Revista Academia Bacalhau Paris - Nº4

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ACADEMIA

BACALHAU de PARIS EDIÇÃO N.º 4 - 2º SEMESTRE 2016

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CONGRESSO DE ESTREMOZ: CONHEÇA AS PROPOSTAS APROVADAS

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ABP VISITOU A MADEIRA EM NOVEMBRO

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Carlos Ferreira: quatro anos à frente da Academia de Paris

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ENTREVISTA: RUI PERICÃO, UM DOS FUNDADORES DAS ACADEMIAS DO BACALHAU


HINO

DAS ACADEMIAS DO BACALHAU REFRÃO Caminhamos confiantes Somos todos tripulantes Da mesma nau Que é vista com simpatia E se chama Academia Do Bacalhau Vamos compadres, comadres Q'esta nossa Academia Já tem raízes Levamos a nau ao porto Para dar algum conforto Aos infelizes VERSO1 Temos por símbolo o badalo Que toca repenicando Quando alguém quiser falar Põe-se o badalo a tocar Ficando o resto calado

Também temos a gravata C'um bacalhau estampado Se és amigo de verdade E quiseres ser compadre Com ela és condecorado REPETE O REFRÃO VERSO 2 E quando nos reunimos Num jantar de amizade Tomamos a ocasião De fazer algum tostão Para dar a caridade E a meio do repasto Vai acima e vai abaixo É um acto bem distinto Brindamos com vinho tinto O gavião de penacho REPETE O REFRÃO

CONTATOS Pode entrar em contato com a ­ Academia do Bacalhau de Paris aqui: 9, rue Saint-Florentin, 75008 Paris www.bacalhau.fr (0033) 7 81 19 57 10 www.facebook.com/academiabacalhauparis E-mail: contact@bacalhau.fr

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ÍNDICE

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05. Editorial

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ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS 06. Jantares 12. Memórias 15. Eventos 21. Apadrinhamentos

ACADEMIAS DO BACALHAU 23. Congressos 28. Academias Afilhadas

ESPECIAL: CARLOS FERREIRA 36. Especial: Carlos Ferreira 48. Depoimentos

SOLIDARIEDADE 53. E3M 54. Rotary Club 56. Tiago Sobreira 58. Roupa Sem Fronteiras

COMPADRES E COMADRES 59. Depoimentos de compadres 65. Entrevista: Rui Pericão

CULTURA

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68. Página Histórica 71. Euro 2016: Portugal Campeão 72. Agenda: Entrevista a Luís Filipe Reis 75. Amadeo de Sousa Cardoso em Paris 76. Lisboa capital Ibero-americana da cultura 2017 78. Breves

RECEITA 80. Receita 82. Newsletter 83. Passatempos 83. Ficha Técnica



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EDITORIAL O fechar de um ciclo CARLOS FERREIRA PRESIDENTE DA ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

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stá a acabar. O meu último mandato está a chegar ao fim. Passaram-se quatro anos desde que fui eleito, pela primeira vez, presidente da Academia do Bacalhau de Paris. Que orgulho, nesse dia. E que orgulho agora, que dou a vez a quem vier a seguir. Entre um momento e outro, passou-se tanta coisa. Quando reflito sobre estes quatro anos, sorrio e sinto que cumpri a minha missão – não me cabe só a mim avaliar o meu trabalho mas só eu posso avaliar a minha consciência, e essa está em paz e feliz por ter contribuído para o desenvolvimento de uma instituição como a Academia do Bacalhau de Paris. Quando assumi o cargo, no início de 2013, tinha ideias, projetos, ambições. Sabia que aquilo a que me propunha era deveras exigente e sabia também que seria necessário muito trabalho e espírito de equipa para alcançar os objetivos a que me propus, e que penso que são comuns a todos nós: desenvolver a Academia o mais possível, elevando os valores da amizade, da solidariedade e da portugalidade. Sabia que ia ser trabalhoso mas talvez tenha sido ainda mais trabalhoso do que estava à espera. Este é um cargo que exige tempo, disponibilidade, trabalho e abertura. Não o digo para me vangloriar mas porque importa que os compadres e comadres tenham noção disto, na sua vivência no seio da Academia. Até porque, um dia, poderão ser vocês a estar neste lugar, a escrever o editorial de um próximo número desta revista.

Esta revista é, aliás, um dos feitos que mais prazer me deu alcançar enquanto presidente da ABP. A criação deste projeto enquadra-se num âmbito mais alargado, num dos meus principais objetivos enquanto presidente: a criação de uma estrutura que tenha condições para se manter, independentemente de quem estiver na liderança da nossa Academia. Nestes quatro anos, a ABP ganhou organização, tem agora um secretariado estruturado, e viu o número de compadres e comadres crescer de forma significativa e sustentada. Realizámos eventos praticamente todos os meses e criámos até alternativas aos jantares, como os cinco torneios de golfe já realizados. Apoiámos dezenas de pessoas e criámos o nosso próprio projeto solidário através da Roupa Sem Fronteiras. E tudo isto foi ganhando eco na comunidade, nas instituições governativas e nos meios de comunicação social, que cada vez mais reconhecem o nosso trabalho e o contributo que damos à sociedade. Trabalhámos muito, alcançámos muito, e tudo valeu a pena. Falo no plural porque, apesar de assumir eu o cargo de presidente, não teria alcançado nada sem o apoio da restante direção e dos compadres em geral. O nosso querido amigo e compadre Durval Marques realça esse facto vezes sem conta: não sou eu, somos nós. E como ele está certo… Por isso, quero deixar aqui o meu sincero agradecimento a todos os que me acompanharam nesta jornada e

que contribuíram para tornar realidade os sonhos que tínhamos. Obrigada, amigos. Fernando Pessoa dizia que “o homem é do tamanho do seu sonho”, e a nossa Academia é do tamanho dos sonhos de todos nós. Caros compadres e comadres, passarei a ser mais um entre vós mas incentivo-vos a que, todos juntos, não deixemos de sonhar, de contribuir, de realizar. Com certeza, as boas ideias e iniciativas para a nossa Academia continuarão a ser apoiadas pela nova direção e pelo novo ou nova presidente, seja quem for. O projeto de aquisição de uma sede, que já vem desde o compadre António Fernandes, tem condições para ser efetivado no próximo mandato, para ser a marca que o próximo presidente há-de deixar na nossa Academia. E se assim não for, que fiquem criadas todas as condições para que assim seja no mandato seguinte. A ti, meu desconhecido futuro compadre presidente, peço-te que acarinhes o trabalho que desenvolvemos estes anos e que tantos frutos deu à nossa Academia. Não o deixes morrer nem voltes atrás porque a história não deve ser renegada. Constrói sobre o passado. Mas sê tu próprio. Sonha também, rodeia-te de amigos e constrói um amanhã melhor para a nossa Academia. Cria o teu projeto e deixa a tua marca, trazendo sempre em pensamento os melhores interesses do nosso movimento. No final, vais ver que vale a pena. Eu sei que valeu. Para ti, está a começar.


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JANTARES ABP no Salão do Imobiliário e Turismo Português A 20 de maio de 2016, a Academia do Bacalhau de Paris organizou um jantar enquadrado no Salão do Imobiliário e Turismo Português em França, que se realizou no Parque de Exposições da Porte de Versalhes, em Paris. O jantar contou com 150 pessoas, entre as quais algumas personalidades, como os deputados e compadres Carlos Gonçalves e Paulo Pisco, o presidente da Academia-Mãe, José Contente, o presidente da Academia do Ribatejo, Pedroso Leal, e o presidente da Câmara do Comércio e Indústria FrancoPortuguesa, o também compadre Carlos Vinhas Pereira. Nessa noite, foram apadrinhados três novos compadres: Anabela da Cunha (por Clotilde Lopes), Jorge Guimarães (por Luís Rocha) e Lídia Sales (por Fernando Lopes). O jantar foi servido pelo restaurante “O Manjar” de Matosinhos, e a ementa contou com tapas de francesinhas, bacalhau à Gomes de Sá e, para sobremesa, baba de camelo, natas do céu e doçaria portuguesa variada.

Salão do Imobiliário Esta foi a 5ª edição do Salão do Imobiliário e Turismo Português em França. Organizado pela Câmara do Comércio e da Indústria Franco-Portuguesa (CCIFP), esta é “uma das mais importantes iniciativas da diáspora em França”, segundo José Luís Carneiro, Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, presente no evento. O Salão reuniu mais de cento e setenta expositores, incluindo promotores imobiliários, agências imobiliárias e de turismo, construtores e bancos. Desde 2012, ano em que se realizou a 1ª edição, o evento foi já responsável por mais de mil milhões de euros de vendas imobiliárias, sendo que os franceses ultrapassaram já os britânicos e os chineses no ranking de estrangeiros que mais investiram no imobiliário em Portugal. A importância do evento reflete-se também em termos turísticos: atualmente, Portugal recebe a visita anual de cerca de 2 milhões de franceses, um número que nunca tinha sido tão alto. Segundo Jean-Pierre Pinheiro, Diretor do Turismo de Portugal em França, este é um mercado que está a crescer 15 a 20% ao ano, algo que é facilitado pelos 480 voos semanais existentes entre os dois países.


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Jantar de junho levou crianças deficientes ao mar A 17 de junho de 2016, a Academia do Bacalhau de Paris realizou o seu habitual jantar mensal, desta vez no Restaurante Le Montagne (94). O evento contou com a presença de 90 pessoas, entre as quais os deputados Carlos Gonçalves (PSD) e Paulo Pisco (PS). Os fundos angariados com este jantar serviram para colaborar com um projeto apresentado pela comadre Paula de Sousa à ABP, e que levou a Academia a colaborar com o Rotary Club de ConflansSainte-Honorine. A iniciativa pretende proporcionar uma viagem inédita a crianças com deficiência mental. O projeto partiu de uma professora que trabalha com estas crianças numa escola primária. Visto que muitas destas crianças nunca viajaram nem viram o mar, terão agora a ocasião de ir até Honfleur, na Normandia, num autocarro equipado de acordo com as suas necessidades. O apoio da Academia do Bacalhau de Paris traduziu-se num donativo financeiro para tornar possível a realização do sonho desta professora e de dez crianças. Durante o jantar, foram apadrinhados dois novos membros da Academia do Bacalhau de Paris: Alice Francisco (por Mário de Sousa), e Luís Ferreira Silva (por Luís Malta).

Foram apadrinhados dois novos membros: Alice Francisco e Luís Ferreira Silva, por Mário de Sousa e Luís Malta

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ABP celebrou 18 anos na Embaixada de Portugal A Academia do Bacalhau de Paris assinalou os seus dezoito anos de existência oficial com um jantar na Embaixada de Portugal em França, no dia 23 de setembro. O evento reuniu mais de cem pessoas na “casa de todos os portugueses”, que abriu as suas portas a “uma associação que se distingue pelo mérito”. O Embaixador José Filipe Moraes Cabral confessou que “foi com muito gosto” que abriu a Embaixada ao jantar de aniversário da ABP, apesar de esta não ser uma atitude habitual porque o número de associações portuguesas na região parisiense é elevado demais para ser possível atender todos os pedidos. No entanto, realçou que “algumas associações distinguem-se pelo mérito”, como é o caso da Academia do Bacalhau.

“Algumas associações distinguem-se pelo mérito”, como é o caso da Academia do Bacalhau. Carlos Ferreira, presidente da ABP, agradeceu a abertura e hospitalidade do Embaixador. Aproveitou também a ocasião para anunciar que não voltará a candidatarse à presidência da Academia aquando do término deste mandato, o que acontecerá em fevereiro do próximo ano. No entanto, expressou a sua disponibilidade para continuar a colaborar com a associação. O jantar foi patrocinado pela companhia de seguros Fidelidade, que tomou a seu encargo uma parte dos custos do evento, contribuindo para que fossem angariados mais fundos, que a Academia distribui em ações solidárias. Esta atitude da Fidelidade vem na sequência de uma série de jantares patrocinados que têm acontecido no último ano. Para além do anfitrião, o Embaixador José Filipe Moraes Cabral, estiveram presentes no jantar os diplomatas da Embaixada, o Cônsul de Portugal em Paris, António Albuquerque Moniz, os deputados Carlos Gonçalves e Paulo Pisco, o presidente

do BCP, Jean-Philippe Diehl, a direção da Caixa Geral de Depósitos em França (nomeadamente o presidente Rui Soares), o presidente da Fidelidade, Carlos Vinhas Pereira, o presidente da Império, Vitalino d’Ascensão, o Cônsul Honorário de Portugal em Orléans, José Paiva, e o Reitor do Santuário de Nossa Senhora de Fátima em Paris, Nuno Aurélio. À chegada, os convivas foram recebidos com um aperitivo num dos salões da Embaixada e, com o decorrer da noite, os salões foram sendo abertos progressivamente. O jantar volante, que incluiu pratos de bacalhau, foi servido pela casa Canelas, a quem o Embaixador deixou um agradecimento emotivo. Moraes Cabral agradeceu a Antónia Gonçalves pelo seu “envolvimento e militância nestas questões”, reconhecendo que ao longo dos anos que tem passado em funções, “ela tem sido um pilar das receções na Embaixada”. A noite terminou com um bolo de aniversário e com os presentes a cantarem os parabéns à Academia do Bacalhau de Paris, neste ano em que “atingiu a maioridade”.

O jantar volante, que incluiu pratos de bacalhau, foi servido pela casa Canelas

Fotos: Lusopress


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Academia bem-recebida no L’Express A Academia do Bacalhau de Paris realizou o seu jantar de outubro de 2016 no dia 14, no restaurante L’Express, em Clichy. Cerca de cem compadres e comadres juntaramse a um evento que primou pela excelente receção do anfitrião, o português Rui Alves. Os convivas foram recebidos com um aperitivo e amuse-bouches, aos quais se seguiu uma salada do mar, um prato de bacalhau à L’Express e outro de arroz de pato. Para sobremesa, houve charlotte de morangos seguida de café, acompanhado com mignardises. O L’Express existe desde 2012 mas o seu proprietário conta com 39 anos de experiência na área, a maior parte dos quais em França.

A noite foi abrilhantada por um espetáculo de fado A noite foi abrilhantada por um espetáculo de fado. Esta é, aliás, uma das bandeiras do L’Express, que todos os domingos à noite oferece aos seus clientes uma soirée desta música tão portuguesa. Já a chegar ao fim do evento, houve ainda tempo para animação musical, levando os presentes a dar um passo de dança.

Nesta noite de amizade, houve quatro elementos a juntarem-se à grande família da Academia do Bacalhau de Paris. Isabel da Ponte e Lúcia Borges foram apadrinhadas por Manuel Moreira, Pedro Morgado por Luís Rocha e Chantal da Costa por Fernando Lopes. Carlos Ferreira apresentou ainda a proposta de apadrinhamento de Rui Soares. A vertente solidária da Academia também esteve presente, com a divulgação do quarto ano da iniciativa Roupa Sem Fronteiras, que recolhe roupa, calçado e brinquedos para distribuir a pessoas em necessidade. Os pontos de recolha da campanha deste ano serão anunciados em breve. Noutra campanha solidária, a Academia de Paris decidiu que, até ao fim do ano, doará o valor angariado nas multados dos eventos, assim como 2 euros por cada pessoa presente nos jantares às vítimas dos incêndios que assolaram a ilha da Madeira este verão.


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MEMÓRIAS

ABP junta-se a Bruxelas para apoiar associação cabo-verdiana

Corria o mês de novembro de 2012. A Academia do Bacalhau de Bruxelas tinha-se oficializado uns meses antes e estava ainda a dar os primeiros passos, e um dos primeiros projetos solidários a que se dedicou foi o apoio à associação cabo-verdiana “Crianças de Hoje e de Amanhã”. No jantar mensal da Academia de Paris, os compadres convidaram a Academia de Bruxelas a estar presente e, dessa forma, juntaram-se à causa apoiada pela Academia belga. José Roxo, presidente da Academia de Bruxelas e compadre de Paris também, fez-se acompanhar do vice-Presidente Yvan Roque, e compareceram no jantar que a ABP realizou no dia 9 de novembro, no restaurante “O Lisboa”, em Drancy (93). No evento esteve ainda presente a Academia do Minho, representada através do compadre Bento Marinho.

As três Academias presentes uniram esforços para apoiar este projeto e dedicaram parte dos fundos angariados no jantar para solidariedade. O compadre José Roxo ofereceu um lote constituído por uma garrafa e acessórios de enólogo, que foi sorteado, de maneira a angariar fundos.

O objetivo era alertar para as necessidades sentidas por muitas crianças nas ilhas cabo-verdianas. O prémio calhou ao compadre Afonso Galvão, que imediatamente o devolveu de maneira a que pudesse ser sorteado de novo, contribuindo para aumentar as receitas. No total, foram arrecadados

850€, diretamente entregues à associação “Crianças de Hoje e de Amanhã”, que se fez representar por Carina Brito. À época, Carina Brito encontrava-se a promover esta associação junto de entidades lusófonas sediadas em Paris, com o objetivo de alertar para as necessidades sentidas por muitas crianças nas ilhas cabo-verdianas e angariar fundos que sustentassem as atividades da associação. Um dos objetivos principais da “Crianças de Hoje e de Amanhã” era a recolha de material escolar para crianças das ilhas de Cabo-Verde. A associação investiu-se também na angariação de brinquedos. Os fundos monetários angariados destinaramse à criação de infantários de maneira a que as mães, muitas vezes em famílias monoparentais, possam ter um local onde deixar os seus filhos quando vão trabalhar.




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EVENTOS

5º Torneio de Golfe ABP A 21 de maio de 2016, decorreu o 5º torneio de golfe organizado pela Academia do Bacalhau de Paris. O evento teve lugar no Golf d’Ormesson (Ormesson-sur-Marne 94) e contou com mais de 100 participantes: 73 jogadores e 30 pessoas que tiveram aulas de iniciação à modalidade. Estes números refletem um aumento substancial por comparação à edição de 2015. O evento decorreu das 8h às 20h e incluiu o torneio, a entrega de prémios e um cocktail. José Luís Filipe Lima, campeão de golfe português, associou-se ao evento, estando presente no buraco 9, onde desafiou os participantes a jogar contra ele. Após este desafio, foi servida uma bifana, oferecida pela pastelaria Canelas. A Canelas serviu também o cocktail do final do evento, sendo uma das empresas que contribuiu para tornar possível a realização do torneio. As outras empresas que colaboraram foram a Real Marbre, MDS, So Villas, Alpha TP, STRP, CFM e Garvetur.

Vilamoura para o vencedor de cada categoria e um fim-de-semana na mesma localidade para os segundos classificados. Os terceiros classificados receberam uma caixa de vinhos portugueses oferecida pela CFM.

José Luís Filipe Lima, campeão de golfe português, associou-se ao evento Os vencedores da série 1 masculina foram, por ordem, Albano Tavares, Jean Pierre Ildei e Werner Langlitz. A série 2 teve como três primeiros classificados Mário de Sousa, Diamantino Jorge e Jean Claude Montecchi. A categoria de senhoras teve como vencedora Lucie Ferreira, seguida de Catherine Vincent e Célia dos Santos. De notar que os primeiros classificados de todas as categorias foram compadres da Academia do Bacalhau, embora a competição estivesse aberta a toda a gente.

Mais de 100 participantes: 73 jogadores e 30 pessoas que tiveram aulas de iniciação à modalidade À semelhança do ano anterior, a Garvetur ofereceu uma semana de férias em

Fotos: Lusopress


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Presidente da República comemorou 10 de junho em Paris Pela primeira vez na história, o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, comemorou o 10 de junho – dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas – junto destas últimas, mais precisamente em Paris. Numa viagem de três dias, Marcelo Rebelo de Sousa esteve presente em diversos eventos da comunidade, numa deslocação que, muitos emigrantes viram como “merecida já há muito”.

Sexta-feira: comemoração oficial do 10 de junho Na sexta-feira, dia 10, depois de marcar presença em comemorações em Portugal da parte da manhã, o Presidente da República voou para Paris, onde participou numa receção organizada no Hôtel de Ville. A ele juntou-se o Primeiro Ministro português António Costa, assim como o presidente francês François Hollande, a Maire de Paris, Anne Hidalgo, e o Conselheiro de Paris, Hermano Sanches Ruivo. No Hôtel de Ville, perante cerca de 800 convidados, Portugal e França, representados pelos seus políticos, lembraram uma história comum, em muito assente na extensa comunidade portuguesa residente naquele país. “Esta também é uma das capitais de Portugal”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que “aqueles que aqui estão são os melhores de todos nós”. Concluiu com “o Presidente da República Portuguesa, em nome de todas as portuguesas e de todos os portugueses, agradece o vosso exemplo. Bem hajam”. Também do lado francês, as palavras foram de reforço dos laços de amizade que unem os dois países. “França e Portugal devem mostrar que a Europa não é apenas regras económicas, mas também um projeto de civilização e cultura. Partilhamos o mesmo projeto europeu”, declarou François Hollande. E, a fazer prova disso, comprometeu-se a desenvolver o ensino do

português em França, o que lhe granjeou uma ovação por parte da audiência. Já António Costa, agradeceu a François Hollande o acolhimento e o facto de permitir que Portugal ali celebrasse o 10 de junho: “Só um país que é um grande amigo de Portugal, que tem uma identidade forte e que tem um forte reconhecimento pelo contributo da Comunidade portuguesa em França para o seu país, poderia permitir que estrangeiros viessem aqui festejar o seu dia nacional”.

François Hollande comprometeu-se a desenvolver o ensino do português em França O facto de as comemorações terem tido lugar em França nasceu das vontades tanto de Marcelo Rebelo de Sousa como de António Costa. “O ano passado, quando vim

à festa da Rádio Alfa, tinha prometido que, se fosse Primeiro Ministro, viria passar o 10 de junho com as comunidades portuguesas”, lembrou António Costa. O mesmo desejo foi expresso por Marcelo Rebelo de Sousa, aquando da primeira reunião oficial que tiveram, já ambos empossados.

