudar na compreensão do conhecimento da biodiversidade e conservação da Caatinga. Palavras-chave: Meio Ambiente. Cultura. Biodiversidade.

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS CULTIVADAS NOS QUINTAIS URBANOS DO BAIRRO JARDIM ESPERANÇA NO MUNICÍPIO DE ARAPIRACA – AL Layane Nunes Felix de MELO (1)*; Maria Silene da SILVA (1) 1 – Grupo de Pesquisa em Etnobotânica e Etnofarmacologia - Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Alagoas, campus I * layane.nf@hotmail.com

A relação entre pessoas e plantas pode ser interpretada por vários aspectos e tem contribuído para o progresso de várias áreas do conhecimento, como a etnobotânica, que pode ser definida como o estudo das inter-relações entre os povos e as plantas do seu meio. O objetivo deste trabalho foi estudar as plantas medicinais cultivadas nos quintais do bairro Jardim Esperança, município de Arapiraca-AL, comunidade que tem o uso de plantas medicinais como parte de sua cultura. O quintal é o termo utilizado para se referir ao terreno situado ao redor de casa e de acesso fácil, no qual se cultivam as espécies. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas, aplicadas a oito informantes, sendo sete mulheres e um homem, localizados através da técnica de bola de neve. Durante as entrevistas também se utilizou o método de listagem livre. As espécies foram identificadas e depositadas no Herbário do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas – MAC. As doenças foram organizadas em sistemas corporais, com base no CID-10. Os informantes indicaram 24 espécies de plantas medicinais, distribuídas em 14 famílias botânicas. As famílias mais representativas foram Lamiaceae e Amaranthaceae, predominando os hábitos erva e subarbusto. As folhas foram a parte da planta mais citada, totalizando 95% da forma de utilização, já a forma predominante de uso foram os chás. Foram registradas 14 espécies relacionadas a cinco categorias de doenças. As doenças e sintomas mais citados foram dor de barriga, dor no estômago, gripe e gastrite. O conhecimento sobre as plantas medicinais é transmitido de geração em geração, de pai para filho. A maioria dos entrevistados cultiva as plantas indicadas no quintal de casa, para utilizar no tratamento de enfermidades. A presente pesquisa mostrou a ortância dos estudos etnobotânicos em comunidades urbanas, mostrando a utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico, visando resgatar e documentar práticas e saberes tradicionais, assim como divulgar informações dos utilizadores e cultivadores, a respeito do melhor uso e aproveitamento de cada espécie. Palavras-chave: Etnobotânica. Conhecimento Popular. Comunidade Urbana.

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USO E CONSERVAÇÃO DE PLANTAS NATIVAS EM QUINTAIS AGROFLORESTAIS NO ASSENTAMENTO DOM HELDER CÂMARA EM GIRAU DO PONCIANO – ALAGOAS Lúcia dos Santos RODRIGUES (1)*; Alaide Maria Silva SANTOS (1); Elizabete Cristina Araújo SILVA (1); Jonathan Garcia SILVA (1); Henrique Costa Hermenegildo da SILVA (2) 1 – Licencianda (o) em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Alagoas–UFAL, Campus de Arapiraca 2 – Professor Adjunto da UFAL– Campus de Arapiraca * lucia.ufal@gmail.com

Os quintais agroflorestais são áreas de sistema de manejo tradicional que abrigam plantas nativas da região onde estão localizados. O presente trabalho objetivou avaliar o potencial de lotes de produção como espaços para uso e conservação de plantas nativas dos lotes no Assentamento Dom Hélder Câmara, município de Girau do Ponciano - Alagoas. Para avaliar o uso foram realizadas entrevistas semi estruturadas com pelo menos um morador de cada residência da agrovila Sete Casas (Maior agrovila do assentamento e adjacente a uma vegetação). Para avaliar a abundância das plantas foram selecionados quatro lotes que tinham maior cobertura vegetal, onde foram instaladas 50 parcelas de 10 m x 20 m. Todas as plantas com circunferência ao nível do solo ≥ 9 cm e altura ≥ 1 m foram identificadas e contadas. Os dados das parcelas foram analisados por meio do Software Fitopac 2 para os cálculos de Densidade Relativa (DR), Dominância Relativa (DoR), Frequência Relativa (FrR) e Valor de Importância (VI). Na amostragem das parcelas foram encontrados 5517 indivíduos pertencentes a 35 espécies distribuídas em 21 famílias. As famílias que mais se destacaram em número de indivíduos foram: Euphobiaceae, Fabaceae e Apocynaceae. Croton blanchetianus Baill (Marmeleiro), teve os maiores VI (99,12), DR (48,56) FrR (7,79) e DoR (42,78). Croton rhamnifolius (Kunth.) Muell. Arg. (Velame) e Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz (Catingueira) também tiveram VI’s altos, com 44,87 e 41,17, respectivamente. P. pyramidalis e C. blanchetianus foram bastante citadas para a produção de carvão e na utilização para lenha, com 37 e 32 citações, respectivamente e mostraram-se tolerantes a ambientes perturbados. A abundância dessas espécies se justifica por suas características ecológicas, pois espécies de Croton possuem grande capacidade de rebrota e rápido crescimento, enquanto que P. pyramidalis também apresentam rápido crescimento e são utilizadas para reflorestamento de áreas degradadas. Desta forma, os quintais agroflorestais são importantes para a conservação de plantas nativas e fonte de recursos locais. P. pyramidalis e C. blanchetianus são importantes em propostas de manejo sustentável devido a seus usos e capacidade regenerativa. Palavras-chave: Caatinga. Diversidade Vegetal. Fitossociologia.

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PLANTAS UTILIZADAS COMO LENHA PARA PRODUÇÃO DE PEÇAS DE CERÂMICA ARTESANAL NO MUNICÍPIO DE TRACUNHAÉM (PERNAMBUCO) Edwine Soares de OLIVEIRA (1)*; Marcelo Alves RAMOS (2) 1 – Graduanda em Ciências Biológicas, Universidade de Pernambuco (PE), Campus Mata Norte 2 – Professor Adjunto, Universidade de Pernambuco (PE), Campus Mata Norte *e-mail: edwinesoares@hotmail.com

