Revista Missão Salvatoriana - Outubro/ Novembro/ Dezembro de 2019

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/editorial Seja bem-vindo a mais uma edição da Revista Missão Salvatoriana! É com grande alegria que apresentamos o Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, SDS, que acaba de assumir a Província Salvatoriana Brasileira como novo superiorprovincial, juntamente com o novo conselho, eleitos para o próximo triênio de out/2019 a out/2022. Confira a entrevista! Relembramos a trajetória de Padre Jordan que, na infância humilde e juventude de desafios, descobre sua vocação. Saiba mais sobre a formação humana e apostolado nos Colégios do Divino Salvador, que visam convergir ao projeto de vida de alunos, familiares e colaboradores a missão e os valores salvatorianos. Nesta edição também destacamos a Pastoral Juvenil Salvatoriana, que faz o acompanhamento dos diversos grupos, movimentos, expressões juvenis nas obras salvatorianas, realizando um importante trabalho pastoral. Na matéria Trilhando os caminhos da santidade: abraçando um projeto de vida em plenitude, você verá que a vida cristã é um grande chamado a percorrer o caminho de retorno à santidade, uma importante reflexão para o mês em que celebramos o dia de todos os santos. Durante o mês de outubro, a Igreja viveu o Sínodo da Amazônia. Nesta edição, apresentamos o desejo do Papa Francisco em trazer à tona questões tão importantes quanto a evangelização e ecologia. Trazemos ainda, um olhar sobre a missão salvatoriana no Maranhão, contando a história do espírito missionário dos salvatorianos brasileiros, desde década de 1990. E o testemunho pessoal do Pe. Fernando Rizzardo, sds, que apresenta o termo Salvatoriano Missionário, mostrando a importância da missão para a identidade salvatoriana. Boa leitura! 2

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/sumário /3 /4 /6 /8 /9 /10 /12 /13 /14 /16 /18 /19

Palavra do Provincial Carisma Aconteceu Educação Juventude e vocação Principal Social Comunicação Espiritualidade Missões Salvatorianos Infantil

/expediente

Provincial: Pe. Álvaro Macagnan, SDS Editor: Pe. Carlos Jobed Malaquias Saraiva, SDS As matérias não assinadas são de responsabilidade do editor

SUGESTÃO DE CONTÉUDO redação@agenciaarcanjo.com.br www.agenciaarcanjo.com.br facebook.com/agenciaarcanjo 47 3227-6640 EDIÇÃO Taty Feuser Aline F S Oliveira DIAGRAMAÇÃO Hannah Cancio

IMPRESSÃO Companygraf

REVISÃO Larissa Graça

TIRAGEM 5.000 exemplares


/palavra do provincial

Ir ao essencial No último número da revista, escrevi acerca do núcleo fundamental do carisma salvatoriano: conhecer e tornar conhecido o Divino Salvador a todos os povos. Para conhecer, é necessário estabelecer relações concretas. Assim diz o papa Francisco, na Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, números 7 e 8: “Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma pessoa que dá à vida um novo horizonte e, dessa forma, o rumo decisivo. Aqui está a fonte da ação evangelizadora. Porque, se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de comunicá-lo aos outros?”. Do anseio de comunicar a alegria desse encontro, nasce uma dimensão fundamental do carisma a nós legado pelo Padre Francisco Jordan, o apostolado; tanto é assim, que os salvatorianos professavam o apostolado como um quarto voto em suas consagrações. Ser apostólico não é uma exigência externa, imposta por alguém como norma ou disciplina, é o impulso do coração agradecido por um encontro vivificador, o qual comunica o amor, em Jesus Cristo, como partilha de uma alegria incontida. Por isso que não se compreende que haja cristãos com permanente “cara de funeral”(EG 10). Uma pessoa que se identifica com o estilo salvatoriano de apostolado, não gasta a maior parte do seu tempo e energia com minúcias doutrinarias, com devocionismos estéreis, com firulas litúrgicas e com emaranhados administrativos-financeiros, mas: “... o anúncio concentra-se no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário. Neste núcleo fundamental, o que sobressai é a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado.” (EG 35 e 36) Essa constatação que emerge do nosso carisma é extremamente necessária, não só à Família Salvatoriana, mas a todos os cristãos, como bem nos lembra o papa. Em nossa Província Salvatoriana Brasileira, teremos a mudança de governo, por isso, agradeço a todos os que não perderam o essencial do nosso apostolado de vista e deram testemunho de Jesus Cristo, o Divino Salvador. Desejo ao novo Provincial e seu Conselho que sejam capazes de nos animar no estilo apostólico de Padre Francisco Jordan.

Pe. Álvaro Macagnan, SDS Diretor Provincial

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/carisma

Infância, juventude e descoberta de Padre Jordan A verdadeira espiritualidade supõe uma experiência de vida. O Venerável Francisco Maria da Cruz Jordan, tem muito o que nos ensinar neste âmbito. Homem de talentos e de coração aberto às necessidades da Igreja daquela época e dos dias de hoje. Em uma pequena aldeia de Gurtweil, do Ducado de Baden, ao sul da Alemanha, fronteira com a Suíça, nasceu João Batista Jordan. Era um tempo difícil, em que a economia era garantida pelos trabalhos agrícolas. Seus pais, Lourenço e Notburga trabalhavam em um restaurante; seu pai era cuidador de cavalos e sua mãe, faxineira. Seu avô, Francisco, era o responsável por cuidar de Jordan e de seus irmãos, Martinho e Eduardo. Na família, sempre era chamado de Batista, e certamente isso marcou também o seu jeito de ser “precursor” do Concilio Vaticano II. Habilidoso com desenhos, tímido, pescador em riachos... vivia a vida com muitas necessidades. Percebia o mundo e via inúmeras crises. Um século marcado por crianças operárias. Cenário de morte e dor, sem dignidade e muita miséria. Escravidão é o nome mais certo, pois, do amanhecer ao anoitecer, pessoas eram colocadas em situações de riscos em atividades braçais que se estendiam além de suas forças físicas.