Sábado: duas rotundas para reconhecimento da comunidade No sábado de manhã, foi inaugurada a rotunda Armando Lopes, em Créteil. Com um lago no meio e ornamentada com oliveiras ao redor, fica perto das instalações da Rádio Alfa e do estádio Duvauchell. Nas palavras do Maire de Créteil, Laurent Cathala, esta é uma homenagem a um homem que “está muito implicado na vida social, é um ator económico, cultural e desportivo nesta cidade”. Marcelo Rebelo de Sousa, marcou presença e teve ocasião de proferir umas palavras


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No Hôtel de Ville, perante cerca de 800 convidados, Portugal e França lembraram uma história comum sobre o Comendador Armando Lopes: “É um exemplo das relações de amizade, de fraternidade e de solidariedade entre os dois povos e, com a sua esposa, são um exemplo de um empresário que sempre pensou na comunidade portuguesa”. Presentes na inauguração estiveram também António Costa, Laurent Cathala, Thierry Leleu, deputado do Val de Marne, o senador Christian Favier, os deputados eleitos pelo círculo da Europa Carlos Gonçalves e Paulo Pisco, o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, o Embaixador de Portugal em França e o Cônsul Geral de Portugal em Paris. Armando Lopes confessou-se deveras emocionado e lembrou que é o primeiro português a quem tal homenagem acontece ainda em vida. “Estou a viver um momento

extraordinário. É com imensa felicidade que estou aqui hoje com vocês todos”, disse. Da parte da tarde, uma outra rotunda foi o palco dos acontecimentos. A rotunda que vai passar a chamar-se “Espace du souvenir et de l’espoir”, e onde foi inaugurado o monumento erigido pelos Amis du Plateau, com o objetivo de homenagear o antigo Maire de Champigny-sur-Marne, Louis Talamoni, e os milhares de portugueses que viveram no bairro de lata daquela cidade nos anos 60. No centro, um monumento da autoria de Louis Molinari, evoca a história dos portugueses em França e o grande livro aberto deixa antever que esta é uma história que se escreve ainda. O monumento foi posto de pé com o apoio da comunidade, assim como de empresários. Quem assim o quis, contribuiu com donativos financeiros e muitas pessoas assinaram tijolos que dão nomes a essa ideia, por vezes distante, que foi o bidonville de Champigny. À frente da organização, esteve Valdemar Francisco, compadre da Academia do Bacalhau, que mobilizou esforços e contribuiu exaustivamente para que o projeto visse a luz do dia. Na inauguração estive presente a comitiva que veio de Portugal para o fim-de-semana

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de celebrações, assim como o atual Maire de Champigny, Dominique Adenot, que lembrou a figura de Louis Talamoni: “um homem que lutava para que o sol nascesse para todos, um homem que alugava autocarros para levar os portugueses aos banhos públicos, um homem de bem”. Já António Costa comparou os emigrantes aos navegadores portugueses e constatou que a aventura dos primeiros “não é menos extraordinária, menos brilhante, nem requereu menos coragem”. No entanto, “os navegadores têm o reconhecimento de Portugal. Os emigrantes nem sempre o tiveram”. Este monumento vem ajudar a isso.

Foi inaugurado o monumento erigido pelos Amis du Plateau, com o objetivo de homenagear o antigo Maire de Champigny e os portugueses que viveram no bidonville Domingo: dia de festa da Rádio Alfa No domingo, 12 de junho, foi o dia da 28ª festa da Rádio Alfa, que teve lugar na Base de Loisirs de Créteil. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o Primeiro Ministro António Costa marcaram presença naquele que é um dos maiores eventos da comunidade portuguesa em França. “Vou contar-vos uma coisa”, disse o Presidente, dirigindo-se à multidão. “O meu avô emigrou, os meus tios emigraram, o meu pai emigrou, os meus irmãos emigraram, os meus filhos emigraram, os meus netos nasceram fora de Portugal… é por isso que vos compreendo”.

Texto escrito em colaboração com Lusojornal.


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ABP presente nas festas da comunidade em Paris

A Academia do Bacalhau de Paris esteve presente nas duas maiores festas anuais da comunidade portuguesa na região de Paris: a Festa Franco-Portuguesa de Pontault-Combault, e a Festa do Santos Populares da Rádio Alfa. A comitiva da ABP, nos dois casos liderada pela comadre Maria Emília Pinto, montou um stand onde deu a conhecer a história e atividades das Academias do Bacalhau e, mais especificamente, da tertúlia de Paris.

A festa de Pontault-Combault, que este ano festejou a sua 41ª edição, decorreu no fim-de-semana de 14 e 15 de maio

A festa da Rádio Alfa contou com a presença do Presidente da República Portuguesa

Festa de Pontault-Combault A festa de Pontault-Combault, que este ano festejou a sua 41ª edição, decorreu no fimde-semana de 14 e 15 de maio. Organizada pela APCS (Association Portugaise Culturelle et Sociale), foi um sucesso que contou com cerca de 20 mil pessoas. Ao palco, subiram Ana Malhoa, Soul Power, Irmãos Verdades, Les Forbans, Emanuel, Anggun e Augusto Canário. No parque do Hôtel de Ville de PontaultCombault houve também espaço para muitas tendas de produtos portugueses, entre os quais as iguarias da nossa gastronomia.

Festa da Rádio Alfa A 28ª festa da Rádio Alfa decorreu no domingo, 12 de junho de 2016. Apesar da chuva, que ameaçou estragar o dia, a Base de Loisirs de Créteil encheu-se com as cores portuguesas para uma comemoração da cultura nacional. “Esta festa é uma missão que nós temos para a comunidade portuguesa de França”, disse ao Lusojornal Armando Lopes, presidente da Rádio Alfa. “Enquanto eu puder, vamos fazer esta festa, e quando eu não puder, tenho a certeza de que a

juventude vai continuar com este evento”. A festa da Rádio Alfa contou com a presença do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e do PrimeiroMinistro português, António Costa, que se encontravam em Paris para um fim-desemana de comemorações (pode ler mais sobre o assunto nesta revista). Pelo palco da festa passaram Miguel Gameiro & Polo Norte, Viviane com Mafalda Arnauth, Susana Félix e Luanda Cozetti, Luís Filipe Reis, Nelson Freitas, Yuri da Cunha, La Harissa e Johnny. O evento foi apresentado por José Figueiras.


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Memórias: Presidentes de Academias da Europa visitam região do champanhe No início de maio de 2013, pouco tempo depois de assumir a presidência da Academia do Bacalhau de Paris, Carlos Ferreira organizou um encontro de presidentes de Academias do Bacalhau da Europa, em Paris. O objetivo era fazer uma reunião regional que ajudasse a preparar melhor o congresso, que decorreria em outubro. O convite foi feito às várias Academias e aceite pelos presidentes Mário Nunes (Lisboa), Casimiro Dias (Londres), Albino Miranda (Minho), José Stuart (Rouen) e por vários compadres dessas mesmas Academias, assim como de Bruxelas. Reuniram-se em Paris para debater assuntos do funcionamento das Academias mas aproveitaram a ocasião para conviverem e desenvolverem os pilares da amizade e da portugalidade. Assim, o grupo de cerca de 30 pessoas, deslocou-se até à região do Champanhe no dia 4 de maio. Reuniram-se nas instalações da Rádio Alfa, em Valenton (Créteil) de manhã e seguiram juntos, num autocarro. O destino era Avize (51) e, mais precisamente, as caves do Champagne De Sousa, uma das muito poucas empresas de origem portuguesa a produzir esta bebida.

Champagne de Sousa é uma das raras empresas portuguesas na área

os seus 4 filhos, entre os quais o meu avô, António de Sousa. Ele cresceu em França, nesta região, e casou-se com uma rapariga de Vigneron, a minha avó, Mademoiselle Beauville. Casaram-se e graças à minha Uma vez aí chegados, foram acolhidos pela avó, que já tinha terras, começaram a fazer família De Sousa, que os levou a visitar champanhe no início dos anos 50, criando o as caves. Charlotte de Sousa, uma das Champagne De Sousa”. responsáveis da empresa explicou que Da visita às caves, disse Mário Nunes, “Já vem do meu bisavô, eu já sou a quarta presidente da Academia do Bacalhau de geração. Ele era português e nasceu em Braga. Ele foi chamado para participar na 1ª Lisboa, que “é um método que já conhecia mas nunca o tinha visto ser feito na região Guerra Mundial para ajudar os franceses. de origem do champanhe. Fiquei muito Quando a guerra terminou, ele regressou ao país para ir ter com a sua esposa. Mas ele contente com esta visita e com esta programa que organizaram”. tinha visto que em França havia bastante Após a visita às caves, seguiu-se um dos trabalho nas vinhas, por isso trouxe a momentos mais aguardados: um almoço família toda para a região de Champagne, com prova de champanhes, que serviu para trabalhar. Morreu muito novo em consequência das mazelas da guerra, com 23 também para a confraternização entre anos. Deixou a sua mulher sozinha aqui, com compadres e destes com a família anfitriã. “É um convívio muito válido, caloroso.

Cheguei aqui a conhecer só parte da direção da Academia de Paris e hoje vou sair conhecendo muitos compadres de vários países. Saio com o espírito da portugalidade, amizade e solidariedade que esperava”, declarou Casimiro Dias, presidente da Academia do Bacalhau de Londres. “Conhecermos pessoas, a forma de pensar e de discutir ideias, é do mais enriquecedor que se pode ter”, disse Albino Miranda, presidente da Academia do Bacalhau do Minho no final do evento. Também Carlos Ferreira ficou satisfeito com o evento: “Impecável, impecável, impecável. Temos partilhado muito bons momentos, muita amizade, e a nossa equipa aqui de Paris teve agora oportunidade de conviver com muitos outros novos compadres de outras Academias. Com certeza que angariaram muitas outras amizades que vamos continuar a desenvolver”.


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Madeira, o jardim português do Atlântico POR ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS No fim-de-semana de 11 de novembro, a ABP decidiu visitar a Associação Desportiva do Campanário, perto do Funchal, que tinha sido apoiada pela iniciativa Roupa Sem Fronteiras 2015. A associação recebeu 53 caixas de roupas, que perfizeram um total de 635kgs. A ABP ajudou a Associação Desportiva do Campanário em 2015 e, para nos agradecer, a associação pôs à disposição da ABP um autocarro de 27 lugares para todas as excursões dos compadres e comadres na ilha durante o fim-de-semana. Fomos recebidos na sexta-feira, 11 de novembro, na sede da associação, onde o presidente, Luís Drumond, nos explicou o importante papel que desempenham no dia-a-dia, nomeadamente em: transporte de crianças, organização de atividades desportivas, colocação à disposição de computadores para acesso gratuito à Internet, cuidados de fisioterapia ou disponibilização de uma secretária para apoiar em matérias fiscais e pagamentos online, por exemplo. Os membros da associação têm idades compreendidas entre os seis meses e os 100 anos! A ABP fez um donativo de 2.000€ em dinheiro, de maneira a apoiar as diferentes ações. A associação pediu a todas as pessoas do grupo da ABP que assinassem o Livro de Ouro para que a passagem da nossa Academia por ali ficasse registada para sempre. Além disso, foi atribuído o título de membro de honra ao compadre José da Silva e à instituição da Academia do Bacalhau de Paris. Esta viagem também permitiu visitar a Academia do Bacalhau da Madeira, que organizou a sua refeição mensal no restaurante O Lagar, em Câmara de Lobos. Este jantar foi uma oportunidade para debates sobre as diferentes visões das nossas Academias e o papel essencial que desempenham as comadres na nossa Academia de Paris. Face à visão da Academia da Madeira, o compadre José Dias propôs a uma das comadres da Academia da Madeira tornar-se comadre da Academia de Paris. Após uma discussão rica e animada, o presidente da Academia da Madeira decidiu propor a Bernardette da Silva (que festejava o seu aniversário nesse dia, 11 de novembro) que se tornasse a primeira comadre honorária da Academia

José e Bernardette da Silva abriram a porta de sua casa e os seus corações da Madeira. Durante o jantar, o compadre Fernando Lopes abordou o papel da Roupa Sem Fronteiras e salientou a importância da mesma na vida de todos aqueles que dela beneficiam. Fernando Lopes reforçou que esta operação pretende dar um nome a ações que são realizadas por um grande número de Academias e desafiou o presidente da Academia da Madeira a juntar-se a Londres, Bruxelas, Luxemburgo, Lyon, Rouen, Bordéus e Paris para que esta se torne uma ação comum a todos. Foi também lembrado que os donativos devem ser recolhidos por cada Academia e distribuídos na sua zona de ação, nunca enviados para a ABP para que esta os distribua. Num clima muito agradável, esta viagem permitiu ao grupo da ABP partilhar momentos mágicos entre si e com pessoas

da Madeira. Uma grande parte do grupo realizou excursões onde a cultura, as paisagens, a gastronomia e até a degustação de uma poncha da Madeira em plena montanha permitiram criar recordações mágicas na memória de todos. Outra parte do grupo preferiu aproveitar para dar aso à sua paixão: o golfe. Apesar das diferentes agendas do grupo, a totalidade das pessoas reuniu-se várias vezes para partilhar refeições e, sobretudo, para marcar presença no jantar mensal da Academia da Madeira. É impossível terminar este artigo sem falar de um dos momentos mais extraordinários desta viagem: os nossos compadres José e Bernardette da Silva abriram não só a porta de sua habitação mas também os seus corações aos compadres e comadres que quiseram ir até sua casa. Pratos maravilhosos preparados por Bernardette e a famosa poncha da Madeira feita pelo irmão de José da Silva foram os deram o mote para que os participantes cantassem e contassem histórias, que encheram esta magnífica casa de felicidade e amor. Um grande obrigado a José e Bernardette da Silva, Margarida Ferreira, Franceline Jorge, Fernando Lopes e Josefa Lopes por todo o apoio, permitindo o sucesso desta viagem.


Anabela da Cunha 20 / 05 / 2016 Madrinha: Clotilde Lopes

Luís Silva

17 / 06 / 2016 Padrinho: Luís Malta Quando cheguei a França, vindo do Luxemburgo, em fevereiro de 2015, procurei conhecer a atividade das várias associações lusófonas. Cheguei ao contacto com a Academia do Bacalhau de Paris através do Luís Malta, ex-presidente e membro fundador. As ações em prol dos pessoas carenciadas, da comunidade portuguesa em França, e da cultura portuguesa fez crescer o meu interesse pela Academia do Bacalhau e senti logo vontade de fazer parte da associação. Os jantares animados e o espírito com que decorrem permitiu-me uma melhor integração no país e na comunidade portuguesa residente em França. Espero que o trabalho louvável que a Academia efetua continue e é para mim uma honra poder contribuir.

Jorge Guimarães 20 / 05 / 2016 Padrinho: Luís Rocha

O meu primeiro jantar na Academia do Bacalhau de Paris foi há cerca de um ano e meio e, desde esse momento, tenho sido assíduo na participação e convívio. Pela mão do meu padrinho e amigo Luís Rocha, tornei-me compadre precisamente um ano depois, no jantar que ocorreu durante o Salão do Imobiliario FrancoPortuguês, na Porte de Versailles. É com muita honra e orgulho que me junto a esta grande família que, para além de proporcionar um extraordinário e saudável convívio na comunidade portuguesa, ainda ajuda os mais necessitados e participa ativamente na divulgação dos valores fundamentais da Academia: amizade, portugalidade e solidariedade. Um Gavião de Penacho!

Alice Francisco

17 / 06 / 2016 Padrinho: Mário de Sousa Fiquei satisfeita por concretizar este ato de entrada na ABP. Agradeço ao meu padrinho Mário de Sousa, assim como a todos os potenciais padrinhos e madrinhas que se ofereceram para me apadrinhar. Partilho os

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NOVOS APADRINHAMENTOS

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valores da Academia do Bacalhau e, de hoje para o futuro, terei ainda mais empenho em trazer o meu modesto contributo para ajudar, na medida do possível, a um maior desenvolvimento da solidariedade e do entendimento entre os humanos.

Lúcia Borges

14 / 10 / 2016 Padrinho: Manuel Moreira

Lídia Sales

20 / 05 / 2016 Padrinho: Fernando Lopes Conheço a Academia do Bacalhau de Paris já há anos devido às reportagens que a Lusopress faz dos jantares mensais, assim como das Galas, tendo assim acompanhado o crescimento e as iniciativas no âmbito da solidariedade. Alguns compadres convidaram diversas vezes o meu marido, que sempre recusou, justificando o motivo pelo qual tomava essa decisão. Desde há já algum tempo, fui também sendo convidada por compadres e fui recusando. Em abril último foi feita a sugestão pelo compadre Fernando Lopes, aceitei o convite e atualmente sou mais uma comadre da ABP. Espero poder contribuir de algum modo para o engrandecimento da Academia e desejo que a amizade, solidariedade e portugalidade continuem a ser cimentadas.

Propostas de novos compadres: Margarida Lima Padrinho: José Dias Ana Maria Dias Padrinho: Alfredo Lima Jorge da Cunha Padrinho: Fernando Lopes

Ouvi falar pela primeira vez da Academia do Bacalhau através de amigos, e tive desde logo imensa curiosidade em descobrir mais acerca dos objetivos e valores da ABP. Decidi informar-me acerca das atividades e eventos propostos através das redes sociais, e foi assim que participei no meu primeiro jantar no início do ano, em janeiro de 2016. Recordo este jantar com uma certa nostalgia: a apreensão inicial de não saber bem o que me esperava, a simpatia como fui acolhida, mas sobretudo o sentimento de querer fazer parte desta grande família. Mal sabia eu que, apenas alguns meses depois, iria ter a honra de ser apadrinhada por Manuel Moreira. Nesse jantar, apercebi-me da real dimensão da ABP, o papel que desempenha no meio associativo e na ligação entre os portugueses, não só em França, mas também entre as Academias espalhadas pelo mundo. Identifico-me com todos os valores defendidos: a amizade, a solidariedade e a portugalidade. Tenciono ter uma participação ativa no seio da ABP, tanto na participação de eventos associativos, como na divulgação da cultura e da língua Portuguesa, herança da qual me orgulho e desejo ajudar a difundir pelos milhares de portugueses e luso-descendentes presentes nos quatro cantos do mundo. Graças à ABP tive a oportunidade de conhecer pessoas fantásticas, e de criar amizades que ficam para a vida. Um grande obrigado ao meu padrinho.

Isabel da Ponte

14 / 10 / 2016 Padrinho: Manuel Moreira com muita humildade e alegria que venho ser comadre desta Academia. É uma honra ter como padrinho o Manuel Moreira, que me convidou para vos acompanhar. Agradeço, do fundo do coração, a confiança que me deu para fazer parte desta família. Os meus parabéns a todos os compadres e comadres pelas vossas ações solidárias e por ajudarem as pessoas mais necessitadas… É essa a razão que me levou a ser comadre da ABP. Com simplicidade e humildade, farei tudo o que for possível para ajudar e participar da melhor maneira em tudo o que for necessário, espero não vos dececionar! Hoje ponho o pé no barco para continuar a puxar o leme da amizade, portugalidade e solidariedade. A todos um muito obrigado!

Chantal da Costa

14 / 10 / 2016 Padrinho: Fernando Lopes


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O 45º Congresso das Academias do Bacalhau decorreu de 9 a 11 de setembro de 2016, em Estremoz, Portugal. No momento de maior afluência, o jantar de gala de sábado, compareceram mais de 400 compadres e comadres, oriundos de quatro continentes. A Academia do Bacalhau de Paris fez-se representar por cerca de dez pessoas. Como habitualmente, os compadres começaram a chegar à localidade anfitriã na sexta-feira à tarde. Às 16h00 estava marcada uma receção aos participantes e, duas horas mais tarde, houve uma animação de boas-vindas com dois grupos de cantares: Vozes na idade de ouro e Grupo coral velha guarda de Viana do Alentejo. Pelas 20h00, os compadres e comadres presentes reuniram-se à volta de uma boa mesa alentejana para o primeiro jantar do congresso, que foi animado pelo grupo folclórico A convenção de Evoramonte. Sábado começou cedo para os compadres que, às 9h00, já estavam reunidos para a sessão de trabalhos. As comadres que não quiseram participar (assim como as que apenas acompanhavam os maridos) foram dar um passeio pela cidade, onde estava a decorrer uma feira de velharias. Pela hora de almoço, voltaram todos a reunir-se, para mais uma refeição que decorreu num pavilhão desportivo de Estremoz, e na qual estiveram presentes mais de duzentas e

cinquenta pessoas, que puderam apreciar um prato de bacalhau e outro de carne, regados com bom vinho alentejano. Após a refeição, os compadres foram visitar a localidade e alguns assistiram a uma sessão tauromáquica na Praça de Touros de Estremoz. No sábado à noite, o jantar que assinalou o ponto alto do congresso contou com mais de quatrocentos participantes. A animação não faltou: houve danças representativas dos países ali presentes, depois fados com três fadistas da região e, por fim, baile com um conjunto musical que tocou músicas dos anos 70 e 80.

Compareceram mais de 400 compadres e comadres, oriundos de quatro continentes No domingo, o dia começou com visitas às melhores adegas da região. Num concelho pequeno como o de Estremoz, onde há cerca de 14 mil habitantes, há 22 adegas, que produzem algum do melhor vinho que é feito no Alentejo. O almoço de domingo foi o último momento de confraternização entre compadres, antes de regressarem aos seus países e darem por encerrado mais um

CONGRESSOS

Estremoz 2016: Congresso Amizade e Compreensão


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Para organizar o Congresso do próximo ano foi aceite a única candidatura, a da Ilha Terceira, nos Açores Congresso das Academias do Bacalhau. Durval Marques, fundador do movimento e Presidente honorário de todas as Academias, esteve presente em Estremoz e considerou que “Tudo correu pela melhor maneira possível. Foi um prazer imenso estar aqui em Estremoz. É gente boa. Foi um ótimo passeio que nos deixou a todos muito boas recordações.”. Também Francisco Ramos, Presidente da Academia anfitriã, fez um balanço positivo do evento. No entanto, realçou o imenso trabalho necessário para pôr tudo a funcionar: “O congresso foi proposto por nós, em outubro de 2015. E a partir daí começamos a reunir, primeiro quinzenalmente, depois semanalmente. E no último mês reuníamos duas vezes por semana. Mas muito disso deve-se à falta de feedback das outras Academias. Há uma grande falta de articulação e de comunicação entre Academias, e a Academia-Mãe comete essa lacuna também. Eu acho que é uma falta de respeito e consideração por quem está a organizar o congresso. Hoje é tão fácil, com as tecnologias que temos. É mesmo falta de vontade”, disse.

Sessão de Trabalhos: discussão acesa entre compadres A sessão de trabalhos decorreu no sábado de manhã, no Teatro Bernardim Ribeiro, e nela estiveram presentes cerca de uma centena de compadres. O presidente da Academia do Bacalhau de Estremoz, Francisco Ramos, abriu os trabalhos, apontando a fraca cooperação entre compadres durante o período em que Estremoz esteve a preparar o evento. Francisco Ramos queixou-se da ausência de resposta a emails enviados e essa falta de comunicação manifestou-se de maneira evidente na distribuição dos compadres presidentes na sala de trabalhos – alguns, que não responderam às tentativas de contato, acabaram sem lugar na mesa principal. Após a abertura dos trabalhos, cada presidente tomou da palavra para apresentar os projetos desenvolvidos pela sua tertúlia. A reunião prosseguiu com a apresentação e votação de propostas. Foram aprovadas as seguintes propostas: nomeação do fundador das Academias Rui Pericão como “compadre honorário de todas as Academias do Bacalhau”; e criação de uma newsletter global de todas as Academias do Bacalhau. Por outro lado, foram chumbadas as propostas de cancelar os pagamentos anuais das Academias à Academia-Mãe, assim como o projeto da ABP de tornar a Roupa Sem Fronteiras uma iniciativa global no seio das Academias.

A apresentação de propostas gerou acesas discussões entre compadres mas, ainda assim, Durval Marques, Presidente Honorário de todas as Academias, propôs que se nomeasse este Congresso como “Congresso Amizade e Compreensão”. Francisco Aquilino Pereira, Presidente da Academia do Bacalhau da Ilha Terceira, considerou sobre a sessão de trabalhos que “não foi um congresso muito pacífico mas foi um momento em que muita gente expressou as suas vontades. E quando muita gente expressa vontades, inevitavelmente há choques. É de salientar a participação, menos bom terá sido o tom menos amigável com que foram apresentadas algumas ideias. Mas o ser humano é assim mesmo, quando gosta de uma coisa, exterioriza”. A escolha das cidades anfitriãs dos Congressos é feita numa base de rotatividade entre continentes, sendo que em 2017 seria a vez das Américas. No entanto, nenhuma das Academias desta região se mostrou disponível para organizar o Congresso do próximo ano, pelo que foi aceite a única candidatura, a da Ilha Terceira, nos Açores. A data do evento está ainda por definir.


