Jornal da Adufrj-SSind - Edição 863 - 13/10/2014

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Elisa Monteiro - 10/10/2014

Vila Residencial: moradores lutam por regularização fundiária

www.adufrj.org.br Jornal da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ

Andes-SN Ano XIII no 863 13 de outubro de 2014 Central Sindical e Popular - Conlutas

Escola de Música

SEMINÁRIO

Excelência no caos X

Público

Samantha Su - 06/10/2014

Privado

Fotos: Elisa Monteiro - 07/10/2014

A fachada portentosa do prédio da Escola de Música da UFRJ abriga duas realidades. Esforço virtuoso de docentes e estudantes envolvidos com a produção artística convive com o sufoco cotidiano da infraestrutura precária. Agora, a situação se agrava mais ainda com a ameaça de despejo de um prédio alugado pela unidade na Lapa. Páginas 3 e 8

A Previdência Social em questão Palestrantes:

Raquel Varela e Renato Guedes (A Sustentabilidade do Estado Social em Portugal)

José Miguel Bendrao 23 de outubro Quinta-feira

18 horas Auditório da ESS Praia Vermelha

BRT no Fundão: elogios e críticas

Serviço foi inaugurado no sábado, 4 de outubro, e alterou a rotina de parte da população que frequenta o campus Página 5

Conselho de Representantes da Adufrj-SSind 13 de outubro (segunda-feira) 17h às 21h Sala da Congregação da Escola de Serviço Social Pauta

1 Informes 2 Campanha salarial de 2015 3 Estrutura organizativa do Andes-SN 4 Organização dos GTs da Adufrj-SSind 5 Política Cultural da UFRJ 6 Mobilidade na UFRJ 7 Assuntos Gerais


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sEGUNDA pÁGINA

Massacre de alunos no México

Bandejão tipo exportação Diretor do Escritório Técnico da Universidade (ETU), Márcio Escobar confirma que restaurantes dos campi da Praia Vermelha e de Macaé serão feitos em contêineres Imagens: ETU-UFRJ

Ambos vão servir almoço e jantar Filipe Galvão

Estagiário e Redação

A

lunos da UFRJ reuniram-se no último dia 7 com o diretor do Escritório Técnico da Universidade, Márcio Escobar Conforte, para discutir as obras do restaurante universitário (RU) da Praia Vermelha. O projeto, conforme já antecipado pelo Jornal da Adufrj, é de uma estrutura montada por contêineres. O futuro bandejão da PV ficará colado à av. Venceslau Brás, entre o Instituto de Neurologia e o campo da Educação Física, no espaço hoje conhecido como “ruína”. O custo dos restaurantes em contêineres ainda será definido em um pregão eletrônico (o mesmo que também vai dar início à construção de um outro bandejão-contêiner, idêntico, em Macaé), mas a estimativa de uma obra desse porte é de, pelo menos, R$ 2,5 milhões (cada). O valor corresponderia a cerca de 40% do total gasto em uma instalação com tijolos, vigas de aço e garantia de assistência a longo prazo. Segundo Escobar, os bandejões de contêiner podem durar, em média, 25 anos.

Plano de saúde

Parte de acesso dos usuários do bandejão, que ficará ao lado do campo da Educação Física DCE Mário Prata. “Mas há falhas no projeto: o espaço é muito apertado”, pondera. Júlia afirma que a política de lançar mão de contêineres se insere no “projeto de não construir nada na PV”. É a mesma preocupação de Pedro Paiva, estudante de Comunicação Social. “O fato de a reitoria querer colocar um bandejão desmontável está ligado ao plano diretor da universidade aprovado em 2009 que

propõe levar todos os cursos para o Fundão”, diz Pedro.

E a promessa do reitor?

O cronograma elaborado pelo Escritório Técnico da Universidade considera que a execução da obra ocorra em 210 dias, valendo desde 1º de outubro. Portanto, até o fim de abril do ano que vem. A partir daí, a UFRJ terá um prazo de mais 90 dias

para aceitar a construção como pronta ou solicitar ajustes. Só que, em uma atividade promovida pelo DCE no final de setembro, na própria PV, o reitor Carlos Levi comprometeu-se a construir o bandejão no lugar até o início do período 2015/1. Mesmo se o restaurante entrar em operação na melhor das hipóteses (em 210 dias), a promessa não deverá ser fielmente cumprida.

Vai ter janta

Desde agosto do ano passado, a Adufrj-SSind possui um convênio com a Unimed. O acordo foi autorizado pela Assembleia Geral da categoria em 3 de julho de 2013.

Tabela

A tabela, com o reajuste anual da operadora, pode ser conferida em http://migre.me/g4qXL. O próximo aumento só vai ocorrer em dezembro de 2014.

Informações

Faça seu agendamento e tire suas dúvidas sobre o plano de saúde pelos telefones 976866793, 99411-0361 ou pelo email: convenio.unimed@adufrj.org.br. Agenda

Diretora técnico-acadêmica do Sistema de Alimentação da UFRJ, a professora Lúcia Andrade confirmou à reportagem que, tanto em Macaé quanto na Praia Vermelha, os restaurantes servirão almoço e jantar. A capacidade de cada unidade por turno de três horas é de 1,2 mil pessoas atendidas. “Nós havíamos programado um número maior, mas, em virtude do custo e da demora, essa quantidade teve que ser revista”, diz Lúcia. “Por enquanto, a gente trabalha com a ideia de 1,2 mil refeições no almoço e 700 no jantar. E, se houver alteração, vai ser para mais, nunca para menos”, promete.

