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A missão transcultural deixada por Deus

Ao utilizar o dicionário em busca de respostas durante a construção desta reportagem, a palavra procurada foi missão. Entre seus significados estava: conjunto de pessoas a que se confere uma tarefa, frequentemente em outro local ou país.

TEXTO Fernanda Martinez

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Parando para pensar sobre isso, lembrei das atividades diárias que temos. Talvez você tenha lembrado também. Aquela meta para cumprir no trabalho. Tirar o lixo da cozinha. O compromisso de amanhã à noite. Entre outros “deveres” a cumprir.

Eis que quando você pegou esta revista em suas mãos, uma das primeiras coisas que você viu foram os termos missão transculturale missionários. Provavelmente, surgiu em sua mente o questionamento: Qual é a missão que devemos cumprir e por que transcultural?

Foi então que procuramos alguém especializado na área de missiologia e encontramos Wagner Kuhn, diretor do departamento de missão mundial do seminário de Teologia da Universidade Andrews, nos Estados Unidos. Mediante a trocas de mensagens e perguntas incessantes, surgiu uma resposta. "Missão transcultural é uma faceta da Missio Dei, traduzido do latim, a missão de Deus. Onde se busca levar o evangelho a pessoas, povos, nações de outras culturas, línguas e principalmente contextos bem diferentes", conta.

Kuhn também menciona que a necessidade da missão transcultural está cada dia mais evidente. As guerras, o fundamentalismo religioso e o nacionalismo estão crescendo ao redor do mundo. Isso faz com que seja quase impossível entrar em alguns países ou lugares. Quando vemos os dados globais a respeito do cristianismo no mundo, nos deparamos com a Janela 10/40. Área da Terra que começa no oeste da África, passa pelo Oriente Médio e termina na Ásia. Lá encontramos 97% da população que ainda não foi alcançada pelo cristianismo, de acordo com o site Joshua Project.

Missão transcultural é uma faceta da Missio Dei, traduzido do latim, a Missão de Deus. Onde se busca levar o Evangelho a pessoas, povos, nações de outras culturas, línguas e principalmente contextos bem diferentes.

Para cumprirmos a missão deixada por Deus a nós e termos a possibilidade de mudar esses dados, precisamos de missionários. Em uma pesquisa feita pela Associação de Missões Transculturais Brasileira, em 2017, a definição de missionário, vista pelos brasileiros, veio a tona. Entre as pessoas que participaram da pesquisa, 22,3% responderam que um missionário é alguém direcionado por Deus e envolvido com a missão de Deus; 38,1% falaram que é alguém guiado por Deus para trabalhar em algo específico em qualquer contexto, na própria cultura ou outra; 34,2% disseram que é alguém também direcionado por Deus para trabalhar especificamente fora do seu contexto cultural e 2,6% não acreditam na vocação missionária específica.

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População da Janela 10/40: 4,89 bilhões

Grupos de pessoas na Janela 10/40: 8.213

Grupos não-alcançados na Janela 10/40: 5.626

Um grupo de pessoas, também conhecido como povos ou etnias, é definido por aqueles que possuem a mesma história, língua, crença e identidade.

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Para Rodrigo Sampaio, coordenador do Núcleo de Missão do Centro Universitário Adventista de São Paulo, campus Engenheiro Coelho, ser missionário transcultural também é uma maneira de agradecer a Deus pelas bênçãos já recebidas. “Eu recebo uma bênção para ser benção na vida de outras pessoas, trabalhando lá fora, onde necessitam muito, usando daquilo que Deus me deu para essa causa”, relata.

A missão transcultural está acontecendo. Os avanços são proporcionais aos esforços e, ao mesmo tempo, aos investimentos. Quanto mais as pessoas se dedicam a estas missões, mais progredimos na missão à qual Deus nos dedicou, pois mais pessoas estão dispostas a serem guiadas pelo Espírito Santo e fazer o trabalho de Deus.

Adventist Frontier Missions e sua missão

A agência de missões, Adventist Frontier Missions, está no campo desde 1985. Fundada no interior dos Estados Unidos, conhecida também como AFM. O objetivo principal é levar o amor de Cristo para toda língua, tribo e nação. A missão transcultural deixada por Deus.