A madeira é a fonte de combustível mais antiga utilizada pela humanidade, contribuindo desde os primórdios para seu desenvolvimento. O Brasil é o terceiro maior consumidor de lenha do mundo tendo como principal alvo dessa pressão extrativista as florestas nativas. Nesse contexto surge a produção artesanal de cerâmica, que constitui um importante componente cultural de diversas populações. No município de Tracunhaém (PE) se observa que esta atividade existe há décadas, sendo de importância econômica e cultural, entretanto uma das preocupações atrelada a ela é o uso de fornos artesanais cujo principal combustível é a lenha. Portanto os objetivos desse trabalho foram: caracterizar os padrões de uso dos fitocombustíveis de origem florestal utilizados nessa atividade; identificar quais espécies são conhecidas, utilizadas e preferidas e verificar aquelas de maior importância. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semi-estruturadas associada à técnica de lista livre. De um total de 47 artesãos do Município, 44 foram entrevistados. Um total de 104 plantas foram citadas como conhecidas para a queima de peças, sendo possível identificar 75 espécies distribuídas em 64 gêneros e 34 famílias botânicas. As espécies mais citadas foram Artocarpus heterophyllusLam. (80%), Mangifera indica L. (70%), Mimosa caesalpiniaefolia Benth (70%) e Prosopis juliflora (SW.) DC. (86%). De acordo com os dados coletados percebeu-se que as plantas citadas com mais freqüência são também as mais utilizadas e preferidas pelos artesãos (A. heterophyllus, M. caesalpiniaefoliae P. juliflora), mostrando que existe um grupo mais restrito que sofre maior pressão extrativista. Em relação à origem da lenha foi observada uma grande diversidade de zonas fitogeográficas, com lenha proveniente de diversas regiões e estados diferentes. Quanto à queima a única diferença da lenha utilizada é a espessura da mesma, isso se deu para todos os entrevistados. São necessárias medidas que viabilizem estratégias eficientes de educação ambiental junto à população. Palavras-chave: Etnobotânica. Recursos madeireiros. Conservação.

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ANÁLISE MORFOMÉTRICA DE FRUTOS DE MANGABA DE COMUNIDADES LOCAIS DO ESTADO DE SERGIPE Edla Crisley Pereira BARBOSA (1)*; Bruno Antonio Lemos de FREITAS (1); Laura Jane GOMES (1); Allívia Rouse Carregosa RABBANI (2); Renata SILVA-MANN (1) 1 – Universidade Federal de Sergipe, Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, São Cristóvão - SE. 2 – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Campus de Porto Seguro, Porto Seguro - BA *edlacrisley@outlook.com

A mangabeira (H. speciosa Gomes) ocorre em todo litoral de Sergipe, seus frutos são colhidos de maneira extrativista e vendidos principalmente pelas Catadoras de Mangaba (CM). O presente trabalho objetivou mensurar características morfométricas dos frutos, classificados pelas CM em classes de tamanhos distintos (grandes - G, médios - M e pequenos- P), em três comunidades: Baixa Grande (Pirambu), Manoel Dias (Itaporanga d’Ajuda) e Riboleirinha (Estância). Para isso, foram realizadas oficinas nas associações de catadoras de mangaba destas localidades, onde as CM foram convidadas a participar, sendo que o representante legal assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para realização das atividades. Posteriormente, foram coletados aproximadamente 100 frutos e solicitado às participantes, que separassem aqueles que fossem considerados de tamanho G, M e P. Os frutos foram comprados e levados ao laboratório de Tecnologia de Sementes da Universidade Federal de Sergipe, onde, com uso de paquímetro digital, foram mensurados o comprimento, a largura e a espessura, além de massa fresca (g). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, adotando quatro repetições de 25, totalizando 100 frutos por localidade. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando o programa SISVAR. Para as variáveis comprimento, largura e espessura, os frutos grandes e médios coletados em Pirambu e Estância, não apresentaram diferença estatística. Os frutos pequenos de Estância apresentaram resultados superiores em todas as variáveis analisadas. Os frutos de Itaporanga d’Ajuda apresentaram as menores médias. A variação nas características biométricas dos frutos da mangabeira indica que a espécie tem alto potencial genético podendo ser indicada para a coleta de sementes e conservação de germoplasma. Palavras-chave: Catadoras de Mangaba. Hancornia speciosa Gomes. Recurso genético.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ADOÇÃO DA AGROECOLOGIA E PERMACULTURA NA COMUNIDADE INDÍGENA KARIRI-XOCÓ Tatiana Botelho GOMES (1)* 1 – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Rio de Janeiro - RJ * tbotelho.dg@gmail.com

Neste trabalho, objetiva-se promover a adoção de práticas de agroecologia e permacultura pelos índios da comunidade Kariri-Xocó, situada na região do baixo São Francisco em Porto Real do Colégio-AL. Está estimada em 2.500 pessoas, seu cotidiano e estrutura familiar é muito semelhante aos de populações rurais de baixa renda. A comunidade demonstrava interesse pela disseminação dessas práticas entre seu povo para melhor enfrentar os problemas desencadeados pela superexploração dos recursos naturais, principalmente do rio São Francisco, por não-índios. Foi utilizada a concepção ecopedagógica do projeto através da imersão do educando na realidade do seu ambiente. Tem-se uma teoria de aprendizagem na linha sistêmica, fundamentada na educação ambiental em abordagem que considera os aspectos culturais e socioambientais. O intuito é retomar na comunidade a visão e experiência de como ocorre o processo de construção de ambientes sustentáveis. Na oportunidade, será desenvolvida junto aos participantes práticas como a implantação de um Sistema Agroflorestal e saneamento ecológico. Serão explanados ensinamentos teóricos que trazem questões como: reaproveitamento da água, técnicas de plantio sem agrotóxicos e uso de compostos orgânicos. Pretende-se como resultados que os indígenas obtenham a concepção global e crítica dos problemas socioambientais, sejam atuantes nas decisões, percebam os benefícios que as práticas disseminadas pela agroecologia e permacultura trazem para a qualidade de vida, participem da construção de uma comunidade sustentável e procurem realizar o melhor aproveitamento e uso responsável dos recursos naturais. O público-alvo são os jovens e adultos indígenas, na medida em que houver mais pessoas conscientizadas, acredita-se numa maior adesão da comunidade. Diante da possibilidade de fomentar melhorias nas condições de vida, esse projeto buscou na agroecologia e a permacultura o instrumental para o provimento das necessidades básicas do ser humano, mediante a configuração da agricultura e ocupação humana voltadas para a sustentabilidade. O uso da educação ambiental como ferramenta para um repensar profundo e para a intervenção na realidade propicia um refazer do cotidiano através de práticas diferenciadas. Ressalta-se um processo educativo com o despertar do sentimento de responsabilidade pela própria existência e pela vida no planeta para um caminhar instruído para uma cidadania sustentável. Palavras-chave: Cidadania. Qualidade de vida. Sustentabilidade.