18 de outubro Encontro Nacional do Setor das Particulares do Andes-SN SAO PAULO (SP)

22 de outubro Reunião da Comissão da Verdade do Andes-SN Belém (PA) 23 de outubro Reunião do Grupo de Trabalho de Carreira do Andes-SN Brasília (DF)

24 e 25 de outubro Reunião do Setor dos Docentes das Federais do Andes-SN

Alunos ligam contêineres ao Plano Diretor

“É claro que a gente tem necessidade do bandejão. Ele é definidor na permanência das pessoas aqui”, diz a aluna Júlia Bustamante, diretora de Intraestrutura do

Milhares de pessoas protestaram em várias cidades do México, nos últimos dias, contra o massacre de estudantes no estado de Guerrero, ao sul daquele país. Quarenta e três alunos desapareceram no dia 26 de setembro, em Iguala, a terceira maior cidade da região, após um protesto em que a polícia matou três deles e prendeu dezenas, levando-os em camburões. No fim de semana seguinte ao conflito, foram encontrados 28 cadáveres queimados na periferia da cidade. A identidade dos corpos ainda não foi confirmada. O episódio expôs os vínculos entre a polícia municipal de Iguala e o grupo criminoso conhecido como Guerreiros Unidos. Na segundafeira (6/10), esse grupo divulgou uma nota pedindo a libertação dos 22 policiais presos que são acusados pelo desaparecimento e o assassinato dos estudantes.

Brasília (DF)

Planta do pavimento térreo do restaurante. Estrutura terá dois andares

SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DO SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Sede e Redação: Prédio do CT - bloco D - sala 200 Cidade Universitária CEP: 21949-900 Rio de Janeiro-RJ Caixa Postal 68531 CEP: 21941-972

24 e 25 de outubro Reunião do Grupo de Trabalho de Política Educacional do Andes-SN Brasília (DF)

Tel: 2230-2389, 3884-0701 e 2260-6368

Diretoria da Adufrj-SSind Presidente: Cláudio Ribeiro 1ª Vice-Presidente: Luciana Boiteux 2ª Vice-Presidente: Cleusa Santos 1º Secretário: José Henrique Sanglard 2º Secretário: Romildo Bomfim 1º Tesoureiro: Luciano Coutinho 2ª Tesoureira: Regina Pugliese CONSELHO DE REPRESENTANTES DA ADUFRJ-SSIND Colégio de Aplicação Renata Lúcia Baptista Flores; Maria Cristina Miranda Escola de Serviço Social Mauro Luis Iasi; Luis Eduardo Acosta Acosta; Henrique Andre Ramos Wellen; Lenise Lima Fernandes Faculdade de Educação Claudia Lino Piccinini; Andrea Penteado de Menezes; Alessandra Nicodemos Oliveira Silva; Filipe Ceppas de Carvalho e Faria; Roberto Leher Escola de Comunicação Luiz Carlos Brito Paternostro Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Vitor Mario Iorio; Antônio José Barbosa de Oliveira Instituto de Economia Alexis Nicolas Saludjian Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional Cecilia Campello do Amaral Mello Faculdade Nacional de Direito Mariana Trotta Dallalana Quintans; Vanessa Oliveira Batista Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Eunice Bomfim Rocha; Luciana da Silva Andrade; Sylvia Meimaridou Rola; André Orioli Parreiras Escola de Belas Artes Patrícia March de Souza; Carlos de Azambuja Rodrigues; Rogéria Moreira de Ipanema Faculdade de Letras Gumercinda Nascimento Gonda; Vera Lucia Nunes de Oliveira Escola de Educação Física e Desportos Luis Aureliano Imbiriba Silva; Alexandre Palma de Oliveira; Marcelo Paula de Melo; Michele Pereira de Souza da Fonseca Escola de Enfermagem Anna Nery Walcyr de Oliveira Barros; Gerson Luiz Marinho Coppe Vera Maria Martins Salim Escola Politécnica José Miguel Bendrao Saldanha; Eduardo Gonçalves Serra Coordenador de Comunicação Luiz Carlos Maranhão Editor Assistente Kelvin Melo de Carvalho Reportagem Silvana Sá e Elisa Monteiro Projeto Gráfico e Diagramação Douglas Pereira Estagiários Filipe Ferreira Galvão e Samantha Su Tiragem 4.000 E-mails: adufrj@adufrj. org.br e secretaria@adufrj.org.br Redação: comunica@adufrj.org.br Diretoria: diretoria@adufrj.org.br Conselho de Representantes: conselho@adufrj.org.br Página eletrônica: http://www.adufrj.org.br Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da Diretoria.