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Presidente da Academia da Ilha Terceira, Francisco Aquilino Pereira Como surgiu esta candidatura da Ilha Terceira para organizar o próximo Congresso? É uma ideia que tínhamos já algum tempo, da anterior direção, da qual eu era o vicepresidente. Quando passei a presidente, foi-me foi o repto de tentar organizar o congresso na nossa ilha. Vínhamos a Estremoz com a intenção de pedir para organizar o próximo congresso na Europa, estávamos a pensar para 2019. Como não houve outras Academias interessadas, foi ouro sobre azul. Penso que 2019 seria ideal para nos dar mais tempo de manobra, mas o 2017 é muito bom porque gostamos de trabalhar sob pressão. Já têm ideias? Nós temos muitas ideias soltas e uma equipa eclética a fazer brainstorming. Agora é chegar aos Açores e conjugar todos estes fatores, reunir voluntários para fazermos um congresso digno.

“Há uma grande falta de articulação e de comunicação entre Academias” Foram referidas neste Congresso as dificuldades de comunicação entre Academias. Quais os vossos planos para combater esse problema na organização? Uma das questões que vou debater com o Presidente da Academia-Mãe, e que já foi debatido em Congresso é esse mesmo: é por demais evidente que as Academias funcionam bem por si só mas funcionam menos bem no seu todo. E isso é primordialmente por falta de comunicação. É evidente que vamos ter dificuldades, como todos têm. Os patrocínios são difíceis, a conjuntura económica não é a melhor. Mas o povo açoriano sabe superar, vamos superar. Como vão escolher a data do evento? É por demais evidente que os congressistas preferem o início de outubro. Como expliquei, é muito importante que consigamos conjugar o timing com o tempo, em termos atmosféricos. O ideal seria termos em outubro o verão que temos em junho ou julho. O que temos que fazer é organizar tudo o que podemos oferecer com bom tempo e, em caso de não termos sorte, ter um programa alternativo. Não se pode ir à praia, vamos aos touros, por exemplo.


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Memórias Congresso 2011 - Recife, Brasil O 40º aniversário dos Congressos das Academias do Bacalhau assinalou-se em 2011, com o encontro dos compadres e comadres no Recife, Brasil. De 14 a 16 de outubro, cerca de 600 participantes voaram do mundo inteiro para aquela cidade do estado de Pernambuco, para três dias de trabalhos plenários e visitas à região. Os trabalhos do Congresso desenvolveramse no Auditório Amália Rodrigues, no Hotel Transamérica. A mesa de trabalho foi presidida pelo compadre António José Bastos de Almeida, presidente da Academia anfitriã, e pelo presidente da Academia-Mãe, Nelson Reis, que também representou o compadre honorário de todas as Academias, o fundador Durval Marques. Esteve também presente o Vice-Cônsul de Portugal no Recife, Dr. Adriano Moutinho. Estiveram presentes as Academias de Aveiro (Portugal), Caracas (Venezuela), Coimbra (Portugal), Costa do Estoril (Portugal), Durban (África do Sul), Estremoz (Portugal), Fortaleza (Brasil), Funchal (Portugal), Lisboa (Portugal), Luanda (Angola), Maputo (Moçambique), Maracay (Venezuela), Namíbia, New Jersey (EUA), Paris (França), Perth (Austrália), Pietermaritzburg (África do Sul), Porto (Portugal), Porto Santo (Portugal), Pretória (África do Sul), Recife (Brasil), São Miguel (Portugal), Toronto (Canadá), Valencia (Venezuela) e Viseu (Portugal).

Principais propostas aprovadas no Congresso de 2011 1. Durante os convívios, não se deverá falar de assuntos relativos a política, negócios ou religião, e que se faça constar esta diretiva nas normas das Academias. 2. Relativamente às Normas, no capitulo da “Direção” fica como está, devendo-se reger de acordo com a legislação de cada país. 3. O 5° parágrafo, referente ao mandato dos Corpos Gerentes, continua conforme está, um ou dois anos. 4. No Capitulo de “Reuniões” vai ser acrescentado um parágrafo, que poderá ser o último, com a seguinte redação: "Nos almoços ou jantares das Academias, assim como nos Congressos, deverá ser servido um prato de bacalhau”.

5. Levantamento da situação em que se encontram as Academias espalhadas pelo Mundo, para se aferir da sua atividade ou inatividade, identificando aquelas que estão sem direção e em que não se realizam almoços regulares. Nos casos em que se identifiquem estas situações, que essa Academia seja suspensa por um período de seis meses e que a(s) sua(s) congénere(s) mais próxima(s) fiquem incumbidas de tentarem a sua reativação, com iniciativas conjuntas de organização de almoços e estimulando a eleição de nova direção, que terá a seu cargo o desenvolvimento das atividades que são habituais em todas as Academias. Após esses seis meses, ambas as Academias farão um relatório à Academia Mãe, que o fará chegar às restantes Academias para que seja tomada uma decisão sobre o encerramento, ou não, da mesma. 6. Decidiu-se a criação de uma Academia do Bacalhau na cidade de Rouen. 7. O pedido de realização do próximo Congresso Mundial no Continente Americano será votado no Congresso de 2012. 8. A marcação da data mais apropriada para a realização dos Congressos, de acordo com o local, ficará à discrição da Academia anfitriã. 9. Foi acordado que o nome para este Congresso fosse “Congresso da União e da Reflexão”

Programa Congresso 2011 Sexta-feira, 14 de outubro Chegada dos congressistas e comadres ao Aeroporto dos Guararapes/Gilberto Freire e deslocação para os respetivos hotéis. 18h00 - Cocktail de boas-vindas no Hotel Transamérica

Sábado, 15 de outubro Para os congressistas 9h00- Abertura oficial dos trabalhos no Hotel Transamérica 13h00 - Almoço para os congressistas no “Restaurante Giotto” do Hotel Transamérica. Para as acompanhantes: 9h00 – Recolha das acompanhantes nos diversos hotéis e partida para tour turístico em Olinda e Recife. 13h30 - Almoço para as comadres em prestigiada churrasqueira. Para todos: 20h00 - Jantar de gala no “Clube dos Oficiais da Aeronáutica” com diversas atrações e orquestra.

Domingo, 16 de outubro 12h00 – Cocktail de despedida para os congressistas e comadres no Hotel Transamérica.


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Entrevista a Joaquim Monteiro PRESIDENTE DA ACADEMIA DO BACALHAU DE ROUEN poder ajudar os mais necessitados, o que é para mim, assim como para qualquer compadre, um grande prazer. E é também uma obrigação para com o mundo em que vivemos e para com as gerações seguintes.

ACADEMIAS AFILHADAS

POR GLÓRIA SILVA

O que é ser presidente? Ser presidente da Academia é ser um compadre como todos os outros mas ter mais responsabilidade. É organizar, orientar tudo para um bom funcionamento da mesma, assim como manter unido um grupo de pessoas, comadres e compadres, que dão um pouco do seu tempo para que a continuidade seja possível. Ser presidente é saber que uma associação é produto de todos, desde os que organizam aos que apenas participam, é essencialmente fazer parte de um grupo de amigos que trabalha para o mesmo fim.

Joaquim Monteiro, português, emigrante em França há trinta e cinco anos, empresário, homem, marido, pai e recentemente avô. O que é que nos diz de si, da sua historia? O que posso dizer de mim?! Prefiro que sejam os outros a dizer mas considero-me uma pessoa simples, trabalhadora e acima de tudo séria. A minha historia é como muitas outras histórias de emigrantes. Deixei Portugal nos anos 80, após o serviço militar, onde poderia ter feito carreira como sargento, mas quis o destino e eu que fosse em França que a minha carreira profissional se concretizasse. Criei uma empresa de construção civil em 1984 que, com momentos bons e outros menos bons, se mantém ainda hoje. É compadre e desde janeiro de 2016 que é presidente da Academia do Bacalhau de Rouen. O que o convenceu a integrar este movimento das Academias? Quando tive conhecimento das Academias, em 2009, e vi a forma como funcionavam e o que defendiam, quis integrar-me nesta família. Mais ainda, juntamente com um grupo de amigos, surgiu a ideia de fundar a Academia de Rouen. Mas sobretudo foi o facto de, pelo mundo fora, ainda se ver muita miséria, e assim

Quais os projetos essenciais a desenvolver nestes dois anos do seu mandato? Gostaria que durante estes dois anos pudéssemos aumentar o número de comadres e compadres para assim reforçar a portugalidade, a amizade e solidariedade, visto que somos uma jovem academia e ainda é cedo para projetos mais complicados. Vamos dar continuidade aos nossos projetos de beneficência e desenvolver a cultura portuguesa e a amizade.

“Ser presidente é manter unido um grupo de pessoas, comadres e compadres” Como vê o futuro da Academia do Bacalhau de Rouen? Venho a acompanhar a Academia de Rouen desde a sua criação, como membro fundador, tesoureiro e agora presidente. Penso que continuaremos a trabalhar como temos feito até hoje pois é trabalho sério e muito positivo a vários níveis mas, essencialmente, ao da solidariedade, razão principal da existência desta nossa Academia atualmente. E tenho a certeza que com a qualidade das comadres e compadres existentes nesta Academia, assim como os amigos e os que se juntarão a nós, não será difícil manter um bom rumo.


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Academia de Lisboa apoia Sol Fraterno A 22 de julho de 2016, a Academia do Bacalhau de Lisboa realizou mais um dos seus jantares mensais, sendo que, desta vez, o evento foi não só uma ocasião de os compadres se reunirem mas também uma forma de por em prática a vertente solidária da Academia, já que foi apoiada a associação Sol Fraterno.

A Sol Fraterno é uma associação de solidariedade social sediada em Oeiras A Sol Fraterno é uma associação de solidariedade social sediada em Oeiras que tem como objetivo apoiar diferentes camadas da população: famílias, crianças e jovens, pessoas idosas e inválidas, por exemplo. A associação desenvolve trabalho nas áreas do apoio alimentar, apoio domiciliário e centro de atividades de tempos livres, entre outros. A Sol Fraterno teve origem num conjunto de voluntários que dava do seu tempo para apoiar e servir pessoas com dificuldades socioeconómicas. Em agosto de 2012, houve desejo de dar um passo em frente e começaram a reunir-se as condições para a criação de uma associação, com estatutos, plano de atividades e orçamento. Desde então que têm oferecido ajuda aos mais necessitados no concelho de Oeiras.

Cantou-se os parabéns a dois compadres aniversariantes Para além de contar com a presença de pessoas da Sol Fraterno, o jantar de julho da Academia de Lisboa contou também com dois compadres aniversariantes, a quem foram sopradas as velas: Hermínia Miranda e António Andrade. Segundo o presidente da Academia do Bacalhau de Lisboa, “não era necessário estar uma noite tão quente para sentirmos o calor de um jantar de verão cheio de glamour e verdadeira amizade”.


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Academia do Bacalhau do Minho POR ALBINO MIRANDA A Academia do Bacalhau do Minho (ABM) realiza, por norma, um evento por mês, que intercala entre as sextas-feiras e os sábados. Faço parte da ABM desde a sua fundação e fiz parte de uma direção como tesoureiro durante o mandato do Compadre Francisco Cruz. Assumi o cargo de presidente de direção da ABM em 2010 e estou nessa função até ao momento, o que muito me honra.

Na ABM fazemos anualmente um donativo de maior relevo na época natalícia Durante todos estes anos conheci pessoas fantásticas de elevados valores, com os quais aprendi imenso. Fiz, portanto, imensos amigos. O valor da amizade é para mim o principal pilar da Academia, pois é a base forte que nos sensibiliza para as ações solidárias e culturais que vamos tendo. Na ABM fazemos anualmente um donativo na época natalícia de maior relevo, e durante o ano vamos tentando dar apoio a alguns pedidos que nos são feitos. É verdade que não divulgamos essas ações, mas faz parte da nossa forma de o fazer. Um grande abraço para todos os Compadres e Comadres, Com um Gavião de Penacho.


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Ribatejo: 1º Bacalhau em Movimento POR ACADEMIA DO BACALHAU DO RIBATEJO No dia 10 de julho de 2016, preparámos os motores, juntamente com o Clube de Automóveis Antigos de Santa Catarina da Serra, e partimos à descoberta de uma região do Ribatejo apelidada de Borda d'Água. O Ribatejo é uma terra rica pelo seu património histórico, cultural e gastronómico, e possui um conjunto de valores e valências que nos permitiu um dia caloroso. Os compadres e comadres, assim como os amigos que nos acompanharam, chegaram ao final do dia com a alma e o coração cheios de solidariedade, de amizade e da tão importante portugalidade que rege todas as Academias por esse mundo fora, provocando em cada um de nós uma pura sensação de dever cumprido e objetivo alcançado. Esta sensação só foi ultrapassada pelo grande feito desse dia: a vitória da nossa Seleção no Campeonato da Europa de Futebol.

O Castelo de Almourol tornou-se pequeno para nos receber Fomos cerca de 180, distribuídos por uns magníficos e históricos 60 carros. Apurámos os sentidos para apreciar as tonalidades e as cores, e afinámos o palato, tendo tido o privilégio de encontrar um Ribatejo sublime, em toda a sua paisagem, com emoções naturais onde o calor marcou presença, contribuindo assim para um dia quente e caloroso, em todos os sentidos. A Câmara Municipal de Torres Novas recebeu-nos pela mão da Vice-Presidente Dra. Elvira Sequeira, e foi dessa bela localidade que os clássicos saíram em direção ao cais de Tancos. O imponente e distante Castelo do Almourol tornou-se pequeno para nos receber, mas ficou bem registada a forma peculiar e gentil de receber no Ribatejo através da Câmara de Vila Nova da Barquinha, na pessoa do seu presidente Fernando Santos Freire, e da Junta de

O Bacalhau em Movimento caminha em largas passadas para ser um evento com agendamento anual Freguesia de Tancos, com o Presidente José Miguel Homem, que nos acolheram com um repasto digno de reis. Terminámos esta panóplia de emoções gastronómicas e visuais da melhor

forma, entregando uma cadeira de rodas ao Senhor António Maria Da Silva Úrsula, da Chamusca, com um inigualável esforço particularmente do nosso Compadre Nuno Cabeleira, que interveio junto da Association Portuguaise de Bienfaisance, sediada na região parisiense. Despedimo-nos com um Gavião de Penacho e com a promessa do nosso Presidente Pedroso Leal de que o passeio de carros clássicos, "O Bacalhau em Movimento", caminha em largas passadas para ser um evento com agendamento anual da nossa Academia do Bacalhau do Ribatejo!


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ACADEMIAS DO BACALHAU 33

Academia do Bacalhau da Costa do Estoril: a história até à inauguração SEGUNDO OS COMPADRES DESTA ACADEMIA "Depois do regresso de África, os primeiros tempos de adaptação a Portugal não foram fáceis". Só quem passou por aquele Continente e ali viveu durante uns tempos é que pode verdadeiramente apreciar quão grande é a mudança de usos e costumes, de ambientes e da própria maneira de viver e de ser. Não e, portanto, de estranhar que os “africanos” se procurem mutuamente, para, em conjunto, reviverem o passado recente. A Academia do Bacalhau, com as suas raízes, e o seu “modus vivendi”, foi, para muitos de nós, o escape que nos ajudou no recomeço de uma nova vida. Ali encontramos velhos amigos, gente com quem facilmente nos identificávamos, que conhecíamos e nos conheciam. Quem estava a morar ao longo da “linha”, ia de vez em quando aos almoços da Academia de Lisboa. Porém, a ida a Lisboa não se tornava fácil. Se íamos de carro, era o tráfego da autoestrada, as portagens, o trânsito em Lisboa, o estacionamento, e tudo o mais que se nos deparava, de maneira que tinha mesmo de haver muito boa vontade para se almoçar com os amigos. “Dia de almoço, dia perdido”- diziam aqueles que ainda exercem a sua atividade. Essa foi, primordialmente, a razão que fez surgir em alguns de nós, daqueles que se deslocavam de vez em quando a Lisboa, a ideia de formarmos a nossa própria Academia. A ideia tomou forma, a mensagem foi passada de uns para os outros. Todos os que vivíamos deste lado aderimos à ideia que para nós se tornava tão conveniente. O telefone estabeleceu o contato, criou o circuito. Restava apenas dar corpo àquilo que todos nos pretendíamos.

PRIMEIRA REUNIÃO Foi no dia 11 de março de 1995 que nos reunimos no que seria o nosso primeiro almoço. O local escolhido, propriedade também de um ex-residente em Joanesburgo, foi a Casa da Ponte, em Manique de Baixo. Ali se congregaram os compadres Carlos de Oliveira, Carlos Machado, Carlos Demétrio, João Rosa Pinto, Norberto Madeira, Firmino Silva, Jorge Simmons, Manuel Amaro e Pedro Amaro. As normas, já as conhecíamos. Nada era novo para nós, porque existia a

experiência de muitos anos. Assim, para além do agradável convívio, a reunião serviu apenas para que fossem votados os corposgerentes da futura Academia, e para que fossem tomadas as decisões necessárias à nossa apresentação como Academia no próximo Congresso, que seria o do Porto.

A Academia do Bacalhau foi, para muitos de nós, o escape que nos ajudou no recomeço de uma nova vida Das nossas intenções demos conta por carta datada de 11/04/95, enviada em mão própria à Academia-Mãe, como mandam as normas, sendo seu transportador o Compadre Ramiro Jorge, ao tempo Presidente da Academia-Mãe. Foi este Compadre que, conhecendo bem o grupo proponente e o ambiente académico que se vivia já então no nosso seio, onde já estivera e partilhara dos nossos almoçosconvívio, se prontificou a advogar a nossa causa. Nessa carta dava-se conta também de como tinha ficado constituída a Direção provisória da Academia, a saber: como Presidente Provisório, Carlos Oliveira, tendo como vices, Norberto Madeira e Firmino Silva. Como Secretários ficaram Carlos Machado e João Rosa Pinto, tendo Carlos Demétrio Silva sido designado para o cargo de

Tesoureiro. Jorge Simmons foi o escolhido para Relações Publicas, e tanto Manuel como Pedro Amaro ficaram como Vogais. Para surpresa nossa, começamos a ouvir rumores de que a nossa intenção estava a ser bastante criticada – imagine-se – não pelos interessados, que, neste caso, seria a Academia de Lisboa, mas, pelos compadres da Academia-Mãe, que se insurgiram contra a criação de mais uma Academia como se isso fosse alguma anomalia, citando todos os inconvenientes que a nossa abertura poderia acarretar. Sabendo antecipadamente que a propagação do ideal das Academias, onde quer que existisse um grupo de portugueses, sempre foi o lema das mesmas, não compreendíamos a razão de tanta contestação, e decidimos continuar, como se de nada tivéssemos conhecimento. Entretanto, uma nova carta foi endereçada à Academia-Mãe, em Joanesburgo, com data de 13 de julho de 1995, onde dávamos conta da nossa intenção de respeitar as normas e explicamos as razões básicas que nos levaram a criar esta Academia, afinal, as razões descritas no início deste artigo. Mais explicávamos que tivéramos o cuidado de efetuar os nossos almoçosconvívio quinzenalmente, às quintas-feiras, intercalados com os almoços da Academia de Lisboa, daí o facto de não poder haver competição com aqueles, mas sim, uma adição aos mesmos. Pedíamos ainda que o nosso pedido fosse aceite, de maneira a poder ser ainda aprovado no Congresso a realizar no Porto, nos dias oito, nove e dez de setembro daquele ano. Entretanto, as nossas reuniões quinzenais


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na Casa da Ponte continuaram, tendo cada um de nós a missão de comunicar o facto a todos aqueles que conhecíamos, e dando preferência aos que tinham passado pela África do Sul. – Porém, já alguns de nós conheciam pessoas que reuniam o perfil de futuros compadres e, como resultado, o grupo foi engrossando. Foi um dos membros desse ainda pequeno grupo, o Compadre Ribeiro Gomes, que ofereceu a sua casa de campo nas imediações de Santarém, para ali se fazer uma petisqueira e assim podermos divulgar a Academia e os seus princípios junto dos convivas, que perfizeram um total de … trinta!

A inauguração oficial aconteceu a 28 de dezembro de 1996 Chegou-se a uma altura em que já não cabíamos na pequena sala de jantar da Casa da Ponte, e assim, com muita mágoa nossa e do casal Silva – que ficaria ligado à história da nossa Academia – tivemos que procurar lugar mais amplo, que pudesse albergar aquele grupo de novos e velhos Compadres, a engrossar de almoço para almoço. Coincidiu esta mudança com a abertura da Casa do Cajica, em Carcavelos, propriedade do Compadre Jorge Simmons, e durante alguns meses foi este o sítio do nosso encontro quinzenal.

Contudo, com o aumento constante do número de compadres, uma vez mais tivemos que mudar de poiso, e tendo chegado a acordo com a INATEL, ali reunimos durante alguns meses. Havia apenas um inconveniente, falta de privacidade! As nossas praxes, de Badalo e “Gavião do Penacho”, surpreendiam aqueles que almoçavam no espaço contíguo, suscitando curiosidade e os mais variados comentários, e, à saída éramos olhados como se de aves raras se tratasse. Tudo isso nos levou a procurar um novo poiso, tendo chegado a acordo com o Hotel de Inglaterra. A partir de então foi o local a base dos nossos convívios, e onde permaneceríamos até a data da nossa inauguração oficial, em 28 de dezembro de 1996, não havendo, por parte de todos os compadres, qualquer tipo de reclamação contra o que quer que fosse. Para trás tinha ficado a nossa participação no Congresso do Porto, onde a intervenção do nosso Presidente Carlos Oliveira, suscitou momentos de alta tensão pois, embora não tivéssemos infringido quaisquer das normas vigentes nas Academias e tivéssemos participado antecipadamente ao Congresso a nossa pretensão, houve quem não aceitasse que a nossa proposta de abertura ali fosse lida. Mesmo assim, devemos ao Compadre Ramiro Jorge – nessa data ainda no exercício da sua Presidência da AcademiaMãe - e à sua coragem, a leitura desse documento; porém, esse facto não foi

suficiente para que a nossa abertura fosse aprovada nesse ano. No ano seguinte, estivemos representados no Congresso de Durban, e aí já a nossa presença representada pelo Compadre João Rosa Pinto - foi premiada com a chamada para a mesa do Congresso. Uma vez mais, ali foi defendida a nossa causa, tendo sido aprovada oficialmente a abertura da Academia da Costa do Estoril para esse ano. Antecipando a possibilidade de a abertura da Academia se vir a verificar, como veio, no Hotel Palácio, do Estoril, ali decidimos efetuar alguns almoços para nos habituarmos ao pessoal e ao ambiente. Num desses almoços, tivemos a grata presença do Presidente da Câmara de Cascais, José Luís Judas, bem como do Comendador Horácio Roque, que à data já sabíamos ir ser um dos nossos patrocinadores para a Festa de Inauguração. Houve uma corrente favorável as férias de Verão seguinte para a abertura, tanto mais que sabíamos ser essa a época em que muitos compadres da África do Sul se encontravam em Portugal. Por azar nosso, todas as datas que propusemos aos hotéis da zona do Estoril, foram por estes recusadas, uma vez que se encontravam cheios. De adiamento em adiamento, e, para evitar que mais um ano-calendário avançasse, decidimos ir para a única data aberta, em fins de 96, tendo o Hotel Palácio sido o eleito para a festa que nos propúnhamos.