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ETNOICTIOLOGIA EM COMUNIDADE DE PESCADORES DA APA DO DELTA DO RIO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL Maria Gracelia Paiva NASCIMENTO (1)*; Eudes Ferreira LIMA (2); Victor de Jesus Silva MEIRELES (3); Roseli Farias Melo de BARROS (4) 1 – Mestre em Desenvolvimento em Meio Ambiente 2 – Universidade Federal do Piauí, Campus Parnaíba – UFPI, Brasil 3 – Doutorando em Ecologia de Ambiente Aquáticos Continentais - UEM/UFPI 4 – Departamento de Biologia. Universidade Federal do Piauí, Campus Petrônio Portela – UFPI, Brasil * graceliapaiva@gmail.com

Os povos tradicionais englobam várias etnias e modos de vidas semelhantes, baseados principalmente no uso sustentável dos recursos naturais e dispõem de uma gama de conhecimentos acerca do ambiente em que se inserem. Assim, objetivou-se delinear o perfil socioeconômico e cultural e levantar o conhecimento tradicional acerca dos peixes na comunidade de pescadores artesanais de Barrinha, Cajueiro da Praia, Brasil. Entrevistou-se 52 atores, sendo 33 homens (63,46%) e 19 mulheres (36,54%), com idade entre 18 a 79 anos. Utilizaram-se métodos qualitativos (entrevistas semiestruturadas, observação direta e turnês-guiadas) e quantitativos (Valor de Uso - VU, Índice de Shannon - H’ e Rarefação). As espécies citadas foram coletadas e incorporadas na coleção zoológica da UFPI, Campus Parnaíba. Foram identificadas por especialistas; o nome das espécies, bem como dos autores está de acordo com ITIS. A maioria dos entrevistados (80,77%) eram naturais do município de Cajueiro da Praia e filhos de pescadores, com uma média do tempo na prática pesqueira de 32,35 anos. Foram registradas 50 espécies, pertencentes a três categorias de uso: alimentação, ornamental e medicinal sendo a primeira a mais representativa com (98%). Mugil curema (Valenciennes,1936) (saúna) e Conodonnobilis (Linnaeus,1758) (coró) foram as mais citadas. Dasyatis guttata (Bloch & Schneider,1801) (arraia) e Thichiurus lepturus Linnaeus, 1758 (espada) apresentaram o maior VU (0,058), sendo ambas utilizadas na alimentação, como ornamental e medicinal, seguidas pela serra (Scomberomorus brasiliensis Collette, Russo & Zavala-Camin, 1978,) bagre (Bagre bagre (Linnaeus,1766) e urutinga (Cathoropsspixii (Agassiz,1829) com 0,038 cada. Quanto ao conhecimento por gênero, os homens apresentaram (H’=3.37892), havendo diferença entre ambos, quando é considerado a diversidade por Shannon-Wiener. A faixa etária adulta apresentou diversidade de H’=2,85104, sendo 47 espécies de peixes mencionadas, num total de 310 citações. Quanto a curva de Rarefação verificou-se que não houve diferença significativa entre os gêneros, e na faixa entre adultos e idosos.Os resultados fortalecem que há um amplo conhecimento no que se refere à ictiofauna, que pode subsidiar políticas públicas de conservação local, bem como a importância de se preservar a biodiversidade, uma vez que a comunidade Barrinha está inserida em Área de Proteção Ambiental (APA). Palavras chaves: Etnozoologia. Sustentabilidade. Saber tradicional. Cajueiro da Praia.

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VIII Encontro Nordestino de Etnoecologia e Etnobiologia Aracaju, Sergipe, Brasil – 23 a 25 de Setembro de 2015

PESCA HISTÓRIA: SABERES TRADICIONAIS ACERCA DA PESCA EM COMUNIDADES DO ESTUÁRIO DOS RIOS TIMONHA E UBATUBA, PI E CE Francisca Maria Nascimento OLIVEIRA (1)*; Ana Maria Brandão de OLIVEIRA (1); Daniele Alves LOPES (1); Rosângela Maria dos SANTOS (1); Maria Gracelia Paiva NASCIMENTO (1) 1 – Comissão Ilha Ativa (CIA) Rua São José 192, CEP: 64224000, Ilha Grande/PI * thiesca09@hotmail.com

Essa atividade faz parte de ações de Educação Ambiental (EA) que o Projeto Pesca Solidária, patrocinado pela Petrobrás através do Programa Petrobrás socioambiental realiza. Objetivou-se levantar as histórias de pescaria, vivências, lendas, artes de pesca utilizadas pelos pescadores da região do estuário dos rios Timonha e Ubatuba. A atividade ocorreu no período de janeiro a junho de 2015, perfazendo as seguintes comunidades: Cajueiro da Praia (sede), no Piauí; no Ceará, Barroquinha (Bitupitá e Chapada) e Chaval (sede). Utilizou-se formulários de identificação, também metodologia participativa e observação direta. Os registros foram por meio de recursos audiovisuais. Entrevistou-se pescadores e marisqueiras mais antigos de cada localidade. Foram 66 participantes, sendo 41 homens (62%) e 25 mulheres (38%). Estes mencionaram 70 histórias, sendo em Cajueiro da Praia – PI, 16 historias; na comunidade de Bitupitá – CE (23), em Chaval – CE (22), em Chapada – CE (nove). Os mesmos mencionam a aparição de assombrações em meio as pescarias, assim como relatam o conhecimento dos mais antigos acerca do nome dado as comunidades, como é o caso de Cajueiro da Praia, onde um grupo de pescadores avistaram um enorme Cajueiro na praia; em Bitupitá os entrevistados ainda relatam que o nome da comunidade vem do indígena e quer dizer “ pancada de vento em montanha de areia”. Relatam também que o conhecimento acerca das práticas pesqueiras e mariscagem advém dos mais velhos e tal saber é repassado aos mais novos. Quando questionado acerca dos petrechos de pescas foram citados a rede de emalhe para as comunidades de Cajueiro da Praia e Chaval; a linha foi mencionada como a mais citada para a comunidade de Chapada; em Bitupitá a arte de pesca utilizada é curral (símbolo da comunidade pesqueira). Os relatos registrados farão parte de uma cartilha e documentário com todos estes saberes tradicionais das comunidades trabalhadas no estuário dos rios Timonha e Ubatuba, divisa entre Piauí e Ceará, visando subsidiar políticas públicas de conservação local, bem como a importância de se preservar a biodiversidade e a cultura das mesmas, uma vez que estão inseridas em Área de Proteção Ambiental (APA). Palavras – Chave: Etnoconhecimento. Vivências. Área de Proteção Ambiental.

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O PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DA CASTANHA DE CAJU – UMA LEITURA DESCRITIVA NO POVOADO CARRILHO, ITABAIANA (SE). Carolina Seixas da ROCHA (1); Joelma Santos ARAÚJO (1); Katiane dos Santos COSTA (1); Zenith Nara Costa DELABRIDA (1) 1 – Universidade Federal de Sergipe , Cidade Universitária Prof. José Aloísio Campos, Jardim Rosa Elze, CEP: 49100-000, São Cristóvão – SE * carolinaseixasrocha@gmail.com

