Revista ACIM

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MARINGÁ HISTÓRICA

Miguel fernando

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O velho oeste maringaense O nascimento de uma cidade, com raras exceções, aglomera comércios e residências, geralmente, instalados ao longo de um pequeno trecho. Fato constatado em diversos períodos da história mundial: o velho oeste dos Estados Unidos é um bom exemplo. Não seria diferente se a Maringá do início da década de 1940 ficasse conhecida como o “velho oeste”. Termo pouco disseminado ao longo dos anos em face de outros mais habituais como eldorado e terra roxa. O núcleo primário da cidade, que ficaria conhecido anos mais tarde como “Maringá Velho”, inicialmente se estabeleceu com pequenos comércios e um estabelecimento hoteleiro. Traçado sob o espaço de oito quadras, em pouco tempo o ambiente foi tomado por retirantes, boiadeiros, cafeicultores e outros investidores que utilizavam como veículo de transporte à tração animal. A proteção pessoal ficava a cargo de diferentes modelos de armas de fogo. O trabalho pesado durante o dia nas matas densas geravam lucros não só aos empreiteiros das obras: ao final da jornada de trabalho os bares eram tomados por operários, mateiros e lenhadores, que consumiam muito álcool e, não raro, causavam brigas. O Hotel Catanduva, da família Costa Curta, era um exemplo de que as confusões deveriam ser contidas logo no início. As responsáveis pelo estabelecimento, Ana e Elvira, cessavam as brigas que ocorriam não só no hotel, mas também nas redondezas. Enfim, o cenário estava aberto para o misticismo consolidar Maringá como o “velho oeste”. Mas, ao contrário das concepções de quem viveu naquele tempo, o urbano se estabeleceu com uma dinâmica rápida. Menos de

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Revista

Maio 2013

Imagens da avenida Brasil na década de 1940

Waldemar Gomes da Cunha, conhecido como Waldemar Barbudo dez anos após o lançamento da pedra fundamental (1942) de Maringá, o núcleo central da cidade, até então instalado no “Maringá Velho”, foi transferido para a região mais plana, distante alguns quilômetros (1947). Essa estratégia, elaborada pela maior colonizadora do norte e noroeste do estado, gerou um desenvolvimento econômico acelerado. Há relatos de pessoas que passaram por Maringá, ainda como patrimônio de Londrina (1942-1944), e que ao retornarem anos mais tarde não reco-

Chegada de hóspedes no Hotel Maringá na década de 1950 nheceram a cidade. Muitas delas não haviam tido uma boa impressão no primeiro momento, mas na segunda passagem por aqui resolveram ficar. Se o termo “velho oeste” ficou para trás, seus vestígios ainda se fizeram presentes durante anos. A poeira em dias de calor escaldante e o barro proveniente de chuvas torrenciais seriam solucionados somente na década de 1960. Miguel Fernando é especialista em História e Sociedade do Brasil


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