CARLOS FERREIRA

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Quatro anos à frente da Academia de Paris seguintes sem, no entanto, se envolver em profundidade. Ia a jantares e a eventos e apreciava o espírito presente na Academia, ao mesmo tempo que se revia nos seus valores de amizade, portugalidade e solidariedade.

O primeiro jantar a que compareceu foi no restaurante Pedra Alta de Athis-Mons, em outubro de 2006

C

orria o ano de 2006, quando Carlos Ferreira foi pela primeira vez a um jantar da Academia do Bacalhau de Paris. Português, nascido na região de Leiria mas a viver em França desde os cinco anos de idade, desenvolvia atividade na área dos materiais de construção. Apesar de manter alguma proximidade com a comunidade portuguesa em França, não era uma pessoa implicada na vida associativa. Mas foi por essa altura que tudo começou a mudar. José Luís Rodrigues, um empresário da construção civil que conhecia Carlos através dos negócios, convidou-o para ir a um evento da Academia do Bacalhau. Carlos aceitou. O primeiro jantar a que compareceu foi no restaurante Pedra Alta de Athis-Mons, em outubro de 2006. Carlos lembra esse evento: “Cheguei sem conhecer ninguém, só o José Luís, que me tinha convidado. Apesar de não conhecer as pessoas, as coisas correram bem, fui muito bem recebido pelos compadres. Não fiquei muito envolvido imediatamente porque ainda estava a descobrir tudo, mas continuei a ir sempre”. Carlos Ferreira manter-se-ia, assim, ligado à Academia do Bacalhau de Paris nos anos

Foi só quando Paris foi escolhida como Academia anfitriã do 39º Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, em 2010, que a ligação de Carlos Ferreira com a ABP se viria a aprofundar. À época, o presidente da mesma era David Monteiro mas havia um grupo de pessoas que trabalhava ativamente para o alcançar de objetivos a que a Academia se propunha. Foi esse mesmo grupo que, vendo o imenso trabalho necessário para a organização o congresso, decidiu deitar mãos à obra e fazer do evento um sucesso. Carlos Ferreira estava entre os elementos desse grupo. Ao seu lado, estavam pessoas que Durval Marques, fundador das Academias do Bacalhau e presidente honorário de todas elas, viria a definir como “núcleo duro” da Academia de Paris. A esse núcleo pertenciam pessoas como António Fernandes, Afonso Galvão, Victor Gil, Carlos e Antónia Gonçalves, Manuel Soares, Filipe Alves, Luís Rocha, Manuel Moreira e José Vasques. Todas as terçasfeiras, os compadres reuniam-se em casa de Carlos Ferreira para debater e organizar o que havia a fazer. A comadre Lúcia, esposa de Carlos Ferreira, cozinhava para todos e foi à volta da mesa que estes compadres foram aprofundando a amizade que os une. Inclusivamente, Carlos Ferreira e António Fernandes empenharam-se tanto na atração de compadres ao evento que chegaram a deslocar-se a outras Academias para promover o Congresso. Visitaram a Madeira, Lisboa, Porto, Long Island e Newark (EUA). O Congresso decorreu em outubro de 2010, com sucesso. Pouco depois, António Fernandes foi eleito Presidente da Academia do Bacalhau de Paris, sendo a sua direção constituída por pessoas do referido “núcleo duro”. Durante o mandato de António Fernandes, a Academia do Bacalhau de Paris começou a ganhar os


ESPECIAL 37

Villiers-sur-Marne, 28/12/2012 Caras Comadres, caros Compadres, Como é do conhecimento geral, tenho vindo a acompanhar a nossa Academia como compadre de forma árdua e com um profundo respeito e amor pela partilha dos seus valores que até hoje foram divulgados e promovidos, nomeadamente nestes três últimos anos. A solidariedade do movimento das Academias pelo mundo através de ações, as quais tive o privilégio de testemunhar e aquando de minha ida à Moçambique, fizeram com que eu fortalecesse mais ainda esta vontade de alcançar algo de maior ajudando os mais desfavorecidos. O compadre António Fernandes, atual presidente, anunciou oficialmente que não se voltaria a candidatar, notícia que nos deixou surpreendidos. Porém, devemos dar continuidade aos trabalhos já iniciados, trabalhos cujas metas não se podem alcançar a curto prazo. Por isso, pelos valores que nos unem e que queremos divulgar, e pelos ideais e metas que queremos alcançar, Comadres, Compadres, é com muita honra que apresento oficialmente a minha candidatura à direção do Conselho de Administração da Academia do Bacalhau de Paris. Com um gavião de Penacho, Carlos Ferreira

1º mandato: 2013 Carlos Ferreira já fazia parte da direção da Academia do Bacalhau de Paris há três anos, ocupando o cargo de vice-presidente mas, com a decisão de António Fernandes de não se recandidatar, assumiu Carlos Ferreira o papel de candidato. No entanto, teve concorrência: o compadre Nuno Cabeleira, que durante anos foi vice-Cônsul de Portugal em Paris, apresentou também a sua candidatura. Era dia 1 de fevereiro de 2013. Após um discurso de despedida emocionado por parte de António Fernandes, procedeu-se às eleições, no Hotel Saint Lazare, em Paris. 95% dos compadres com quota em dia compareceram e deixaram o seu voto. No final, a vitória pertenceu a Carlos Ferreira, que conseguiu 64% dos votos. De imediato foi felicitado pelo seu opositor e pelo presidente cessante. Na sequência da sua primeira eleição como presidente da Academia do Bacalhau de Paris, Carlos Ferreira definiu, em conjunto com o seu grupo de trabalho, os objetivos principais para o seu mandato. Em abril de 2013, em entrevista à Lusopress, destacou três pontos principais que orientariam o seu primeiro mandato: “O primeiro tem a ver com a revisão dos estatutos da associação, com vista a ser reconhecida como associação de utilidade pública. O segundo vai no sentido de tornar a associação numa instituição que possa ser um interlocutor válido das coletividades lusas e francesas. O terceiro está orientado para as ações de solidariedade, porque somos cada vez mais solicitados, com a situação económica que estamos a viver não só em França, mas também em Portugal”.

Ao seu lado, estavam pessoas que Durval Marques viria a definir como “núcleo duro” da Academia de Paris


38 ESPECIAL “Já fizemos muito mas continua a haver muito por fazer” último mandato à frente da ABP: “O objetivo desta nova candidatura foi, sobretudo, dar continuidade ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido. Temos vindo a desenvolver um projeto de dinamização da Academia e não queria deixá-lo inacabado.”, evocando como eixos principais desse projeto a revisão de estatutos, a criação de um secretariado profissional e a publicação de uma revista semestral. Manifestou ainda a vontade de uma maior ligação da Academia com a sociedade: “Queremos ter um impacto significativo no meio em que nos inserimos, seja a comunidade portuguesa em França, a sociedade francesa ou até mesmo a sociedade portuguesa, visto que, muitas vezes, apoiamos pessoas e instituições em Portugal. A Academia do Bacalhau de Paris não é um círculo fechado. É, e pretende ser cada vez mais, um ator ativo e dinâmico que marca a diferença no dia-a-dia dos que estão à sua volta e que tem um impacto na vida daqueles que mais precisam”.

Lista vencedora das eleições de 2013

Lista vencedora das eleições de 2014

Lista vencedora das eleições de 2015

Carlos Ferreira – Presidente Fernando Lopes – Vice-Presidente Afonso Galvão – Vice-Presidente Carlos Gonçalves – Tesoureiro Filipe Alves – Vice-Presidente Adjunto Mário de Sousa – Vice-Presidente Adjunto Manuel Soares – Vice-Presidente Adjunto Frédéric Passadouro – Vice-Presidente Adjunto Christelle Rebelo – Secretária Josefa Lopes - Merchandising Manuel Moreira – Carrasco Alfredo Lima – Carrasco Adjunto

Carlos Ferreira – Presidente Fernando Lopes – Vice-Presidente Carlos Gonçalves – Vice-Presidente Mário de Sousa - Tesoureiro Filipe Alves – Vice-Presidente Adjunto Manuel Soares – Vice-Presidente Adjunto José Dias – Vice-Presidente Adjunto Emília Pinto – Vice-Presidente Adjunto Christelle Rebelo – Secretária Josefa Lopes – Responsável de loja Manuel Moreira – Carrasco Alfredo Lima – Carrasco Adjunto

Carlos Ferreira – Presidente Fernando Lopes – Vice-Presidente Carlos Gonçalves – Vice-Presidente Mário de Sousa – Tesoureiro Margarida Ferreira – Tesoureira-Adjunta Filipe Alves – Vice-Presidente Adjunto Manuel Soares – Vice-Presidente Adjunto José Dias – Vice-Presidente Adjunto Emília Pinto – Vice-Presidente Adjunto Christelle Rebelo – Secretária Flávia Rocha – Secretária-Adjunta Josefa Lopes – Responsável de loja Manuel Moreira – Carrasco Alfredo Lima – Carrasco Adjunto

2º mandato: 2014 As eleições em que Carlos Ferreira conquistou o seu segundo mandato enquanto presidente da Academia do Bacalhau de Paris decorreram a 7 de fevereiro de 2014, no Hotel Le Nogentel, em Nogent-sur-Marne. Dos 82 votos de compadres e comadres, houve onze em branco, três nulos e os restantes 68 a favor de Carlos Ferreira.

A lista de Carlos Ferreira foi, mais uma vez, a única a apresentar-se para as eleições

3º mandato: 2015 - 2016 Entre fevereiro de 2014, quando foi eleito pela segunda vez, e fevereiro de 2015, quando foi eleito pela terceira vez, houve uma mudança importante nas regras da Academia: os mandatos passaram a ser por dois anos, ao invés de apenas um, para permitir uma maior estabilidade e dar à direção mais tempo para desenvolver e concluir projetos. Assim, quando foi eleito, a 6 de fevereiro de 2015, sabia que exerceria funções até fevereiro de 2017. À época, a lista de Carlos Ferreira foi, mais uma vez, a única a apresentar-se para as eleições. Dos 69 compadres e comadres que votaram, 52 fizeram-no a favor da lista de Carlos Ferreira, dando-lhe assim a terceira vitória consecutiva em eleições para o cargo. À época, em entrevista ao Lusojornal, Carlos Ferreira falou dos seus objetivos para o

E ao fim de quatro anos enquanto presidente da Academia do Bacalhau de Paris, qual é o balanço que Carlos Ferreira faz do trabalho desenvolvido? “Já fizemos muito mas continua a haver muto por fazer. Uma das coisas que me deu mais prazer ao longo destes quatro anos foi conhecer pessoas que me permitiram ver o mundo de outra forma e contribuíram para que eu tivesse outra visão das relações humanas. Penso também que me tornei uma pessoa mais sensível aos problemas dos outros, o que me permitiu enriquecer enquanto pessoa. Além disso, a vontade que tinha de apoiar o próximo foi amplificada pelo facto de não estar a agir sozinho mas sim com um grupo de compadres que partilha os mesmos valores. Valeu muito a pena”.



40 ESPECIAL

Solidariedade

Durante o tempo em que foi presidente da Academia do Bacalhau de Paris, Carlos Ferreira deu ênfase ao lado solidário da associação. Em quatro anos foram apoiadas as seguintes pessoas e instituições:

2013 António Lopes – donativo de 1900€ que ajudou este natural de Moura, no Alentejo, a colocar próteses na sequência da amputação que sofreu nos membros inferiores, derivada de complicações relacionadas com a diabetes, doença que também lhe roubou a visão. As próteses permitiram a António Lopes manter um pouco da mobilidade que tinha antes das complicações derivadas da doença. Fundação do Gil – A Fundação do Gil é um centro de acolhimento temporário, o único em Portugal que presta cuidados pós-hospitalares a crianças entre os zero e os doze anos. 57% dos seus fundos vêm de doações e a ABP participou nesse sentido, oferecendo dez mil euros, valor que corresponde ao pagamento de um mês do serviço de enfermagem da Casa do Gil, que funciona sete dias por semana, vinte e quatro horas por dia.

De 2013 até ao presente, tem sido desenvolvida a iniciativa Roupa Sem Fronteiras

Tiago Sobreira – numa das maiores mobilizações na história da Academia do Bacalhau de Paris, foram angariados 15 mil euros, que foram entregues a Tiago Sobreira, um jovem português que se debatia com um cancro e necessitava de fundos para prosseguir com os tratamentos na Alemanha. Infelizmente, Tiago faleceu antes de conseguir usar todo o apoio que a ABP lhe deu. Ana Margarida - Ana Margarida era uma menina que sofria de doença oncológica e que a ABP fez voar até Paris, para conhecer a cidade, tal como era seu sonho. Ana Margarida fez-se acompanhar dos pais e do irmão, numa viagem memorável na sua curta vida.

2014 Refúgio Aboím Ascensão – a ligação entre esta instituição e a ABP nasceu em agosto de 2014, aquando do evento de verão da Academia no Algarve. Aí, foram doados 4500€ ao Refúgio, que foram empregues na substituição de algum material informático e na compra de vestuário desportivo para uso escolar das crianças mais velhas, de entre as cerca de oitenta que vivem na instituição. A Academia do Bacalhau de Paris viria a apoiar novamente o Refúgio na gala de Natal desse mesmo ano, com um donativo que permitiu a compra de uma trituradora industrial para passar a sopa para os meninos, mais material informático e a substituição dos ares condicionados antigos, tanto do edifício onde as crianças vivem como da casa onde costumam passar férias, na Praia de Faro. Nuno de Carvalho “Mata” – Nuno de Carvalho, conhecido por “Mata” era forcado no Grupo do Aposento da Moita há já sete anos. Mas em agosto de 2012, tudo viria a mudar para este jovem, numa corrida de touros que o deixou paraplégico. Teve que recomeçar a vida, adaptando-se à sua nova condição e, para isso, necessitou de todos os apoios que quisessem dar-lhe. A ABP, sensibilizada com a história de “Mata”, levou-o até Paris e organizou um jantar de recolha de fundos onde, em parceria com a Association Portugaise de Bienfaisance angariou 12.500€, contribuindo para a compra de uma cadeira de rodas adaptada.


ESPECIAL Ultrapassar Barreiras – A Academia do Bacalhau de Paris doou 3000€ a esta associação de senhoras com dificuldades, às quais se tenta dar uma nova formação profissional. Os fundos doados pela ABP serviram para comprar material de cozinha para rechear as instalações da associação. Santuário de Nossa Senhora de Fátima (Paris) – donativo para ajudar a financiar os vários pedidos que o Santuário recebe.

Uma iniciativa levada a cabo por Carlos Ferreira foi a revista da Academia do Bacalhau de Paris alimentares por parte de vários compadres e, sobretudo, ao trabalho prestado por colaboradores do Santuário a preparar e a servir o jantar. Foram angariados sete mil euros que foram doados ao Santuário e usados para tornar esta casa de Deus mais acessível a todos, construindo rampas de acesso para pessoas em cadeiras de rodas. ASCA e Casa da Primeira Infância de Loulé – A Associação Social e Cultural de Almancil e a Casa da Primeira Infância de Loulé receberam um donativo de dois mil euros cada por parte da ABP. Este apoio teve lugar aquando do evento de verão da Academia do Bacalhau de Paris no Algarve, que incluiu um torneio de golfe e um jantar. A ASCA tem como objetivo a promoção de diferentes grupos etários de Almancil no que diz respeito aos aspetos sociais, económicos, culturais e desportivos. Já a Casa da Primeira Infância de Loulé protege, ampara, alimenta e trata da saúde de crianças pobres, enquanto as mães se ausentam por motivos de trabalho.

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2016 Associação Leque - A Associação Leque é a única resposta social para a deficiência na zona sul do distrito de Bragança e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida e o bem-estar físico e emocional de pessoas com necessidades especiais (deficiências ou incapacidades) e suas famílias. No início de 2016, a ABP doou três mil euros que permitiram à associação manterse em funcionamento, nomeadamente pagando os ordenados aos funcionários. A Associação Leque tem desenvolvido projetos extraordinários na área do empreendedorismo social e recebido vários prémios pelo seu trabalho. Parceria com Rotary Club para apoiar viagem de crianças deficientes – em parceria com o Rotary Club de ConflansSainte-Honorine, a ABP contribuiu para que uma professora conseguisse levar os seus alunos, portadores de deficiência, a conhecer o percurso do rio Sena até desaguar em Rouen. “Por vacinas sem alumínio” – a iniciativa organizada pela associação E3M tinha como objetivo angariar fundos para permitir a realização do primeiro documentário sobre a Miofascite Macrofágica, uma doença que advém da permanência de sais de alumínio no organismo. Outro dos objetivos da iniciativa era contribuir para a investigação médica sobre a doença. A ABP atribuiu três mil euros a este projeto em setembro de 2016.

2015 Patronato São José – em março de 2015, vinte e nove meninas do Patronato São José, em Vilar de Nantes (Chaves) viram o mar pela primeira vez numa visita ao Algarve, proporcionada pela ABP em colaboração com a Garvetur. Enfants du Ciel – donativo de seis mil euros para a iniciativa desenvolvida pelo Rotary Club de Crécy-en-Brie em parceira com o Lions Club de Montfermeil. Enfants du Ciel proporciona batismos de voo a crianças portadoras de deficiência, num projeto que conta já com seis anos e que se tem expandido em França e em Portugal. Apenas em 2015, foram batizadas 900 crianças. Santuário de Nossa Senhora de Fátima (Paris) – em junho de 2015, a Academia do Bacalhau de Paris realizou a sua gala anual nas instalações do Santuário de Nossa Senhora de Fátima em Paris. O evento foi possível graças à doação de produtos

De 2013 até ao presente, tem sido ainda desenvolvida a iniciativa Roupa Sem Fronteiras. Nascida da ideia de Afonso Galvão e António Fernandes, tem angariado roupa, calçado e vestuário todos os Natais e tem-nos distribuído por pessoas carenciadas. Os beneficiados começaram por ser famílias da zona de Fafe, em Portugal, mas foram-se alargando também a pessoas em necessidade em França e, em 2015 foram também apoiados refugiados sírios. Nesse ano, a iniciativa ganhou ainda uma outra vertente, com uma parceira com a Santa Casa da Misericórdia de Paris, que permitiu recolher e distribuir alimentos.


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O que mudou na Academia durante os mandatos de Carlos Ferreira?

Uma das principais ambições de Carlos Ferreira enquanto presidente foi a de deixar um legado que pudesse criar uma base de trabalho passível de ser desenvolvida por quem lhe sucedesse. Para isso, focou a sua atenção na criação de um secretariado com um carácter um pouco mais profissional – importa não esquecer que a Academia do Bacalhau é uma instituição que sobrevive com o apoio e trabalho voluntário dos seus compadres. Assim, no início de 2015, foi contratada Diana Bernardo como secretária da Academia do Bacalhau de Paris. O objetivo era criar uma estrutura, um ponto de contato permanente entre os compadres e os corpos dirigentes da Academia. Diana manteve-se em funções até setembro de 2015, altura em que foi substituída por Flávia Rocha – que já tinha exercido funções anteriormente – e, mais tarde, por Francelina Jorge, que se mantém até ao presente. Foram também criadas “comissões”, grupos de compadres que estão encarregues de um determinado assunto, imprimindo uma maior celeridade a qualquer processo que chegue à ABP. Foram criadas a Comissão de Juventude, Comissão de Solidariedade,

Comissão de Organização de Eventos, Comissão de Cultura e Comissão de Comunicação. Isto permitiu um funcionamento mais organizado dos grupos de trabalho da Academia. Além disso, passaram a ser feitas reuniões mensais, devidamente documentadas em atas, de maneira a que possam ficar registadas todas as decisões tomadas em reunião de direção.

Foram criadas “comissões”, grupos de compadres que estão encarregues de um determinado assunto. Outra iniciativa levada a cabo por Carlos Ferreira com vista à criação de uma estrutura duradoura foi a revista da Academia do Bacalhau de Paris. Este era um projeto há muito falado mas que demorou o seu tempo para ver a luz do dia. Finalmente, avançou-se para a sua concretização no início de 2015, com a primeira edição a ser lançada em maio desse mesmo ano, a

tempo de ser distribuída nas duas grandes festas da comunidade portuguesa da região parisiense: a festa de Pontault-Combault e a festa da Rádio Alfa. Foram editados cinco mil exemplares e a revista receberia ótimo feedback dos compadres de outras Academias, que tomaram contato com a mesma no Congresso de 2015, em Durban. A segunda edição da revista foi lançada em dezembro de 2015, contando com três mil exemplares. 2016 viu a publicação de mais duas edições, nos mesmos meses e na mesma quantidade de exemplares. Para o sucesso da revista contribuíram diversas empresas portuguesas na região parisiense, ao colocarem comunicação publicitária na mesma e, assim, garantirem a sustentabilidade financeira do projeto. Ao longo destes quatro anos, houve também uma participação massiva dos compadres em todos os Congressos realizados. Em Viseu (2013) estiveram presentes cem compadres de Paris, em Newark, Estados Unidos (2014) foram cerca de 70 e em Durban, África do Sul (2015), estiveram duas dezenas. Esta participação deveu-se, em parte, ao empenho colegial da direção em levar os compadres a conhecer a realidade das Academias no mundo.


ESPECIAL 45

Quatro anos de eventos inovadores

Momentos memoráveis Entre fevereiro de 2013 e o fim dos mandatos de Carlos Ferreira, no início de 2017, a Academia do Bacalhau de Paris realizou alguns eventos que merecem destaque, seja pelo número de pessoas que envolveram, pelos locais emblemáticos em que aconteceram ou pela forte vertente solidária que evidenciaram. Estes são alguns dos eventos mais importantes dos últimos anos na história da ABP:

Um dos objetivos não só de Carlos Ferreira mas também da sua direção foi a criação de fontes de rendimento alternativas. Tradicionalmente, o lucro que a ABP obtém advém dos jantares realizados e da pequena margem que existe entre o valor que é pago ao restaurante e o valor que é cobrado aos compadres. Um sistema assim permite manter o funcionamento e o caráter solidário mas não permite pensar mais além. E este grupo sempre pensou mais além: um dos seus objetivos, já desde o tempo da presidência de António Fernandes, era a aquisição de uma sede para a Academia do Bacalhau de Paris. Ora, isto cria um dilema: ou se doa os fundos angariados para solidariedade ou se poupa os mesmos para, um dia mais tarde, adquirir a sede. Para resolver o problema, esta direção tentou criar eventos alternativos que fossem fontes de rendimento extraordinário e, assim, permitissem agir nas duas frentes. Um desses eventos alternativos foram os torneios de golfe. Motivados pela paixão pessoal de Carlos Ferreira por este desporto, os torneios foram uma maneira de reunir compadres em torno de um motivo diferente do habitual, permitindo também a angariação de fundos extra. O primeiro destes torneios foi realizado em maio de 2014, em França e o segundo teve lugar no verão desse mesmo ano, no Algarve. O terceiro teve lugar no Golf d’Ormesson, em Ormesson-sur-Marne, em maio de 2015, e o quarto a quinze de agosto, no Oceânico Golfe, em Vilamoura. O quinto torneio voltou a realizar-se em Ormesson, em maio de 2016. Os torneios mobilizaram não só

compadres mas também amigos e adeptos deste desporto. Mais recentemente, em fevereiro de 2016, iniciou-se um tipo de evento que também haveria de trazer um lucro importante à ABP: os jantares 100% patrocinados. Isto foi ideia de um dos compadres fundadores da Academia de Paris, Vitalino d’Ascensão, diretor geral da Império em França.