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/carisma Em 1863, perdera o seu pai, vítima de coices de um cavalo. Sua mãe sofria, sempre calada. Nesta perspectiva, Jordan passou a fazer as experiências de vida orante, seu refúgio e proteção e, com seus irmãos na roça, encontrou meios de sobrevivência. Aqui, ele viveu uma grande fase de amadurecimento, onde descobriu a unidade familiar em meio as dores. Se valendo das habilidades e de suas práticas em desenhos, partiu para cidade de Waldshut, onde conseguiu trabalhar como aprendiz de pintor. Foi neste exato círculo, que Jordan abriu os olhos para as críticas à sociedade industrial. Período forte de greves em todo o país. “Homens máquinas” para a nova sociedade. O movimento operário ganhava forças nos pensamentos de Friedrich Engels e Karl Marx. Era o nascimento do Socialismo. Daí vem a inquietude: “como pensar em Deus dentro de um mundo tão negativo, tão cruel e desumano?”. Foi assim que, com as crises internas e externas, o espírito de Jordan passou a dar lugar e vez à novas ideias. Percebia ele que, muitos leigos eram acolhidos por padres nas lutas das fábricas e, ao mesmo tempo, se dedicavam às obras de caridade, isto para dar atendimento àquela multidão de operários, escravos de um sistema que os oprimia. Em 1874, concluiu o ensino médio e, acabou indo conhecer a Itália, onde deixou grandiosas marcas. Fez visitas incansáveis às igrejas e basílicas. Foi nas catacumbas que sua vocação despertou, pelas histórias dos mártires e dos apóstolos, em especial, Pedro e Paulo. Rezou por todos os santos de Deus para que também ele, aprendesse a seguir, com fidelidade, o caminho da fé. Com vida muito simples e pobre, recebeu ajuda de senhoras em Friburgo e, graças a elas, foi possível pagar os estudos, a custo de sacrifício e esforço. Na disposição da vida, se lançava nas madrugadas aos estudos das línguas, eram em torno de cinquenta. Por outro lado, ouvia o clamor do povo de Deus pedindo ajuda. Sempre de coração aberto.

“Que bom se pudéssemos unir a humanidade em torno de uma só bandeira”, ele começava a sonhar com países sem fronteiras. Uma certeza é: Jordan era, foi e permanece à frente de seu tempo, pois os seus sonhos o motivaram além-fronteiras e quebraram paradigmas de um tempo diferente. Por isso mesmo, passava ele noites difíceis nas experiências do vazio e, desta sorte, buscava no silêncio, respostas em suas orações. Por mais que buscasse a fuga, eram confirmadas suas caminhadas e, contudo, não conseguia mais se separar do desejo que ardia e lhe lançava cada vez mais à frente de uma realidade de entrega e de descobertas na fé e na caridade para com a Igreja, o povo de Deus e, sobretudo, ao próprio Cristo, a quem clama e busca a salvação. Uma salvação que é para todos os povos. Pe. Célio Roberto dos Santos, SDS

“Que bom se pudéssemos unir a humanidade em torno de uma só bandeira”. P R O V Í N C I A S A LVAT O R I A N A B R A S I L E I R A

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/aconteceu Junho/2019

Ordenação DIaconal - Marciel Osvaldo de Souza

Aconteceu no dia 21 de junho, na cidade de Conchas (SP), a celebração eucarística, na qual o Ir. Marciel Osvaldo de Souza, sds, foi ordenado Diácono. “Aquele que quiser ser o primeiro, seja o servo de todos” (Mc 10,44). Este foi o lema escolhido por ele para acompanhá-lo em todo o seu ministério diaconal, seguindo o exemplo do Mestre, colocando-se a serviço de Deus e da Igreja. A celebração foi presidida por sua Excelência Reverendíssima Dom Maurício Grotto de Camargo, Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Sant’Ana de Botucatu, contando com a presença de muitos confrades, padres diocesanos, familiares e amigos do ordinando.

Junho/2019

Paróquia Divino Salvador de Vanduzi

No último dia 16 de junho de 2019, data em que comemoramos o nascimento do fundador Pe. Francisco Jordan, também nasceu oficialmente a Paróquia Divino Salvador, de Vanduzi, em Moçambique. A celebração eucarística foi presidida pelo Bispo da Diocese de Chimoio, Dom João Carlos Atoa Nunes, concelebrada pelos Salvatorianos e Diocesanos, com a presença das Irmãs e Leigos Salvatorianos, autoridades civis e o povo cristão. Assim realizou-se o início desta nova obra e a posse de Pe. Justin Ngoy Mikombe como pároco e Pe. Celestino Manuel Madaba como vigário paroquial. Desde já, trabalham em conjunto com as Irmãs Salvatorianas que estão em Chimoio e Messica, e com os Leigos Salvatorianos de Chimoio.

