Revista FERXXI nº30 - ADFER

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a) valorização dos sistemas integrados, da complementaridade e da multimodalidade; b) preocupação ambiental nos sistemas de transporte favorecendo os modos marítimo, fluvial e ferroviário; c) clarificação das relações Estado /empresas (id., p.6). A reconfiguração dos mercados e do funcionamento dos operadores decorrem de tendências, admitidas no POAT, que se sistematizam nos seguintes pontos: (1) rápida transformação das técnicas de organização e gestão dos sistemas de transporte em termos de custo, tempo, fiabilidade, segurança, eficácia dos sistemas entre outros; 2) grandes operadores de transporte utilizando combinações modais optimizadas- multimodalidade; 3) aumento do volume e dos percursos médios da deslocação de mercadorias e aumento das deslocações de longa distância e do valor do tempo (custo de oportunidade); 4) reconsideração do papel do modo ferroviário de alta velocidade, vocacionado para distâncias até 600 ou 700 km; 5) medidas restritivas à circulação rodoviária, em especial nos países corredores de passagem; 6) desenvolvimento de novas tecnologias de transporte. Em face das linhas de tendência na União Europeia, e particularmente em Portugal, da importância dos transportes para o desenvolvimento económico, da necessidade em assegurar a sua inter-relação modal, da indispensável resposta às características e organização do espaço territorial, conforme aos centros de consumo e produção, e da existência de infra-estruturas de múltiplo tipo, torna-se indispensável desenvolver o modelo logístico nacional (MLN) adequado, a partir do qual se determina o sistema logístico nacional (SLN), com base em três eixos fundamentais, que são: 1) o desenvolvimento de uma rede nacional de plataformas logísticas (RNPL); 2) a reorganização da micro-logística nas áreas metropolitanas e nas cidades médias; 3) o apoio ao desenvolvimento da estrutura

empresarial do sector (adaptado do POAT, op. cit., p. 39). Considera-se que «o sistema logístico nacional (SLN) deverá configurar uma rede de plataformas logísticas inseridas em corredores de transporte, fluidas e funcionalmente hierarquizadas, que proporcionem uma melhoria global dos serviços de transporte e de movimen-tação das cargas, com vista à integração de Portugal no espaço ibérico e europeu e, consequentemente, nas relações intercontinentais. Desempenha um papel de integração eficaz dos vários modos de transporte, viabilizando a fluidez de uma rede de transportes combinados para Espanha e Europa com o surgimento de novos operadores nesta área. Por sua vez, a implementação da rede nacional de plataformas logísticas (RNPL), tendo em conta a dimensão e funcionalidade das plataformas e os modos de transporte, integra o apoio à infra-estruturação das plataformas de primeira linha nos principais pontos de rotura de carga, a integração e o ordenamento das áreas logísticas existentes, a promoção de novas áreas logísticas, essencialmente nas áreas metropolitanas de Lisbos e Porto, são acções essenciais a levar a cabo com o apoio de instrumentos de financiamento comunitário e do Estado e o envolvimento da iniciativa privada» (id., ps. 172 e 31). Mendoza (2001, ps. 11 e 12)13 destaca como elementos de uma rede os operadores de transporte, o equipamento móvel, a infraestrutura e instalações diversas, a superestrutura (sistema de informações) e os utilizadores, evidenciando a importância da gestão integrada da rede, tipo centro-radial (hub and spoke) assegurada por operador capacitado para a prestação do serviço integrado. Black (2001)14 perspectiva o desenho das ligações (networks) logísticas ao nível mais amplo das redes europeias e evidencia os elementos críticos a cada nível. Para assegurar o sistema, no qual se integra a intermodalidade e garantir a sua funcionalidade e eficácia, na perspectiva da prestação de um serviço regular, torna-se indispensável centralizar a responsabilidade dos processos desenvolvidos pelos diferentes intervenientes, o que exige operador especializado, dotado dessa capacidade integradora, denominado operador do sistema integrado (OSI). Por um lado, gerem-se fluxos de mercadorias e respectivos modos de transporte, exigindo nomeadamente a escolha adequada desses modos e outros agentes comerciais, bem como dos trajectos a prosseguir; por outro, gerem-se fluxos de informação

essencial à comuni-cação e à gestão da informação, baseada no conhecimento dos mercados, dos operadores, dos parques logísticos, dos parceiros de negócio, das melhores práticas, etc., por forma a tornar possível a eficácia dos processos integrados. Neste quadro, a gestão do transporte é uma das componentes do sistema que exige os maiores cuidados e confere importância ao sistema logístico e à necessidade de ordenamento do espaço físico, em função dos centros geradores de tráfego. 5. Conclusões As soluções de transporte deverão ter em conta as condições da geografia e as económicas, visando a melhor opção quanto ao tipo de transporte, desenho da infra-estrutura e localização, em função dos volumes, tipo e fluxos de 'carga'. Tanto mais importante quanto é crescente a mobilidade e a necessidade em assegurar a intermodalidade, conforme à existência de maior ou menor concentração de actividades e a sua diversidade ou especialização, na qual interferem a organização espacial associada à geografia espacial e a economia. No quadro da União Europeia, as redes transeuropeias de transportes centram grandes preocupações que se ampliam no caso dos países periféricos onde se destacam os modos ferroviário e marítimo. As dificuldades crescem na medida em que há falta de infra-estruturas específicas que se interliguem de forma estratégica, o que exige opções quanto ao modelo de transportes. É determinante a definição de um modelo logístico nacional (MLN) e o consequente sistema logístico nacional (SLN), ao qual se deverão associar uma rede nacional de plataformas logísticas, a reorganização da micro-logística nas áreas metropolitanas e nas cidades médias e o desenvolvimento da estrutura empresarial, em 'cluster' ou simplesmente como centros de concentração empresarial.

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de produção industrial e de serviços, na ligação através de corredores multi-modais integrados na rede RTE-T a Espanha e à Europa e nas ligações multi-modais aos grandes eixos estruturantes do espaço nacional. Esta concepção sustenta-se no chamado «novo modelo de crescimento dos transportes», no qual se destacam o «fomento da complementaridade e interoperacionalidade dos modos rodoviário, ferroviário e marítimo», bem como a «criação de grandes plataformas logísticas de articulação entre os modos e entre estes e as restantes actividades económicas», obedecendo a certas linhas de força, ao nível geral, a saber:


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