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CONDIÇÕES DE TRABALHO

Parte da Escola de Música está ameaçada de despejo

Empresa pede devolução de imóvel alugado pela universidade, na Lapa. No local, funcionam salas de aula e outras atividades administrativas da Unidade que não cabem mais no deteriorado prédio-sede do curso Fotos: Elisa Monteiro - 07/10/2014

No centro da crise, o Parque Tecnológico da UFRJ

Prédio-sede, tombado, está em condições muito ruins

Elisa Monteiro

elisamonteiro@adufrj.org.br

O

diretor da Escola de Música da UFRJ, André Cardoso, recebeu, em 17 de setembro, a notícia de que (boa) parte das atividades da Unidade não poderá mais ser realizada em um prédio nas imediações da histórica sede da rua do Passeio. A empresa Superpesa, que alugava o espaço à universidade há 14 anos, pediu o imóvel, localizado no Largo da Lapa nº 51. Pior: o prazo para se retirar das instalações é o próximo dia 17 de outubro. André explica a origem do problema: “Inicialmente, havia um contrato no qual a universidade cedia espaço para a empresa Superpesa no Parque Tecnológico. Em troca, a Música ocupou esse prédio dela na Lapa”. Em 2013, a direção do Parque Tecnológico informou que não manteria mais o contrato, segundo o professor. “O argumento foi que simplesmente não haveria sinergia entre o Parque e a empresa”, disse, indignado. “Ou seja, por uma decisão unilateral do Parque, uma das unidades mais antigas da UFRJ está ameaçada”. Segundo o diretor, a administração central se comprometeu a (re)mediar o conflito, promovendo uma chamada pública para alugar outro local, também próximo à Escola de Música. “Enquanto isso, estamos tentando junto à Procuradoria uma extensão do prazo para dezembro de 2015”, informou o diretor. “Não podemos dizer aos alunos que voltem depois, quando tudo estiver resolvido”. A Congregação da Música deve encaminhar ao Conselho Universitário, nos próximos dias, um pedido de intervenção sobre a decisão do Parque Tecnológico. E a perspectiva não é nada animadora, “caso essa situação não se reverta”, disse o diretor. “O Centro da cidade está um canteiro de obras para todos os lados. Qualquer novo contrato que a universidade venha a assumir implicará em um ônus financeiro bem maior que

Fachada ao lado da Sala Cecília Meireles (acima) “esconde” instalações mais novas (abaixo) alugadas para a EM, nos fundos

Unidade que realizou sua expansão acadêmica depois de uma reforma curricular (“muito antes do Reuni”, observa André), a Música mantém seu funcionamento no sufoco. “Quando temos apresentações, pedimos aos funcionários que vão embora mais cedo e saímos apagando todas as luzes possíveis”, conta André, mostrando o gerador alugado para dias de espetáculos. A rede elétrica, antiga, não suporta além de 200 amperes. A precariedade das estruturas fez o diretor interditar parte dos fundos da Escola. No ano passado, a caixa d’água simplesmente descolou do prédio. As infiltrações castigam o patrimônio histórico e a comunidade acadêmica. Mas, sobretudo, a falta de espaço incomoda: “Não temos

sequer lugares para os professores guardarem suas coisas”. Todo material docente fica em um gaveteiro centenário. Antigas salas de aula são repartidas em três, quatro e até cinco pedaços, por divisórias. Não há isolamento acústico.

Nova estrutura

Fora do Reuni e do Plano Diretor, a Música tem planejada sua expansão a partir da construção de uma nova estrutura, nos fundos do prédio-sede. O projeto, elaborado por uma professora da FAU, Andrea Borde, já tem recursos para começar a primeira parte: a derrubada da parte condenada do edifício. A construção de uma subestação elétrica, no local, também faz parte dos planos.

Falta de espaço. Salas são repartidas em vários pedaços

Reitoria dá sua versão

o antigo contrato”, avaliou André. “E se tivermos de sair de lá, o que temos simplesmente não caberá aqui”, resumiu.

O que funciona no imóvel alugado

Em termos práticos, o desalojamento inviabiliza os cursos da Música. No prédio principal da Escola, patrimônio tombado da UFRJ na Rua do Passeio nº 98, funcionam salas administrativas e de concerto. O grosso das aulas acontece em um pequeno anexo nos fundos da Escola e no imóvel alugado. A estrutura de três andares na Lapa abriga 17 salas de aulas.

“Por ser um prédio moderno, da década de 1980 talvez, nele temos mais estrutura. A parte elétrica suporta aparelhos de ar-condicionado, por exemplo”, observa André. Opera neste local, ainda, o setor da Escola de Música da UFRJ “onde todos os compositores do Rio de Janeiro registram as suas obras”. De acordo com o diretor, equipamentos de vários cursos, como “praticamente tudo de sopro, violino, viola, harpa e bandolim”, estão lá. André lamenta a perda do ponto, se confirmada. “A Escola está em um lugar privilegiado para os músicos, ao lado da sala Cecília Meireles, do (Teatro) Municipal e do Circo Voador”.