Julho/2019

Encontro de Formandos Salvatorianos

Entre os dias 1º e 5 de julho de 2019, aconteceu o Encontro de Formandos Salvatorianos da Província Brasileira, sediado na sede provincial, em São Paulo. Este ano o tema foi ‘Os desafios morais e midías sociais’, tendo por assessor o Ir. Alan Redentorista. Depoimento de um participante: “Parabenizo e agradeço a equipe de organização do encontro pelo esforço para que este acontecesse da melhor forma possível. Destaco a importância e atualidade do tema escolhido, saliento a capacidade, dedicação e pedagogia do assessor que brilhantemente nos ajudou a pensar e refletir sobre nossa presença apostólica no mundo da comunicação. Oxalá tenhamos mais momentos como esse contemplando as dimensões intelectual, fraterna e espiritual de nosso processo formativo”. 6

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/aconteceu Retiro Regional Nordeste

Julho/2019

O Retiro Anual do Regional Nordeste dos Religiosos e Padres, residentes nos estados do Maranhão e Ceará, ocorreu no período de 1º a 5 de julho. A Casa dos Padres Jesuítas, localizada na cidade de Baturité (CE), foi o local escolhido para a realização do retiro desse ano, o qual foi orientado por Dom Luiz Vieira Soares, arcebispo emérito da Arquidiocese de Manaus (AM). A temática do retiro foi sobre a dimensão da vida apostólica, tendo por inspirações bíblicas algumas passagens contidas no livro dos Atos dos Apóstolos e nas cartas paulinas. Todos foram chamados ao amor à pessoa de Jesus e ao próximo, como sendo a condição imprescindível para não se reduzir o apostolado ao ato de fazer coisas, e sim de agir pela ação do Espírito Santo de Deus, como consagrados, testemunhas do Ressuscitado.

Julho/2019

Retiro Regional Sul e Sudeste

Aconteceu entre os dias de 8 e 11 de julho, o Retiro Anual dos Salvatorianos, da Região Sul e Sudeste, no Seminário Salvatoriano em Conchas (SP). Tivemos a alegria de contar com a presença de Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, como nosso assessor, abordando o tema do Apostolado. Todas as reflexões foram retiradas do livro dos Atos dos Apóstolos, mostrando inicialmente a constituição da comunidade, que é fundamentada em quatro pilares: Palavra de Deus, solidariedade, eucaristia e oração. Finalizou as reflexões enfatizando que é o Espírito Santo que conduz todo o trabalho missionário e de evangelização da Igreja, mostrando a pessoa Maria como exemplo de verdadeira discípula-missionária de Jesus Cristo, o Salvador.

Julho/2019

Experiência Missionária

Com a ajuda do projeto Jordan e pela ocasião do festejo da padroeira, entre os dias 8 e 30 de julho, os junioristas do Instituto Doze Apóstolos, acompanhados pelo Pe. Edgar Augusto Casallas Saavedra, sds, participaram da experiência missionária, na Paróquia de Sant´Ana, em Coelho Neto (MA). Junto a eles, participaram o pré-noviço Elivelton Gomes, o vocacionado Willon Alves, da Paróquia São João Batista, o Sr. João Valentim, leigo salvatoriano de Jundiaí e o Diácono Marciel Souza. Os missionários ficaram hospedados nas casas das famílias, onde foram acolhidos com muito amor e carinho. Além das visitas, bênçãos de casa, conversas com os idosos, escuta dos jovens, acompanhamento dos doentes da paróquia durante o dia, organizaram encontros formativos e partilharam a vida e os desafios cotidianos, com as lideranças das comunidades. A conclusão da missão se deu com a

realização do Encontro Paroquial da Juventude, onde quase 200 jovens das cidades de Coelho Neto, Duque Bacelar e Afonso Cunha estiveram presentes, vivendo um dia de intensas atividades. O encontro foi coordenado pela equipe provincial da juventude salvatoriana.

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/educação

Formação humana e apostolado em nossos colégios

Pe. Jair Carlesso, SDS Coordenador da Comissão de Apostolado Salvatoriano

Há algum tempo, a Província Brasileira vinha se questionando sobre qual a razão de continuar com colégios mantendo somente princípios no campo intelectual, como propriedade, onde muitas outras instituições já o fazem. A questão então é: além da formação acadêmica qual seria o nosso diferencial? Sabemos que a educação faz parte de nosso carisma e que é um grande campo para exercer nosso apostolado, pensando nisso, a Província investiu então, na infraestrutura de nossos colégios. O último Capítulo Provincial solicitou um novo projeto de evangelização para as nossas instituições de ensino. Pautados nisso, buscamos a origem da fundação do Colégio Divino Salvador, o qual está arraigado em valores e princípios cristãos sob a ótica salvatoriana. Isso significa um dinamismo particular, na continuidade da missão de Jesus e em seu impacto no mundo em que vivemos. O percurso visa, em linhas gerais, assumir essa perspectiva de modo a caracterizar a identidade e, por conseguinte, o diferencial da educação salvatoriana. Para isso, cinco linhas de ação foram estabelecidas e pretendem contemplar toda a conjuntura institucional:

Pedagógica > Pastoral > Familiar > Administrativa > Colaborativa

Além disso, quatro pilares norteiam a expressão carismática salvatoriana desenvolvida em cada um desses segmentos, são eles: a experiência, a comunidade, o envolvimento e a universalidade. Cada um desses pilares indica um conjunto de valores, cuja fonte nos escritos salvatorianos dá forma e expressão àquilo que compreendemos acerca do SER salvatoriano:

1) Experiência: autonomia, protagonismo e liderança 2) Comunidade: cooperação, corresponsabilidade, interdependência 3) Envolvimento: comprometimento, empatia e responsabilidade 4) Universalidade: empreendedorismo, criatividade e senso crítico Assim sendo, a fim de garantir esses princípios identitários, estabelecemos um Núcleo de Formação Humana e Apostolado. Sua função é fazer convergir ao projeto de vida de alunos, familiares e colaboradores, nossos valores e a missão de: “Tornar conhecido o Divino Salvador e seus ensinamentos, oferecendo um processo educativo de excelência à luz do humanismo solidário”.