Esta é a primeira parte de uma pesquisa que busca investigar as estratégias de enfrentamento utilizadas por trabalhadores rurais para lidar com os riscos e a exploração vivenciados no dia-a-dia da atividade. Esse trabalho teve como principal objetivo caracterizar o modelo de beneficiamento artesanal da castanha de caju (Anacardium occidentale) para a extração da amêndoa, empregado no povoado Carrilho, localizado no Município de Itabaiana, Sergipe. Nesse sentido, foi realizada uma pesquisa de cunho exploratório-descritivo, com o uso da observação direta da atividade para a caracterização. Portanto, foram feitas 8 visitas ao povoado para acompanhamento do processo de extração da amêndoa. Os resultados mostram que beneficiamento é feito de forma familiar e artesanal nas chamadas casinhas, edificações baixas feitas de madeira. O processo é dividido em três principais etapas: a torrefação, a quebra e a despelagem. Primeiro, a castanha é queimada em um forno improvisado no chão, mantido pelas próprias cascas. Quando prontas, elas são retiradas com auxílio de uma vara de metal e jogadas no chão para a etapa de resfriamento, nesse momento é liberado o Líquido da Castanha de Caju (LCC). Para evitar o contato direto com as mãos, as castanhas são cobertas por cinzas e se inicia o processo de quebra manual da casca, no qual o LCC entra em contato direto com a pele. Por fim, há a despelagem da castanha, que utiliza um forno industrial ou o sol com o propósito de facilitar a retirada da pele, sendo finalizado manualmente com o auxílio de uma faca. A caracterização mostrou que a atividade está atrelada a inúmeros riscos à saúde dos trabalhadores, principalmente os riscos ergométricos, a inalação da fumaça proveniente da queima e o contato da pele com o LCC. Verificou-se também uma situação de exploração em relação ao atravessador, devido à dificuldade de acesso dos beneficiadores à matéria-prima e à possibilidades de escoamento do produto. Concluiu-se que essas condições de trabalho não parecem ser sustentáveis das perspectivas sócio-ambientais e econômicas, sendo necessárias outras investigações com objetivo de identificar os riscos de forma mais detalhada e investigar as relações de dependência com a figura do atravessador. Palavras-chave: Riscos ambientais. Relação de assimetria social. Fatores de risco.

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PERCEPÇÃO DA INFLUÊNCIA ANTRÓPICA NA ALIMENTAÇÃO DO SAGUI (Callithrix jacchus) PELOS VISITANTES DO PARQUE BELVEDERE EM PAULO AFONSO, BAHIA Manoela Carvalho da SILVA (1)* 1 – Programa de Pós- Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH) da Universidade do Estado da Bahia- UNEB Campus VIII, Paulo Afonso – BA * manoela_biologa@hotmail.com

Os primatas não humanos têm acesso a recursos alimentares de humanos através do forrageio ou pela oferta humana, refletindo no padrão comportamental. Callithrix jacchus se originam no Nordeste do Brasil formando pequenas famílias. São adaptados à vida arbórea, onde conseguem os nutrientes para sua dieta. O presente estudo tem como objetivo constatar quais os alimentos proporcionados pelos visitantes do Parque Belvedere ao grupo de Callithrix jacchus habitante da área, evidenciando como essas pessoas percebem essa interferência. Para coleta de dados foram feitas entrevistas no parque, local de visitação pública, situado na cidade de Paulo Afonso-BA, localizada no semiárido. As entrevistas foram realizadas com 30 visitantes. O período de amostragem ocorreu durante os finais de semana, por quatro horas/dia, alternando entre manhã e tarde. De acordo com os resultados 53,3% dos entrevistados alimentam os animais sempre que vão ao parque. 33,3% fazem por gostar, 40% afirmaram que os animais demonstram ter fome e por isso acabam dando comida. Para 26,7% dos participantes dá alimentos aos animais é interessante. Os alimentos citados foram salgadinhos, biscoitos, sorvete e chocolate. As frutas foram citadas em menor escala. Sobre se os alimentos prejudicam os animais, 16,7% disseram que sim, 33,3% responderam que não, já 50% dos representantes informaram não saber. A troca da dieta natural desses animais por alimentos impróprios para seu consumo devido ao baixo potencial nutritivo, pode causar problemas de saúde nos animais, além de ocasionar alterações de comportamento. Como se observou para outras espécies de primatas, os macacos alteram seus padrões de busca por alimento, reduzindo a sua área de uso e diminuindo o tempo gasto no forrageamento quando na presença dos visitantes que ofertam alimentos. Estratégias voltadas para os visitantes da área se fazem necessárias, pois proporcionará o conhecimento sobre esses animais, suas necessidades alimentares e suas interações com humanos. Ações de educação ambiental, direcionadas as pessoas que frequentam o parque devem ser desenvolvidas visando informar e sensibilizar sobre os impactos negativos provocados pelos comportamentos inadequados dos mesmos. Compreender tal interferência dará subsídios para essas ações educativas. Palavras-chave: Primatas. Área urbana. Alimentação artificial. Visitação.

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HORTA AGROECOLÓGICA COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Vivianne Andrade SILVA (1)*; Laura Jane GOMES (1); Cristiano Cunha COSTA (2); Geisi Azevedo SILVA (3) 1 – Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 2 – Departamento de Ciência e Engenharia de Materiais, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 3 – Instituto Bioterra, Aracaju – SE * vivianne.andrade317@hotmail.com

A Educação Ambiental por meio da criação de hortas agroecológicas proporciona conhecimentos e aptidões práticas sustentáveis visando à conscientização ambiental, a conservação do Meio Ambiente e a reeducação alimentar. O presente estudo teve como objetivo criar uma horta agroecológica no Assentamento José Emídio dos Santos, localizado no município de Capela - SE, como um instrumento de Educação Ambiental do Curso de Monitores e Multiplicadores Ambientais. O curso é formado por aproximadamente 40 discentes, sendo crianças e adolescentes, entre a faixa etária de 1 a 15 anos. O trabalho foi desenvolvido por faixa etária e em duas etapas: teoria e prática. Foram dois meses e meio, durante dois dias na semana e em dois turnos. O turno da manhã destinado aos adolescentes de 12 a 15 anos e o turno da tarde as crianças de 1 a 11 anos de idade com metodologias diferenciadas. Na primeira etapa, fez-se uma sequência de palestras de forma lúdica, onde foram abordados diversos temas relacionados à criação de hortas agroecológicas e à proteção do Meio Ambiente, dentre eles: a importância da água; importância da alimentação saudável; a importância da terra; seres vivos - fases de crescimento; noções básicas para criação de hortas agroecológicas; produção de mudas e recuperação de áreas degradadas, utilizando metodologias diferenciadas para cada turno. Na segunda etapa foram realizadas diversas oficinas e a criação da horta agroecológica com os participantes. Os temas das oficinas foram: os danos causados pelo uso de agrotóxicos; preparação do solo; fase de crescimento das plantas; plantio por semeadura direta; repicagem de mudas; reciclagem e reutilização de materiais para criação da horta agroecológica; e monitoramento das espécies plantadas. Devido à disponibilidade, utilizaram-se as sementes de cenoura, repolho, couve, alface, coentro, pimenta, tomate, cebola, pimentão, almeirão e agrião. Por meio da avaliação qualitativa, notou-se o interesse dos participantes do curso em criar espaços semelhantes em suas residências por meio da solicitação constante por pneus, garrafas PET e sementes. Observou-se a importância do desenvolvimento desse tema para as crianças e adolescentes do Curso de Monitores e Multiplicadores Ambientais, pois além de associarem o cultivo de hortaliças com a produção de espécies florestais nativas e a preservação dos fragmentos florestais existentes na região, contribuiu para a busca pela alimentação saudável e para dar um direcionamento aos resíduos que são gerados na região e são queimados ou descartados em locais irregulares. Palavras-chave: Agroecologia. Meio Ambiente. Consciência Ambiental.