Hoje em dia está atuando em 27 projetos espalhados principalmente na área da Janela 10/40. Em 2016, a agência chegou na América do Sul e se instalou no Centro Universitário Adventista de São Paulo, campus Engenheiro Coelho.

Desde sua chegada em território sulamericano, mais de 30 missionários, brasileiros e latinos, já foram enviados ao campo. Papua-Nova Guiné, Tailândia, Guiné Conacri, Filipinas e Oriente Médio são alguns dos destinos dos missionários enviados.

Samir Costa, diretor da Adventist Frontier Missions Brasil, conheceu a agência quando estava no campo missionário. Foi em 2012 que ele embarcou, junto com sua família, para a República Turca do Chipre, onde permaneceu até 2016. Lá, ele conheceu os líderes do projeto da AFM na Turquia e teve seu primeiro contato com a agência. Para ele, a missão transcultural promove muitas coisas, entre elas a quebra de paradigmas e a absorção de uma nova cultura. Cria a capacidade de enxergar o outro da maneira como ele realmente é dentro de uma outra realidade. “O impacto que ela causa vai acarretar resultados, sequelas para o resto da vida”, relata, Costa.

A primeira turma da Adventist Frontier Missions Brasil foi enviada em 2017. Missionários, muitos deles em sua primeira viagem, rumo à África e Ásia. Dentre eles Giancarlo Ferrari.

Seu destino? Projeto Pnong, Camboja. Ele acredita que a missão é o caminho natural de alguém que cada vez vai criando mais comunhão com Deus. “Quanto mais contato você tem com Ele e entende o plano dEle para nós, é mais natural você seguir essa linha, mesmo que seja no próprio local onde você vive”, afirma.

Em um relato feito por Ricardo Palacios, diretor de recrutamento da Adventist Frontier Missions, ele conta que a missão impacta vidas. “Transforma tua vida. Depois de ter realizado muitas tarefas no ministério por mais de 15 anos, 5 anos em missão me levaram a orar como nunca tinha feito, ler a bíblia com vontade de experimentar uma transformação na minha vida e ao mesmo tempo pensar como introduzir a Jesus para pessoas que não conheciam nada dEle. Ver cada conversa como uma oportunidade de abrir a mente e o coração das pessoas para a mensagem de Jesus.”

Talvez agora você esteja se perguntando: Como posso ir para a missão? Como posso ajudar esse ministério? Você pode atuar de diversas maneiras na missão que Deus deixou para nós.

Transforma sua vida. Depois de ter realizado muitas tarefas no ministério por mais de 15 anos, cinco anos em missão me levaram a orar como nunca tinha feito, ler a bíblia com vontade de experimentar uma transformação na minha vida e ao mesmo tempo pensar como introduzir a Jesus para pessoas que não conheciam nada dele. Ver cada conversa como uma oportunidade de abrir a mente e o coração das pessoas para a mensagem de Jesus.

Ricardo Palacios, Diretor de Recrutamento da Adventist Frontier Missions

Oração

Seja um intercessor. Ore por este ministério. Insira na sua oração diária um dos missionários que estão em campo, um projeto, um país. Um povo. Ore pelos muçulmanos, animistas, ateístas, budistas e hindus. Através das suas orações, Deus pode fazer muita diferença.

Ser um missionário

Não existe contato maior do que ir até lá e viver essa realidade. A imersão de cultura. Vivenciar a diferença. “A missão faz entender mais a respeito do evangelho, conhecer um pouco mais a respeito de Deus, aproximar o relacionamento com Ele, além de dar uma compreensão melhor das culturas, das pessoas, das outras religiões. Faz entender que nós temos realmente diferenças e nós temos que respeitá-las, viver dessa maneira porque a diversidade cultural, a diversidade de povos e religiões, é uma benção permitida e dada por Deus." Relato contado por Sampaio, que além de atual coordenador do Núcleo de Missão do Unasp, campus Engenheiro Coelho ele também participou da primeira turma de missionários da AFM, indo para o Projeto Susu, Guiné Conacri.

