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utilizar e se familiarizar com os novos recursos disponíveis. Em seguida, foi verificada a adequação das soluções adotadas, bem como identificadas melhorias desejáveis, apresentadas pelos operadores. A partir desta realimentação foram consolidadas as especificações finais do sistema, buscando-se a solução mais adequada para a realidade brasileira e que melhor atendia às expectativas do DECEA e, obviamente, dos usuários do espaço aéreo. A escolha da Atech para ser responsável pela implementação do programa do ACC-AO tem relação com a sua experiência no fornecimento de sistemas complexos para os órgãos de prestação de serviços de tráfego aéreo no Brasil. Deve-se ressaltar, também, os aspectos de desenvolvimento de tecnologia nacional, a economia de divisas com a eliminação da necessidade de aquisição de soluções prontas de fornecedores internacionais, bem como a possibilidade de se ter um produto moldado às necessidades do País. Para o desenvolvimento do projeto, a Atech reuniu uma equipe formada por especialistas em software e em gerenciamento de tráfego aéreo, responsáveis pela conceituação do sistema e está cumprindo um papel estratégico definido pelo Comando da Aeronáutica, ou seja, o de promover e garantir o domínio deste tipo de conhecimento no País. Além disso, deve ser ressaltada a participação de empresas aéreas nos processos de validação e testes, uma vez que suas aeronaves passaram a interagir diretamente com este sistema. A equipe foi reforçada com a participação dos operadores e especialistas da CISCEA - com a transferência do sistema para campo - reunindo-se, assim, as condições necessárias para a consolidação das especificações do sistema.

Evolução Contínua O software do ACC Atlântico é uma evolução do utilizado no CINDACTA I, o qual foi um up grade do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). No caso do ACC-AO a diferença principal corresponde à disponibilização das ferramentas Vigilância Dependente Automática (ADS) e Comunicação entre Piloto e Controlador via Enlace de Dados (CPDLC), que permitem uma interação direta entre os sistemas de bordo das aeronaves e os de solo. Alguns profissionais que participaram do desenvolvimento do software do Sivam e CINDACTA I, também fizeram o do ACC-AO. Considerando que cada sistema é uma evolução do anterior, é fundamental a reutilização da equipe. Isso permite ganhos em prazos, custos e qualidade. Este projeto torna viável que os novos recursos introduzidos no sistema, como parte do CNS/ATM, estejam disponíveis em todos os centros de controle brasileiros. Isto à medida em que se efetiva a transição do SISCEAB para sistemas CNS/ATM em nosso País. A disponibilização dos novos recursos significa, também, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados, garantindo, assim, uma maior capacidade e eficiência para o sistema e uma maior segurança para as operações. Como as regiões Oceânicas são as mais carentes de recursos para navegação e comunicação, elas foram as primeiras a se beneficiarem destes desenvolvimentos. O novo sistema dispõe de recursos até então desconhecidos pelos controladores e pilotos, por isso há uma grande necessidade de treinamento deste pessoal. Os recursos já estão inseridos nos novos simuladores de treinamento, uma vez que são parte integrante dos equipamentos de bordo das aeronaves modernas. No caso dos controladores de tráfego aéreo, estes passaram por um treinamento específico, de forma a se

habilitarem a operar o novo sistema. Os novos recursos disponibilizados são parte do CNS/ATM, que deverá estar operacional em todo o mundo, segundo cronogramas estabelecidos pelos países componentes de cada região da ICAO e negociados com esta instituição. Isto inclui os países da América do Sul, que deverão implantá-lo segundo o mesmo cronograma que está sendo seguido pelo Brasil. Como é pioneiro e único na região no desenvolvimento deste tipo de sistema, o Brasil é o único país do grupo com capacidade para fornecê-lo aos vizinhos. Entretanto, neste mercado estaremos competindo com fornecedores de outros continentes e tudo dependerá das vantagens comerciais e técnicas que pudermos oferecer aos potenciais compradores.

A Era da Comunicação Digital A ADS-C (Vigilância Dependente Automática por Contrato), através de comunicações via enlace de dados confiáveis e sistemas de navegação precisos, propicia a visualização das aeronaves em um ambiente não radar. Isso provê serviços de vigilância no espaço aéreo oceânico e em outras áreas nas quais o serviço de controle de tráfego aéreo radar não pode ser prestado. Assim, permite que a transmissão automática da posição das aeronaves, com esta funcionalidade, substitua os informes de posição dos pilotos. A outra inovação, numa área onde as comunicações só eram possíveis em alta frequência (HF), estando sujeitas a diversas fontes de interferências de acordo com a época do ano, é a implantação do novo conceito de comunicações, a CPDLC. É uma aplicação de enlace de dados que provê um meio de comunicação direta entre piloto e controlador. Uma funcionalidade que garantirá a comunicação entre as aeronaves e os órgãos de controle de tráfego aéreo (ATC), através da

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