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL Sara Julliane Ribeiro ASSUNÇÃO (1)*; Eric Freire ALMEIDA (2); Gracy Kelly Correia FREITAS (2); João Ferreira de Almeida NETTO (2); Débora Ferreira WEST (2) 1 – Professora do Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC-Campus Feira de Santana-BA) 2 – Graduando(a) em Engenharia Ambiental, Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC-Campus Feira de Santana-BA) * sarassuncao_6@hotmail.com

A interação entre homem e meio ambiente no decorrer deste século, ultrapassou a questão da simples sobrevivência, para atender as necessidades humanas, desenhando uma equação desbalanceada: retirar, consumir e descartar. Com intuito de modificar essa realidade, diante aos vários problemas ambientais, foi introduzida a educação ambiental no âmbito escolar, que segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) é um tema transversal a ser estudado em todas as séries e disciplinas, potencializando a função da educação como instrumento de mudanças, inserindo-a no planejamento estratégico para o desenvolvimento sustentável dos centros urbanos. Esse trabalho teve como objetivo avaliar o interesse em trabalhar os conhecimentos de Educação Ambiental dos professores; bem como investigar os recursos utilizados e o comportamento dos alunos ao tema em uma escola publica municipal em Amélia Rodrigues-Ba. Para tanto foi aplicado em 04/2015 questionários de múltipla escolha: 20 para professores com a temática de educação ambiental e meio ambiente; 20 para os alunos do 5° e 20 para os alunos do 6° (tendo os alunos a faixa etária entre 10 a 14 anos) ambos com a temática meio ambiente e acesso a informações ambientais. Ao final do estudo, notou-se que os professores tem conhecimento a cerca da importância de se trabalhar de forma multidisciplinar os temas ligados ao meio ambiente nos PPP (projeto político pedagógico), sendo que 50% afirmam que o tema mais relevante a ser trabalhado são os resíduos sólidos, seguindo de descarte inadequado do lixo (20%), poluição das aguas (15%), aquecimento global (10%) e (5%) extinção. Já os alunos demonstraram ter consciência a respeito da influencia do ser humano nos impactos ambientais. Segundo análise dos questionários constatou-se que entre os alunos entrevistados 35% têm acesso às questões ambientais por meio de livros e revistas, 25% por meio de Jornais, 17 % televisão, 16 % conversa informal no ambiente familiar e 7% pela internet, evidenciando uma contradição à tendência global do acesso as informações por meio eletrônico em decorrência da realidade econômica a qual estão inseridos. Percebeuse também que os alunos são receptivos a metodologias diferentes das convencionais estando abertos a discutir assuntos atuais em relação à Educação Ambiental. Palavras – chaves: Sustentabilidade. Escola Pública. Parâmetros Curriculares Nacionais. Meio ambiente.

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ETNOCONHECIMENTO SOBRE A PESCA ARTESANAL DA TUVIRA (GYMNOTIFORMES) NA BARRA DO SÃO LOURENÇO, PANTANAL SUL MATOGROSSENSE. Rodrigo da Silva LIMA (1)*; Fernando Fleury CURADO (2); Debora Karla Silvestre MARQUES (3) 1 – Universidade Tiradentes, Aracaju – SE 2 – Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju - SE 3 – Embrapa Pantanal, Corumbá - MS * rodrigo_embrapa@yahoo.com.br

A pesca sempre teve um papel de destaque como atividade tradicional no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Suas modalidades, profissional e esportiva, têm se apresentado como as principais atividades econômicas e sociais das comunidades tradicionais. O crescimento significativo do setor turístico pesqueiro na região gerou demanda para serviços especializados, a exemplo da comercialização de iscas vivas. Dentre as espécies capturadas destacam-se as tuviras (Gymnotiformes), representando mais de 70% da captura anual de iscas vivas, sendo o setor turístico pesqueiro o principal cliente. O trabalho objetivou analisar e caracterizar o conhecimento tradicional dos pescadores artesanais da Barra do São Lourenço no Pantanal Sul, relacionado à pesca da tuvira, caracterizando a percepção dos pescadores sobre a atividade, o processo da pesca artesanal e o conhecimento dos pescadores sobre a diversidade de espécies da ordem Gymnotiformes. A Barra do São Lourenço localiza-se no entorno do Parque Nacional do Pantanal, às margens dos Rios Paraguai e São Lourenço, a 200 km da cidade de Corumbá - MS. A comunidade possui 17 famílias, com pouco mais de 100 moradores. Utilizou-se revisão bibliográfica, visitas de campo, observação livre, entrevistas semiestruturadas, acompanhamento e registro da pesca artesanal da tuvira, oficinas mapeamento participativo e etnoclassificação das espécies. Os resultados iniciais evidenciaram que os pecadores artesanais estabeleceram conhecimentos aprimorados ao longo de várias décadas, que os permitem identificar visualmente os nichos das tuviras, a sua diversidade de espécies, a distribuição espacial e os habitats, além de estratégias de manejo e tecnologias artesanais de pesca. Foram identificadas onze “tipos” de tuvira. Dessas, nove são utilizadas para a pesca, das quais apenas quatro são comercializadas e, portanto, manejadas com maior intensidade. Percebeu-se a importância do etnoconhecimento dos pescadores artesanais sobre a diversidade de espécies e das estratégias locais de manejo da pesca, conservação e uso sustentável das tuviras, demonstrando que tal conhecimento, associado ao conhecimento científico, deve traduzir-se em ações que permitam o fortalecimento da organização dos próprios pescadores, gerando subsídios para a formulação de legislações específicas e de políticas públicas que direcionadas à pesca no Pantanal. Palavras-chave: Etnobiologia. Isca-viva. Pescador artesanal.

