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Parto humanizado: mulheres poderão contar com a presença de doulas durante o parto em hospitais de Itu

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IMAGEM DA SEMANA

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entre minhas pesquisas encontrei a doula, que me causou curiosidade sobre sua profissão, e em pesquisas, fui entendendo quão importante é a presença da profissional, e não fez mais sentido para mim parir sem uma doula”, relata a parturiente.

“Nasceu em casa, pois criei um medo de, na maternidade, sofrer algum tipo de violência ou intervenção desnecessária. Me sentia mais segura com a ideia de ser em um lugar confortável para mim”, expôs Stephanie.

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risco habitual e atendeu a todas as exigências, o parto domiciliar foi possível”, pontua. Mas esta não é a realidade de muitas. Nos hospitais, as doulas poderão estar ao lado de todas as mulheres, tanto nos partos cesarianas, quanto naturais.

Nesta semana, um importante projeto de lei foi aprovado pela Câmara dos Vereadores em Itu. Trata-se do projeto de lei de nº 79/2022, de autoria da vereadora Patrícia da Aspa, que dispõe sobre a presença de “doulas’’ durante o parto nas maternidades de rede pública municipal ou privadas em Itu, se assim for do desejo das parturientes. “A ideia do projeto veio para minimizar o sofrimento das mulheres durante o pré-parto, parto e pós-parto, oferecendo suporte para um parto mais humanizado, encorajando as mulheres a tentar o parto normal, diminuindo assim o número de cirurgias cesarianas, que trazem maior risco de complicações, assim como de trazer acolhimento em um momento que é necessário também o suporte psicológico”, explica a vereadora Patrícia da Aspa, autora do projeto que virou lei.

O projeto foi aprovado nesta terça-feira (14), com o apoio de todos os vereadores; depois de publicada a lei, haverá o prazo de 90 dias para que hospitais e estabelecimentos de saúde se enquadrem nas novas determinações. “Vale destacar que a presença da doula não tira o direito da mulher a ter um acompanhante, ou seja, ela pode ter ao seu lado tanto a doula, quanto um(a) acompanhante no nascimento da criança. E o trabalho das doulas não substitui, nem deve interferir no procedimento médico”, complementa Patrícia.

O que faz uma doula - Quem explica melhor sobre a profissão é Maria Clara Dias dos Santos, que é Doula, Educadora Perinatal e Consultora em Amamentação, e atua com o Co- letivo Cuidado Materno. “Meu trabalho como doula teve início em junho de 2021, após dar à luz a dois filhos de parto normal passando por intervenções desnecessárias. O suporte da doula se faz primordial desde o início da gestação tanto quanto ter o acompanhamento de um obstetra, uma enfermeira obstetra, um nutricionista, enfim, é tão importante quanto todos os outros profissionais que estariam ao lado da gestante lhe orientando nas melhores decisões, porém, no caso da doula ela está presente de uma forma ainda mais íntima, pois como não faz nenhum procedimento técnico, ela está ali única e exclusivamente para servir a mulher!”, explica.

“Nesse acompanhamento, estamos para acolher e informar durante o período grávido - puerperal (desde o início da gestação, parto, pós parto e na amamentação) em cima de evidências científicas e com muito amor e dedicação, pois somos mulheres lutando por mulheres!”, destaca Clara.

As doulas desempenham um trabalho terapêutico, trazendo equipamentos e exercícios que diminuam a dor e o desconforto das mulheres, fazendo massagens, banhos, e também esclarecendo os procedimentos médicos para a futura mamãe.

Parto humanizado - E essa foi a escolha de Stephanie Cristina Caires Vieira, 23 anos, para o seu primeiro parto/filho. Seu bebê, Juno Arruda Caires, nasceu em 2021, em um parto domiciliar, na casa da sogra de Stephanie, amparado pela doula Clara. A decisão da mamãe se deu durante a gravidez. “Grávida, quis saber tudo acerca desse mundo, e

A consciência de diminuir medicações e intervenções cirúrgicas que podem desencadear em complicações está crescendo entre as mulheres, e isso é um bom sinal, visto que o Brasil é um dos países do mundo que bate recordes em partos cesáreas, ultrapassando os 55% dos casos, muitas vezes pelo receio das mães em não conseguir um parto natural ou de sentir muita dor. A Organização Mundial da Saúde considera adequado o índice de 15% apenas. Assim, humanizar o parto é o caminho para incentivar e encorajar as mulheres, com as doulas dentro dos hospitais, afinal, os critérios para ter o nascimento do bebê em um parto domiciliar não se aplica para todas, e em casa, mãe e bebê não têm uma UTI à disposição para eventuais necessidades, mesmo no nascimento natural.

Stephanie teve obstetrizes ao seu lado, o marido, a sogra e a doula. “Acho importante lembrar que um parto domiciliar é criterioso e é preciso analisar cada caso, sabendo que o apoio hospitalar é indispensável. Como minha gestação foi de

"Quando lembro do meu parto me sinto feliz, pois minha doula despertou em mim uma mulher empoderada, consciente da minha fisiologia, confiante na minha capacidade. Projetos desse tipo são importantes para conquistarmos a autonomia e dignidade que historicamente nos são negadas, o que traz um impacto positivo na saúde mental das mulheres, e consequentemente na relação mãe e bebê. Por mais que represente um progresso, ainda é um passo tardio, o que deixa claro que precisamos de mais mulheres na política, pois somos nós que vivemos essa realidade material", finaliza.

Com a nova lei, os hospitais não poderão cobrar nenhuma tarifa para que a doula esteja presente. As doulas serão escolhidas e contratadas livremente pelas gestantes e parturientes, e devem possuir certificação ocupacional em curso para essa finalidade, além de realizarem o cadastramento nos órgãos hospitalares com antecedência. Vale a pena destacar que a lei traz uma nova opção de escolha para a mulher, e que cada mãe deve ser ouvida e respeitada em sua decisão, sempre pautada pelo diagnóstico de uma equipe médica, que vai avaliar benefícios e riscos de cada parto, afinal, cada caso é único.

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