Revista Integra

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Do paradoxo ao diálogo frutífero Waldemiro Gremski * Em outubro do ano passado, Curi- cesso nesse tipo de tiba viveu um momento digno de co- parceria são fartos memoração: quatro universidades, em tanto em países conjunto com a Federação das Indús- d e s e n v o l v i d o s trias do Paraná (FIEP), colocaram à como na Índia disposição da indústria paranaense e na Chie brasileira seus projetos de pesquisa na. Existe com potencial de inovação. A I Mostra e x e m p l o de Pesquisa e Inovação Universidade e mais perIndústria foi realizada nas dependên- feito do cias da FIEP. A Universidade Federal que o Vale do Paraná, a Pontifícia Universidade do Silício Católica do Paraná, a Universidade Po- ou a Rota sitivo e a Universidade Federal Tecno- 128 de lógica do Paraná deram as mãos para, B o s t on , num gesto inédito e compartilhado, onde centenas de indústrias ligadas à expor suas pesquisas, visando construir economia do conhecimento, hoje preparcerias com empresas interessadas sentes em todo o planeta, resultaram em desenvolver produtos ou processos da convivência entre pesquisadores de com alto teor de inovação. Atitude que universidades (Universidade de Stanrepresenta também um grande avanço ford, MIT) e indústrias e grandes lana construção da relação entre as uni- boratórios? Há uma lista interminável versidades, com reflexo na qualidade de exemplos de sucesso nesse tipo de e volume de projetos expostos, o que parceria em todas as áreas. tornou o evento ainda mais interesE o Brasil nesse contexto? Vivemos sante ao setor um paradoxo. Nossa proprodutivo. dução científica, gerada Qual o moResultado da pesquisa em 95% nas universidativo para a codes e medida pelo númena Universidade foi memoração? ro de publicações indexaapresentado às Embora todos a das, vem crescendo a cada considerem funano. Em 2008 o Brasil indústrias em mostra damental para o publicou 30.145 artigos, em Curitiba desenvolvimennum inacreditável salto tecnológico to de 56% em relação a do país, há de 2007, passando a ocupar se reconhecer a existência de barreiras o 13.º lugar no ranking mundial. Mas culturais tanto do lado da universidade a transformação desse enorme cabedal como da indústria, que dificultam a re- científico em bem-estar e riqueza conlação, mas que precisam ser superadas tinua distante. Qual o motivo dessa em benefício do Brasil. Principalmen- distância e como superá-la? te quando sabemos que o progresso Infelizmente, embora um sistema de nações desenvolvidas repousa em de pesquisa, sólido e bem-estruturado muito nessa relação. Exemplos de su- seja indispensável para o desenvolvi-

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mento do país, ele, sozinho, não consegue produzir inovação. Se o destino do conhecimento produzido se esgotar na publicação, o país continuará fornecendo informações para que outros países criem produtos com alto valor tecnológico, pelos quais teremos que pagar pesados ônus. Para transformar ciência em bem-estar e riqueza, é indispensável a parceria da universidade com empresas, local por excelência da inovação. É na empresa que a pesquisa produzida nas universidades pode ser transformada em produtos com alto teor tecnológico agregado, como novos equipamentos, novos fármacos, novos processos. Esse foi o grande objetivo da Mostra: possibilitar que a academia, representada por pesquisadores de quatro universidades, e a indústria, tivessem um diálogo frutífero. Foram apresentados mais de 50 cases de relação de sucesso entre a academia e a indústria, além de centenas de projetos de pesquisa com forte conteúdo inovador em todas as áreas do conhecimento. Temos certeza de que inauguramos um novo tempo na relação universidade e indústria, com todas as vantagens que isso representa para o país.

* Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUC/PR.

17/03/2010 16:46:40


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