Em fevereiro de 2016, iniciou-se um tipo de evento que também haveria de trazer um lucro importante à ABP: os jantares 100% patrocinados Haveria mesmo de ser esta empresa a tomar a iniciativa e a assumir todos os custos do jantar mensal de fevereiro, que decorreu nas instalações da Império em Paris. A iniciativa repetiu-se em março, com o restaurante Les Jardins de Montesson a assumir a totalidade dos custos do jantar que serviu aos compadres. Também em setembro, no jantar de aniversário realizado na Embaixada de Portugal em Paris, a Fidelidade patrocinou o evento. A CGD patrocinou o jantar de novembro e o BCP a gala de Natal de 2016. sem dúvida, um contributo fundamental para o desenvolvimento do pilar solidário da Academia do Bacalhau.

Desfile de moda no rio Sena – primeira gala sob o mandato da direção encabeçada por Carlos Ferreira. Com uma grande afluência por parte dos compadres, o evento contou com um desfile de moda onde desfilaram, nomeadamente, alguns filhos de compadres. Participação financeira no concerto do contratenor Luís Peças nos Invalides – a 10 de junho de 2013, o cantor lírico Luís Peças atuou na Catedral de Saint Louis des Invalides, em Paris, acompanhado pelo organista João Santos. O concerto, em que o contratenor cantou música barroca e ibérica, foi organizado pela Associação Cultural França-Portugal 37, foi patrocinado pela ABP.


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Primeiro picnic – foi realizado em julho de 2013, aquando da festa da cereja feita em Paris 14, onde se promoveu a cereja do Fundão. Teve lugar no Parc de Montsouris. Antestreia do filme “Cage Dorée” – a Academia do Bacalhau de Paris organizou uma antestreia do filme “Cage Dorée”, realizado pelo lusodescendente Rúben Alves, e que conta uma história que poderia ser “a” história dos portugueses em França. O evento decorreu no Cinéma Gaumont, nos Champs-Elysées e contou com cerca de mil pessoas, assim como com a presença do realizador e de alguns atores do filme.

Organização do primeiro torneio de golfe – realizado em maio de 2014, em Ormessonsur-Marne. Abriu portas à realização de dois eventos de golfe por ano, um em França e outro em Portugal. Gala no Museu da Emigração em Paris – a 1 de junho de 2014, a ABP realizou um jantar de gala neste local. O evento aproveitou a ocasião proporcionada pela exposição aí patente: “Pour une vie meilleure” (Por uma vida melhor), do fotógrafo Géraild Bloncourt, que retratou a emigração portuguesa para França nas décadas de 50 a 70 do século XX. Presente esteve também Margarida Pinto Correia, à época diretora da Fundação do Gil, associação que recebeu um donativo de 7500€ da ABP nessa noite.

Em quatro anos foram doados perto de 150 mil euros. Primeira Assembleia Geral no Consulado Geral de Portugal em Paris – aconteceu em março de 2016. Após uma primeira Assembleia Geral no mês de fevereiro, que contou com uma fraca afluência devido ao trânsito caótico na capital francesa, foi agendada nova Assembleia Geral, dessa vez no Consulado Geral de Portugal em Paris. Aqui foram eleitos o Conselho Fiscal e a Mesa da Assembleia para o ano de 2016. Primeiro jantar na Embaixada de Portugal em França – pela primeira vez na história da ABP, o seu jantar mensal (que assinalou os 18 anos oficiais da associação) realizou-se na Embaixada de Portugal em França. Mais de cem pessoas sopraram as velas à Academia na “casa de todos os portugueses”.

Fazendo contas aos quatro mandatos Ao longo dos quatro anos em que esta direção esteve à frente da Academia do Bacalhau de Paris, foram doados perto de 100 mil euros a pessoas e instituições em necessidade. Um valor nunca antes atingido por esta associação e que beneficiou pessoas em Portugal e França, com diferentes tipos de necessidades. Uma boa parte dos fundos angariados foi também guardada para contribuir para o projeto de aquisição de uma sede para a ABP. O valor que estava em banca para o efeito antes da primeira tomada de posse desta direção mais que duplicou nestes quatro anos.


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Depoimentos sobre os mandatos de Carlos Ferreira

Durval Marques

Luís Malta

Fundador das Academias do Bacalhau

Ex-presidente Academia do Bacalhau de Paris

"Carlos, aquilo que fez foi bem feito. Continue e, a partir do momento em que deixar alguém tomar as rédeas daquilo que fez, ajuda essa pessoa a tentar ser como o Carlos foi.”

Acho que a presidência do Carlos Ferreira veio dar grande músculo à Academia. Lembro-me do tempo em que, apesar da grande vontade, não tínhamos os meios, e ele conseguiu mudar isso, com os meios que pôs ao serviço da Academia. Foi um presidente que conseguiu fazer funcionar as várias correntes que haviam nas anteriores direções. As palavras que tenho são de apreço, em função do sentimento que tenho pela Academia (fui sócio fundador e presidente da ABP). Quero dar-lhe os meus parabéns penso que, com certeza, não vai abandonar a Academia porque os antigos presidentes são sempre úteis para o futuro da ABP.

Fui sempre uma pessoa que falou muito com o seu presidente, e sempre tentei criticar o que podia ser criticado para termos a certeza de que as ações desenvolvidas eram as certas e necessárias. Encontrei sempre na pessoa do presidente Carlos Ferreira um ouvido atento, sempre com vontade de ir mais longe nas ideias que podíamos pensar inicialmente, e isso foi muito importante para o desenvolvimento da ABP. Ele não foi um presidente que decidia sozinho e que não fala com ninguém, pelo contrário, sempre tentou partilhar as decisões com a sua direção. O Carlos continuou o trabalho que foi realizado pelo nosso antigo presidente, António Fernandes, que deu a rota que se devia seguir: uma direção de Academia onde tudo podia ser discutido, tudo podia ser alterado; mas quando a reunião estava acabada havia um consenso, e era essa ideia que seria defendida pelas todas as pessoas que compõem a direção. Hoje podemos dizer que é um grande orgulho ver que a ABP é a maior Academia do mundo, não pelo número de compadres e comadres, mas pelo papel que ela tem desenvolvido, ajudando outras Academia e apoiando também a Academia-Mãe. Esta situação foi facilitada pela a ligação de amizade entre o Carlos Ferreira e o Durval Marques. O Carlos Ferreira tentou sempre, ao longo da sua presidência, dar uma imagem positiva da nossa Academia.

António Fernandes Ex-presidente Academia do Bacalhau de Paris O Carlos foi um excelente presidente, que levou a Academia de Paris a um patamar que eu sempre desejei. Muitas vezes lhe disse que estava à espera dele e ele, com sucesso, soube levar isso avante. O Carlos é uma pessoa de louvar. Pôs a Academia num patamar tão alto que o próximo presidente vai ter grandes dificuldades para assumir esse legado. Mas penso que também lhe cabe continuar a ajudar e sei que vai continuar a fazê-lo.

Fernando Lopes Vice-Presidente ABP Cheguei à Academia a pedido do Carlos Ferreira, então vice-presidente, para ajudar quem mais necessitava e também para dar alegria as pessoas que nos rodeiam. Com o tempo, o Carlos passou de vice-presidente a presidente e fez-me o convite para ser seu vice-presidente.

Rui Soares Presidente da CGD França O presidente da Academia do Bacalhau de Paris, Carlos Ferreira, é um empresário e líder de comunidade: durante o exercício das suas funções, trabalhou imenso para o desenvolvimento e valorização da solidariedade e da portugalidade. O seu envolvimento na dinamização do esforço coletivo é notável.


ESPECIAL 49

António Moniz Compadre / Cônsul Geral de Portugal em Paris Cheguei a Paris em finais de novembro do ano passado e uma das primeiras pessoas que conheci foi o Carlos Ferreira, enquanto Presidente da Academia do Bacalhau. Ajudou muito na minha integração e abriu-me as portas a vários membros e individualidades da comunidade portuguesa em Paris. Com o seu savoir-faire mas também gentileza, disponibilidade e inteligência, o Carlos Ferreira foi o meu padrinho na Academia do Bacalhau e um bom amigo para sempre. Fiquei muito impressionado com o seu profissionalismo à frente da Academia e com a sua forte iniciativa em projetos de índole social direcionados para os membros da comunidade mais desfavorecidos, sempre apoiado pela sua mulher. As suas qualidades profissionais e pessoais, incluindo a sua generosidade, levam-me a pensar que o Carlos Ferreira ainda tem muito para dar aos portugueses e luso-descendentes que habitam em França.

valores da portugalidade, solidariedade e amizade, que vão de encontro aos princípios que defendo pessoalmente e enquanto empresário, no Grupo Garvetur/ Enolagest. Sempre colaborámos com muito gosto nas ações de solidariedade desenvolvidas neste quadriénio, nomeadamente nas edições do Torneio de Golfe de 15 de agosto no Algarve para angariar fundos, nas férias algarvias oferecidas a 50 meninas acolhidas na instituição Patronato de São José de Trásos-Montes, ou no jantar solidário com o Programa de Emergência Infantil que acolhe crianças dos zero aos seis anos em situações de risco, no Refúgio Aboim Ascensão. Esta parceria vai certamente manter-se nos anos que se seguirão com o novo presidente. Continuaremos a precisar de Carlos Ferreira para nos inspirar com o seu exemplo de vida pessoal e profissional de homem íntegro, que sempre levantou a voz em prol das suas fortes convicções morais e éticas e se empenha num combate quotidiano por mais

José Manuel Sampaio Ex-Presidente Academia Mãe Tive o prazer de conhecer o Presidente da Academia do Bacalhau de Paris, compadre Carlos Ferreira e familiares, na abertura da Academia de Long Island, em junho de 2011. Teve uma grande influência durante a minha presidência na Academia Mãe e estou altamente grato pela sua continuada e profunda amizade, desejandolhe um próspero futuro, recheado de saúde e amizade.

Pedro Lourtie Compadre / Ex-Cônsul Geral de Portugal em Paris / Embaixador de Portugal na Tunísia

Reinaldo Teixeira Compadre Academia Algarve / Garvetur O mandato de Carlos Ferreira como Presidente da Academia do Bacalhau de Paris foi marcado pelo aprofundar dos

Sou testemunha de que o Carlos Ferreira, enquanto Presidente da Academia do Bacalhau de Paris, foi determinante no crescimento e na dinamização dessa importante associação benemérita, que junta os portugueses em torno de boas causas. Tive oportunidade de trabalhar com ele, e de admirar o seu empenho e o seu apego às causas que a ABP apoiou. O Carlos, com a sua equipa, e dando seguimento ao trabalho já feito, deu à ABP a dimensão que a comunidade portuguesa de Paris merece. Acresce que eu tive a sorte de me ter tornado Compadre da ABP apadrinhado pelo Carlos. É que, para além de Presidente da ABP, o Carlos é também um amigo que muito prezo.

Albino Miranda Presidente Academia do Minho Queria deixar aqui uma palavra de amizade e admiração ao compadre Carlos Ferreira, Presidente da Academia de Paris, pelo trabalho desempenhado na sua direção. Também não posso deixar de referir o quanto foi fácil e gratificante trabalhar com o compadre António Fernandes, pois foi através dele que passei a conviver mais com os compadres de Paris.


50 ESPECIAL

Jean Philippe Diehl Presidente do Banco BCP Em nome do Banco BCP, quero felicitar Carlos Ferreira e sublinhar o trabalho assinalável que alcançou nestes quatro anos à frente desta grande associação que ajuda centenas de famílias portuguesas em necessidade. Com a sua generosidade e investimento, soube desenvolver e promover a cultura e a língua portuguesas, estabelecendo laços importantes com instituições francesas e portuguesas em França. Desejo-lhe grandes conquistas nos seus projetos futuros.

Paulo Pisco Compadre / Deputado PS Um balanço que é um orgulho Tornei-me compadre da Academia do Bacalhau de Paris pela mão do António Fernandes, um homem que admiro muito pela sua simplicidade, generosidade e solidariedade. Já na altura em que o António foi presidente, a Academia mudava e mostrava o seu dinamismo. Ao António sucedeu o Carlos Ferreira como presidente da ABP, que não só deu seguimento ao dinamismo impresso pelo anterior presidente, como aprofundou o seu profissionalismo, visibilidade e organização interna.

Acho que hoje a ABP é uma grande e sólida instituição da Comunidade Portuguesa em França. É uma força poderosa do associativismo português. Porventura a mais dinâmica e solidária das mais de 50 Academias que estão espalhadas pelo mundo. Se uma coisa me marcou durante o mandato do Presidente Carlos Ferreira foi a sua dedicação à Academia, o seu gosto em estar presente, a convicção com que vive cada jantar. A Academia, é hoje bastante mais aberta e democrática, com uma grande participação de mulheres e de pessoas de todas as condições sociais e políticas, tal como as restantes espalhadas pelo mundo, de resto. A minha admiração pela ABP vem muito do facto dos encontros não serem apenas para comer bacalhau entre amigos, mas por ser um lugar onde a solidariedade está sempre presente de forma evidente. E está presente com alegria e descontração, como se fazer o bem fosse como uma festa. Fazer o bem faz bem, não só a quem beneficia do apoio, mas também a quem o dá. Quantas e quantas pessoas e instituições não foram já beneficiadas pela generosidade dos compadres…. A solidariedade, independentemente dos tempos e das conjunturas, é sempre essencial, é uma demonstração da vontade de fazer das nossas sociedades lugares mais justos onde as pessoas não se sintam tão abandonadas. Mas a minha admiração vai também para os compadres que partilham a festa da solidariedade. Muitos deles são empresários bem-sucedidos, que trabalharam no duro para terem o que têm. Lutaram para superar as dificuldades e as barreiras e conseguiram vencer pela força da sua persistência. São pessoas de grande valor, que tanto bem têm feito pelo que produzem e pelos empregos que criam para tantos milhares de portugueses. Mas também pelo amor que guardam por Portugal e através do qual afirmam outro dos valores essenciais da Academia: a portugalidade, esse sentimento tão forte que nos liga a todos às nossas raízes e que nunca nos abandona, por mais que estejamos integrados no país de acolhimento, neste caso a França que tão generosa tem sido. Por todas estas razões, quero afirmar aqui o meu orgulho em ser compadre da Academia do Bacalhau de Paris, ter sido apadrinhado pelo António Fernandes e ter presenciado a devoção com que o Carlos Ferreira ao longo do seu mandato se entregou à Academia e a desenvolveu, para fazer dela um lugar onde a solidariedade, a portugalidade e a amizade são de facto pontos muito fortes. Parabéns Carlos, pelo brilhante mandato que fizeste, que honra a ABP e orgulha todos os compadres.

Carlos Alberto Gonçalves Compadre / Deputado PSD O facto de acompanhar a vida da nossa Academia do Bacalhau desde o seu início leva-me a ter que agradecer de uma forma sentida a todos os compadres que, desde a fundação desta instituição, têm trabalhado para conseguir que ela se assuma como uma referência entre a comunidade portuguesa residente em França. Aquilo que muitos consideraram como um projeto condenado ao fracasso tornou-se, ao invés, num bom exemplo de organização e de solidariedade dos portugueses que residem em França. A Academia do Bacalhau tem a particularidade de ter nascido da vontade das comunidades portuguesas sendo hoje, claramente, a maior rede organizativa nesta área e que face ao seu sucesso se alargou já para o território nacional com o surgimento de diversas Academias em várias cidades portuguesas. A Academia do Bacalhau de Paris começou por ser apenas um espaço de confraternização o que, felizmente, continua a ser, mas atualmente é também uma instituição com reconhecidos méritos no plano da solidariedade social e na defesa dos interesses dos portugueses residentes em França. Nos últimos anos a nossa Academia teve uma equipa de direção liderada pelo compadre Carlos Ferreira que conseguiu cumprir os seus objetivos de alargar o âmbito de atuação da Academia promovendo a abertura de outras Academias em França e, sobretudo, consolidar uma imagem de credibilidade que é hoje publicamente reconhecida. Deixem que destaque aqui o momento simbólico que constituiu o recente jantar da Academia nas instalações da Embaixada de Portugal em Paris, pois penso que ele ilustra bem tudo o que acabei de escrever sobre a


ESPECIAL

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A sua implicação, os seus quatro anos enquanto presidente, devem deixar-nos orgulhosos e motivar-nos cada vez mais nossa Academia. A abertura das portas da representação diplomática do nosso país para um jantar dos compadres da Academia é o reconhecimento claro do valor dos seus princípios e o reconhecimento do mérito de todo o seu corpo diretivo liderado pelo Carlos Ferreira. É que, caros compadres, a credibilidade e o reconhecimento custam a conquistar e são o fruto de muito trabalho e de uma postura a favor dos mais necessitados. Gostaria ainda de evidenciar e reconhecer o importante papel que a Academia tem desenvolvido na ligação ao nosso país, na cooperação com outras Academias do Bacalhau espalhadas pelo Mundo e com as que já existem em Portugal. Por isto tudo, sinto-me verdadeiramente orgulhoso de ser compadre desta Academia e não quero deixar de expressar o meu agradecimento pessoal a todos aqueles que, muitas vezes com elevados custos para a sua vida pessoal e profissional, continuam a trabalhar em prol da comunidade portuguesa através das atividades desta nossa bela instituição. Se estivéssemos num jantar era, caros compadres, chegado o momento de fazer um “Gavião de Penacho” que penso ser a melhor forma de ilustrar todo o meu respeito e agradecimento por aquilo que representa a Academia do Bacalhau e por todo o trabalho desenvolvido pela sua direção.

Victor Gil Compadre Depois, por certo, de aturada análise e reflexão, em que os superiores interesses da Academia terão também sido devidamente

ponderados, é essa a decisão que o compadre Carlos Ferreira decidiu tomar, o que em si nada tem de estranho, pois, pelo contrário, é uma decisão que só a ele caberia tomar e se conforma com o normal funcionamento de uma organização democrática. Mesmo assim, penso que o sentido da sua opção não é neutro para a Academia. Um novo ciclo se vai abrir, em que para já não será fácil perspetivar os tempos que se seguirão, mas uma coisa me parece que não deverá ser descurada que é a de ajudar o compadre Carlos Ferreira a concluir o seu mandato e, no momento próprio, a de lhe prestar a justa homenagem que ele merece pelos serviços prestados no exercício das suas funções. O compadre Carlos Ferreira tem atrás de si um passado que muito o honra pessoalmente, como igualmente honra a Academia do Bacalhau de Paris e o movimento das Academias do Bacalhau. Conhecemo-nos no quadro das actividades da nossa Academia e, mesmo se dele divergi na questão dos Estatutos, sempre lhe reconheci as suas qualidades e o seu potencial para estar à frente da direção, nunca tendo deixado de lhe prestar o meu apoio. Do muito que teria para referir, é justo destacar o papel primacial que teve na organização e realização do Congresso Internacional das Academias em Paris, do apoio sem condições e limites prestado ao compadre António Fernandes nos seus dois anos de mandato e da obra realizada a partir daí por sua iniciativa. Justo é ainda lembrar, que ao trabalho desenvolvido pelo compadre Carlos Ferreira estão associados muitos compadres e comadres, mas a precedência cabe à Lucie, sua mulher e nossa comadre, que nunca, independentemente das circunstâncias, faltou com a sua presença e apoio. O compadre Carlos Ferreira vai por decisão própria deixar a presidência mas seria necessário e importante, como o tenho vindo a defender, aproveitar a sua experiência, assim como a de outros seus antecessores, em benefício da Academia, visando a realização do projeto que sempre partilhou de fazer dela a maior academia do bacalhau e uma institução de referência no âmbito da amizade, da solidariedade e da portugalidade, as suas áreas específicas de intervenção.

Manuel Soares Vice-Presidente ABP Faço parte da ABP graças ao meu grande amigo Carlos Ferreira, que há seis anos me convidou a assistir a um jantar da Academia. Rapidamente constatei a amizade que por ali transpirava e comecei a assistir frequentemente aos jantares, onde o Carlos demonstrava sempre um verdadeiro espírito de amizade, pelo que rapidamente me senti integrado no grupo de compadres. Não posso deixar de destacar a admiração que tenho pelo meu amigo Carlos, por todo o seu desempenho, pela sua determinação, pela vontade de ajudar, pela palavra amiga que tem sempre e pelo tempo sem conta que consagra à Academia, muitas vezes à custa do sacrifício da sua vida particular e profissional, tudo para levar cada vez mais à frente a nossa Academia. A sua implicação já antes de ser eleito, os seus quatro anos enquanto presidente e, com certeza, as suas ações futuras, devem deixar-nos orgulhosos do trabalho realizado e motivar-nos cada vez mais neste movimento da Academia do Bacalhau.


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SOLIDARIEDADE 53

SOLIDARIEDADE E3M:pelo fim do alumínio nas vacinas Carta de agradecimento da E3M à ABP “A associação E3M agradece calorosamente à Academia do Bacalhau de Paris pela sua contribuição para a nossa campanha de donativos. Com o seu donativo de 3000€, a ABP apoia a continuação do financiamento de pesquisas científicas sobre o alumínio utilizado nas vacinas. É graças à pesquisa científica que, hoje em dia, conhecemos a toxicidade deste adjuvante e há ainda muito por descobrir de maneira a compreender o seu funcionamento, a sua ligação a outras doenças e a sua migração no organismo. Este donativo permite-nos também financiar o primeiro documentário inteiramente consagrado a este assunto. Agradecemos à Academia do Bacalhau pelo apoio, que testemunha o interesse crescente da sociedade civil por esta questão de saúde pública. Lembramos-vos que, ainda que a nossa campanha tenha terminado, continua a ser possível apoiar-nos em www. vaccinssansaluminium.org/faire-un-don/. Obrigada!” A Miofascite Macrofágica (MFM) é uma doença incapacitante e degenerativa rara que, afetando os tecidos musculares, traduz-se através de dores intensas ao nível dos músculos e articulações, fraqueza muscular, fadiga crónica, perturbações digestivas e problemas neuro-cognitivos. Os pacientes podem fazer uma vida normal nos períodos de ausência de sintomas mas quando estes se manifestam tornam a vida diária complicada e dolorosa. A causa da MFM é a persistência dos sais de alumínio no corpo humano, sais que entram no organismo, sobretudo, através da vacinação, já que o alumínio é um adjuvante das vacinas, facilitando o efeito que estas têm no corpo humano. Na maior parte das pessoas, este é expelido do corpo naturalmente mas, quando isso não acontece, a Miofascite Macrofágica pode tornar-se uma realidade. Para ajudar as mais de 300 pessoas em França que lidam com a doença, foi criada uma associação, a E3M, que opera com dois objetivos principais: um é o de promover e apoiar a investigação médica, uma vez que é através do conhecimento que será possível, porventura, chegar à cura e a fatores de prevenção da doença. Este trabalho ganha especial interesse se considerarmos que, sendo uma doença rara, não é considerada uma prioridade na investigação médica e, por isso, não recebe fundos que sustentem uma investigação sustentada. O outro

Números da campanha da E3M 52.369€ angariados 398 dadores individuais Donativos dos 5€ aos 10.000€ 8 donativos mensais iniciados 1 espetáculo de beneficência 3 meses de campanha 6 emails enviados

grande objetivo da E3M é o de prevenir a doença, fazendo voltar ao mercado francês vacinas sem alumínio – que já existiram até 2008 mas, nessa altura, foram retiradas do mercado.

