the kiss of deception mary e pearson

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Pauline e eu gritamos. Berramos com toda a potência de nossos pulmões, sabendo que o vento, as colinas e a distância impediam nossa liberdade cheia de nervosismo de ser captada por qualquer ouvido. Gritamos com uma entrega eufórica e uma necessidade primitiva de acreditarmos em nossa fuga, porque, se não acreditássemos nela, seríamos tomadas pelo medo. Eu já o sentia mordendo-me as costas enquanto me impulsionava com mais força para a frente. Seguíamos para o norte, cientes de que o cuidador de cavalos ficaria nos observando desaparecer floresta adentro. Quando estávamos sob a proteção das árvores, encontramos um riacho que eu vira em caçadas com meus irmãos e voltamos em meio às águas que fluíam, seguindo pelo raso fio d’água até nos depararmos com uma escarpa rochosa no outro lado, a qual usamos para nossa saída, sem deixar pegadas ou rastros para serem seguidos. Assim que voltamos a um terreno nivelado, afundamos nossos calcanhares nos cavalos e corremos como se algum monstro estivesse nos perseguindo. Cavalgamos sem parar, seguindo por um caminho pouco usado que abraçava os densos pinheiros, os quais nos dariam refúgio se precisássemos nos abaixar rapidamente. De vez em quando, ficávamos tontas de tanto rir; em outras ocasiões, lágrimas escorriam por nossas bochechas, impulsionadas pela


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