A Adufrj-SSind levou o problema da Música ao Consuni do último dia 9. Na ocasião, o reitor Carlos Levi disse que a matéria “é de preocupação da universidade há anos”. Segundo Levi, a Superpesa estaria ocupando “uma área grande no Parque, causando prejuízos pecuniários à UFRJ”: haveria uma relação “desequilibrada” em termos de valorização imobiliária entre os terrenos do Fundão e do imóvel no Centro. A pró-reitora de Gestão e Governança (PR6), Aracéli Ferreira, afirmou estar “particularmente tranquila” com a situação. Segundo a dirigente: “Não há nenhum risco de a

Escola de Música ser desinstalada ou ser despejada. Isso está totalmente afastado”. Aracéli confirmou o pedido de desocupação do imóvel onde está a Música pela empresa Superpesa, mas contemporizou com a afirmação de que “já entramos na Justiça e temos toda condição de manter a escola lá”. “Nós estamos atuando de forma bastante presente nessa questão”, disse. De acordo com a próreitora, a universidade “está fazendo uma licitação para o aluguel de um espaço” para a Escola, “até porque a Música precisa sair (do prédio onde está) para que a reforma lá possa acontecer”.


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UFRJ

Regularização fundiária da Vila provoca polêmica Moradores acusam universidade de dificultar o processo; administração central culpa especulação imobiliária Elisa Monteiro - 10/10/2014

Estudantes e operários do Parque Tecnológico “invadiram” a região

Novos problemas na Educação Física

Silvana Sá

silvana@adufrj.org.br

O

s moradores da Vila Residencial da ilha do Fundão foram ao último Conselho Universitário cobrar soluções da reitoria em relação ao processo de regularização fundiária do terreno e dos imóveis. Contudo, na sessão do dia 9 de outubro, ficou demonstrado um impasse entre o pró-reitor de Extensão, Pablo Benetti, e a comunidade daquele local. De acordo com Benetti, a condição para a regularização fundiária da Vila Residencial é a Concessão de Uso Especial para Fins de Moradia (Cuem). Só que, de acordo com o pró-reitor, desde 2012 vem ocorrendo venda e compra de imóveis na Vila, o que impediria a continuidade do processo. “Há uma forte especulação imobiliária, inclusive com professores comprando imóveis para fazer república para alunos. A regularização fundiária tem o claro objetivo de permitir moradias próprias, não comerciais”. Mas, segundo os moradores, ficou definido que, além da Cuem, também seria aplicada a modalidade Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) dos imóveis, o que daria aos moradores plenos direitos particulares. Vera Valente, moradora da Vila e servidora da UFRJ, leu um manifesto em nome da comunidade. No documento, destaca-se a reclamação com a morosidade do processo e a perda de prazos legais pela universidade na apresentação de documentações referentes ao terreno, no Setor de Patrimônio da União. Além disso, os moradores responsabilizam a UFRJ pela falta de oferta de moradias estudantis, o que tem causado o aumento na procura de imóveis na região. Como consequência, acontece a especulação imobiliária e a expulsão dos moradores. O texto também destaca o inchaço da Vila Residencial pela instalação de trabalhadores das obras situa-

aula em salas com seis metros de pé direito (no caso do Palácio) é difícil. Além disso, os módulos possuem ar-condicionado”.

Vila Residencial sofre com a especulação imobiliária, dificultando regularização dos imóveis das no Parque Tecnológico. O reitor Carlos Levi reconheceu que a UFRJ perdeu o controle do processo e “deixou de fazer as ações mais diretas” para concluir a regularização fundiária. O assunto, que não estava previsto na pauta da reunião, continua sem uma solução.

Expansão por contêineres

A pró-reitora de Gestão e Governança, Aracéli Cristina de Sousa Ferreira, ao citar o andamento da licitação para a instalação do Restaurante Universitário da Praia Vermelha (leia mais na página 2), falou que os contêineres não são tão ruins assim: “A

ideia, inclusive, é ampliar o quantitativo de salas de aula na Praia Vermelha com os módulos. Muitos alunos preferem ter aulas nos módulos que nas salas do Palácio (Universitário). Cada um tem uma visão diferente. Na Praia Vermelha, eu mesma prefiro dar aulas nos módulos. Dar

Nova edição dos Cadernos Adufrj

C

láudio Ribeiro, presidente da Seção Sindical, apresentou ao Consuni o novo número da revista Cadernos Adufrj. Nesta edição, o tema é a criminalização dos movimentos sociais. A publicação, trimestral, mescla ensaios e entrevistas. Juristas, jornalistas e professores debatem a violência no trato com os movimentos sociais. A revista também está disponível na página eletrônica www. adufrj.org.br. Além disso, o presidente da Seção Sindical pediu que a universidade reflita sobre o processo de expansão baseado em contêineres. “Estamos hoje em um prédio que já foi premiado, com arquitetura reconhecida, demonstrando que a universidade tem uma potência artística e cultural, de produção estética avançada. Abrimos mão disso, com esses contêineres que não ser-

Silvana Sá - 09/10/2014

Representante dos técnicos-administrativos, José Carlos folheia a revista em um intervalo da sessão vem, por exemplo, para acessibilidade adequada. Que não nos permitem variar formas de sala de aula, porque são produzidas em série”. Na oportunidade, Ribeiro criticou veementemente o desrespeito à representação estu-

dantil na EEFD: “Já tem mais de dois anos que este debate está em voga. O problema na Educação Física agrava toda a universidade”. Ele disse que é preciso a UFRJ se posicionar contra o desrespeito à democracia interna.