ABP doou 3.000€ a E3M No verão de 2016, a E3M lançou uma campanha de recolha de donativos com o objetivo de angariar 60.000€ que ajudassem a sustentar três pilares principais: informar o grande público, criar um forte movimento de cidadãos e financiar massivamente a investigação científica. O prazo para a campanha terminou em meados de setembro e o objetivo não foi plenamente alcançado, mas quase: no total, foram recolhidos 52.369€, oriundos de quase 400 donativos diferentes, entre os quais se encontra o da Academia do Bacalhau de Paris, no valor de 3.000€. Um dos principais usos dos fundos será o financiamento do primeiro documentário completamente dedicado à Miofascite Macrofágica. As gravações arrancaram ainda antes de terminada a campanha, com recurso a empréstimos que a associação contraiu para pagar os 55.000€ necessários para a conclusão do projeto. 40.000€ dos fundos angariados destinam-se ao documentário, que será financiado em 15.000€ por parlamentares que se associaram à causa.

Outra das diretivas sustentadas pelos fundos angariados na campanha é a da investigação médica, para a qual a E3M dirigiu 12.000€ (faltando 5.000€ para alcançar o objetivo inicial neste domínio). A investigação será levada a cabo pelos Professores Gherardi e Authier, no quadro de um cofinanciamento com a Ile-de-France. A associação espera ainda recolher mais 3.000€, que destinará à organização do evento “Por vacinas sem alumínio: 7 dias para agir”. Apesar da campanha estar terminada, a associação ainda tem muito por fazer. A luta é difícil e, muitas vezes, desproporcional, tendo em conta que esta é uma batalha contra a indústria farmacêutica. Suzette Fernandes, portuguesa, vice-presidente da E3M, não desiste e tem tentado sensibilizar a comunidade portuguesa em França para a o assunto, assim como encontrar financiamentos, tal como aconteceu com o apoio da Academia do Bacalhau à E3M. Para ajudar a E3M na sua causa, o público tem três opções: fazer um donativo regular que ajude a associação de forma contínua; participar no evento “Por vacinas sem alumínio: 7 dias para agir” que a associação organiza todos os anos em outubro; ou contribuir com as suas competências, nomeadamente profissionais. Para saber mais sobre este movimento, pode consultar o site www.vaccinssansaluminium.org.


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ABP e Rotary Club ajudam crianças a ver o mar Em Conflans-Sainte-Honorine (78), havia um grupo de crianças com deficiência, das quais muitas nunca tinham visto o mar. A professora que os acompanha decidiu que essa situação tinha que mudar e pôs mãos à obra para proporcionar a estes meninos e meninas, entre os seis e os dozes anos, uma nova e encantadora experiência. Pauline Poisson estava a lecionar pelo segundo ano consecutivo na Escola Elementar Gaston Rousset, em ConflansSainte-Honorine, dando aulas a alunos com deficiência mental, incluídos no projeto CLIS (Classe Pour l’Inclusion Scolaire). No ano anterior, organizou um projeto de História que, através de intervenções, espetáculos e deslocações permitiu aos alunos dar um sentido às aprendizagens que iam fazendo. Também Pauline aprendeu algo nesse ano: que os seus alunos tinham muito poucas noções do território rico em que se encontravam, na confluência dos rios Sena e Oise. Assim, no ano letivo de 2015/2016, decidiu organizar uma viagem para estas crianças subordinada ao tema “O rio Sena e os seus atores”. A ideia era fazer um percurso ao longo do rio Sena, na Normandia, terminando em Rouen, onde o rio desagua. Mas para proporcionar uma experiência destas a este grupo de crianças com deficiência mental, eram necessários fundos. A professora dirigiu-se ao Rotary Club de Conflans-Sainte-Honorine e aí encontrou não só a abertura desta associação mas também uma pessoa que acabaria por se revelar vital neste projeto: Paula de Sousa, que pertence ao Rotary Club, é também comadre na Academia do Bacalhau de Paris e levou a história desta professora e dos seus alunos a uma reunião de direção da Academia. O projeto foi acolhido com entusiasmo pelos compadres presentes, que decidiram apoiar a iniciativa com mil e quinhentos euros. Corria o mês de maio de 2016 quando se deu esta reunião. A 28 de junho,

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a professora e as cerca de vinte crianças partiram em direção à Normandia, numa viagem de descoberta que durou três dias e permitiu a muitas daquelas crianças ver o mar pela primeira vez. A primeira paragem foi Vernon (27), onde fizeram um piquenique, seguindo daí para Giverny. Ao início da tarde, chegaram a Rouen (76), onde visitaram o porto. A noite foi passada num alojamento em BoisGuilbert. No dia seguinte, quarta-feira, o grupo visitou a Maison de l’Estuaire Pont de Normandie, onde participou num atelier pedagógico intitulado “La Mare”. A tarde desse dia foi dedicada a visitar Honfleur (14) e Trouville. O último dia de viagem começou com uma visita histórica a Rouen, à qual se seguiu uma passagem pelo castelo Gaillard, nos Andelys (27), e o percurso de volta a Conflans-Saint-Honorine.


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Tiago Sobreira: maior ação solidária da ABP A família Sobreira chorava ainda a partida precoce de Sónia, que tinha sucumbido a um cancro colorretal, quando recebeu a terrível notícia de que Tiago, seu irmão, padecia também de doença oncológica. O jovem de 27 anos já tinha sido operado a um tumor neuroectodérmico primitivo no final de 2012 e este tinha sido completamente removido. A má notícia tinha dado lugar à esperança mas esta não durou muito. Em maio de 2013, apenas um mês após o falecimento da irmã, Tiago começou a sentir dores fortes na perna direita, que se foram intensificando até ser internado no IPO de Coimbra, onde lhe foi diagnosticado um cancro no tórax com metástases na coluna e bacia. Começou a fazer sessões de quimioterapia e passou a ter que andar de cadeira de rodas e a usar um colete de proteção da coluna. Com o objetivo de tentar combater a doença da forma mais eficaz possível, a família contatou uma clínica na Alemanha que administra tratamentos com células dendríticas, que atuam ao nível do sistema imunitário. Para fazer esse tratamento, Tiago precisava de se deslocar à Alemanha uma vez por mês, onde lhe seria administrada uma vacina. O problema é que cada vacina tinha o custo de cinco mil euros, valor ao qual se acresciam as deslocações. E a família Sobreira tinha gasto todas as suas posses na luta contra o cancro de Sónia. Começou então uma campanha de sensibilização junto da população de maneira a ajudar o jovem: “Todos não somos demais, no apoio ao Tiago”.

Foi a maior quantia angariada pela ABP até à data e a maior desde então também A campanha começou a ganhar alguma dimensão em termos nacionais e a ser disseminada nas redes sociais. Foi precisamente no Facebook que Irene de Oliveira, comadre da ABP, tomou contato com a história de Tiago. A primeira coisa que lhe chamou a atenção foi o facto de Tiago e a sua família serem originários de Souto da Carpalhosa, muito perto da sua terra, Bidoeira de Cima, no concelho

de Leiria. Quando leu com mais atenção, viu que, inclusivamente, conhecia o pai de Tiago, Abel Sobreira. Nem queria acreditar que uma história tão terrível se estava a desenrolar na sua zona! Decidida a fazer algo para ajudar, Irene contatou o primo de Tiago, Nelson Domingues, que era o responsável pela campanha “Todos não somos demais, no apoio ao Tiago”. Aí descobriu que Tiago precisava de 85 mil euros para fazer o tratamento na Alemanha mas, até à data só tinha conseguido angariar 15 mil. Mesmo sem conhecer Tiago pessoalmente, Irene imaginou-se no lugar dos seus pais e, sensibilizada com a situação, Irene deitou mãos à obra. Começou a pedir apoios a algumas empresas e, entusiasmada pela boa recetividade que estava a ter, levou o caso até à direção da Academia do Bacalhau de Paris, onde a reação não foi diferente: os compadres decidiram organizar um jantar

de apoio a Tiago Sobreira, que viria a ser um dos eventos com mais participação na história da ABP. Toda a gente se mobilizou: o jantar foi realizado na Sala Vasco da Gama, oferecida pelo Comendador Armando Lopes, o compadre Fernando Lopes fez a divulgação do evento na Rádio Alfa, várias pessoas ofereceram-se para servir à mesa, o compadre Manuel da Ponte disponibilizouse a cozinhar o jantar e fê-lo com produtos oferecidos por inúmeros compadres e comadres. Entretanto, a palavra foi passando, salientando como era importante apoiar o jovem Tiago. No dia do evento, compareceram na Sala Vasco da Gama mais de 350 pessoas! Enquanto estavam todos reunidos naquele jantar de apoio a Tiago, foi feita uma chamada para o jovem, em Portugal, em que ele agradeceu o apoio de todos os que estavam empenhados em ajudá-lo. A emoção foi visível em muitos dos


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irmãos guerreiros descansavam juntos. A comadre Irene comunicou o falecimento de Tiago à ABP, que decidiu enviar uma coroa de flores para o funeral.

Os pais de Tiago e Sónia tinham perdido dois filhos num curto espaço de tempo e tinham perdido também todos os meios financeiros

rostos presentes. Impulsionada pela ação de Irene de Oliveira, a Academia do Bacalhau de Paris angariou quinze mil euros para Tiago Sobreira naquela noite. Foi a maior quantia angariada pela ABP até à data e a maior desde então também. Devido à sua campanha de mobilização por Tiago, Irene recebia centenas de mensagens de apoio mas passava-as todas a Tiago, contribuindo para lhe dar ânimo. Até que chegou a altura de os dois se conhecerem. Irene deslocou-se a casa de Tiago, que nos últimos meses tinha estado paralisado, tendo que usar sempre um colete de proteção da coluna. A esposa, enfermeira de profissão, tinha deixado de trabalhar para poder cuidar dele e acompanhá-lo uma vez por mês nas deslocações à Alemanha. Tinham vindo recentemente de lá, Tiago tinha levado a segunda vacina e esta estava a ter efeitos positivos. Quando viu Irene,

Tiago tinha partido sem conseguir usar todos os frutos da generosidade das pessoas que se sensibilizaram com a sua causa. Ao todo, a campanha “Todos juntos não somos demais, no apoio ao Tiago” tinha angariado 110 mil euros. Algum tempo depois, Irene Oliveira foi contatada pela família de Tiago, que lhe comunicou que ele tinha deixado uma carta a sugerir que os fundos restantes fossem usados para ajudar crianças que tivessem a mesma doença que o tinha atingido. Perguntaram-lhe qual a sua opinião e Irene disse que achava que o dinheiro deveria ter um outro fim: os pais de Tiago e Sónia tinham perdido dois filhos num curto espaço de tempo e tinham perdido também todos os meios financeiros na esperança vã de os salvarem. Além Tiago afastou os familiares que o ajudavam disso, pouco tempo depois do falecimento a pôr-se em pé: “Deixa-me”, disse. Levantou- de Tiago, o pai cegou, tornando a vida do se e andou até Irene. casal ainda mais dura. Irene tomou, por Desde aí, Tiago nunca mais pôs o colete. isso, a liberdade de entregar o dinheiro que Começou a fazer uma vida com mais restava da doação da ABP aos pais de Tiago, mobilidade e parecia estar a recuperar bem de maneira a que pudessem ter condições até que, uns dias antes de embarcar para a para viver sem tantas dificuldades e a Alemanha, onde iria levar a terceira vacina, que conseguissem dar uma campa digna disse à esposa que não se estava a sentir aos filhos. Foi então erigida uma lápide bem. Lídia chamou a ambulância mas, ainda na campa dos irmãos guerreiros com uma antes de os bombeiros chegarem, Tiago menção a todas as pessoas que os ajudaram. teve uma paragem cardíaca. No caminho A ABP figura em primeiro lugar nessa lápide, para o hospital, ainda consciente, disse à devido ao enorme contributo, motivado pela esposa “Ainda vamos ter filhos”. Mas Tiago ação incansável de Irene de Oliveira. faleceu na ambulância, com a mão da esposa A história de Tiago Sobreira motivou uma no seu peito. Apesar das vacinas estarem a onda de solidariedade que contagiou contribuir para a recessão do cancro, tinham Portugal de norte a sul e que tocou pessoas também tido um impacto forte no seu em França, Suíça, Luxemburgo, Canadá ou coração, que não aguentou o tratamento. Estados Unidos, pessoas que contribuíram Tiago Sobreira tinha perdido a dura batalha para que Tiago tivesse meios para combater contra a doença. A família decidiu dar-lhe a doença. É que “todos juntos não somos um lugar no cemitério ao lado da irmã – os demais, no apoio ao Tiago”.


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Roupa Sem Fronteiras 2016 Pelo 4º ano consecutivo, a Academia do Bacalhau de Paris organiza uma recolha de roupa, calçado, brinquedos e roupa de casa para distribuir a pessoas em necessidade. Pedindo às pessoas que ofereçam estes bens que, muitas vezes, estão adormecidos no fundo dos armários, estamos a dar-lhes nova vida e a levar um conforto necessário às pessoas que os recebem. A Academia do Bacalhau de Paris, com o apoio de outras Academias do Bacalhau (Lyon, Rouen, Londres, Luxemburgo, Bruxelas e Bordéus), da Santa Casa da Misericórdia de Paris, do Consulado de Portugal em Paris e de mais de duas dezenas de associações, põe à disposição desta iniciativa uma cobertura territorial otimizada que facilita a entrega de bens em diversos pontos de recolha.

Este ano decidiu-se apoiar três estruturas: Emmaüs Solidarité em França A CPCJ de Cabeceiras de Bastos, em Portugal, como já foi feito em edições anteriores Uma associação na Ilha Terceira, em Portugal Conseguimos obter a parceria do supermercado Intermarché de Fafe, perto de Cabeceiras de Basto, para nos ajudar a distribuir produtos de primeira necessidade.

Além disso, ao montante do nosso donativo, o Intermarché de Fafe acrescentará mais 10%. Contamos também com a empresa MRTI, transportadora internacional, e da companhia aérea Aigle Azur, que asseguram o transporte dos objetos de França para Portugal continental e para os Açores. Os bens que ficarem em França serão recolhidos pela Emmaüs Solidarité.

A operação « ROUPA SEM FRONTEIRAS 2016 » tem lugar entre o sábado, 19 de novembro, e a sexta-feira, 25 de novembro O sábado 26 e o domingo 27 são consagrados à triagem e à embalagem dos bens para que possam partir o mais rapidamente possível para as instituições apoiadas.

Este ano recolheremos : Roupa e calçado para crianças dos 0 aos 16 anos Roupa e calçado para adultos Jogos para crianças e adultos Roupa de casa (lençóis, edredons, toalhas…) Produtos alimentares não perecíveis e produtos de higiene para o corpo e para a casa que serão depois distribuídos pela Santa Casa da Misericórdia de Paris Para facilitar a triagem, recomendamos que, dentro da medida do possível, separem os bens por tamanho e os coloquem dentro de sacos ou caixas, deixando-os depois nos pontos de recolha. Os pontos de recolha podem ser consultados em facebook.com/ roupasemfronteiras ou telefonando para a Rádio Alfa através do 0145109860.


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Agosto… querido agosto… Todos os anos por altura do verão é sempre o mesmo frenesim, a mesma ânsia do destino, a mesma azáfama, a mesma alegria no regresso às origens, à terra, ao convívio dos familiares e dos velhos amigos. Este reencontro tão especial para a grande maioria dos portugueses que vive fora do país serve naturalmente para matar saudades, inteirar-se das novidades da terra e das suas gentes, enfim, contar as vivências durante praticamente um ano de ausência. E este ano houve muitas estórias para contar e respostas a questões dos nossos familiares e amigos…especialmente quando íamos até uma esplanada para tomar uma bebida fresca ou comer um gelado, momento ideal para uma cavaqueira… As conversas giraram, entre outras, à volta dos atos terroristas em França e da conquista de Portugal do Europeu de futebol, “na barba dos franceses”. Ah, o terrorismo, um dos cancros do nosso tempo… É humano sentir receio mas temos de continuar no nosso dia-a-dia, sabendo que a luta e a prevenção continuarão a ser feitas pelo Estado francês. Quanto ao futebol, aí é outra ‘’loiça’’… Muitos portugueses reagiram mal, e com razão, às criticas de alguns jornalistas e comentadores feitas à seleção das quinas, que foi campeã da Europa. Essas críticas não tinham cabimento e algumas até foram mesquinhas mas podemos considerar que foi mais por despeito… viram-se com o troféu nas mãos antes do tempo. Mas tudo isto não foi mais do que uma simples animosidade. Todos nós sabemos que os nossos amigos franceses gostam de Portugal. Entre 2014 e 2015, mais de um milhão visitou o nosso país e cerca de 25 mil ali se instalaram. Nas nossas conversas veio à baila a iniciativa do Presidente da República em comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em Paris. Marcelo Rebelo de Sousa recebeu os representantes da comunidade portuguesa no Hotel de Ville da cidade-luz, tendo como convidado de honra o seu homólogo francês, François Hollande. Este dirigiu-se à nossa comunidade com apreço e elogios, prometendo incrementar o ensino da língua de Camões em França, afirmações que não caíram na orelha de um surdo… No quadro das comemorações do 10 de junho foram condecoradas com pompa e circunstância, com a ordem da liberdade, as porteiras portuguesas que recolheram e

salvaram refugiados da sala de espetáculos do Bataclan, investido por terroristas na noite fatídica de 11 de novembro de 2015. Mas certamente com grande honra para a Academia de Bacalhau de Paris, dois compadres também foram condecorados com a ordem do mérito, Joaquim Silva e Sousa, Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Paris, e Valdemar Francisco, empresário e Presidente da Associação “Les Amis du Plateau” de Champigny. Para eles aqui fica um Gavião de Penacho. Voltando ao nosso querido mês de agosto… Este ano as temperaturas foram muito altas, um dos meses mais quentes desde 1931, e como consequência direta, os incêndios deflagraram de norte a sul do país. É de louvar o trabalho realizado pelos bombeiros, pelas populações e mesmo por muitos emigrantes que não tiveram mãos a medir na luta contra as chamas devoradoras das nossas florestas. Um país não pode conformar-se em ver todos os anos grandes fogos florestais. Mais do que os combater é necessário pôr em prática a sua prevenção. Daí ser urgente uma reforma para melhor gerir as florestas, para que sejam uma fonte de riqueza e não de empobrecimento e perda de bens para as populações. A justiça deveria ser mais punitiva para com os ateadores de fogos porque muitos desses fogos são de origem criminosa, segundo fontes oficiais. E assim as férias mais quentes dos últimos anos chegaram ao fim… todos regressaram aos seus países de acolhimento com o desejo intrínseco de continuar a imortalizar o nosso tão querido mês de agosto. Um Gavião de Penacho!

DEPOIMENTOS DE COMPADRES

POR RICARDO JOSÉ


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Opinião POR VITOR LOPES GIL 1. A deslocação que fiz a Paris no último 10 de junho proporcionou-me a ocasião de vários encontros. Um deles foi com o presidente da Academia Carlos Ferreira e outros compadres, no âmbito do qual se falou da hipótese de colaborar na presente edição da Revista com um texto sobre um ou mais episódios da história mais recente da nossa Academia, um desses episódios que por um ou outro motivo, sem outro critério de escolha senão o meu próprio, fosse oportuno recordar. Dito isto, fica esclarecido o motivo desta minha contribuição, bem como o contexto da sua génese.

Foi então deliberado enviar-se uma carta a convidar os candidatos das duas principais forças políticas para um jantar-tertúlia 2. Diz o ditado que recordar é viver, revelando a sabedoria popular nessa fórmula plena de beleza e simplicidade a importância que as recordações, as tradições que vão passando de geração em geração e a memória dos usos e costumes de que as pessoas se vão servindo têm para o normal e harmonioso

funcionamento das coletividades e dos agrupamentos de que fazem naturalmente parte. No artigo intitulado “A Cidade das Memórias”, publicado na revista “As Artes Entre As Letras” de junho último, o Prof. Salvato Trigo, Reitor da Universidade Fernando Pessoa e compadre da Academia do Bacalhau do Porto, começa por afirmar que “Aos sete anos, diziam-nos, era o início da idade da razão, a partir da qual a memória se torna verdadeiramente vinculativa aos dois eixos da nossa existência – o eixo do tempo, que nos constrói o ser, e o eixo do espaço, que nos condiciona o estar”. É o início do artigo mas que só por si é suficiente para avivar na nossa consciência a natureza e o devir dos condicionamentos resultantes daqueles dois eixos, a começar pela noção da finitude da vida e pelo correspondente sentimento de que se a existência tem limites importará salvaguardar em devido tempo o resultado do nosso labor, o património construído ao longo dos anos, tanto material, como imaterial, e assegurar a sua transmissão às novas gerações. Nessa linha, as recordações, as tradições e, em suma, a memória que vamos com elas construindo, constituem um património importante a preservar e a transmitir, comparáveis a uma bússola ou, numa versão mais moderna, a um GPS. São assim como que uma orientação e um sentido para a vida. 3. Entre as múltiplas recordações que poderia aqui evocar, decidi optar por lembrar a deliberação aprovada pela direção da Academia de aproveitar a campanha das presidenciais de 2012 para promover na sociedade francesa a sua imagem e os seus

objetivos, a exemplo aliás de iniciativas organizadas um pouco por toda a França por significativo e diversificado número de organizações da sociedade civil. A ideia surgiu assim um dia, sem qualquer outro objetivo, no desenvolvimento de uma conversa entre vários compadres, passando pouco depois para o âmbito da direção, então presidida pelo compadre António Fernandes, que a submeteu a um rigoroso e exigente debate, dadas as possíveis incompatibilidades com as Normas da Academia e a preservação dos seus princípios de independência e neutralidade a nível político, religioso e económico. Num estado mais avançado da discussão, adquirido já o consenso da generalidade dos membros dos órgãos sociais, para cujas reuniões era sistematicamente convidado, quanto à compatibilidade da ideia com as Normas e princípios da Academia, foi então deliberado enviar-se uma carta a todos os candidatos sobre dois dos temas mais candentes da comunidade - a situação do ensino do português em França e a criação em Paris de um espaço dedicado à lusofonia - e convidar os candidatos das duas principais forças políticas para um jantar-tertúlia com o propósito assinalado no convite de os ouvir sobre o seu programa de ação e, em particular, sobre os dois temas referidos. A carta seguiu para todos os candidatos, na esperança, ainda que ténue, da aceitação do convite por parte dos candidatos da UMP, o presidente Nicolás Sarkozy, e do PSF, François Holande. Concomitantemente, foi procurado o cenário ajustado à importância e significado do jantar e depois de muita errância por Paris dos compadres António Fernandes, Carlos Ferreira e de mim


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próprio, seleccionou-se o restaurante Chez Françoise, um dos estabelecimentos mais prestigiados da zona dos “Invalides”, próximo da Assembleia Nacional e, em razão dessa proximidade, frequentado pela generalidade da classe política. As respostas à carta foram chegando dos serviços de apoio dos vários candidatos e ao jantar, não tendo estado presentes os candidatos convidados, cada um deles fezse, todavia, representar por um deputado do respetivo grupo parlamentar. A sala do restaurante, cuja exclusividade não fora intencionalmente solicitada, quase encheu com compadres, comadres e os respetivos convidados. Havia, por conseguinte, outras pessoas alheias ao evento e muitas delas mostraram interesse em conhecer o historial da Academia e os motivos do jantartertúlia. O diálogo com os dois deputados primou pela abertura por eles revelada para apreciar os temas propostos e responder às questões postas pelos participantes na tertúlia, entre os quais se contava o Embaixador Seixas da Costa.

