FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOSDO ENSINO E DA PESQUISA EM GEOGRAFIA

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modernas diretrizes do ensino geográfico e dar ânimo ao que se propõem realizar alguma coisa de útil, nesse sentido. Mas, cumpre ter método nessa tarefa utilíssima. Aproveitando a experiência alheia e tirando ensinamentos daquilo que com outros aconteceu, dever-se-á usar de meios diferentes, para ver si é possível atingir os mesmos fins. Não se queira ‘revolucionar’ fulminantemente o ensino geográfico. Que se procure ir devagar, por etapas, paulatinamente. Não se perca de vista que existe como que um verdadeiro ‘tabu’ a ser enfrentado e que se não destroem, com duas penadas, convicções cimentadas pelo decurso do tempo. Em nossa desautorizada opinião, dever-se-ia iniciar, primeiramente, uma campanha tenaz no sentido de demonstrar os absurdos dos métodos que muitos ainda seguem, fazendo ver quão prejudicial e pouco agradável é este sistema e como é ele capaz de matar no nascedouro a menos simpatia que se possa ter para com a matéria. Que se esforce por abrir os olhos dos que assim ensinam, afim de que se alistem no combate sem tréguas as velharias, que estavam vem para o tempo dos nossos avós, mas hoje se acham deslocadas devido aos progressos científicos dos últimos anos. Após essa campanha preliminar em que se poderá ir introduzindo os ensinamentos da moderna Geografia. Mas – é preciso ser prudente – não convirá entrar, de início, em toda a plenitude dos novos métodos. Que sejam adotados, em parte, para que o contraste não possa chocar em demasia e, quem sabe, sofrer uma imediata repulsa, de quem até então os desconhecia. Só depois desse trabalho preparatório, ‘educativo’ por assim dizer, parece-nos possível lançar, em toda sua pujança, as bases da nova maneira de ensinar e compreender a Geografia. Só, então, poder-se-á ficar livre definitivamente do carrancismo da velha escola. Tal campanha, de tão elevados objetivos, deveria se desenvolver em todos os setores: através das páginas desta revista e na imprensa em geral, em palestras públicas, nos estabelecimentos de ensino. Nestes últimos, deveriam merecer especial destaque os que se destinassem ao preparo de professores, pois será deles que irá depender, em grande parte, o êxito de tão notável iniciativa. Mas o ponto capital será que haja um estímulo aos que se propuserem levar avante a idéia; porque, não são raros, infelizmente, os que, cheios da melhor boa vontade a princípio, vão se entregando, depois, pouco a pouco, ao comodismo da rotina, acabando por desistir da campanha e achando mais fácil e mais simples o antiquado sistema das liçõesinhas chãs, sem muita ‘conversa’, das enumerações que tão metodicamente aparecem nos classicos compendios, talhadas para serem transmitidas, sem grande esforço, aos alunos e esplendidas para serem deles exigidas com o maximo controle. A experiência, infelizmente, nos tem demonstrado que não são poucos os casos semelhantes aos citados. Vitória plena da lei do menor esforço... A ASSOCIAÇÃO DOS GEÓGRAFOS BRASILEIROS, tomando a peito um movimento desta ordem e associando os seus valiosos esforços aos daqueles que já se vêm batendo por tão alevantado objetivo, prestaria ao país um grande e inestimável serviço, que só as gerações vindouras poderiam bem aquilatar.

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