Edição 22697 30052014

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MUNDO

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a crítica MANAUS, SEXTA-FEIRA, 30 DE MAIO DE 2014

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PODER MILITAR LEGITIMADO

Sisi tem vitória esmagadora

AFP

Marechal que comandou derrubada do islamita Mohamed Mursi há um ano obteve 96% dos votos CAIRO (AFP) - O ex-comandante do

Exército egípcio, marechal Abdel Fatah al-Sissi venceu a eleição presidencial com 96% dos votos, segundo resultados provisórios, o que legitima o poder do Exército no país 11 meses depois da destituição do único presidente civil da história do Egito, o islamista Mohamed Mursi. A vitória era mais que esperada

em um país no qual as vozes dissidentes foram reprimidas e os opositores são julgados e detidos. Mas a votação registrou um índice de abstenção superior a 50%. Os partidários de Mursi foram as primeiras vítimas da repressão implacável comandada por Sissi, que deixou mais de 1.400 mortos e quase 15 mil detidos. Agora os alvos das forças

de segurança e da justiça são os jovens progressistas. Três anos após a revolução que derrubou Hosni Mubarak, também militar, como todos os presidentes egípcios desde a queda da monarquia em 1952, os ativistas dos direitos humanos acusam as autoridades de terem instaurado, desde julho de 2013, um regime ainda mais autoritário que o

de Mubarak. O resultado do marechal na reserva devolve o país “a uma configuração que não se esperava depois das revoluções árabes de 2011”, afirma Karim Bitar, diretor de pesquisas do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas. "Poucas pessoas poderiam imaginar depois da queda de Mubarak que, três anos mais tarde, um novo mare-

Al-Sisi, o novo homem forte do Egito

chal com óculos escuros seria eleito com 96% dos votos, sem ter feito campanha ou ter apresentado um programa eleitoral”, completa o analista. O que provoca questionamentos sobre o resultado é o impressionante índice de abstenção e o fato de as autoridades terem adicionado um terceiro dia de votações para aumentar a taxa de participação. Após a medida, considerada uma porta aberta para fraudes pelos críticos de Sissi, um membro da Comissão Eleitoral anunciou ao jornal oficial Al-Ahram que votaram “aproximadamente” 25 milhões de eleitores dos 54 milhões de registrados.

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EUA SÃO OS CAMPEÕES

Obesidade afeta 30% no planeta

Tim Sloan/AFP - arquivo

Doençamatou 3,4milhões apenasem2010

Doença atinge a todos, indepedente de idade, renda ou país PARIS (AFP) - A epidemia de obesi-

dade e sobrepeso, que por muito tempo foi um mal exclusivo dos ricos, atinge 2,1 milhões de pessoas, cerca de 30% da população mundial, das quais mais da metade estão em países em desenvolvimento, alerta um estudo publicado ontem. "A obesidade é um problema que afeta a todos, independentemente da idade ou renda, ou o país”, garante o dr. Christopher Murray, diretor do Instituto de Avaliação da Saúde da Universidade de Washington, que conduziu a análise de dados disponíveis em 188 países. Entre 1980 e 2013, a percentagem de pessoas com um índice de massa corporal (IMC) superior a 25, o limite para excesso de peso, em todo o mundo passou de 28,8% para 36,9 % entre os homens e de 29,8% para 38% entre as mulheres, de acordo com o estudo publicado na revista médica britâ-