“Devemos contribuir, fazendo uso de todos os meios para realizar a sublime missão da sociedade. Com todos os meios! Para atingir a finalidade que a sociedade se propõe, é necessário antes de tudo, a santificação própria, a busca da perfeição! E que cada um, em seu lugar, cumpra fielmente seus deveres, tanto como membros da Sociedade quanto nos seus encargos. Isto eu sempre pressuponho, e é o mais importante” (Alocuções pág. 400). 8

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/juventude e vocação Alocuções D.E. I 58,1 - Empenha-te, com força e esforço inexoráveis, por uma boa educação cristã da juventude, em meio a qualquer povo, onde quer que isto seja possível, ainda que para isto tenhas que derramar a última gota de sangue, para a glória de Deus!

Pastoral Juvenil Salvatoriana

Pe. Jordan A Pastoral Juvenil Salvatoriana é o acompanhamento afetivo e efetivo dos diversos grupos, movimentos, expressões juvenis existentes em nossas obras, sempre na solicitude misericordiosa de Jesus Cristo, o Divino Salvador. É imprescindível a presença dos salvatorianos junto as juventudes. Afetivo, no sentido de Jesus, que se aproxima, tem carinho e misericórdia com as pessoas; efetivo, pois não temos como nos eximir, deixar só, é necessário a presença junto as juventudes. Muitas vezes não sabemos o que fazer, mas não precisamos fazer muito: a presença amiga, o escutar, vale muito para os jovens que sentem a falta de seus pastores. E para isso, não existem limites de idade, nem problemas de linguagem, todos nós, SALVATORIANOS, podemos e devemos fazer. O trabalho da Pastoral Juvenil é reconhecer a existência e importância de todas as expressões juvenis, a Igreja do Brasil reconhece as: 4 Pejotas, os movimentos juvenis, as novas comunidades, congregações religiosas que trabalham com jovens e os grupos de jovens paroquiais independentes. Acolhê-las e acompanhá-las é a missão da Pastoral Juvenil Salvatoriana. No último sínodo, a Igreja em seu conjunto escolheu ocupar-se dos jovens e fez uma escolha muito precisa: considerando esta missão uma prioridade pastoral histórica, na qual se deve investir tempo, energia e recursos. Investir, “apostar”, no trabalho com as juventudes, é o convite da Igreja a todos, requer recursos humanos e materiais, que não são um gasto. Temos que mudar nossa mentalidade em relação às juventudes, de achar que jovens são problemas e gastos. Não. Já dizia o Papa Francisco na última Jornada Mundial da Juventude, os jovens são o agora de Deus. São sujeitos eclesiais importantíssimos no trabalho pastoral da Igreja e devem assumir este protagonismo, sendo verdadeiros apóstolos de Cristo. Como nos diz o lema dos encontros paroquiais da Juventude Salvatoriana: ‘Ninguém te desprezes por ser jovem, sê um verdadeiro apóstolo de Cristo’. Esta é nossa missão como religiosos salvatorianos: despertar o ser apóstolo de nossas juventudes. Pe. James Wilson Januário de Oliveira, SDS Coordenador da Juventude Salvatoriana

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Conheça o novo Provincial! Por Agência Arcanjo

Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, SDS nasceu no dia 21 de janeiro de 1969, em Fortaleza (CE). É filho de Francisco Gonçalves Costa e Raimunda Iva de Macêdo Gonçalves e tem duas irmãs: Yara e Vitória Régia. Entrou para o seminário salvatoriano Instituto Mãe do Salvador no ano de 1992, para fazer o curso de Filosofia. A experiência do Noviciado aconteceu em Manizales – Colômbia entre 1995 e 1996. No dia 14 de janeiro de 1996 fez a sua Primeira Profissão Religiosa, na Sociedade do Divino Salvador, em missa celebrada no Santuário Senhor Bom Jesus, em Conchas (SP). A Profissão Religiosa Definitiva aconteceu no dia 6 de fevereiro de 2000, em Fortaleza (CE). Foi ordenado diácono no dia 8 de dezembro do mesmo ano, em Jundiaí (SP). A ordenação presbiteral deu-se no dia 7 de julho de 2001, em Fortaleza (CE). Pe. Sydney é graduado em Filosofia, Teologia, Ciências da Religião e pós-graduado em Espiritualidade. Foi pároco e vigário-paroquial, atuou também como mestre de noviços e reitor em todas as etapas da formação salvatoriana. Integrou inúmeras comissões e conselhos provinciais e entre 2017 e 2019 foi vice-superiorprovincial. A partir de outubro de 2019 assume como superior-provincial. A Revista Missão Salvatoriana preparou uma entrevista com Pe. Sydney. C onfira!