A iniciativa da Academia foi assim premonitória, que o tempo decorrido ajuda a melhor avaliar o seu significado e alcance 4. Depois destes quase cinco anos passados, é com incontida satisfação constatar que o convite que a Academia dirigiu ao então candidato à presidência da República Francesa para um encontro com os portugueses de França veio finalmente a realizar-se no quadro da sessão solene das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas que este ano teve lugar na Câmara Municipal de Paris, convocada pelo Presidente da República Portuguesa, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que partilhou com o Presidente François Hollande a respetiva presidência. Quem o poderia imaginar em 2012? De igual modo, os temas propostos na altura foram temas a

que os dois presidentes deram particular destaque nas suas intervenções, sobretudo o tema do ensino do português. A iniciativa da Academia foi assim premonitória, que o tempo decorrido ajuda a melhor avaliar o seu significado e alcance. É ainda de constatar que se a Academia e a obra que tem vindo a desenvolver nas suas áreas de intervenção não mereceu uma referência específica no contexto dos discursos alusivos ao 10 de junho e à comunidade portuguesa, foram, todavia, alguns dos seus membros que mais estiveram em evidência com a atribuição do grau de comendador da Ordem de Mérito aos compadres Joaquim Sousa e Valdemar Francisco e do grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique ao compadre Gérard Bloncourt. Um motivo para que a Academia se sinta

orgulhosa e de certa maneira compensada do seu trabalho. 5. Como mais acima escrevi, as recordações e a memória por elas constituída dão-nos ensinamentos e orientações para o fututo. E a esse respeito, ao concluir esta minha evocação, quero lembrar que as próximas presidenciais estão à porta. São já no próximo ano. Em 2017. Lisboa, 31 de agosto de 2016

Quero lembrar que as próximas presidenciais estão à porta


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Sobre a amizade POR LÚCIA FERREIRA

Há cerca de dez anos que a Academia do Bacalhau de Paris entrou na vida da minha família. O meu marido, o atual presidente da ABP, Carlos Ferreira, foi convidado para ir a um jantar. Curioso, disse que sim. E o que começou como uma brincadeira rapidamente se tornou uma parte importante da nossa vida. Foi no período que antecedeu o Congresso das Academias do Bacalhau em Paris que ele se começou a envolver mais na associação, e eu fui-lhe seguindo as pisadas. Confesso que ao início não sabia muito bem o que pensar da Academia: era tudo desconhecido e, convenhamos, à época era também um mundo quase exclusivamente masculino. Mas a Academia de Paris foi-se abrindo cada vez mais às senhoras e tenho a honra de

poder dizer que fui das primeiras comadres oficiais. Por outro lado, comecei a ganhar o gosto pelo movimento, a entusiasmar-me com os projetos solidários desenvolvidos e a fazer amizades no seio da Academia. Ao fim destes anos, posso dizer, de coração cheio, que foi precisamente isso o que a Academia me trouxe de melhor: as pessoas extraordinárias que conheci e com quem vivi experiências marcantes e criei memórias para a vida. Pessoas sinceras, de coração bondoso. Pessoas que despertam em nós a gargalhada e que sabem animar uma noite de convívio com a sua graciosa maneira de estar. Pessoas com quem, de outra forma, nunca teria tido contato. Tenho feito muitos amigos em Paris mas também por esse mundo fora: compadres

e comadres de Academias dos quatro continentes que tive o prazer de conhecer em eventos como os Congressos ou os torneios de golfe em Portugal. De que outra forma é que a minha vida se cruzaria com a de portugueses que vivem na África do Sul, nos Estados Unidos ou na Venezuela, por exemplo? Mas a distância acaba por se tornar insignificante quando nos cruzamos com pessoas que partilham os mesmos valores que nós, entre os quais os pilares da Academia, da amizade, solidariedade e portugalidade. Na Academia somos todas comadres, somos todos compadres. E, para mim, isso é fundamental. Quem for contra esse princípio, fazendo uso do seu estatuto social ou da sua profissão para se demarcar dos demais, não entende o verdadeiro significado das palavras “compadre” e “comadre”. Somos todos amigos – é essa a base. Mas também se diz que os amigos são para as ocasiões e, sendo sincera, ao longo dos anos de mandato do meu marido, vi muitas ocasiões em que os amigos não estiveram presentes. Ser presidente de uma associação como a Academia do Bacalhau é muito mais do que dar a cara e envergar o título. É dar horas e horas de trabalho, horas que podiam ser dedicadas à família mas que são postas ao serviço dos outros, da comunidade, de quem mais precisa. É ter ambição e força de vontade para levar para a frente um projeto que é de todos mas para o qual só alguns contribuem.

O que a Academia me trouxe de melhor foram as pessoas extraordinárias que conheci. A terminar, deixo o apelo a que cada um de vós reflita sobre o verdadeiro sentido da palavra “amizade”, sobretudo no seio das Academias do Bacalhau. Deixo também um “obrigada” a todos os amigos e amigas que fiz ao longo destes anos por todos os momentos felizes que partilhámos. Que venham muitos mais!


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O Carlos já era presidente antes de o ser POR CRISTINA SOARES Apesar de viver em França desde os meus dezoito anos, sempre me mantive afastada dos meios associativos. Não por algum desmérito dos mesmos mas porque nunca senti um apelo forte para fazer parte de nenhuma associação nem para me envolver na vida da comunidade portuguesa residente em França. Mas tudo isso mudou há cerca de seis anos, quando Carlos Ferreira, amigo do meu marido, nos convidou para participar num jantar da Academia do Bacalhau de Paris. À época, o Carlos ainda não era presidente da ABP mas estava fortemente envolvido nas atividades da associação, demonstrando já o empenho e a vitalidade que imprime a todos os projetos em que se envolve. Aceitámos o convite que nos foi endereçado e foi com muito agrado que participámos no nosso primeiro jantar da Academia do Bacalhau de Paris. Desde aí, tanto eu como o meu marido mantemo-nos ligados a esta bela associação que nos tornou mais atentos e sensíveis aos imensos casos de pessoas que precisam de uma mão amiga. Infelizmente sao muitas a precisar do apoio da comunidade.

Muito obrigada, Carlos, pela tua amizade ao longo destes anos

rodear de um prezado grupo de amigos e conselheiros. Em conjunto, desenvolveram um trabalho notável em prol desta associação e tiveram um impacto muito Por outro lado, também nós somos muitos: positivo na vida de dezenas de pessoas, que somos dezenas de comadres e compadres que partilhamos dos mesmos valores e que, apoiaram através de projetos solidários. Mas já antes de assumir o cargo de estamos empenhados em trazer um pouco presidente, o Carlos tinha, claramente, de reconforto às pessoas necessitadas. uma posição de líder, de motivador, de Mas nunca teria conhecido este grande alguém que faz o grupo andar para a frente. grupo de amigos se a Academia do Lembro-me perfeitamente da paixão na sua Bacalhau não existisse e, sobretudo, se o voz ao falar-nos da ABP pela primeira vez. Carlos Ferreira não nos tivesse convidado O Carlos é uma pessoa aberta, dinâmica a descobrir a ABP. É por isso que quero e muito generosa, que gosta de ajudar e aqui deixar-lhe um profundo e sincero agradecimento – muito obrigada Carlos pela partilhar com os outros. Não se importa de dar de si e do seu tempo quando acredita tua amizade ao longo destes anos e por nos teres feito descobrir o mundo das Academias, num projeto e batalha ate ao fim para o ver criando a oportunidade de desenvolvermos o concretizado. Provou-o tantas vezes ao longo destes anos enquanto presidente. nosso lado mais humano e solidário. São precisas pessoas como o Carlos em Durante quatro anos, o Carlos assumiu todos os meandros da vida. Pessoas que um papel de liderança na ABP, fazendo-se

se entregam a causas, que acreditam num amanhã melhor, que trabalham arduamente e contagiam todos com o seu entusiasmo. A Academia do Bacalhau de Paris, e todos os seus compadres e comadres, tiveram a sorte de ter um presidente como o Carlos estes quatro anos. Ele desenvolveu a Academia de uma maneira incrível, tornando-o uma das mais destacadas no seio do movimento e mostrando que, com trabalho, dedicação e amizade podemos levar este projeto muito mais além. A ti, Carlos, mais uma vez, muito obrigada, parabéns por tudo e não mudes nunca!

O Carlos é uma pessoa aberta, dinâmica e muito generosa


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ENTREVISTA Rui Pericão FUNDADOR DA ACADEMIA DO BACALHAU Rui Pericão foi um dos quatro fundadores do movimento das Academias do Bacalhau. Mais que isso, foi ele que reuniu as primeiras pessoas que se foram juntando com o objetivo de promover a portugalidade na África do Sul, no final da década de 60. Depois de se ter investido fortemente nos primórdios do movimento, a atividade profissional levou-o até aos Estados Unidos e depois até Bruxelas. Esteve quatro décadas afastado do movimento que criou, até que recentemente, contatado por Durval Marques, regressou ao seio das Academias. Foi acolhido com o título de “compadre honorário de todas as Academias”. Leve-nos até 1968. Como é que surgiu a Academia do Bacalhau? Eu cheguei à África do Sul em 1966. Como qualquer outro emigrante, ia à procura de uma vida melhor. Comecei a olhar à minha volta, a tentar progredir, e comecei a sentir que havia uma certa reação contra a imigração em geral. Logo a seguir, houve eleições na África do Sul e apareceram os partidos da direita, xenófobos, que diziam mal dos imigrantes e que diziam que os

portugueses eram os piores, que iam para lá roubar as casas aos sul-africanos. Isto começou a intrigar-me e a irritar-me e eu comecei a andar com amigos a indagar o que se estava a passar. O que é que eu descobri? Que aqueles sul africanos “degradados” (muitas vezes, pelo álcool) não iam trabalhar, perdiam as casas e vendiamnas ao desbarato. O português chegava lá, comprava casas a cair de podres, pintava-as, retocava-as e fazia umas casas lindas. E isto a mim espantou-me, achei impossível os sul-africanos criticarem-nos por fazermos isto. Comecei a falar com associações de portugueses na África do Sul porque acreditava que se dizem mal de mim e eu não respondo, a culpa é minha. Só que essas associações portuguesas eram rivais entre si. E quando eu sugeria a uma associação que fizesse algo em colaboração com outra, diziam-me sempre que “nem pensar!”. Comecei a perceber que não estava a chegar a ponto nenhum e que era preciso arranjar outro tipo de gente, um pouco mais instruída, um pouco mais tolerante, mais independente destas associações. Mas eu era um novo emigrante e não conhecia muita gente. Depois apareceu-me um emprego na TAP, como promotor de relações públicas, que me obrigava a ir falar com todas essas pessoas. Comecei a reunilas pouco a pouco, a sensibilizá-las para tudo isso, e às tantas tinha um grupo de gente a ir comer bacalhau comigo à sexta-feira. Isto é a pré-história da Academia. Um dia, nessas funções, apresentei o meu projeto ao Durval Marques, que foi a primeira pessoa que reagiu explosivamente. Começámos logo a movimentar, marcámos um almoço a

que, infelizmente, por razões profissionais ou outras, só apareceram quatro pessoas, mas foram estes quatro que continuaram a debater o assunto entre si, e assim se criou o grupo. Como foram os primeiros tempos do movimento? Eu estive ativo nos primeiros anos da Academia, muito activo. Eu, o Durval, o Ivo Cordeiro e o engenheiro Ataíde fazíamos uma grande equipa, da qual tenho muitas saudades, mas que depois continuou sozinha. Ao início, como éramos poucos e precisávamos de massa crítica para sermos reconhecidos, tive a ideia de dizer que era obrigação de cada membro levar um convidado para cada almoço que partilhasse o espírito daquele grupo. E quem não levasse um convidado pagava multa, foi assim que nasceu a ideia do carrasco. O facto é que em dois ou três meses, passamos de quatro a quarenta. Um dia o Durval disse que o Embaixador queria a nossa ajuda para festejar o 10 de junho, que nunca tinha sido festejado na África do Sul. Nós ajudámos e o 10 de junho de 68 foi a nossa primeira grande manifestação oficial. Qual foi o papel de Durval Marques no início da Academia? O Durval só entrou ao fim de cerca de seis meses porque eu só o descobri nessa altura. E com ele é que as coisas arrancam com muito mais força porque, por um lado, ele tinha mais disponibilidade e, por outro era uma personalidade já bem conhecida no meio. Era um jovem extremamente simpático, ativo, saído da


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Academia (Universidade), de onde tirou ideias como o Gavião de Penacho. Ele passou naturalmente a ser o líder. Ainda que o nosso líder fosse o engenheiro Ataíde, que era uma pessoa de idade, bastante simpática, o líder executivo era o Durval Marques. Como eu trabalhava na TAP nessa altura, como promotor de relações públicas, tinha muitos contactos com os jornalistas e comecei a convidar alguns para virem almoçar connosco, e depois, naturalmente, eles iriam escrever artigos. Assim, pouco a pouco, íamos começando a fazer também as relações da Academia. Além de procurar arranjar massa crítica, queríamos que a Academia fosse também reconhecida como grupo de portugueses diferente do que eram as associações e grupos culturais e desportivos. Nós não éramos de modo nenhum nem elitistas nem exclusivistas. Foi umas das regras desde o princípio, que ao entrar os engenheiros e os doutores ficam à porta, lá para dentro só entram compadres e éramos todos compadres quer fossemos pedreiros, canalizadores, médicos.

responsável pelo controlo de qualidade de mais de vinte fábricas. Eu vivia nos aviões e de vez em quando ia a casa visitar a família em Miami. E também não tive muita oportunidade de encontrar portugueses. Em Miami a comunidade de portugueses era o senhor Ricardo Santos e os sobrinhos. Nenhum deles precisava das ajudas da Academia, nem sequer me receberiam como tal. Portanto eu aí desliguei.

Mas foi-se mantendo a par das novidades? Não, com o trabalho que eu tinha nessa altura, não tinha tempo de manter contacto com os meus pais sequer, quanto mais com a Academia do Bacalhau. Eu andava a tentar sobreviver num novo país e havia também uma certa inveja da posição que eu tinha. Portanto, tive todos esses problemas, tinha que trabalhar muito, e não tinha tempo para me lembrar do que havia na África do Sul. Quando fui para Bruxelas, aí sim, voltei a pensar, até porque passei por Lisboa, fui convidado para a inauguração da Academia de lá, mas aconteceram coisas que me desanimaram em relação ao caminho que a Academia do Bacalhau estava a tomar. Ao fim de uns tempos, afastou-se da vida Tinha deixado de ser aquela organização da Academia… de amigos, camaradas, solidários, alegres, Na África do Sul acabei o curso de com as suas cantorias, para passar a Engenharia, que só ainda não tinha haver tentativas de politizar a Academia. terminado para não ser mobilizado para a Chegaram a fazer-me propostas para fazer guerra como capitão. Depois de me licenciar, lobby junto da Comissão Europeia e para a Coca-Cola ofereceu-me um trabalho. Isto formar gente para partidos políticos dentro passou-se em Joanesburgo, nos anos 69 e da Academia mas isso é contra o ADN da 70. Mas o trabalho era duro e eu tinha que Academia do Bacalhau. trabalhar de dia e estudar de noite, com o mestrado que eles me convidaram a fazer, E tem mantido contato com a Academia de modo que eu acabei por ter cada vez desde que voltou a Portugal? menos tempo para ir à Academia. Por outro Reformei-me em 2002 e voltei cheio de lado, a Academia estava a crescer tanto que vontade de encontrar os meus velhos também já não precisava de mim e eu ia só camaradas e amigos. Infelizmente uma série quando podia. de doenças graves encontraram-me a mim Depois a minha carreira na Coca-Cola primeiro e há dez anos que passo metade desenvolveu-se e, já na concorrência, fui do meu tempo nos hospitais. Até que o para os Estados Unidos. Ainda regressei Durval descobriu que eu estava de volta a a Portugal por pouco tempo, mas logo de Portugal, telefonou-me e foi buscar-me ao seguida fui para Bélgica e foram mais quinze hospital com o Mário Nunes (presidente da anos em que estive desligado da Academia. Academia do Bacalhau de Lisboa). Entretanto comecei a melhorar e estou a Quando foi para os Estados Unidos não apaixonar-me por isto outra vez. teve vontade de levar para lá a Academia do Bacalhau? O que sentiu ao ser nomeado compadre Quando cheguei aos EUA fui para ser honorário de todas as Academias no diretor técnico da região das Caraíbas Congresso de Estremoz? e parte norte da América do Sul, era Senti uma grande honra. Traz-me alegria

“Comecei a perceber que era preciso arranjar outro tipo de gente, um pouco mais instruída, tolerante” e responsabilidades, com certeza. Estou disposto a trabalhar, assim a saúde mo permita. A Academia que existe hoje, 57 academias espalhadas pelo mundo, é o equivalente a uma frota de navios mas que, na minha opinião, está um pouco desgovernada. Não tem um almirante que indique o caminho e está a precisar desse tipo de coordenação. Antigamente éramos reconhecidos pelo dono do restaurante onde íamos comer, hoje somos conhecidos pelas Embaixadas. Por isso temos que unificar um pouco, saber quem somos, o que queremos e para onde vamos. A primeira impressão que tive ao voltar foi a de ficar embasbacado com o que a Academia cresceu desde os tempos em que eu a deixei. Mas começa-me a preocupar um bocadinho o tamanho que isto já atingiu e as dificuldades de gestão. Pensa que é um modelo sustentável ou tem um limite para crescer? Eu julgo que é um modelo sustentável se nós tivermos a força, a capacidade e a massa crítica suficientes para arranjar um grupo centralizador que vá orientar os rumos da Academia, que vá tentar harmonizar o que uns fazem e outros não fazem. E isso tem que ser muito bem pensado, porque não podemos mandar uns nos outros. A Academia cresceu espontaneamente e enquanto continuar a crescer assim nós não podemos chegar aqui e cortar. Há um grupo de gente a pensar que isto vai ter de se reorganizar um pouco mais. Mas concorda com a reorganização? Sim. Os pilares têm que ser mantidos por uma entidade supra Academia. Tem que ser um grupo de velhos, um senado ou um conselho de anciãos que tenha ainda alguma credibilidade, que tenha sobretudo muita memória, que centralize documentação, que escreva a história verdadeira, o mais aproximadamente o possível, tanto quanto nos lembramos dela.



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POR CARLOS PEREIRA

Diretor do Lusojornal

A amaldiçoada estátua de Luís de Camões em Paris

PÁGINA HISTÓRICA

A estátua de Luís de Camões, em Paris, passa praticamente despercebida. Muitos Portugueses residentes na capital francesa nem sabem da sua existência. Não sabem sequer que existe uma avenida Camões avenue Camoëns - no 16° bairro de Paris, ali bem perto da Place du Trocadéro e da Tour Eiffel. A avenida Camões tem pouco mais de 100 metros! Quem está na Place du Trocadéro, vira para a rua Benjamin Franklin e é a segunda à esquerda. Não tem saída. Acaba numa escadaria que vai dar ao boulevard Delessert, a artéria que vem de Passy e vai acabar nos jardins do Trocadéro. Primeiro chamava-se “passage” e depois passou a ser “avenue”. Foi inaugurada em 1904 e era, na altura, uma rua privada, como há muitas em Paris. Foi mandada construir pelo Conde Armand, filho de um antigo Embaixador de França em Lisboa, o Conde de la Rochefaucauld-Bayers.

A estátua está num bairro chique, num lugar nobre, mas tem uma das histórias mais perturbadas das estátuas de Paris! A primeira estátua de Camões foi inaugurada no dia 13 de junho de 1912, quando se celebrava a morte do poeta, em 1580. Na verdade, era um busto enorme, encomendado ao escultor italiano Luigi Betti, instalado num pedestal com cerca de 5 metros de altura. Era, pois, uma obra imponente. Mas a população não gostou! Camões foi um poeta boémio, um Dom Juan que corria atrás de todas as saias que lhe passavam pela frente. Num duelo acabou por ficar sem um olho e os habitantes de Paris 16 não gostaram da ideia de ter, no bairro, uma estátua de um “zarolho”. Certamente não conheciam a história do maior poeta português de todos os tempos, não leram os seus sonetos, desconheciam completamente os Lusíadas e a sua importância na transmissão da epopeia


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marítima dos Portugueses. Desconfia-se até que nem conheciam as Descobertas marítimas dos nossos antepassados... Porque só com o desconhecimento é que se pode explicar as reações virulentas contra a estátua. Atiravam tomates ao pobre busto e passaram a despejar o lixo nos pés do pobre poeta português. Foi um cenário triste. Em Paris havia gente que conhecia Portugal e Camões. A estátua e a avenida tinham sido influenciadas pela Sociedade de Estudos Portugueses, criada no fim do século XVIII, em França, por Xavier de Carvalho, um Republicano que tinha encontrado refugio em Paris, jornalista, correspondente de jornais franceses e portugueses, homem de “bem falar” que soube criar amizades “de topo” na capital francesa, e também em Portugal, como a Rainha D. Amélia, uma francesa que casou com o Rei D. Carlos. Mulher de cultura, muito apaixonada por Portugal, influenciou a criação desta Sociedade de Estudos Portugueses, que acabou por ter como Presidentes de Honra Frédéric Mistral, Anatole France e Jean Richepin.

