Cadernoorientacaodidatica matematica

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de educador. A sensação descrita como ‘preocupação com o tempo enquanto desenvolve habilidades de leitura...’, sentida pelo professor de Matemática, pode ser enquadrada mais como um temor de estar perdendo o foco da aula, a direção. Acho que nós, professores de Matemática, precisamos buscar caminhos e perceber que, justamente ao criar espaços para que essa habilidade seja desenvolvida, estaremos utilizando mais um recurso didático para o entendimento de nossa disciplina, ou seja, tornando-a mais acessível ao entendimento” (professora Edna Grottoli Fumeiro). “No Referencial, em relação à definição do que é um texto, cabe perguntar: por que ao pronunciarmos a palavra ‘texto’ na escola a maioria dos alunos a relacionam com várias disciplinas, menos com a Matemática? Qual o motivo que conduz os alunos a construírem um conceito sobre a Matemática distante da leitura e da interpretação de um texto? São perguntas que indicam que o ensino de Matemática e a prática escolar podem construir conceitos totalmente distorcidos e contrários ao que a própria história da Matemática demonstra” (professor Antonio Rodrigues Neto). “Atualmente já compreendemos que ‘ler e escrever’ é tarefa de todas as áreas. A grande dificuldade está em nossa formação, pois muitos professores têm dificuldade para trabalhar com essa nova concepção. Na Matemática, isso é ainda mais difícil, pois nessa área a ‘objetividade’ quase sempre foi uma característica, e o uso de muitos símbolos e códigos às vezes dificulta a comunicação. Talvez seja um desafio maior para o professor trabalhar com leitura e escrita. Mas, com certeza, cabe ao professor de Matemática trabalhar textos de sua área, como por exemplo: textos científicos, resolução de problemas, problemas de lógica, tabelas, gráficos e textos jornalísticos” (professora Mariucha Baptista de Paula). “Analisando a trajetória acadêmica dos professores de Matemática no Brasil, verificamos que os currículos das graduações são centrados no cálculo, e com isso nos formamos sem ter muito diálogo com outras áreas do conhecimento. Essas limitações ficam evidentes quando modelos e imagens cristalizadas entre educadores nos rotulam como: estranhos, diferentes, sintéticos demais, que não gostamos de ler, que somos severos, alienados, que só nos interessamos pelo produto final, que não sabemos escrever...” (professora Márcia Dias de Oliveira).

No grupo, destacou-se que um dos problemas mais importantes a serem enfrentados pela escola, no momento atual, relaciona-se ao fato de que a não garantia de uso eficaz da linguagem, condição para que os alunos possam construir conhecimentos, impede o desenvolvimento de um trabalho formativo nas diferentes áreas do conhecimento, particularmente em Matemática.

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Referencial de Expectativas para o Desenvolvimento da Competência Leitora e Escritora no Ciclo II do Ensino Fundamental


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