Análise qualitativa de texto, som e imagem com o NVIVO 8: Fundamentos

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Anรกlise qualitativa com o programa NVivo 8: fundamentos Alex Niche Teixeira Q S R I N T E R N AT I O N A L , N V I V O INDEPENDENT LISTED CONSULTANT


Análise qualitativa com o programa Alex Niche Teixeira

NVivo 8: fundamentos

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Um pouco de história CAQDAS Mais informações em: http://caqdas.soc.surrey.ac.uk

Muitos destes programas tornaram-se hoje obsoletos, mas outros foram aperfeiçoados e continuam a ser comercializados como WinMax (hoje MaxQDA), Atlas.TI entre outros.

Sigla em inglês que define os programas de computador orientados para o auxilio na análise de qualitativa: Computer-aided qualitative data analysis software. Surgem na virada dos anos 70 para os 80, primeiro nos Estados Unidos e depois com vários fabricantes pelo mundo: - The Ethnograph - Alceste - Kwalitan - Hyper Research - WinMax - Atlas.TI - NUD*IST

QSR NUD*IST Como um programa de computador para análise de informações não-numéricas e não-estruturadas, o NUD*IST ofereceu à pesquisa qualitativa um suporte informatizado que há pelo 20 anos já estava disponível para a abordagem quantitativa em pesquisa com softwares como o SPSS.

No NUD*IST eram bem evidentes - e um tanto restritas - as dimensões de tratamento das informações: uma janela para os nós que continham as dimensões de análise do projeto e outra para os documentos, tidos como as fontes empíricas que deveriam ser transcritas e salvas no formato TXT (texto sem formatação). O programa estava preparado para rodar em PCs com Windows 95.

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A primeira versão do software da QSR chamava-se NUD*IST, acrônimo de Non-numerical unstructured data indexing, searching and theorizing, ou seja, indexação, busca e teorização de dados não numéricos e não-estruturados. Assim como os similares da primeira geração deste tipo de programas, tratava-se de um sistema de gerenciamento e inferência de informação baseado no princípio da codificação de texto visando buscas (princípio do code and retrieve).


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QSR NVivo A primeira versão do NUD*IST Vivo (NVivo) foi lançada em 2001, juntamente com a versão 5 do NUD*IST. Foram ainda lançados paralelamente o NUD*IST 6 e o NVivo 2 (tela ao lado).

FIGURA 2- Espaço de trabalho do NVivo 2

O NVivo 7, além de unificar os recursos do NVivo 2 e do NUD*IST 6, trouxe aprimoramentos e diversificação para as possibilidades de tratamento das informações, além da aproximação do layout aos programas da Microsoft:

Tinha-se a idéia de que o NUD*IST era um pacote mais robusto para lidar com grandes bases de informações, enquanto o NVivo era um programa para mergulhar mais a fundo em materiais menos numerosos, com outras possibilidades de tratamento, a partir de recursos mais sofisticados de buscas, como o uso de atributos, além da visualização de resultados na forma de modelos. O mais provável é que as limitações de um e outro se dessem muito mais em função da capacidade das máquinas disponíveis

O espaço de trabalho do NVivo mudou bastante em relação às versões anteriores e ficou bastante parecido com o do Office Outlook. A idéia foi tornar o programa mais familiar aos usuários acostumados com o Office (Word e Excel), uma vez que a QSR, fabricante do NVivo, tornou-se “Microsoft Gold Partner” a partir de 2006.

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A nova geração Texto, som e imagem Várias inovações com a versão 8 do NVivo lançada em março de 2008: - Possibilidade de trabalhar com som e imagens com ou sem transcrição sincronizada ao material audiovisual; - Saídas de resultados na forma de gráficos - Relatórios em HTML para a visualização de resultados por usuários sem NVivo.

O espaço de trabalho do NVivo 8 não mudou muito em relação à versão anterior. As guias das seções permanecem as mesmas, indicando que a lógica geral de funcionamento do programa foi mantida. As diferenças mais significativas são as opções adicionais nos menus de contexto (botão direito do mouse) e as ferramentas de navegação de mídia (botões play, stop etc) em função da possibilidade de trabalho com fontes audiovisuais.

O NVivo força o envolvimento do pesquisador com o material empírico. Exige a organização do material em eixos temáticos ou outras formas de categorização. Estimula pensar acerca das informações. Não substitui o pesquisador, mas potencializa os resultados da pesquisa aumentando o alcance e a profundidade da análise.