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Revista Missão Salvatoriana (RMV) - Como foi seu despertar vocacional? O que o levou a optar pela vida sacerdotal como religioso salvatoriano? Francisco Sydney de Macedo Gonçalves (Pe. Sydney) Em primeiro lugar foi a vida de oração que me acompanha desde criança, o testemunho de oração de minha mãe, meu avô paterno e minha avó materna. Outro ponto foi a influência dos padres italianos que dirigiam a escola onde estudei boa parte da minha vida, além do engajamento apostólico na minha juventude. Ressalto aqui a experiência no grupo de jovens V.I.D.A., a catequese em preparação para a crisma, o apostolado com os idosos e o testemunho da vida religiosa salvatoriana na Paróquia Bom Jesus dos Aflitos em Fortaleza (CE). No início do processo vocacional, fui acompanhado pelos padres salvatorianos Milton Zonta, Mauri Gomes e pelas irmãs Hosana (salvatoriana) e Irmã Socorro Beleza (Josefina). O carisma salvatoriano me encantou! RMV - Qual foi a reação da família quanto à decisão de seguir a vida religiosa? Pe. Sydney - Deus me concedeu uma família muito especial. Meus pais sempre deixaram claro para minhas irmãs e para mim que iriam respeitar as nossas escolhas. Eles sempre me apoiaram. RMV - Como avalia a sua trajetória dentro da Província Salvatoriana Brasileira? Quais fatos considera mais marcantes? Pe. Sydney - Sempre levei muito a sério o processo formativo, isto é, as etapas da formação salvatoriana. Cada etapa foi fundamental para o meu crescimento espiritual, humano, acadêmico, apostólico e fraterno. Muitas pessoas me ajudaram e foram importantes no meu processo: formandos (as) salvatorianos (as) e de outras congregações religiosas, funcionários de nossas casas e das paróquias, obras salvatorianas, paroquianos, CRB, projetos/equipes e coordenação da CIS (Colaboração Intersalvatoriana), família salvatoriana, reitores dos seminários, confrades salvatorianos, bispos das dioceses onde estamos. A profissão religiosa definitiva, as ordens sacras, a missão em cada apostolado (aqui me refiro às pessoas e aos lugares que me ajudaram bastante na minha caminhada). Outro fato significativo foi a oportunidade que tive de acompanhar as inúmeras pessoas que tiveram graças alcançadas pela intercessão do Pe. Francisco Jordan, durante o seu processo de beatificação. Temos uma excelente equipe da família salvatoriana que acolhe os relatos de graças alcançadas. Faço uma avaliação muito positiva. Posso concluir dizendo que, por onde passei, pude oferecer o

meu melhor. RMV - O que representa para o senhor assumir a Província Salvatoriana Brasileira como novo superiorprovincial? Pe. Sydney - Uma responsabilidade muito grande. É impossível não ter presente toda a história de superações, conquistas e reconhecer o esforço empregado pelos salvatorianos que já assumiram esta missão de superiorprovincial. O que me deixa mais tranquilo é o fato de saber que serei acompanhado por Deus, Nossa Senhora, pelo Conselho Provincial eleito, por meus confrades, pela família salvatoriana, família biológica e amigos. Contarei com a providência divina que me acompanhou a vida inteira e com o Pe. Francisco Jordan. RMV - Quais serão os principais desafios, na sua opinião? Pe. Sydney - Responder como salvatorianos aos desafios encontrados num mundo tão plural. Estreitar ainda mais os laços com a família salvatoriana, CRB e dioceses onde estamos presentes. Continuar colaborando com a internacionalidade da nossa congregação. Concretizar os projetos e prioridades assumidos no nosso Capítulo Provincial de 2019. Temos a nosso favor uma espiritualidade e carisma muito atual.

Novo Conselho Provincial para o triênio de out/2019 a out/2022: Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, SDS (Diretor Provincial) Pe. Cesar Augusto Cordeiro de Barros, SDS (Vice-Diretor Provincial e Coordenador Provincial de Formação Inicial) Pe. Itamar Roque de Moura, SDS (Conselheiro e Coordenador Provincial de Formação Permanente) Pe. Samuel Alves Cruz, SDS (Conselheiro e Coordenador de Apostolado Salvatoriano) Pe. Sílvio Aparecido da Silva, SDS (Conselheiro e Tesoureiro Provincial) Pe. Bruno Retore, SDS (Conselheiro e Secretário Provincial) A celebração eucarística de posse do DiretorProvincial e seu Conselho aconteceu durante o XXX Capítulo Provincial, no dia 23 de outubro de 2019, na Casa de Encontros e Retiros N. Sra. Aparecida, em Conchas (SP).

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/social

Sínodo Geral dos Bispos para a Região Pan-Amazônica Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral De 6 a 27 de outubro deste ano os bispos da região amazônica, a qual engloba a região norte do Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname, tem por finalidade pensar ações concretas para a defesa e a preservação da vida nesta rica porção geográfica. Sobretudo pensar na defesa da vida dos povos e das culturas presentes nesta área. Por exemplo, a vida dos povos indígenas. Uma riqueza incalculável, que não pode ser medida sob o ponto de vista dos interesses de um capitalismo financeiro e especulativo, no qual o grande princípio norteador é o lucro e a ideologia de mercado. Trata-se de um encontro bastante desafiador e profético do Papa Francisco com os bispos daquela região. Muitos olhares da Igreja e de setores da Sociedade Civil e Política se voltam para Roma neste momento, porque todos sabemos da força e da atuação da palavra da Igreja no mundo inteiro. Em um tempo de retomada forte no cenário político e econômico de ideologias totalitárias, neoconservadoras, neoliberais, de extrema direita etc, precisamos como cristãos - movidos pela ética cristã, isto é, do Evangelho, refletirmos esta realidade e assumirmos uma postura crítica e atuante na defesa dos nossos valores e princípios. O Papa Francisco em sua homilia de abertura do Sínodo contrapôs o fogo de Deus, “que ilumina, esquenta e dá vida”, ao fogo do mundo, “que destrói”. Disse-nos ainda o Santo Padre sobre a importância do Sínodo: “para renovar os caminhos da Igreja na Amazônia, de modo que não se apague o fogo da missão”. Do mesmo modo, recordou que “muitos irmãos e irmãs na Amazônia levam cruzes pesadas e esperam a consolação libertadora do Evangelho e a carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos”. O Sínodo traz a ideia de que a Igreja em sua ação missionária precisa considerar sua dimensão sinodal, ou seja, a necessidade de caminhar junto! O Evangelho de Cristo nos propõe um caminho comum como discípulos, movidos pela Boa Nova de Salvação, sermos o Corpo Místico de Jesus vivendo em comunhão fraterna. Além disso, consideramos um diálogo inter-religioso e ecumênico na luta pela defesa dos valores fundamentais da vida e, principalmente, da vida humana. Que este encontro venha despertar o coração e a mente de todos os cristãos e pessoas de boa vontade para a defesa da Amazônia.