Seja um doador

“Formar uma equipe de grupo de apoio permite que os doadores façam parte da missão de uma maneira que nunca poderiam fazer quando enviam seu dinheiro para um fundo de caridade aleatório. Em vez disso, veem pessoalmente o retorno de seu investimento por meio das atividades do missionário. Toda pessoa tocada em um projeto que patrocina é resultado direto de seus esforços e parceria na Grande Comissão”, explica Palacios.

Sendo um doador, você consegue ver os resultados de seu investimento. Através do contato com o missionário, por meio de redes sociais e da agência, o doador pode decidir se o missionário apoiado ou a AFM é um bom investimento na grande missão de Deus ou não. Isso mantém todos responsáveis e fortalece a percepção na mente do doador de que ele não é apenas um caixa eletrônico, mas faz parte da missão.

Esse processo de doações não só permite que mais pessoas estejam envolvidas na missão transcultural, como ensina aos missionários diversas coisas. André Rodrigues conheceu a AFM logo após sua chegada ao Brasil. Entre idas e vindas, decidiu ir em 2019 para as Filipinas, no projeto Palawan. Através da arrecadação, ele aprendeu a confiar mais em Deus e saber que Ele está no controle de todas as coisas.

“A missão não é feita somente por mim que me disponho a ir, mas também por aqueles que se prontificam a me enviar. No processo de arrecadação pude receber de Deus parceiros que me sustentam no campo com seus recursos e orações, mas também amigos que fazem parte de minha vida desde então”, confessa.

Para o casal Juan e Isabel Peréz*, que embarcaram para o projeto Saara em 2020, o processo de arrecadação foi visto como impossível sem a ajuda de Deus. Na época, eles estavam servindo como voluntários no Equador, e a dificuldade de encontrar parceiros era maior. “Vimos muitas barreiras no momento. Não sei se foi falta de fé ou debilidade humana, mas naquele momento oramos e falamos para Deus, que se era o plano dEle que nós fossemos, Ele iria prover os meios e iria nos ajudar a encontrar pessoas que poderiam nos apoiar”, conta Isabel*.

Por que doar?

Porque faz crescer a fé

Essa é a promessa de Lucas 6:38: Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem, também será usada para medir vocês.”

Multiplica seu envolvimento e esforço

Além de você trabalhar para pregar o evangelho onde mora, você também pode ajudar outra pessoa em um continente diferente a realizar este trabalho para Cristo, multiplicando seu esforço e alcançando o dobro de pessoas.

Aumenta a obra em sua igreja local

Ao apoiar missões estrangeiras, a obra em sua igreja local vai crescer. “Nossos irmãos não têm compreendido que, auxiliando o avanço da obra nos campos estrangeiro, estariam ajudando-a no próprio país. Aquilo que é dado para iniciar a obra num campo, resultará no fortalecimento da mesma noutros lugares” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 27).

Michelle Aguero no projeto Pnong, Camboja - 2018

Michelle Aguero no projeto Pnong, Camboja - 2018

Ajuda a cumprir a missão do Evangelho

“A igreja de Cristo na Terra foi organizada com propósito missionário, e o Senhor deseja ver toda a igreja planejando formas e meios pelos quais o exaltado e o humilde, o rico, e o pobre, possam ouvir a mensagem da verdade. Nem todos são chamados a trabalhar pessoalmente nos campos missionários, mas todos podem fazer alguma coisa por meio de suas orações e ofertas, para ajudar a obra missionária” (ibid., p. 29).

Nos leva mais cedo para o Lar

“E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas nações, e então virá o fim” (Mateus 24:14, NVI).

Promove trabalho em equipe no serviço

“Por que não haveriam de os membros de uma igreja, ou de várias pequenas igrejas, unir-se para manter um missionário em campos estrangeiros? Se eles forem abnegados, poderão fazê-lo. Meus irmãos e minhas irmãs, vocês não desejam ajudar nesta grande obra? Peço-lhes que façam alguma coisa para Cristo, e o façam agora” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 466).

*Nomes fictícios por questões de segurança.

Caso você esteja interessado em ser um intercessor, missionário ou doador, você poderá encontrar os passos necessários a seguir na nossa última página.