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Antes de começar: Sempre ter em mente que NVivo não faz mágica, não é um oráculo. Não há resultados sem trabalho. Algumas operações podem ser automatizadas mas dependem: - Da abordagem teórico-metodológica; - De como foi organizado o material empírico; - Do tipo de resultado que se espera.


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NVivo 8: estrutura geral Gerenciando as informações As três principais instâncias de gerenciamento das informações de pesquisa em um projeto do NVivo são: - Fontes

Todas estas partes podem ser utilizadas para as buscas e representadas em modelos.

- Nós e codificação - Casos e Atributos

Fontes São os materiais empíricos em seus diferentes formatos compatíveis: - Documentos DOCX, DOC, RTF, TXT, PDF - Imagens estáticas (fotos ou documentos digitalizados) BMP, GIF, JPG, TIF - Som

Uma vez importada, qualquer fonte pode ser ligada a outras fontes internas e também externas como endereços de internet ou qualquer outro arquivo com um endereço recuperável.

WAV, MP3, WMA - Imagens em movimento: MPEG, AVI, MOV, WMV

As fontes são acessadas na guia Sources. No espaço acima são visualizadas as pastas das fontes e nas janelas à direita, as fontes propriamente ditas. No exemplo ao lado está sendo visualizado um arquivo de áudio em formato MP3 localizado na pasta Internals.

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Nós e codificação Os nós podem guardar definições, assim como memos ou links para outros elementos do projeto e ainda serem relacionados entre si para formar uma “rede” com o recurso dos “Relacionamentos”.

Os nós (nodes) representam categorias ou conceitos e servem para armazenar a codificação (coding) do material analisado. Códigos são índices de referência adicionados a porções de texto, pedaços de fotos ou trechos de sons e imagens. A codificação, portanto, consiste em localizar passagens no material empírico e a elas atribuir os significados correspondentes às categorias (nós) com os quais estamos trabalhando.

As categorias de análise, ou “nós”, podem ser construídas formando uma estrutura hierárquica que fica armazenada na pasta Tree nodes visualizável pelo acionamento da guia Nodes. O método manual de codificação consiste em varrer o texto em busca de trechos que correspondam à definição conceitual contida no nó com o qual se está trabalhando, selecionar esta passagem e “guardá-la” no nó. Uma das formas de visualizar o andamento da codificação é utilizar o recurso das Coding stripes.

Juntando fontes, nós e codificação Qualquer parte de um documento, som ou imagem pode ser codificada tantas vezes quanto necessário em diferentes nós. As passagens, codificadas não são destruídas ou recortadas, o que permite um contínuo refinamento na análise. Os nós e sua estrutura podem ser: - construídos manual ou automaticamente (com auxílio das buscas de texto) com vantagens e desvantagens para um e outro modo; - definidos a priori, antes do início da codificação, ou durante o processo de análise.

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Casos e atributos A opção de utilizar atributos em um projeto guarda certa relação com a lógica de uso de variáveis em um banco de informações estruturadas. O uso deste recurso não é obrigatório e antes de mais nada diz respeito ao desenho da análise. Se a idéia for, por exemplo, comparar as falas dos diferentes entrevistados segundo suas características, o uso dos atributos (e, por conseqüência, dos casos) será de grande valia.

Casos são nós de um tipo específico, os quais representam as unidades analíticas em um projeto. Podem se referir a documentos como um todo, (ex.: entrevistas individuais) ou partes de uma fonte empírica (ex.: participantes de um grupo focal). Atributos são informações estruturadas, variáveis e exclusivas associadas aos casos. - Os valores dos atributos podem ter o formato de números, strings (seqüência de caracteres) ou datas e horários. - Podem ser construídos de forma manual (digitação) ou automática, a partir de importação de tabelas bases externas - Os atributos servem como elementos nas expressões de buscas. Juntos, casos e atributos formam o Casebook.

O Casebook pode ser visualizado pelo menu “Tools / Casebook”

Na visualização do Casebook as linhas referem-se aos casos (unidades analíticas) do projeto e as colunas aos atributos destes casos.

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Caminhos para análise Relacionamentos e modelos Qualquer elemento do projeto pode ser ligado a outro de maneira específica para estabelecer um ou mais relacionamentos. A rede de relacionamentos funciona como um mapa conceitual que suscita novas questões para análise ou sintetiza conclusões. A lista de relacionamentos é construída na área dos Nodes na pasta Relationships a partir de possibilidades pré-definidas pelo pesquisador, as quais devem ser definidas na pasta Relationship Types da área Classifications.