Pe. Carlos Jobed Saraiva, SDS

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/comunicação

Presença digital dos Salvatorianos Por Agência Arcanjo

“No projeto de Deus, a comunicação humana é uma modalidade essencial para viver a comunhão”, afirma o Papa Francisco. E, a forma de se comunicar mudou ao longo dos tempos. Quando Jesus falou sobre o Reino de Deus, Ele usou elementos da cultura e ambiente daquela época: o rebanho, a figueira, o banquete, as sementes, a festa do casamento, o joio e o trigo etc. Como nos comunicamos hoje? A sociedade contemporânea vive em um mundo que é multiplataforma. A cultura das pessoas e, principalmente, a dos jovens, mudou profundamente. Bilhões de pessoas estão no Facebook, Youtube, Twitter etc. As informações são obtidas muito mais de modo digital do que pelos meios convencionais. O Papa Emérito Bento XVl disse “que a web (rede) não é mais instrumento, mas um ambiente de vida” e afirma que as pessoas “não devem usar bem a rede, mas viver bem no tempo da rede”. Precisamos, portanto, transmitir profissionalmente a mensagem cristã por todas as plataformas. Por isso, a Província Brasileira está investindo também no meio digital, se fazendo presente no Facebook, desde abril de 2014, e no Instagram a partir de julho de 2018. Nossas redes sociais oficiais contam com um planejamento de conteúdo para atrair as pessoas para além de sua conexão virtual, compartilhamos cards e informações que realmente instiguem a vivência da fé. Para isso, contamos com o trabalho profissional da Agência Arcanjo. Pois, não basta estar presente nas redes sociais, é preciso também criar conteúdo relevante, de qualidade e que transmita de fato o que é a Província Brasileira, o que ela faz, como atua e em que acredita.

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/espiritualidade

Trilhando os caminhos da santidade: abraçando um projeto de vida em plenitude! Pe. Paulo José Floriani, SDS

“Minha grande alegria é ver que vocês buscam a santidade. Pois, se vocês aspiram à santidade, vocês serão felizes, aqui e na eternidade!” 14

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Abraçar a vida cristã, assumindo o processo de seguimento nascido do encontro com Jesus Salvador, é aventurar-se pelos sendeiros de uma proposta que ressoa em todos em tempos e para todos os povos do mundo: “Vós, portanto, sereis perfeitos, como é perfeito o vosso Pai Celeste” (Mt 5,48). Perfeição é o horizonte para o qual aponta o chamado à santidade, que recebemos desde nosso batismo . Um horizonte amplo que nos interpela, desinstala e revela a grande vontade de Deus para todos os seus filhos(as) (I Tess 4,3). Ela é, como nos lembrou Pe. Jordan no texto acima citado, a única via de verdadeira realização e felicidade para nossa frágil humanidade. Esta busca por perfeição/santidade consiste em fixar nosso olhar em Deus, pois somente Ele é Santo e fonte de toda a santidade (Lv 20,7-8.26; Sl 30,5; I Pd 1,1516; Ef 5,1), abrindo os ouvidos à sua Palavra Vivente e Salvífica encarnada no meio de nós (Jo 1,1-18), de modo a nos conformar a Ele (Rm 8,29-30; Fl 1,21. 2,1.5; Cl 1,18; Gl 4,19), guiados pela ação do seu Espírito em nós primeiro dom do ressuscitado (Jo 16,4-15; II Cor 3,17-18; Gl 5,5.13-25), participando da Comunidade dos Santos (Col 1,2; Ef 1,1, 2,19-22). Não se trata, portanto, de um estéril perfeccionismo egoísta que não admite erros, que fazem parte do próprio caminho de busca por crescer e se superar, mas de um se lançar, com confiança inabalável e em comunhão de vida com os demais, no amor de Deus que “...nos escolheu nele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor” (Ef 1,4) . Um amor que tem o poder de tudo transfigurar e renovar. Assim, o santo, como adverte Papa Francisco, é, antes de mais nada, reflexo encarnado de algum aspecto do Evangelho em um determinado momento da história. É o homem e a mulher que assume dar respostas concretas, desde a luz e a profundidade de sua fé, às trevas que residem em si mesmo e no mundo. É aquele cristão(ã) que abraça com radicalidade o seu batismo na cotidianidade da vida, assumindo com audácia ser reflexo do Deus Trindade, comunidade de amor. É o batizado(a) que realiza cada simples ação de modo extraordinário, pois está imbuído deste amor que primeiro o amou e que o impele a agir, rompendo com as barreiras da lei do menor esforço que o aprisiona em uma vida banal e superficial. É o discípulo(a) que cresce constantemente na consciência que recebeu um convite que o convoca a percorrer um caminho único e próprio de santidade, permitindo que floresça e floresça nele(a) a graça recebida, sob a ação do Espírito Santo de Deus. É o missionário(a) que, com alegria, zelo e até as últimas consequências, colabora para a realização da plena