Um dos representantes da chapa eleita recentemente no Centro Acadêmico da Escola de Educação Física e Desportos (CAEFD), Pedro Santos informou que o diretor Leandro Nogueira impediu a posse dos conselheiros indicados pelo CA para a Congregação da Unidade. “Nem mesmo a chapa opositora questionou o processo. Eles reconheceram a lisura em todas as etapas. Quem questiona o resultado da eleição é o próprio diretor”. Carlos Levi afirmou que vai “avaliar providências que possam ser adotadas para enfrentar a questão”.

Reposicionamento docente

Havia a expectativa de que este Consuni debatesse e deliberasse sobre normas de reposicionamento de professores oriundos de outras universidades. A conselheira Maria Malta (Adjuntos do CCJE) pediu vistas do processo.

Cidade está cara demais

O Jornal da Adufrj vem divulgando os problemas decorrentes do encarecimento do solo no Rio de Janeiro e seus impactos na vida dos servidores e estudantes da UFRJ. Na edição nº 858, um debate realizado na FAU, em 4 de setembro, tratou da habitação na cidade. E, já naquela ocasião, estudantes que precisam do alojamento e moradores da Vila relataram suas dificuldades. Os problemas da assistência estudantil, na UFRJ, aliás, já foram tema de matérias das edições 862 (“DCE responsabiliza reitoria e MEC pela crise (em Xerém)”, 861 (“Tempo de urgência para assistência estudantil”; “Descaso governamental aprofunda crise em Xerém”), 859 (“UFRJ precisa dobrar verbas de assistência estudantil”) e 858 (“Pelas melhorias em Xerém”). Isso só para ficar nos números mais recentes.


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UFRJ

BRT do Fundão: críticas e elogios nos primeiros dias

Moradores de bairros ao longo do corredor exclusivo comemoram o tempo menor para os deslocamentos ao campus; outros usuários reclamam da readequação dos pontos dos ônibus convencionais Fotos: Samantha Su - 06/10/2014

Inauguração foi comunicada em prazo curto à universidade

Prefeitura justifica problemas

Samantha Su Estagiária e Redação

I

naugurada sábado, 4 de outubro, às vésperas do primeiro turno das eleições, a nova estação do BRT no Fundão começa a mudar o cotidiano de quem frequenta o campus. Para muitos estudantes da UFRJ, a chegada do corredor exclusivo diminuiu as viagens mais de uma hora, principalmente para quem mora na Zona Oeste. Para outros que dependem das linhas convencionais, a readequação interna (ou nas adjacências) dos pontos de ônibus causou problemas. Por conta da estreia às pressas — a Prefeitura Universitária foi avisada alguns dias antes —, as alterações no tráfego foram pouco sinalizadas e muita gente ficou confusa. Maíra Gama e Luana Andrade, estudantes de Medicina, por exemplo, vão de ônibus diariamente para a Ilha do Governador. O ponto, antes na Estação do Fundão, foi deslocado para a estação do BRT — nomeada como Aroldo Melodia, em homenagem ao maior intérprete de todos os tempos da União da Ilha. Agora, elas precisam andar um pouco mais por um caminho no qual sequer há faixas de pedestres. Já o trajeto de vinda para a universidade tem uma parada apenas na passarela atrás do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. O local, reclamam as alunas, além de distante da Faculdade de Medicina, é isolado e mal iluminado.

Terminal ganhou o nome de intérprete da escola de samba União da Ilha

Moradores, principalmente da Zona Oeste, comemoram o ganho de tempo para ir ao Fundão Selva Maria Gonçalves Souza tinha consulta marcada no Hospital Universitário às 12h30 do dia 6 de outubro. Quando tomou conhecimento da abertura da estação Aroldo Melodia, saiu da sua casa em Nova Iguaçu às 10h30 para pegar o BRT Transoeste em Campo Grande. Na Alvorada, pegou a ligação para a Transcarioca, mas, por falta de informação adequada, foi direto para o ponto do Aeroporto Galeão. Dona Selva só conseguiu chegar ao HU às 15h.

Para uns, redução da viagem em mais de uma hora

Mesmo com as dificuldades, quem viajou no BRT reconhece a melhoria no tempo gasto com o transporte. É o caso de Luana de Oliveira Berriel, aluna de Engenharia que mora em Jacarepaguá. Segundo ela, o trans-

Não há faixa de pedestres para chegar à estação do BRT porte que antes demorava duas horas, com baldeação por três ônibus, hoje demora cerca de 40 minutos. O mesmo ocorreu para Ricardo Andrade. Morador do Méier, pegava um coletivo até a Prefeitura, no centro

do Rio, e lá, um ônibus direto para a universidade. Esse percurso demora, em média, uma hora e quarenta minutos. A primeira vez que pegou o BRT, em Madureira, levou cerca de 50 minutos para chegar ao Fundão.