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ETNOPEDOLOGIA NO PROJETO DE ASSENTAMENTO SÃO FRANCISCO, BURITIZEIRO, MINAS GERAIS Bruno Gomes CUNHA (1)* 1 – Engenheiro Agrônomo INCRA SR 23/SE. Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente – UFS. Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, Campus UFS s/n. São Cristovão/SE * bruno.cunha@aju.incra.gov.br

O presente trabalho tem por objetivo discutir as relações existentes entre agricultores assentados no Projeto de Assentamento (PA) São Francisco, com o bioma Cerrado, especificamente com o subsistema Vereda. Nesta toante, como procedimentos metodológicos, utilizou-se da revisão bibliográfica com a consulta a dados secundários; da história oral e da construção de mapas de uso dos lotes; da observação participante e dos diálogos e caminhadas com os assentados, pautando-se numa visão etnopedológica. Além disso, fez-se a descrição e a coleta de amostras de solos, para a realização de análises físicoquímicas da matéria orgânica. Como principais resultados, pode-se perceber que há uma grande afeição dos assentados com este subsistema, sendo que este laço foi firmado muito antes da criação do PA, visto que os agricultores já utilizavam este ambiente como moradia, criação de animais, cultivo e extrativismo. Foi percebido o uso do conhecimento tradicional para manejar os solos hidromórficos e orgânicos, na medida em que, ao escolher a cultura, faz-se uso da técnica de controle do lençol freático, por meio de drenos, determinando qual a profundidade do lençol, evitando a oxidação e subsidência da matéria orgânica. Além disso, foi observado o cultivo manual de pequenas áreas, respeitando o “pousio”. Essas “terras pretas”, como foram chamadas, devido ao alto teor de matéria orgânica, foram classificados como Gleissolos Háplicos e Melânicos, e Organossolos Háplicos e Tiomórficos. Por fim, como síntese das implicações do uso das Veredas, percebeu-se que não houve grandes diferenças, ao longo da camada agrícola (0-40 cm), no tocante aos atributos relacionados à matéria orgânica e ao carbono orgânico, exceto o carbono na biomassa microbiana do solo (CBMS). Como conclusões, infere-se que os assentados possuem conhecimentos plenos para o manejo deste subsistema, bem como o manejo tradicional interfere no balanço do carbono no solo, mas isto não é significativo, se for ponderado os danos sociais, econômicos e ambientais da inexistência destas comunidades tradicionais nestes ambientes, em detrimento dos grandes proprietários de terra e sua atividades de vultosa degradação. Palavras-chave: Vereda. Etnociência. Reforma Agrária. Conhecimento Tradicional.

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LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES CRIOULAS DE MILHO E FEIJÃO EM COMUNIDADES RURAIS DO SERTÃO OCIDENTAL SERGIPANO Clélio VILANOVA (1)* 1 – Eng. Agr. MSc, Instituto GEMA, Aracaju - SE * vila@infonet.com.br

O território do Sertão Ocidental, em Sergipe, apresenta destaque estadual na produção de milho e feijão, com alto nível tecnológico. O modelo convencional adotado na região prevê alta mecanização, uso intensivo de agroquímicos e uso de sementes híbridas e transgênicas. Como subsídio a um processo de transição do modelo de produção agrícola, do convencional para o agroecológico, vem sendo desenvolvido por organizações não governamentais atuantes na região, um trabalho de caracterização e gestão comunitária da diversidade de sementes junto a nove comunidades de agricultores familiares dos municípios de Simão Dias, Poço Verde e Tobias Barreto. Com aplicação de ferramentas participativas na caracterização da agrobiodiversidade, foram levantadas e caracterizadas três variedades de milho crioulo e seis variedades de feijão crioulo, com maior potencial produtivo. A caracterização levou em conta a realidade histórica e espacial das comunidades, com auxílio das ferramentas Linha do Tempo e Mapa da Comunidade, buscando identificar por quê as variedades, no "tempo" e no "espaço" se mantiveram atrativas para os agricultores. A escolha participativa considerou a incorporação da visão do agricultor sobre o contexto sócio-econômico em que vive, a garantia de que o processo de decisão fosse dele, a combinação democrática entre os saberes popular e científico, e a incorporação de práticas agroecológicas ao processo produtivo. As variedades levantadas foram inseridas em um programa de multiplicação e conservação de sementes crioulas e adaptadas, em "casas de sementes", possibilitando a ampliação dos seus plantios e a autonomia dos agricultores familiares quanto às sementes disponíveis para seus cultivos, em contraposição à disponibilidade de sementes híbridas e transgênicas, atualmente utilizadas de forma muito mais ampla na região. A maior disponibilidade de sementes crioulas para plantios em escala comercial possibilita também o desenvolvimento de um programa de produção orgânica certificada de milho e feijão, já em andamento em uma comunidade rural do município de Simão Dias. Palavras-chave: Variedade crioula. Agrobiodiversidade. Ferramentas participativas.

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PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE NO PELOTÃO AMBIENTAL DO ESTADO DE SERGIPE Cristiano Cunha COSTA (1)* 1 – Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão - SE *cristianocunha1982@hotmail.com

Diante da inserção das questões ambientais na administração das organizações públicas, há a necessidade de desenvolver conhecer as ações de desenvolvimento sustentável no que se refere ao uso racional de recursos. Este trabalho teve como objetivo identificar as práticas de sustentabilidade ambiental no Pelotão Ambiental como forma de entender a relação dos mesmos com a qualidade de vida dentro do ambiente de trabalho. Para isso, realizou-se o levantamento de informações através de um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, sendo possível levantar informações sobre o ambiente de trabalho (iluminação, climatização, limpeza), resíduos sólidos (colaboração, descarte e tipo de lixo gerado) e uso racional dos recursos (papel, água, energia e material de expediente). As respostas foram agrupadas em categorias e tabuladas em planilha Excel. Foi utilizado o programa estatístico SPSS for Windows 1.0, sendo possível fazer uma análise quantitativa e qualitativa dos dados. Observou-se que o Pelotão Ambiental não possui uma construção sustentável no sentido de otimizar os recursos naturais como fonte de ventilação e iluminação naturais, sendo por esse motivo uma reclamação dos policiais ambientais e um uso maior desses recursos. Além disso, no local, há uma diversidade de produção de resíduos sólidos, porém não existe uma coleta seletiva, algo que seria adotado pela maioria segundo os entrevistados. Os resultados obtidos indicam que é necessário buscar soluções para os problemas disgnosticados. Portanto, há a necessidade de implantar uma política ambiental efetiva dentro do Pelotão Ambiental no sentido de proporcionar uma melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho e reduzir os impactos ambientais causados pelas práticas não adequadas. Palavras-chave: Sustentabilidade. Pelotão Ambiental. Recursos Naturais.

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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DAS CRIANÇAS DO ASSENTAMENTO SÃO JUDAS TADEU, PORTO DA FOLHA-SE Francineide Bezerra GONÇALVES (1)*, Bruno Antonio Lemos de FREITAS (1), Soraia Stefane Barbosa BARRETO (1), Daniela Silva CRUZ (1), Laura Jane GOMES (1). 1 – Universidade Federal de Sergipe, Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, São Cristóvão - SE *franfloresta@gmail.com