“Deus nos escolheu nele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor” razão de ser da Igreja, desde o específico dom recebido da multiforme graça do criador (Rm 12,6-8; I Cor 12,411; I Pe 4,10-11), não sendo um mero repetidor de esquemas ou de fórmulas . Deste modo, a vida cristã é um grande chamado a percorrer este caminho de retorno à santidade original, perdida com a entrada do pecado na nossa vida humana, ofuscando a beleza radiante do amor de Deus que nos criou a sua imagem e semelhança (Gn 1,26-27). É aceitar o desafio de permitir que juntos, como Comunhão dos Santos, participantes da família dos filhos de Deus em seu filho morto-ressuscitado, na força e direção de seu Espírito, possamos chegar “... à unidade na fé e no conhecimento do Filho de Deus, ao estado de adultos, à estatura de Cristo em sua plenitude” (Ef 4,13). Eis a grandeza da proposta cristã para cada um de nós: desde o modelo do único e verdadeiro Filho, por pura graça e amor, participar de sua natureza divina como filhos adotivos, orientando nossa existência humana para uma vida mais plena, integral e verdadeira. É profundamente significativo que Pe. Jordan nos convide a assumir este caminho de cristificação como nosso próprio caminho de santidade. Se isto for feito, nosso Fundador não tem dúvidas quanto ao futuro da Sociedade: “Procurem, pois, com todas as suas energias, aspirar à santidade, e eu ficarei tranquilo. Se eu souber que vocês buscam a perfeição, não lhes precisarei falar mais muito. E aí eu diria: Façam o que quiserem! Nisto se evidenciará que a Sociedade está no caminho certo .”

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/missões

Um Olhar sobre a Missão Salvatoriana no Maranhão

Pe. Antonio Gomes de Pontes Neto, SDS

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O aspecto missionário encontra-se inerente ao ser salvatoriano, uma vez que a vida apostólica é uma herança deixada pelo fundador da família salvatoriana, o Venerável servo de Deus, Pe. Francisco Maria da Cruz Jordan. Seguindo esse espírito missionário os salvatorianos brasileiros ensaiaram no início da década de 1990 uma missão ad gentes, tendo a África como destino. No entanto, um cenário de guerra civil e outros impedimentos ceifaram naquele momento esse anseio. Como no Brasil, a Diocese de Brejo (MA) teve o seu pastoreio, desde a sua criação, confiado aos salvatorianos ordenados bispos, a saber, Dom Afonso de Oliveira Lima (in memoriam) e Dom Valter Carrijo, houve durante muitos anos a presença de religiosos e padres salvatorianos eventualmente, a convite dos respectivos bispos para ocasiões pontuais. Mas essa colaboração eventual ganhou mais solidez quando se escolheu assumir um compromisso maior e melhor definido a partir de 1994, com o envio do Pe. Waldenir Ferreira Pires, sds, como primeiro salvatoriano a buscar fixar-se num apostolado específico na Diocese de Brejo. Em 1996, se deu a definição de que os salvatorianos iriam residir na cidade de Coelho Neto (MA), mas com a responsabilidade de assumirem não apenas a Paróquia dessa respectiva cidade, mas também as Paróquias vizinhas de São José de Duque Bacelar e de Santa Luzia de Afonso Cunha.

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/missões Para formar a comunidade religiosa salvatoriana local, no mesmo ano, o Pe. Álvaro Macagnan, ainda estagiário, veio residir em Coelho Neto, permanecendo alguns anos após ter ocorrido a sua ordenação sacerdotal. Também foi enviado o Ir. Paulo Vicençoti para auxiliar na pastoral e nas atividades da comunidade. De lá pra cá se viveu um período de difícil adaptação., mas nada os intimidou a levar a bom termo inúmeras iniciativas, tais como: a construção de capelas nos bairros; a construção ou reforma de centros pastorais e de catequese; a regularização de imóveis da diocese e terrenos das Paróquias; a formação de novos agentes de pastorais; as visitas às famílias, mediante o envio de seminaristas, de religiosos professos no período das férias escolares de julho, de leigos e de religiosas salvatorianos; o melhor atendimento nas comunidades rurais, aumentando de uma para três as visitas anuais nos povoados; uma melhor assistência religiosa e sacramental, em mais horários semanais e dominicais na área urbana; a utilização dos meios de comunicação para evangelizar através da participação em programas nas rádios locais e da criação da rádio comunitária de Duque Bacelar, a criação de grupos da Associação do Divino Salvador (ADS) em Coelho Neto e Duque Bacelar, de implantação de inúmeros projetos de geração de emprego e renda, de assistência social aos mais carentes. No ano de 2006, as Irmãs Salvatorianas vieram fixar moradia na cidade de Duque Bacelar, fortalecendo a presença do carisma salvatoriano nessa região missionária e assumindo em meados de 2011 a 2013, além da dimensão pastoral também a administrativa da Paróquia. Hoje, decorridos 25 anos desde a chegada do primeiro missionário, faz-se necessário um momento de gratidão pela história escrita e pelos vários salvatorianos que passaram nessa região deixando as

marcas da evangelização. Os padres salvatorianos ainda mantêm desde 1996 a tarefa do atendimento das três Paróquias, situadas nesses três municípios distintos da região do leste maranhense, denominada de Baixo Parnaíba. Essas Paróquias já possuem uma população maior e um crescente aumento no número de comunidades rurais e urbanas, carentes de atendimento frequente e contínuo. Levando-se em conta o que foi apresentado, se faz necessária uma avaliação sobre o redimensionamento dessa vasta terra de missão, uma vez que atualmente há apenas dois padres, com outras atribuições que exigem tempo, deslocamento e ausências do seu campo de ação, designados para o atendimento desse universo de 93 localidades para serem acompanhadas regularmente. A partir dessas informações, o XXX Capítulo Provincial que se aproxima, deverá refletir sobre os encaminhamentos práticos em vista de uma solução para essas questões apresentadas.