O BRT afetou também o transporte interno da UFRJ. Avisados sobre a inauguração somente apenas alguns dias antes, a prefeitura universitária (PU) aumentou a rota dos ônibus das linhas “Coppead” e “Alojamento”. Porém, por motivos contratuais com a empresa (o serviço é baseado na quilometragem), isso não poderá ser mantido por muito tempo. A reportagem da Adufrj não conseguiu falar com o órgão, mas, de acordo com matéria divulgada no site da UFRJ no dia do fechamento desta edição (em 10 de outubro), a PU deu sua justificativa para os problemas: primeiro, o já mencionado fato de a concessionária do Sistema BRT e a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) avisarem que o serviço começaria a operar em um prazo muito curto. “Nós contávamos com obras de adaptação na Cidade Universitária que não foram realizadas pela Transcarioca”, disse o prefeito Ivan Carmo. Outro ponto foi a coincidência com o processo de substituição de empresa que opera o sistema de transporte interno. A partir do dia 3 de novembro, uma nova empresa passará a circular no campus da Cidade Universitária, mas, enquanto isso não acontece, a Prefeitura Universitária fará remanejamentos na frota. Alguns veículos ainda continuarão saindo do Terminal do BRT Aroldo Melodia, seguindo pela Rua Luiz Renato Caldas e passando duas vezes pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Porém, a prioridade será para os ônibus que, ao entrarem na Avenida Carlos Chagas, façam paradas apenas nos pontos em frente ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), à Praça Edson Abdalla Saad e próximo da Prefeitura Universitária, seguindo depois pela Avenida Horácio Macedo. A previsão da Prefeitura Universitária é ter instalada, nos próximos dias, a cancela que restringirá o acesso apenas dos ônibus internos pela Rua Professor Paulo Rocco. Também se estudar permitir também a passagem dos ônibus que saem da Ilha do Governador em direção ao Centro, passando pela Ponte do Saber. Seria uma maneira de aumentar a oferta para quem faz baldeação no Centro para se deslocar para outros bairros, como a Tijuca.


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UNIVERSIDADES

Andes-SN volta a repudiar contratação docente via OS Presidente do Sindicato Nacional, Paulo Rizzo alerta sobre risco de a proposta da Capes, de contratação por meio de Organizações Sociais, atingir todos os professores das instituições federais UFRJ diz confiar nos concursos públicos

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Antonio Cruz/ABr

Elisa Monteiro

elisamonteiro@adufrj.org.br

Reitoria da UFRJ reafirma lisura dos concursos

A

inda repercutem, negativamente, as declarações do presidente da Capes do final de setembro. Naquela ocasião, em evento na Academia Brasileira de Ciências, Jorge Guimarães afirmou que os concursos públicos das universidades seriam “um jogo de cartas marcadas”. Para “resolver” isso, com o objetivo de atrair jovens pesquisadores e professores estrangeiros, uma proposta de contratação docente via Organizações Sociais (OS) já contaria com a aprovação do Ministério da Educação e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O presidente do Andes-SN, Paulo Rizzo, por sua vez, voltou a repudiar a proposta. Ele observou que, “até o momento, não foi apresentado nenhum documento oficial” a respeito do controverso tema. “E esperamos que não haja nenhuma iniciativa concreta nesse sentido sem conversa com o Sindicato. Pois tudo que diz respeito à categoria obrigatoriamente deve ser negociado conosco previamente”. Na visão do dirigente, contudo, a situação preocupa. Ele faz um alerta para os que consideram a proposição do presidente

Questionada sobre as declarações do presidente da Capes, a reitoria da UFRJ alegou que ainda não dispõe de “informações suficientes sobre a questão”. Entretanto, sua assessoria frisou, por e-mail, que “os concursos na UFRJ são caracterizados por sua lisura e responsabilidade em seus encaminhamentos”.

Ministérios não respondem sobre tema

Bresser-Pereira

Jorge Guimarães

O novo Bresser-Pereira?!

A ideia de contratar professores via Organizações Sociais não é nova no Brasil. Em uma das épocas mais duras para o funcionalismo federal, o então ministro da Reforma do Estado em todo o primeiro mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso (1995–1998), Luiz Carlos Bresser-Pereira pregava abertamente a favor do modelo. da Capes algo difícil de se realizar: “Já vimos acontecer em outros setores como a Saúde. Certamente, há a intenção de expandir o modelo ‘OS’ para os

demais campos da administração pública”. Rizzo também observou que a intenção do governo não deve parar apenas nos professores

estrangeiros ou em jovens pesquisadores, como foi sinalizado. Seria um precedente para atingir toda a categoria: “Imagino que, caso haja proposta, o alcance seja

Diretores da ANPG criticam presidente da Capes Em artigo denominado “Autoritarismo nas IFES e contratação de professores via OS: o enterro da carreira docente no ensino superior”, circulando na internet, cinco diretores da Associação Nacional de Pós-graduandos também criticam a proposta do presidente da Capes. “Entendemos que esta forma de contratação precariza o trabalho docente, o que tem impacto direto na redução da qualidade da ciência praticada. Propomos a melhoria dos processos seletivos, adotando metodologias mais trans-

mais geral. Não teria sentido em se limitar aos professores estrangeiros, pois as universidades já dispõem de regras para esse tipo particular de contratação”.

parentes e divulgação mais ampla dos concursos”, diz um trecho do artigo. “Ainda, ressaltamos que a terceirização contratual que caracterizaria a mediação das OS gera uma quebra de vínculo do profissional com a entidade, o que traz resultados negativos para: as condições de trabalho, a qualidade do serviço, a valorização da carreira profissional, e afeta o comprometimento da entidade com o profissional e suas atividades”, continuam os dirigentes da associação. O artigo relaciona a ini-

ciativa da Capes à lógica de subcontratação presente na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). “A Ebserh atende à mesma lógica de subcontratação de profissionais, dentre outras formas de gestão próprias da empresa privada, pois também é uma empresa, o que tenta ser mascarado pela sua origem estatal”.