Meninos e meninas Entre 1980 e 2013, o número de crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso no mundo aumentou em 50%. Hoje afeta 22% das meninas e 24% dos meninos nos países desenvolvidos e 13% nos países em desenvolvimento. nica “The Lancet”. O IMC é a proporção entre o tamanho e o peso de um indivíduo. Um índice maior que 30 é considerado um sinal de obesidade em adultos. No caso em que o índice está entre 25 e 30 é considerado excesso de peso. Mas o fenômeno não afeta todos os países da mesma forma: os Estados Unidos , GrãBretanha e Austrália aparecem no topo da lista de países desenvolvidos, onde a obesidade ou

excesso de peso afeta mais de 60% das pessoas com mais 20 anos. No caso dos países em desenvolvimento, América Latina, Oceania e Oriente Médio já ultrapassaram os ocidentais. Este é o caso do Egito, Líbia, Arábia Saudita, Omã, Bahrein e Kuwait, onde o excesso de peso e a obesidade têm aumentado substancialmente, afetando mais de 70% das mulheres com mais de 20 anos. O mesmo se aplica em vários países da América Latina, como México, El Salvador, Costa Rica, Honduras, Chile ou Paraguai, e especialmente nos microestados do Pacífico (Tonga, Kiribati e as ilhas de Samoa), onde a taxa é superior a 80% entre os homens e mulheres com mais de 20 anos. Aumento da obesidade infantil Não só há mais pessoas com excesso de peso, mas cada vez mais começam a desenvolver este problema mais cedo.

Nos EUA (recordistas de obesidade), as mulheres são as mais afetadas: 34%

Segundo um estudo publicado em 2012 na revista The Lancet sobre a “carga global de doenças” ("global burden of disease"), o sobrepeso e a obesidade causaram 3,4 milhões mortes só em 2010. Com 160 milhões de pessoas afetadas, os Estados Unidos é o país com o maior número de obesos ou pessoas acima do peso em todo o mundo, à frente de China, Índia, Rússia, Brasil e México. O problema nos Estados Unidos afeta pouco mais de 70% dos homens e quase 62% das mulheres com mais de 20 anos e 30% das crianças e adolescentes. Quanto aos obesos, representam 32% dos homens adultos e 34% das mulheres adultas nos EUA, em comparação com 4% dos adultos chineses ou indianos. E, embora o crescimento da obesidade tenha diminuído ligeiramente desde 2006 em países desenvolvidos, após o boom dos anos 1980 e 1990 os dados são preocupantes. Nas últimas três décadas, nenhum país reduziu a sua taxa de obesidade.

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GUERRA NA UCRÂNIA

Pró-russos derrubam um helicóptero: general morre KIEV (AFP) - Os rebeldes pró-russos

do Leste da Ucrânia derrubaram ontem um helicóptero militar, matando 12 soldados ucranianos, em um dos piores dias para as forças leais a Kiev, que tentam há quase dois meses colocar fim à insurreição separatista. A aeronave, que transportava homens destinados a ajudar as tropas e um general das forças es-

peciais do ministério do Interior, foi atingida por um míssil russo, afirmou o presidente interino, Olexander Turchynov, no parlamento. "Estou convencido de que nossas forças armadas levarão até o fim a limpeza dos terroristas e que os criminosos que a Rússia financia serão eliminados e se sentarão no banco dos réus”, acrescentou Turchynov,

que deixará seu posto no início de junho, abrindo caminho para o vencedor das presidenciais de domingo, Petro Poroshenko. Turchynov havia informado antes sobre 14 mortos, mas a Guarda Nacional publicou um balanço de 12 mortos e um ferido em estado grave. Trata-se de um dos piores dias para o exército ucraniano desde o início das opera-

Fabio Bucciarelli/AFP

Armados para combates, pró-russos estão posicionados no Centro de Donetsk

ções contra os insurgentes do leste. No dia 22 de maio, 17 militares perderam a vida: 16 na cidade de Volnovaja, na região de Donetsk, e mais um em outro ataque dos insurgentes na região vizinha de Lugansk. Após os combates que deixaram 40 mortos (principalmente separatistas) na segunda-feira no aeroporto de Donetsk, a tensão segue em nível máximo em terra. Ontem, a Rússia pediu que os países ocidentais pressionem as autoridades ucranianas para que escalada de violência no Leste do país tenha fim e uma catástrofe nacional seja evitada.


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