Estudos relacionados à percepção ambiental contribuem para elucidar as relações homemnatureza, colaborando para o planejamento e uso racional dos recursos naturais. As crianças refletem ao mesmo tempo as percepções passada pelos pais e as que são inerentes à si mesmo. Desta maneira, esta pesquisa foi realizada com o objetivo de analisar a percepção das crianças do Assentamento São Judas Tadeu (Porto da Folha – Sergipe), em relação a um fragmento de Caatinga situado adjacente a comunidade. De todas as crianças previamente convidadas, apenas dez com idade variando entre seis e quatorze anos, em idade escolar compatível ao Ensino Fundamental (três do sexo feminino e sete do sexo masculino), foram reunidas na associação de moradores do assentamento e solicitadas para que representassem por meio de desenhos de qualquer objeto, animal e/ou paisagem a vegetação de Caatinga. Para facilitar a análise, imediatamente após sua confecção cada elemento foi identificado pelo próprio autor. Dos dez desenhos apresentados, apenas dois não possuíam elementos feitos pelo homem como construções humana, facões e cercas. Vegetações típicas da Caatinga foram representadas em 40% dos desenhos, entre as principais espécies apresentadas estavam o Mandacaru (Cereus jamacaru) e o Umbú-cajá (Spondias sp.). Em 80% dos desenhos houve representações de animais típicos da Caatinga como a cobra cascavel e tatu; e animais domesticados na região como vaca, cachorros e aves, demonstrando que as crianças não souberam diferenciar a fauna nativa da região da fauna domesticada, possivelmente devido à proximidade das residências da área de mata. A ausência de espécies exóticas nos desenhos feitos pelas crianças do Assentamento São Judas Tadeu demonstram que elas reconhecem a fauna e a flora local, assim como elementos antrópicos podem representar a inserção da comunidade na região e o uso dos recursos. Palavras-chave: Representação da natureza. Desenho. Homem-natureza.

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PERCEPÇÃO DOS MORADRES DOS POVOADOS, JUNÇA, TIGRE E SERIGY EM RELAÇÃO À ECONOMIA SOLITÁRIA REALIZADA EM PACATUBA-SE Priscylla Costa DANTAS (1)*; Francineide Bezerra GONÇALVES (1)*; Bruno Antônio Lemos de FREITAS (1); Leilane Carneiro CUNHA (1)*; Leila Rafaela da Costa SANTOS (1)* 1 – Universidade Federal de Sergipe, Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, São Cristóvão - SE * priscylla_dantas@yahoo.com.br

A economia solidária vem sendo considerada como uma alternativa inovadora de geração de trabalho e renda, favorecendo a inclusão social. É um meio de produção de bens e até mesmo de serviços, onde há comercialização com união, cooperação e autogestão, visando também o uso sustentável dos recursos naturais. Sendo assim, este trabalho foi realizado com o objetivo de analisar a percepção dos moradores em relação à economia solidária realizada nos povoados Junça, Tigre e Serigy, município de Pacatuba-SE. Foram entrevistados 21 moradores (sete de cada povoado) com idade variando entre 18 e 45 anos, sendo 15 do sexo feminino e 6 do sexo masculino, os quais responderam um questionário semi-estruturado. Os questionários tinham 10 perguntas subjetivas e todos os entrevistados foram identificados pelo nome, idade e sexo. De acordo com as respostas, pode-se inferir que ocorre na região atividades que podem ser consideradas como economia solidária: Artesanato (confecção de diversos objetos em palha); Pesca (captura e venda de produtos da pesca) e Apicultura (cultivo de abelhas para retirada de mel, própolis, cera e pólen). Juntos formam a associação de artesanato (43%), pesca (43%), e apicultura (14%), fortalecendo e contribuindo para a produção, desenvolvimento, consumo, venda dos produtos confeccionados, produzidos e/ou coletados no ambiente natural, gerando consequentemente emprego e renda. Associados e representantes-líderes das três atividades se reúnem uma vez por mês para discutirem sobre melhorias, benefícios e possíveis problemas. Portanto, observa-se que os integrantes das associações praticam uma economia solidária, mas necessitam de mais esclarecimentos e apoio para melhor aproveitamento das atividades já desenvolvidas, assim como para realização e desenvolvimento novas atividades, visando absorver outros jovens e associados na região. Palavras-chave: Autogestão. Renda. Associação.

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PLANTAS MEDICINAIS COMERCIALIZADAS NO MERCADO MUNICIPAL DE ARACAJU-SE Karla Fabiany Santana PASSOS(1)*; Laura Jane GOMES (2); Soraia Stéfane Barbosa BARRETO (3); Marta Gerusa Soares da SILVA (4); Emanuela Carla SANTOS (5) 1 – Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 2 – Doutora em Engenharia Agrícola – UNICAMP, Campinas – SP, Professora do Departamento de Ciências Florestais, São Cristóvão – SE 3 – Mestre em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE 4 – Doutora em Zootecnia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife – PE 5 – Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão – SE * kbiany@hotmail.com

O uso de plantas medicinais é uma prática comum no Brasil e vem sendo realizada, basicamente, por meio do extrativismo. Tem sua origem na cultura de diversos grupos indígenas mescladas aos demais conhecimentos tradicionais que contribuíram para a constituição da farmacopeia local, despertando grandes interesses pela potencialidade terapêutica e econômica que representa. A presente pesquisa teve como objetivo conhecer os usos das plantas comercializadas no Mercado Municipal Thales Ferraz, em Aracaju; identificar alguns locais de coleta e a classificação botânica das espécies medicinais nativas comercializadas. Para isso, foi aplicado um questionário com perguntas abertas e fechadas aos vendedores dos boxes de comercialização de plantas medicinais, possibilitando o levantamento das espécies comercializadas no mercado. A amostra foi não-probabilística intencional, em que os entrevistados foram escolhidos segundo a predisposição em fornecer informações. Sendo assim, foram entrevistados oito vendedores, que corresponde a mais de 50% da amostra. Também foi estabelecido um ranking em relação às espécies mais vendidas e seus respectivos usos e indicações. Devido à grande diversidade de espécies vegetais citadas, optou-se em selecionar um dos entrevistados que se predispôs a visitar um dos pontos de coleta e fornecer algumas espécies citadas. As plantas foram coletadas no mês de dezembro de 2004 e posteriormente identificadas por comparação e incorporadas ao Herbário da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (Protocolo N 0 19/2005). Dentre os resultados encontrados, as espécies citadas como as mais comercializadas foram respectivamente: Barbatimão (Stryphnodendron adstringens); Malva Branca (Sida sp); Arruda (Ruta graveolens); Sambacaita (Hyptis pectinata). De acordo com os vendedores entrevistados, excetuando a arruda, todas são usadas como anti-inflamatório. Dentre suas diversas indicações estão: diabete, dor de dente, úlcera e problemas estomacais, banhos e irritações na pele, câncer, gripe, reumatismo e cicatrizante. Em relação ao local de coleta, muitos desses vendedores a realiza em locais de difícil acesso como matas fechadas ou, mesmo, cultivam as espécies nos quintais de suas próprias residências. Conclui-se que o saber popular é dinâmico, pois permite a influência de outras formas de conhecimento em relação ao uso das plantas medicinais, porém necessita ser cada vez mais incorporado à prática científica. Palavras-chave: Etnobotânica, Plantas Medicinais, Extrativismo.