Só professores decidindo?

Os diretores da ANPG também repudiaram uma outra declaração de Jorge Guimarães que não ganhou tanta repercussão quanto a con-

tratação docente via OS: a proposta antidemocrática de limitar as decisões colegiadas nas Instituições de Ensino Superior aos docentes. “Ao contrário do proposto, acreditamos que a ampliação da participação das demais categorias (servidores técnico-administrativos e discentes) é que permitirá maiores acertos nas decisões. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) já garante a ampla maioria (mínima de 70% em colegiados e conselhos) aos docentes”, diz um trecho do artigo.

Os Ministérios da Educação (MEC) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), contatados por telefone e por e-mail desde 30 de setembro, não deram retorno sobre a questão até o fechamento desta edição do Jornal da Adufrj. O Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), citado pelo presidente da Capes como modelo de contratação de pessoal, via OS, para as Ifes, também não se prestou a esclarecimentos de informações básicas da instituição como: número de pesquisadores, forma de contratação, carreira e salários desses profissionais. Ou ainda, sobre seu orçamento e gastos com pessoal.

Como é a contratação de professores estrangeiros na UFRJ

A assessoria da universidade informou que a contratação de professores estrangeiros na instituição é realizada da seguinte maneira: “O Conselho de Ensino para Graduados (CEPG) define um perfil de professor para estimular alguma área ou projeto de pesquisa e abre um edital (no qual são informados: a categoria do professor e o número de vagas), que é disponibilizado para os institutos”. Já os salários são referentes à categoria informada no edital, “equiparando-se ao quadro efetivo da UFRJ”. A contratação é feita por CLT. E o tempo de vigência do contrato é de dois anos, podendo ser renovado por mais dois.


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Painel Adufrj

DA REDAÇÃO

Junho longe das urnas Bancada sindical

Família unida pra...

O número de parlamentares da chamada bancada sindical sofreu um acentuado revés, de acordo com os números do Diap. Caiu dos atuais 83 representantes para 46. Desses, foram reeleitos 32, e novos são apenas 14. O Diap também revela oscilações da bancada sindical. Em 1988, foram eleitos 44 sindicalistas. Em 2002, com a eleição de Lula, o crescimento foi exponencial, 74. Em 2006, caiu para 54 representantes. O fato de o parlamentar ter origem no movimento sindical não quer dizer que ele vote sempre a favor dos interesses dos trabalhadores. Depende da sua orientação partidária. Mas o Diap (com mais de 30 anos monitorando o Congresso Nacional) observa que não deixa de ser preocupante a redução do bloco de sindicalistas em Brasília, “especialmente num ambiente de forte investida patronal sobre os direitos trabalhistas, sindicais e previdenciários no Congresso”.

Vida de Professor

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credite: o ímpeto de Junho de 2013 ficou distante destas eleições. Segundo o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), o Congresso Nacional que emergiu das urnas em 5 de outubro – e que tomará posse em janeiro de 2015 – consegue ter um corte ainda mais conservador do que esse que encerra a atual legislatura. No novo quadro, a existência de um Jair Bolsonaro campeão de votos no Rio de Janeiro não é patologia isolada, mas um dado da expansão do ultradireitismo e do fundamentalismo no parlamento. Pela contagem feita pelo instituto – que monitora a vida do Congresso há mais de 30 anos – o estrago é bem maior. Além do corporativismo empresarial e latifundiário, está fortalecido o discurso contra os direitos humanos e a diversidade. O Diap informa o aumento das bancadas ruralista e

religiosa e a presença de militares no plenário para reforçar a bancada da bala. O fôlego conservador, como é óbvio, é majoritário no Congresso. A ampliação da base reacionária é um dado a mais nos mecanismos da classe dominante para manter privilégios e defender, como intocáveis, a renda e o patrimônio neste Brasil desigual. Questões relacionadas a raça, gênero, orientação sexual e o aborto tendem a ser tratadas com mais obscurantismo. A maior presença de parlamentares de direita no Congresso reduz, como se sabe, as possibilidades de bandeiras progressistas prosperarem nesse espaço de decisão que atende aos interesses das elites. O cenário desenhado pelos números catalogados pelo Diap traz outra informação significativa: a bancada de sindicalistas foi reduzida quase à metade (de 83 para 46).

