Revista ACIM - 509

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Operária, ao contrário, não recebeu os investimentos previstos no planejamento original. “Previam-se vários espaços públicos na Vila Operária, mas esses terrenos infelizmente foram parcelados”, conta Fabíola. A pesquisadora alerta que é preciso pensar o futuro. “Não vemos projetos para a construção de espaços públicos com equipamentos que possam ser acessados pela população”. Para a arquiteta, a população deveria participar mais para evitar a perda sistemática de espaços públicos. “A população ainda pode lutar, nos conselhos, nos fóruns e nas conferências da cidade”, diz. Realidade O historiador João Laércio Lopes Leal, do setor de Patrimônio Histórico da Prefeitura de Maringá, conta que a partir dos anos 1960, os esforços de planejamento passaram a ser mais pragmáticos. Sai de cena o ideal utópico de cidade-jardim, que deu lugar à necessidade urgente de absorver os novos bairros e criar alguma forma de ordenamento. A cidade crescia além de qualquer previsão. “Em 1950, Maringá tinha cerca de 40 mil habitantes, sendo 32 mil na zona rural”, lembra Leal. “Em

Walter Fernandes

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Para Fabíola Cordovil, professora da UEM, “a prefeitura sempre teve técnicos competentes”; ela lembra que o plano diretor de 1977 tinha como proposta derrubar o Parque do Ingá e o Bosque 2

1960, já eram 104 mil moradores, um crescimento de mais de 100% em dez anos”, compara. A explosão demográfica esgotou o modelo de planejamento e a cidade-jardim precisou ser chamada à realidade. A solução foi criar prolongamentos das avenidas que constituem o núcleo central da cidade, irradiando vias para as novas periferias. “Na gestão de Luiz Moreira de Carvalho

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(1965-68) foi feito o novo plano diretor do município, coordenado pelo arquiteto Nildo Ribeiro”, conta Leal. Esse plano regularizou 27 lotes que eram habitados, mas não faziam parte do plano original de Macedo. Na adaptação, o modelo original de urbanismo teve que ceder. “As avenidas desses novos bairros não eram largas como as do núcleo original da cidade e os lotes, cujo padrão era de 500 a 700 metros quadrados no centro, foram reduzidos para 300”, conta o historiador. A adaptação continuou nos mandatos dos prefeitos Adriano Valente (1969-72), Silvio Barros (1973-76), João Paulino (1977-82) e Sincler Sambatti (1982), incorporando grandes bairros inteiros, como o Jardim Alvorada. Leal acredita que um dos grandes Segundo o historiador João Laércio Leal, com o aumento demográfico, o modelo de planejamento precisou se voltar para a realidade e foi necessário prolongar as avenidas centrais

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Maio 2011


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