Realidade Pastoral Paróquia de Sant´Ana de Coelho Neto Possui 45 capelas: 29 comunidades na zona rural e 16 na área urbana. Paróquia de São José de Duque Bacelar Possui 30 capelas: 26 comunidades na zona rural e 4 na área urbana. Paróquia de Santa Luzia de Afonso Cunha Possui 18 capelas: 16 comunidades na zona rural e 2 na área urbana.

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/salvatorianos

Salvatoriano Missionário Pe. Fernando Rizzardo, SDS

O binômio “Discípulo Missionário” depois da V Assembleia dos Bispos em Aparecida, tornou-se uma afirmação básica, em todos os programas pastorais da Igreja. Duas palavras que, no seu uso corrente, se tornaram inseparáveis. Nesta partilha, quero mostrar que com o binômio: “Salvatoriano Missionário” se dá a mesma coisa. Ou seja, a identidade salvatoriana nasce de uma relação íntima de conhecer o Salvador. A partir deste conhecimento íntimo do Salvador, nos tornamos seus anunciadores. No nº 18 do DA lê-se: “Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria, segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais, é uma tarefa que o Senhor nos confiou, ao nos chamar e escolher”. Quero partilhar agora uma experiência que me fez sentir muito presente e participante nesta vivência salvatoriana. Nos anos 80, na Diocese de Bom Jesus da Lapa, nos povoados das Agrovilas, haviam assentados, transferidos devido à invasão das águas da represa de Sobradinho. Eram famílias inteiras que viviam da pesca, foram para longe do rio e não podiam mais se alimentar do bom peixe do “Velho Chico”. O rio era símbolo de vida. Eles se tornaram um povo totalmente desqualificado para a vida roceira daquelas 25 a 30 agrovilas. Não havia nenhuma infraestrutura. Lá estava o povo clamando por água e comida. As irmãs salvatorianas haviam formado uma comunidade naquelas Agrovilas. Naquele mês de dezembro eu me juntei a elas. A cada dia saíamos, a Irmã Elaine Meneguzzi e eu. Passávamos um dia em cada povoado. Celebrávamos a Eucaristia e depois fazíamos visitas e reuniões com as lideranças do lugar. Almoçávamos e, no fim da tarde, voltávamos para a casa das irmãs. Pela primeira vez, como padre, eu me sentia impotente para resolver certas questões, mais de cunho social, de saúde e organização das comunidades nascentes. Fiz a experiência de rezar muito e confiar mais na divina providência. Só uma pessoa de fé poderia resistir a tantas dificuldades. Eu não tinha nem sequer dez anos de sacerdócio. As palavras me vinham fáceis e de maneira simples, de modo que todos podiam entender. Lembrei da frase do nosso fundador: um dos meios de propagar 18

o Evangelho era e ainda é, “popularizar as verdades teológicas”. No mês de dezembro começava a época das chuvas. Como aquela região é muito plana, as águas formavam longas poças nas estradas. Nestes lugares, a irmã ia na frente para verificar se era possível atravessar ou devíamos tentar um caminho mais à margem da estrada. Quando dava passagem, era uma verdadeira “Páscoa”. Nós vibrávamos. Quase todos os dias chegávamos no povoado com os calçados cheios de barro e eu celebrei muitas vezes descalço, enquanto meu sapato secava ao sol. Vivi muito intensamente aquele mês. Fiz uma linda experiência da Eucaristia, celebrada com muito sentido. Por fim, quero dizer ainda que fiz uma experiência muito importante: a experiência da universalidade da missão da Igreja e de nosso carisma. Nesta ocasião, eu tinha o livro do Clodovis Boff e, em casa, eu devorava aquele livro, que, muitas vezes, falava da Pátria Grande, ao se referir à Igreja da América Latina. Naquele fim de mundo, eu e a comunidade das irmãs que lá estavam, fizemos a experiência de sermos uma só Igreja, a Pátria Grande do Reino definitivo. No final do mês subimos a montanha da Serra do Ramalho. Não dava para subirmos de carro. Fomos a cavalo: a irmã, um guia e eu. Deixamos o carro na última Agrovila e subimos. Andamos mais de 20 quilômetros, chegamos lá em cima ao anoitecer. Dormimos lá e no dia seguinte, à moda de João Batista, fiz um batizado no meio do rio. Foi algo extraordinário! Me senti um verdadeiro profeta. Almoçamos e depois, retornamos do monte que, daquele dia em diante, para mim, deixou de ser a Serra do Ramalho, e passou a “Monte Horeb”. Com o meu testemunho pessoal, espero que o “Mês Missionário Extraordinário”, convocado pelo Papa Francisco, nos torne uma Igreja “em saída”, pois enquanto o mundo constrói muros, nós, salvatorianos, construímos pontes.

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/infantil

P R O V Ă? N C I A S A LVAT O R I A N A B R A S I L E I R A

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