Aqui no Rio, a família Picciani elegeu o pai, Jorge, e os filhos Flávio e Leonardo. Os dois primeiros para a Alerj e o último para a Câmara. O ex-governador Sérgio Cabral, que por causa dos escândalos sumiu no primeiro turno da campanha, teve o filho eleito deputado federal. Levantamento preliminar do Diap identificou o parentesco político dos eleitos e reeleitos em 5 de outubro. Foram eleitos 42 (novos) e reeleitos 40, num total de 82. Nas eleições de 2010, foram eleitos 78 deputados e deputadas com vínculos familiares. A eleição ou reeleição de parentes reforça a tese de circulação no poder. Em geral, parentes mais próximos como pais, filhos e cônjuges são herdeiros eleitorais uns dos outros e compartilham o mesmo perfil político e ideológico. Dentre os novos, destacam-se Arthur Bisneto (PSDB-AM), filho do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), campeão de votos no estado e único a atingir o quociente eleitoral. Além disso, foi o deputado que teve a maior votação proporcional no Brasil.

Evangélicos Pelos números do Diap, 82 deputados que irão compor a bancada evangélica na nova legislatura. Em 2010 foram eleitos 78 deputados e três senadores. A bancada deverá seguir tendência natural de crescimento, como nas eleições anteriores. Dentre os 82 deputados e deputadas, 38 são novos/ as, e 44 foram reeleitos/as.

Diego Novaes

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www.adufrj.org.br

13 de outubro de 2014

CULTURA Fotos: Marco Fernandes - 06/10/2014

A peça foi adaptada para a Copacabana dos anos 50. O cenário é a sala do apartamento de Quintino, comerciante que alimenta uma paixão por La Traviata

“O Diletante” é 100% UFRJ

Ópera construída em conjunto pela EBA, ECO e EM é aplaudida de pé no auditório do Centro de Tecnologia Últimas apresentações acontecem dias 16 e 17, em Macaé Filipe Galvão

Estagiário e Redação

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ocês não sabem do que é capaz um diletante”, canta o italiano encarnado por Cyrano Sales no palco do auditório do CT. Ou melhor: 150 diletantes. É esse o número de envolvidos na produção de um espetáculo que comemora os 20 anos do projeto Ópera na UFRJ. “Esse foi um trabalho especialmente interessante porque é 100% UFRJ, desde a composição até a montagem”, conta o responsável pela concepção cênica do espetáculo e professor do curso de Direção Teatral da Escola de Comunicação, José Henrique Moreira. Adaptada da obra de Martins Pena (1815-1848) pelo compositor João Guilherme Ripper, O Diletante conta a história de Quintino, um comerciante apaixonado por ópera que vive em busca de um tenor para acompanhálo no dueto de La Traviata, do italiano Giuseppe Verdi (1813-1901). Trata-se da primeira comédia de Ripper, professor da Escola de Música. E também é a primeira vez que o projeto Ópera na UFRJ encomenda uma produção inédita. Para funcionar, é preciso vontade. A montagem contou com o diletantismo dos alunos, professores e técnicosadministrativos de três cursos

Mais antiga do Rio. Orquestra sinfônica da UFRJ, que também faz parte do espetáculo, completou 90 anos em setembro último da universidade: Belas Artes, Direção Teatral e Música. A grande quantidade de pessoas e o tempo exigido são característicos do gênero: uma ópera não se tira assim do bolso, sem mais nem menos. É um processo longo, complexo e que demanda sintonia entre orquestra, atores e produção. Lucas Ferreira, estudante do 3º período da Escola de Música, é um dos clarinetistas que fazem rodízio entre as apresentações. “Eu revezo com um amigo que também é aluno. Em alguns espetáculos eu toco, em outros é ele”. Segundo Lucas, dá para saber quando o público aplaude “por educação ou porque gostou”. Nessa apresentação no auditório do CT, que aconteceu no último dia 6 de outubro, o público aplaudiu de pé, por alguns minutos. Apesar dos ares anacrônicos, o espetáculo realmente

consegue cativar quem a ele assiste. Luiz Ramos, aluno de Engenharia de Bioprocessos do 6º período, foi um dos últimos a sair do auditório. “Ter uma ópera aqui no CT é bom para desintoxicar um pouco dos números e fórmulas. Além do mais, é difícil ter essa espécie de espetáculo longe da Zona Sul da cidade, então é uma grande opção de cultura”, diz.

Ópera deu início à 5ª Semana de Integração Científica

Cultura tem que circular mais na universidade

Para o professor José Henrique, obras como essa são o tipo de produção mais democrática que há. Uma pena que existam tão poucos espaços. “Tem que fazer essa área da cultura que se produz dentro da UFRJ circular mais aqui dentro e nas outras universidades”, diz. O Diletante encerra a turnê no Teatro Municipal de Macaé, com apresentações nos dias 16 e 17 de outubro.

Cyrano Sales no papel do italiano Quintino

O espetáculo marcou o começo da 5ª semana de integração acadêmica da UFRJ. A pró-reitora de Graduação, Angela Rocha dos Santos, exaltou na solenidade de abertura a importância social da iniciação científica: “O conhecimento que se gera aqui é para voltar para a sociedade, para ajudar na solução dos nossos problemas”. A semana estabelece um diálogo entre outros eventos que acontecem simultaneamente na universidade: o 11º Congresso de Extensão da UFRJ, a 6ª Jornada de Pesquisa e Extensão da UFRJ – Macaé e a 36ª Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Tecnológica, Artística e Cultural (JICTAC-–2014).


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