Jornal da Adufrj-SSind - Edição 815 - 02-09-2013

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2 de setembro de 2013

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Painel Adufrj

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DA REDAÇÃO

Os cubanos estão chegando

Mas (com a Revolução) houve um investimento muito grande na saúde. Che Guevara (Ernesto, dirigente do novo poder), que era médico, elaborou um sistema para fazer uma medicina comunitária e formar um grande número de profissionais para viver dentro das comunidades, para fazer uma medicina preventiva. E deu certo.

Entrevistada pelo jornalista Jorge Pontual para o programa Sem Fronteiras da GloboNews, a socióloga americana Julie Feinsilver estuda há mais de 30 anos a medicina cubana e a presença de médicos cubanos ao redor do mundo. Ela é autora do livro Curando as massas, a política interna e externa de saúde de Cuba. Veja alguns trechos do que Julie Feinsilver disse ao repórter brasileiro.

Cuba hoje tem índices de saúde comparáveis ou até melhores que os Estados Unidos e os de países da Europa. Cuba é o país do mundo com o maior número de médicos per capita, 6,7%, uma coisa extraordinária, três vezes a taxa dos Estados Unidos.

E com esse excedente, Cuba envia, há décadas, médicos para países pobres, para países onde acontecem catástrofes naturais etc. ou carentes na assistência de saúde. Este programa – que tem a medicina cubana como protagonista – é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como modelo para o resto do mundo.

Vida de Professor

A OMS gostaria que o modelo cubano fosse adotado em outros países: esta medicina em que o médico vive na comunidade, esta medicina em que o médico está 24 horas à disposição dos pacientes naquele lugar onde ele vive. . O que a socióloga diz é que em muitos países, como a Venezuela, a Bolívia e a África do Sul, onde há muitos médicos cubanos, houve uma resistência enorme das

Medicina cubana é exemplo para o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde Os médicos cubanos estão presentes em mais de 70 países. Ou seja, atendem milhões de pessoas, pelos cálculos de Julie Feinsilver. Nesses países atendidos pelos médicos cubanos, como o Haiti, há milhões de pessoas muito gratas porque o método adotado por esses médicos os tornam muito populares. Na África, segundo a socióloga americana, seiscentos mil casos de cegueiras provocadas por deficiência de vitaminas foram tratados por médicos cubanos.

Cuba tem índices de saúde comparáveis ou até melhores que os EUA e a Europa

Serão 4 mil médicos cubanos que (ao lado de médicos de outras nacionalidades) vão clinicar em locais pobres e remotos do Brasil

Quando aconteceu a Revolução Cubana (1959), metade dos médicos fugiu para Miami. Cuba ficou com apenas três mil médicos e só tinha 14 professores na Faculdade de Medicina. A medicina em Cuba estava ameaçada de acabar.

associações de médicos locais (“como está acontecendo agora no Brasil”, observação do repórter). . A razão dessa resistência é a mudança do modelo da medicina que se pratica. O modelo cubando é diferente, muito mais popular, muito mais comunitário. Então há resistências a esta inovação. (“É uma revolução mesmo na medicina”, observação de Jorge Pontual).

Jorge Pontual, ao final da entrevista, conclui: “A medicina cubana é um exemplo para o mundo. Temos que tirar o chapéu.”

E mais ... Os brasileiros vão conviver com esses médicos. Mas não é a primeira vez. Em 1992 eles estiveram em Goiás para tratar de vítimas do Césio 137, contaminados com material radioativo. Na década de 1990 foram a Niterói tratar de epidemias de dengue e meningite. Diego Novaes


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