RELIGIOSIDADE POPULAR E TURISMO ÉTNICO-CULTURAL: IDENTIFICAÇÃO E REGISTRO FOLIA DE REIS N. FRIBURGO

Page 14

Entende-se o Turismo Étnico-Cultural como um desdobramento do Turismo Cultural uma vez que o MTur o define como uma “atividade turística destinada a favorecer a criação de correntes turísticas específicas para conhecer, conviver e integrar-se com as diferentes etnias formadoras da ‘raça’ 4 brasileira”, (MTUR, 2010 p. 33) (grifo nosso), onde se pode constatar em publicação do MTur: Quadro 1 – Exemplos de atividades que podem ser realizadas no âmbito do Turismo Cultural: Atividade: Visitas a comunidades tradicionais e/ou étnicas; Descrição: Visitas a comunidades tradicionais ou grupos étnicos (comunidades representativas dos processos imigratórios europeus e asiáticos, comunidades indígenas, quilombolas e outros grupos sociais que preservam seus legados étnicos como valores norteadores de seu modo de vida, saberes e fazeres), que permite a interação ou acompanhamento de atividades cotidianas ou eventos tradicionais de comunidades locais. [...] (MTUR, 2010, p. 33)

Multifacetada, as etnicidades sinalizadas na gastronomia, nos rituais, nos artefatos, ofícios, danças, ritmos e cantos, encontros, entre outros se materializam por meio do sincretismo religioso e corroboram para um vasto campo a ser explorado mediante o viés do Turismo Étnico-Cultural. Essa multiculturalidade pode representar uma forma de contribuição para a salvaguarda desse patrimônio cultural imaterial desde que ações adequadas e sustentáveis sejam implementadas.

CONCLUSÃO O sincretismo que permeia a religiosidade popular na Folia de Reis estreita os laços de fé em uma linha tênue entre espaço privado e o público, ultrapassando a barreira espaço-temporal. Em busca da perpetuação desta cultura movida pela fé através de símbolos e linguagem universal protegidos pela doutrina da Bandeira que a conduz em um caminho de “promessa” e “bênçãos” lê-se signos que permeiam as diferenças culturais marcadas por interação estáveis e simbióticas determinado critérios e sinais de identificação que se desdobram em interação e permissiva “persistência das diferenças culturais” (BARTH, 1998, p. 196) Portanto, os traços percebidos da Umbanda em meio aos Grupos de Folia de Reis de Nova Friburgo denotam uma vasta diversidade cultural no município que é formada sob a égide de diversas etnias, onde os Grupos de Folia tornam-se uma referência importante não 4

Em tempo, os autores corroboram com os apontamentos de Franz Boas que vem complementar as questões debatidas acerca da raça social “concluiu que a diferença fundamental entre os grupos humanos era de ordem cultural e não racial ou determinada pelo ambiente físico. Sendo assim, defendia que, ao estudar os costumes particulares de uma determinada comunidade, o pesquisador deveria buscar explicações no contexto cultural e na reconstrução da origem e da história daquela comunidade. Decorre dessa constatação o reconhecimento da existência de culturas, no plural, e não de uma cultura universal”, ou seja, da diversidade em si. (BOAS apud CANEDO, 2009, p.4)


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.