Os modelos são uma forma gráfica dinâmica para visualizar e analisar relacionamentos ou outros itens do projeto.

Para adicionar um item do projeto a um modelo basta arrastá-lo até a area de visualização. A disposiçao gráfica dos elementos de um projeto nos modelos não os torna estanques, isto é, a qualquer momento é possível modificar sua posição, remover ligações e visualizar o conteúdo de texto, som ou imagem daquele documento ou que está codificado naquele nó.

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Após concluído, o modelo pode ser exportado em formato JPEG para ser incluído como figura em uma apresentação ou no relatório de pesquisa.


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Buscas No menu de buscas do NVivo 8 aparecem em verdade 6 opções, mas a última (Coding comparison) diz respeito a uma comparação entre a codificação feita por diferentes pesquisadores que tenham trabalho em um mesmo projeto.

Servem tanto para fazer emergir questões como para testá-las. São de 5 tipos: - Contagem de palavras Listagem das “X” palavras mais freqüentes. - Texto (text search) Não exigem material previamente codificado, podendo ser justamente o início do trabalho de codificação de forma semi-automatizada. - Nós (coding query) Exigem material codificado e permitem recursos de filtragem por outros elementos, como atributos. - Matrizes (Matrix coding) Cruzamentos de diversos elementos do proejto (como nós e atributos) segundo operadores: Booleanos (and, or); Contextuais (near, preceeding, surrounding). - Compostas (Compound) Buscas de texto e/ou nós segundo operadores contextuais de Proximidade (near); Seqüência (preceeding) ; Envolvimento (surrounding).

As diversas opções de buscas estão disponíveis a partir da guia Queries. Na janela de visualização do exemplo ao lado tem-se uma matriz de insterseção entre o atributo “Tamanho da empresa” e uma série de nós relativos a atuação de empresários junto a seus funcionários. Os valores distribuídos nas células dizem respeito ao número de códigos de referências , isto é, porções de texto codificado para cada um dos cruzamentos. Estes valores podem ser visualizados de outras formas como números de fontes codificadas, número de palavras, caracteres etc.

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Esclarecimento sobre buscas booleanas: interseção Interseção de nó “A” por nó “B”

Na simulação ao lado, as colunas em preto representam respectivamente os trechos de texto codificados nos nós “A” e “B”. O resultado de uma busca de interseção entre estes dois nós resultaria na coluna representada em amarelo.

Resultado

A B The weakening of cultural (and indeed) disciplinary boundaries has been spurred by a movement which we might usefully call the 'rediscovery of hetoric'. Rhetoric is no longer consigned to the margins of legitimate scholarship. It has more recently been recognized as central to scholarly ork and production. The classical theory and practice of rhetoric was concerned with argumentation and persuasion. The separation of rhetoric and science at the Enlightenment implied a radical distinction between two contrasted sets of commitments. On the one side stand together science, reason, logic, methods and evidence. On the other side are ranged rhetoric, persuasion, opinion and ornamentation. The aspirations of modern scholarship were firmly rooted in such dualities. The separation of rhetoric from logic in the creation of modern disciplinary nowledge parallels a number of other, equally fundamental, separations and dichotomies. It established the sibility of an observer armed with a neutral language of observation ince untouched with rhetoric) and thus allowed for the elementary distinction between that observer and the observed.

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Visualização de resultados Gráficos No NVivo 8 há diversas possibilidades de representação dos resultados de buscas em gráficos que podem ser exportados como figuras, tal como os modelos. Cabe lembrar que o NVivo não realiza testes estatísticos acerca das informações numéricas e contagens que produz. No entanto, a qualquer momento é possível exportar os resultados de contagens (como o da matriz da página anterior que gerou o gráfico ao lado) para um software que realiza tais procedimentos como o Excel ou o SPSS.

Relatórios em HTML Uma boa alternativa para divulgar os resultados finais ou comunicar o andamento da análise entre os membros da equipe que pesquisa que não disponham do NVivo é a emissão de relatórios no formato HTML que pode ser visualizado em qualquer navegador de internet.

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Requisitos para rodar o NVivo 8: Sistema: Windows 2000 com Service Pack 4 Windows XP com Service Pack 2 Windows Vista com Service Pack 1 Processador: Pentium 4 de 1.6 GHz Memória RAM: 1 GB Monitor: 1024 x 768 pixels de resolução Disco rígido: 2 GB livres

Alex Niche Teixeira INDEPENDENT LISTED CONSULTANT QSR NVIVO, BRAZIL

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