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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DO SÍTIO MARIMBAS/PAPAGAIO, PESQUEIRA – PE EM RELAÇÃO À FLORA DA CAATINGA Ailza Maria de LIMA (1)*; José Severino Bento da SILVA(1); Elba Maria Nogueira Ferraz RAMOS (1) 1 – Departamento Acadêmico de Ambiente, Saúde e Segurança, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Recife – PE *e-mail: ailzamlima@gmail.com

Conhecer como o homem percebe e usa os recursos naturais são questões determinantes no momento de estabelecer práticas de manejo sustentável e/ou propor ações de conservação dos recursos naturais. Sendo assim, precisa-se inicialmente buscar entender sobre o conhecimento local existente e a partir daí tentar direcionar a sabedoria popular de modo a contribuir com a qualidade dos ecossistemas, fazendo com que a disponibilidade dos recursos possa estar sempre presente. Partindo deste pressuposto, o trabalho teve como objetivo verificar a percepção ambiental dos moradores do sítio Marimbas/Papagaio, sobre a flora da caatinga. A comunidade estudada fica no município de Pesqueira, agreste central de Pernambuco, região de caatinga hipoxerófila. O método utilizado para a coleta das informações foi a entrevista semiestruturada. As entrevistas foram realizadas com 24 participantes da Associação de Jovens e Adultos de Pequenos Agricultores de Marimbas (AJAPAM), a qual possui 34 associados. Do total de entrevistados, 33% foi do sexo feminino, com maior representatividade de pessoas com idades entre 40 e 59 anos e com tempo de residência na comunidade entre 19 e 89 anos. De acordo com 96% dos informantes entrevistados ainda existe caatinga em estado de conservação presente na região, e os mesmos afirmam que muitos dependem dela para desenvolver suas atividades de subsistência, que em sua maioria são a agricultura familiar e criações de animais. Os recursos retirados pelos moradores em sua maioria são madeira para estaca e lenha, assim como plantas para alimentação animal e uso medicinal. Quanto aos cuidados para com a caatinga, percebeu-se que já existe uma sensibilização dos moradores que se mostraram conhecedores da importância de preservação do bioma. Os resultados da pesquisa mostraram ainda que apesar de os moradores não se utilizarem de técnicas adequadas de manejo, demonstram forte relação com o local em que vivem e têm conhecimento sobre a real necessidade de se preservar a caatinga, não só por reconhecerem o seu valor para a manutenção da biodiversidade, mas também ao mencionarem cuidados voltados a sua conservação. Palavras-chave: Semiárido. Vegetação da caatinga. Desmatamento. Conservação ambiental.

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TEOR DE ÓLEO DE FRUTOS DE Acrocomia intumescens Drude DURANTE AS ESTAÇÕES SECA E CHUVOSA NA ZONA DA MATA PERNAMBUCANA Raquel Barbosa da SILVA (1)*; Larissa Maria Barreto de Medeiros TRIGUEIROS (1); Edvaldo Vieira da SILVA-JÚNIOR (1); Antônio Fernando Morais de OLIVEIRA (1) 1 – Laboratório de Ecologia Aplicada e Fitoquímica, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE. * raqbarsilva@gmail.com

Um grande número de espécies brasileiras são fontes potenciais para a economia do país, porém esse potencial muitas vezes é pouco explorado. Nesse meio encontram-se muitas espécies da família Arecaceae, da qual obtêm-se muitos recursos, dentre eles óleo, que são obtidos tanto da polpa como da amêndoa, sendo várias espécies consideradas como oleaginosas. Dentro da família, o gênero Acrocomia Mart. tem se destacado por apresentar espécies potencialmente oleaginosas. A. intumescens é utilizada como alimentícia (in natura e óleo) e medicinal (lambedor). Em face disto, o presente estudo avaliou o teor de óleo da polpa e amêndoa de Acrocomia intumescens Drude, conhecida popularmente como macaíba, provenientes da Zona da Mata pernambucana nas estações seca e chuvosa. Os óleos foram obtidos por extração em Sohxlet por oito horas com n-hexano e concentrados em evaporador rotatório sob pressão e o resíduo final do solvente evaporado com nitrogênio gasoso. O percentual de óleo foi determinado pelo peso do óleo em relação ao peso da amostra seca. Os resultados demonstram que a espécie é uma promissora oleaginosa, tendo a polpa (42,7 e 41,2%) e a amêndoa (52,0 e 58,1%) nas estações seca e na chuvosa, respectivamente. Percentuais de óleo aproximados são descritos para a família e para o gênero, o que reforça a perspectiva da família para o mercado de oleaginosas. Comparando as estações, apenas a amêndoa demonstrou significância no aumento do percentual da estação seca para a chuvosa, o que pode indicar que este seja o melhor período de colheita dos frutos para a obtenção do óleo da amêndoa. Através destes resultados aliados a outros em andamento, espera-se inserir a macaíba no âmbito das espécies consideradas como propícias à produção de biodiesel. Palavras-chave: Oleaginosas. Macaíba. Arecaceae.

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TRAJETÓRIA E DESDOBRAMENTOS DA CARAVANA AGROECOLÓGICA E CULTURAL DE SERGIPE. Danilo MATOS (1)*; Edson Diogo TAVARES (1); Fernando CURADO (1); Fernanda SOUZA (1); Amaury SANTOS (1); Lanna OLIVEIRA (1) 1 – Embrapa Tabuleiros Costeiros * danillo_agronomo@yahoo.com

A Caravana Agroecológica e Cultural de Sergipe ocorreu de 5 a 9 de maio de 2014 sendo coordenada pela Rede Sergipana de Agroecologia (RESEA), articulação de movimentos e entidades que tem a Agroecologia como eixo de atuação, como ciência, movimento e prática. Após amplo diálogo interno a RESEA decidiu realizar a Caravana como evento preparatório para o III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA). Os princípios que nortearam a Caravana foram: construção coletiva envolvendo as entidades que compõem a rede, participação das agricultoras e dos agricultores e a promoção e reflexão a partir das experiências agroecológicas existentes em Sergipe. A Caravana percorreu durante uma semana oito experiências agroecológicas sendo duas em cada um dos quatro territórios da cidadania sergipanos (Sul Sergipano, Sertão Ocidental, Alto Sertão e Baixo São Francisco) e contou com a participação de agricultoras, agricultores, estudantes, técnicos, pesquisadores e professores. Durante a Caravana foi possível constatar a riqueza das experiências desenvolvidas pelas agricultoras e agricultores sergipanos, sua criatividade e satisfação em ter seu trabalho valorizado pela RESEA. A partir da Caravana foi definida a delegação de Sergipe ao ENA que foi constituída pelas agricultoras e agricultores responsáveis por cada uma das experiências e por técnicos ligados às instituições da RESEA. A Caravana se constituiu em importante prática pedagógica e metodológica de interação e aprendizado coletivo e fortaleceu o compromisso dos movimentos sociais agroecológicos ligados à RESEA. A participação da delegação sergipana no III ENA foi um marco no avanço da Agroecologia em Sergipe consolidou a RESEA como integrante da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Palavras-chave: RESEA. Mobilização. ENA.

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