A estátua desapareceu. Sem que alguém se apercebesse, levaram o busto e o pedestal A inauguração da estátua foi feita “com pompa e circunstância”, ou melhor “à grande e à francesa”. Portugal estava em pleno início da “Primeira República”, procurava-se um Presidente, por isso o país fez-se representar pelo seu Embaixador em França, João Chagas. Coube ao poeta e romancista Jean Richepin fazer o discurso de abertura, empolgante. O Embaixador do Brasil na Bélgica, Oliveira Lima, também discursou, tocou-se a jovem Portuguesa, a Marseillaise e até o hino do Brasil. Foi lida uma carta de Teófilo Braga, a atriz Caristie-Martel, da Comédie Française leu poemas dedicados a Camões, e até houve a participação da cantora javaneza Wilna Knaap! Depois, mais de 200 convidados foram para um repasto no luxuoso Hotel Intercontinental, onde voltou a ser evocada a memória do poeta, com mais discursos, mais hinos e mais palmas. Foi um dia muito bonito. Mas, um ano mais tarde, em junho de 1913,

quando os amigos da Sociedade de Estudos Portugueses se preparavam para prestar mais uma homenagem à memória do poeta épico, a estátua desapareceu. Sem que alguém se apercebesse, levaram o busto e o pedestal. Impossível encontrá-lo. Paris, que era a única cidade - fora de Portugal - a ter uma estátua de Luís Vaz de Camões... ficou sem ela! Mas a saga não acabou por aqui! A Sociedade de Estudos Portugueses acabou por encontrar a estátua realizada por Luigi Betti num antiquário parisiense, recuperou-a e ofereceu-a à prestigiosa Biblioteca Mazarine. Mas os leitores da biblioteca - vá-se lá saber porquê - não gostaram da estátua e a administração, desceu-a à cave, onde ficou alguns anos. Acabou por oferece-la à Fundação Calouste Gulbenkian de Paris, que entretanto tinha sido criada. António Coimbra Martins conta que “chegou numa carreta, embrulhada numa sarapilheira” e que a esposa de Azeredo Perdigão presenciou à chegada. O então Presidente da Fundação decidiu organizar uma inauguração, bem menos solene que a de 1912. Uns anos depois, subiu ao primeiro andar do Centro Cultural que a Gulbenkian teve em Paris, no palacete onde viveu o próprio Gulbenkian. Mas, entretanto, a Fundação vendeu o

edifício e mudou-se para o boulevard de la Tour Maubourg. Não quis levar a estátua e foi pô-la na sede do Centro Cultural Camões, na avenue Raffet, em Paris, só que o Governo decidiu vender o edifício. Foi Miguel Magalhães, atual adjunto do Diretor da Gulbenkian, com “os braços da casa”, que recuperou o badalado busto de Camões para o levar para um pequeno jardim anexo da Casa de Portugal André de Gouveia, na cidade universitária internacional de Paris, onde está atualmente. Discreto, como sempre esteve. Em 1980, graças a um brasileiro, admirador do poeta português, foi mandado construir novo monumento em homenagem a Luís de Camões, e mandado colocar no fundo das escadas da avenida Camões, no sítio onde estava a primeira estátua. Menos imponente, muito mais discreto, o novo busto acabou por ser aceite pelos residentes que, desta vez, não lhe atiraram tomates! Mas uma “maldição” continua a pairar sobre o monumento. Este ano, quando o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, veio a Paris para comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas... esqueceu-se de depor um simples ramo de flores em frente ao autor d’Os Lusíadas.



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Euro 2016: Portugal é campeão!

Era a final com que muitos emigrantes tinham sonhado. Um encontro entre Portugal e França que decidiria quem era o campeão europeu de futebol. Para muitos, ganhasse Portugal ou França, havia motivos para celebrar. Quem tem duas nacionalidades e dois países no coração ganharia o Euro 2016 com a vitória de qualquer uma das seleções. Mas nesse 10 de julho, foi a seleção portuguesa a fazer história. A competição tinha começado precisamente um mês antes, a 10 de junho, Dia de Portugal. Pois o 10 de julho voltou a ser Dia de Portugal – éramos campeões europeus.

Mas a meio da primeira parte, o sonho parecia querer transformar-se em pesadelo: Cristiano Ronaldo lesionou-se num joelho A participação da seleção das quinas na competição foi motivo de muitas críticas. De uma coisa não nos puderam acusar: de falta de consistência. É que dos sete jogos disputados, todos terminaram em empate dentro do tempo regulamentar, exceto o embate contra o País de Gales, que Portugal venceu por 2-0. As exibições de Portugal ao longo do torneio foram granjeando críticas à nossa seleção. O Le Point disse que Portugal “não tinha nada que estar nas meias-finais”. O 20 Minutes chamou-nos nojentos (dégueulasse). Mas jogo após jogo, Portugal foi provando o seu valor e, deixando para trás as seleções da Islândia, da Áustria, da Hungria, da Croácia, da Polónia e do País de Gales, chegou à final do torneio, que disputou com a seleção anfitriã. Portugal estava à beira de fazer história. Só uma outra vez tinha alcançado a final de um torneio europeu e essa tinha tido um sabor bem amargo. Acontecera em Portugal, no Euro 2004, e a Seleção alcançou a final, jogando contra a Grécia. Mas o resultado foi um balde de água fria para o país que se vestiu de verde e vermelho naquele verão de 2004: a Grécia venceu por 1-0, roubando-nos o título de maneira ingrata. No Euro 2016 era Portugal a querer roubar o título ao anfitrião.

Às 21h00, o apito que deu início ao sonho. Mas a meio da primeira parte, o sonho parecia querer transformar-se em pesadelo. Cristiano Ronaldo lesionou-se num joelho e, apesar das inúmeras tentativas, não conseguiu manter-se em jogo. Saiu lavado em lágrimas, deixando a nação com um aperto no coração e olhos colados ao relvado. A primeira parte do jogo foi mais francesa, mas com a equipa portuguesa a resistir bem, apesar da saída prematura do capitão. Na segunda metade, os franceses continuaram à procura do golo mas Portugal manteve o nível e chegou aos 90 minutos com um empate a zero. No prolongamento, aos 109 minutos de jogo, Éder (para muitos, o patinho feio da equipa), recebeu a bola de João Moutinho, libertouse de um defesa francês, rodou para a baliza e colocou a bola no fundo das redes do guardião gaulês. Portugal estava em vantagem a apenas 11 minutos do fim. Ainda mais tensão e um aperto ainda maior no coração, até soar o apito final, aos 120 minutos. Portugal sagrava-se campeão europeu de futebol. Estava realizado o sonho. Estava cumprido o destino.

Palavras de campeões Fernando Santos: “Esta é seguramente a vitória dos portugueses e de Portugal. É um orgulho ser desta nação. Viva Portugal, vivam os heróis de Portugal que estão aqui ao meu lado. Muito obrigado ao povo português”. Cristiano Ronaldo: “Estes jogadores, este treinador e este staff merecem. Entrámos na história de Portugal, fomos os primeiros a ganhar uma prova importante para o nosso país, mas vocês merecem porque sempre acreditam em nós. Muito obrigado a todos”. Éder: “Obrigado a todos por este momento. Estamos muito contentes. Demos tudo em campo por vocês e sabemos que estiveram sempre connosco. Agora é desfrutar deste momento e celebrar todos os dias. É feriado”!


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AGENDA ENTREVISTA Luís Filipe Reis Com vinte e cinco anos de carreira, Luís Filipe Reis tem cantado um pouco por todo o mundo, matando as saudades da música portuguesa a milhares de emigrantes. Residente em França, é uma pessoa que gosta de contribuir para o bem-estar da comunidade e, prova disso, é o facto de se ter tornado compadre da Academia do Bacalhau de Paris em abril de 2016. Lançou recentemente um novo álbum, “Descobri que te amo”. Quer apresentarnos este trabalho? Trata-se um trabalho de nove temas originais mais um medley francês de homenagem a Mike Brant, um trabalho de muita qualidade que levou cerca de um ano a gravar, sem pressas, mas acima de tudo um trabalho com temas de amor e sentimento com os quais eu me identifico muito. Com quem trabalhou na realização deste álbum? Trabalhei em parceria com uma excelente equipa, com músicos profissionais e com produtores de referência e juntos fizemos um excelente trabalho.

por parte do público em geral, o que me deixa muito feliz. Depois de todos os grandes concertos que fiz recentemente em grandes salas, como o Coliseu de Lisboa, Coliseu do Porto, Olympia em Paris pela terceira vez, a festa da rádio Alfa, os concertos de verão, espetáculos por toda a Europa, Estados Unidos, Canadá, etc, vou dar continuidade à promoção deste novo disco que ainda tem muito para dar e estou já a agendar grandes salas para breve.

Um fator cada vez mais importante na gestão das carreiras artísticas é o contato com os fãs através das redes sociais. Usa estas plataformas para estabelecer contato com as pessoas que o seguem e apoiam? Sim, sem dúvida que hoje em dia as redes socias são uma ferramenta muito importante para estar junto do nosso público e fãs, e eu tento sempre que possível interagir com os fãs e amigos porque é muito importante para eles também.

Como é o seu processo criativo? Tem hábitos e rotinas para criar? Não tenho grandes hábitos nem rotinas, a inspiração vem quando menos esperamos e como já nasci romântico, a inspiração e a criação tornam-se mais fáceis.

Tem desenvolvido a sua carreira em Portugal também mas, sobretudo, junto das comunidades portuguesas no estrangeiro, nomeadamente em França. Encontra diferenças entre os dois públicos? Foi França que me abriu as portas para gravar o meu primeiro disco e isso nunca esquecerei. Depois gravei em Portugal, onde comecei a ter os meus sucessos e a ser convidado para cantar em muitos países para a nossa comunidade. Não posso dizer que haja grande diferença, os portugueses em geral, seja cá em Portugal ou noutros países, apoiam a nossa música e quando vão assistir aos nossos espetáculos é porque gostam e é para se divertirem.

Para que as pessoas possam descobrir um pouco mais do Luís Filipe Reis enquanto pessoa, quer fazer os nossos leitores Como está a ser o trabalho de promoção do descobrir aquilo que mais ama na vida? álbum? Tem concertos agendados? Se sim, O que mais amo na vida é estar em palco, onde e em que datas? fazer música, criar, produzir, é fazer as Este trabalho está a ser bastante divulgado pessoas felizes com a minha música e dare promovido nas televisões, rádios e lhes alegria. imprensa escrita e com grande aceitação


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Com 25 anos de carreira, qual é o balanço que faz? Sinceramente nem dei conta de terem passado 25 anos, quando se gosta do que se faz, quando se luta para se ter sucesso e reconhecimento nem damos pelo tempo passar, o fundamental é sabermos manter o sucesso, que nem sempre é fácil, e essa tem sido sempre a minha preocupação.

“Os portugueses em geral, seja cá em Portugal ou noutros países, apoiam a nossa música” Para a comemoração destes 25 anos, atuou, pela terceira vez, no Olympia. Ao fim de tantos anos de carreira, que importância têm marcos como este? Esta terceira vez no Olympia teve um sabor diferente, havia a preocupação por causa dos atentados que tinham ocorrido um mês antes em Paris, existia o medo das pessoas evitarem sair para assistir aos espetáculos, havia aquela angústia normal de um espetáculo nessa grande sala, mas graças a Deus os portugueses apoiaram-me e eu tive a sala cheia. Quero agradecer também o

apoio fundamental de todos os empresários portugueses radicados em França e da Rádio Alfa. Juntos contribuíram para a realização de um concerto de sucesso. O meu muito obrigado. Há algum objetivo em concreto que queira alcançar com a sua vida artística? Há sempre objetivos para alcançar, há sempre coisas para fazer, queremos sempre fazer mais e melhor, sempre com exigência, rigor e qualidade.

levou a conhecer e que me apadrinhou, o que desde já agradeço. Em junho de 2015, atuou na gala da ABP sem cobrar cachet. É algo que faça frequentemente? O que o leva a tomar uma decisão dessas? Faço muito este tipo de espetáculos de solidariedade mas é algo que não costumo divulgar, tem a ver com a minha maneira de ser.

“Esta terceira vez no Olympia teve um sabor diferente, havia a preocupação por causa dos atentados”

Em 2015 lançou um livro autobiográfico, “O Segredo”. O que o levou a abraçar este projeto? Até escrever este livro pouco falei de mim, do difícil percurso de construir uma carreira, das dificuldades que passei para chegar onde cheguei e achei que era o momento de partilhar com os meus fãs toda a minha luta. Neste livro são contados episódios que nunca tinham vindo a público e, graças a Tornou-se compadre da Academia do Deus, o público aderiu, visto que já fez com Bacalhau de Paris em abril de 2016. O que que este livro esteja na segunda edição. o levou a dar esse passo? Identifico-me muito com o lema de fazer Como tomou conhecimento do movimento bem e ajudar os outros e a solidariedade da Academia do Bacalhau? está bem presente na Academia do Já tinha grandes amigos que pertenciam à Bacalhau e em todos que dela fazem parte, Academia do Bacalhau mas foi através do e para mim é um enorme gosto fazer parte meu amigo Mário Sousa. Foi ele que me desta família.


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Amadeo de Souza-Cardoso em destaque em Paris “Amadeo de Souza-Cardoso, pintor português” – consta que foi assim que se apresentou ao chegar a casa dos artistas e futuros amigos Robert e Sonia Delaunay, em Paris, aquando da sua chegada à capital francesa. Apesar da magnífica obra que deixou, Amadeo de Souza-Cardoso não é um nome que dispense apresentações – culpa, principalmente, da morte prematura aos 30 anos de idade. Não é comum o Grand Palais, em Paris, apresentar exposições sobre nomes tão desconhecidos do grande público. Mas de 20 de abril a 18 de julho de 2016, Amadeo de Souza-Cardoso esteve em destaque “num grande momento da cultura portuguesa e um grande momento de aproximação entre Portugal, França e as suas comunidades, tomando como pretexto um grande artista – talvez o maior pintor português do século XX”, nas palavras de João Caraça, diretor da delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian. A Fundação Calouste Gulbenkian foi a organizadora da exposição e a mesma está enquadrada nas comemorações do cinquentenário desta instituição em Paris, que aí abriu portas em 1965.

Em Paris, esteve no centro das grandes vanguardas artísticas da época

Souza-Cardoso foi até descrito pelo historiador de arte Robert Loescher como “um dos segredos mais bem guardados dos Pelos corredores do Grand Palais, os primeiros anos do modernismo”. visitantes tiveram a oportunidade de apreciar cerca de 300 obras de arte: 250 do Amadeo dizia ter “tantas fases como a próprio Souza-Cardoso e outras de artistas lua”. Foi um criador prolífico que cruzou correntes e soube navegar como ninguém que lhe foram próximos, como Modigliani, pelas diferentes expressões artísticas do Constantin Brancusi e o casal Robert e Sonia Delaunay. Às obras de arte juntaram- início do século XX. Na sua obra denotam-se registos cubistas, futuristas, expressionistas se 52 documentos de arquivo que ajudam a perceber a vida e obra do pintor português. ou fauvistas, nunca tendo o artista querido integrar nenhum movimento em concreto. Até porque esta mostra é “uma revelação, Uma obra prenhe de referências ao mundo uma descoberta” para o público rural e ao mundo moderno, o trabalho internacional, segundo Helena de Freitas, de Souza-Cardoso reflete também as comissária da exposição, em declarações suas vivências: a infância no seio de uma à agência Lusa. “Houve um conjunto de família abastada do norte de Portugal e as circunstâncias que levaram a que, durante experiências em Paris, onde chegou no dia largas décadas, o trabalho de Amadeo não tivesse sido convenientemente divulgado”, o do seu 19º aniversário, a 14 de novembro que, para Helena de Freitas representa “uma de 1906, com o objetivo de estudar arquitetura, que cedo abandonou para se injustiça porque o público não pôde ver, os dedicar à pintura. artistas não puderam ver este trabalho”.

Em Paris, esteve no centro das grandes vanguardas artísticas da época e relacionouse com os artistas que, hoje em dia, todos reconhecemos a nível internacional. Mas haveria de regressar a Portugal, em 1914, aquando do início da Primeira Guerra Mundial, sem, no entanto, esconder a vontade de voltar a França.

Amadeo dizia ter “tantas fases como a lua” Nos últimos anos de vida, desenvolveu um percurso fulgurante, mas que se manteve longe do olhar do mundo: Amarante davalhe proteção mas retirava-lhe o brilho das luzes da ribalta. Acabou por falecer em 1918, vítima da epidemia “pneumónica”, aos 30 anos. O trabalho que desenvolveu nesses anos seria divulgado apenas alguns anos depois – demasiado tarde, pois a história da arte internacional já tinha sido escrita sem ele.


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Lisboa será capital ibero-americana da cultura em 2017

A cidade de Lisboa será capital Iberoamericana da cultura em 2017. Serão mais de 150 propostas culturais a acontecer na cidade durante o próximo ano, sob o tema “Passado e Presente”. Haverá exposições, concertos, teatro, dança, colóquios e eventos de gastronomia para satisfazer todos os gostos.

municipal envolvida. A vereadora comparou este acontecimento à Expo 98 e diz que se insere na “estratégia de internacionalização cultural” da cidade. O arranque da programação será a 7 de janeiro, às 17h00, no Padrão dos Descobrimentos, com uma exposição do artista mexicano Demián Flores, chamada “Al final del paraiso”, um trabalho inspirado nas crónicas do missionário espanhol Bartolomeu de Las Casas sobre os nativos do México. Também nesse dia haverá um espetáculo de homenagem a Pixinguinha, o músico brasileiro que misturava a cultura africana e brasileira. A candidatura de Lisboa, apresentada na qualidade de membro da União das Cidades Capitais Ibero-Americanas (UCCI), à qual A programação do evento foi pensada pelo coordenador António Pinto Ribeiro pertence desde 1982. Esta é a segunda vez que a capital portuguesa acolhe a iniciativa, e assenta em quatro eixos: a questão indígena, a afro-descendência, as migrações tendo a primeira sido em 1994, ano em que e a criação contemporânea. No evento estão também teve protagonismo como Capital envolvidos mais de 40 organismos públicos, Europeia da Cultura. Desta vez, Lisboa sucede a outras cidades bem como diversas organizações culturais. Numa conferência de imprensa, no final das Américas Central e do Sul, bem como de Espanha, que nos últimos anos de outubro, Catarina Vaz Pinto, vereadora da cultura da Câmara Municipal de Lisboa, foram responsáveis pela realização desta declarou que “em termos de custos, implica iniciativa. Em 2016, Andorra foi a capital um milhão e meio de euros, em logística Ibero-americana de Cultura. Depois de e comunicação, a acrescentar ao que é Lisboa, será a vez de La Paz (Bolívia), em o orçamento anual de cada instituição 2018, e do Panamá em 2019.

Serão mais de 150 propostas culturais a acontecer na cidade durante o próximo ano

Eventos de destaque: Exposição “Visão Yanomani” com fotografias de indígenas feitas pela brasileira Cláudia Andujar e pertencentes ao Centro de Artes de Inhotim (fevereiro a abril, no Arquivo fotográfico Municipal); Exposição do mexicano Héctor Zamora (março a maio, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia); Peça “Vigilia de Noche”, do argentino Daniel Veronese (maio, no Teatro São Luiz); Exposição “Racismos” (maio, no Padrão dos Descobrimentos); Exposição de 300 máscaras mexicanas (julho a outubro, no Museu de Lisboa); Estreia mundial de um solo criado pelo coreógrafo sevilhano Israel Galván para Carlos Pinillos, bailarino principal da Companhia Nacional de Bailado (novembro, no Teatro Camões)



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BREVES FESTIVAL DA RODRIGO LEÃO INCERTEZA LANÇOU EM PARIS ÁLBUM COM SCOTT MATHEW Entre 4 de outubro e 18 de dezembro, decorre em Paris o “Festival de l’Incertitude” (Festival da Incerteza), organizado pela delegação da Fundação Calouste Gulbenkian, com comissariado de Paulo Pires do Vale, por ocasião do 500º aniversário da publicação de “Utopia”, de Thomas Moore. Um rico programa de exposições, conferências e filmes, entre outros eventos, vai servir para refletir sobre a importância da incerteza, do desconhecido, e sobre o papel da utopia, evocando questões como “É possível uma cultura sem utopias?” ou “Qual a relação entre arte, utopia e política?”. Na delegação da Fundação Gulbenkian em Paris, no Boulevard da Tour Maubourg, a incerteza vai revelar-se, numa primeira instância, através da biblioteca particular de Fernando Pessoa. Em parceria com a Casa Fernando Pessoa, de Lisboa, será organizada uma exposição com 935 obras que pertenciam ao poeta, junto de artistas como Fernando Calhau, João Onofre, Dora Garcia e Pierre Leguillon. Num segundo momento, é aprofundada a questão da incerteza com recurso a obras de autores como Joseph Beuys, Robert Bresson, Douglas Gordon, Arthur Rimbaud e Corita Kent. O programa inclui também conferências de Mathieu Copeland, Franck Leibovici, MarieJosé Mondzain, Joaquim Moreno, Federico Nicolao, Alain Touraine e Richard Zenith, bem como a projeção de filmes, na Cité Internationale des Arts, de João Botelho, Pedro Costa, Francis Alÿs, Jean-Marie Straub & Danièle Huillet e Pasolini, entre outros.

Um compositor português com os olhos postos no mundo, um cantor australiano a residir em Nova Iorque. O encontro, que parecia improvável, deu-se em 2011, quando Rodrigo Leão convidou Scott Matthew para colaborar no seu álbum, “A Montanha Mágica”, dando voz a “Terrible Dawn”. Repetiram a parceira com música “Incomplete” do álbum “Songs”, em 2013. Durante 2016, foram, silenciosamente, “negociando” melodias e palavras, que deram origem ao álbum lançado recentemente, em setembro de 2016, “Life is Long”. “That's Life” é a primeira amostra do que podemos ouvir em “Life Is Long”: um disco de uma beleza discreta mas arrebatadora, como só Rodrigo Leão e Scott Matthew poderiam fazer juntos. Por um lado, o português, com um percurso eclético ao longo de 30 anos de carreira, por outro, Scott Matthew, canor e compositor de talentos revelados pela magia do cinema e com nome feito no circuito independente – uma fusão única e mágica que, para além de ser evidente no álbum, foi-o também nos poucos concertos que os dois deram em conjunto. Rodrigo Leão tem, aliás, uma longa lista de colaborações com vozes do panorama musical nacional e internacional, de onde se destacam Beth Gibbons (Portishead), Adriana Calcanhoto, Camané ou Sónia Tavares (The Gift), por exemplo.

LISBOA TERÁ NOVOS MUSEUS BERARDO Joe Berardo planeia abrir dois novos museus na capital portuguesa. O primeiro será dedicado à arte déco e já tem espaço atribuído: será na rua 1º de Maio, em Alcântara. O segundo, onde o empresário planeia exibir arte africana, poderá ser instalado no número 34 da rua da Atalaia. “O prédio já está em obras, mas infelizmente tem ainda muita coisa para ser feita”, disse o empresário ao jornal Público, sobre o edifício do museu que vai abrir em Alcântara. “É um espaço de 1800 metros quadrados onde só cabe uma pequenina parte da coleção, muito pequenina mesmo. Precisa de ser muito mexido por dentro para receber o museu e muitas pessoas, mas fiquei surpreendido por perceber que a estrutura, que tem muito ferro, aguenta”, disse. Joe Berardo é proprietário do 34, rua da Atalaia, onde planeia instalar o museu de arte africana. No entanto, recebeu uma proposta para a compra do mesmo. Em declarações ao Público, disse que “Se a pessoa que quer comprar o prédio não oferecer o valor que eu quero, não vendo. E se não vender, ponho lá a arte africana”, acrescentando que o espaço “está completamente pronto por dentro, com ar condicionado e tudo, só falta pintar por fora”. O empresário planeia abrir ambos os espaços em 2017 mas ainda não precisou as datas. Os dois novos espaços museológicos nada terão que ver com o Museu Coleção Berardo, instalado no Centro Cultural de Belém desde 2007, num acordo feito com o Estado, com a duração de dez anos. As negociações para renovação do mesmo estão em curso. Em nove anos, o museu contou com mais de seis milhões de visitantes.


CULTURA 79

RICARDO RIBEIRO EM ROUEN A 21 DE JANEIRO O fadista Ricardo Ribeiro atuará em Rouen, França, a 21 de janeiro de 2017, na Chapelle Corneille – Auditorium de Normandie. O espetáculo é ainda parte da digressão destinada a promover o álbum lançado em abril de 2016, “Hoje é assim, amanhã não sei”. O álbum inclui, entre outros temas, “Malaventurado”, de Bernardim Ribeiro (1482-1552), com música de Alain Oulman (1928-1990). O alinhamento do CD inclui ainda um tema em espanhol “Voy”, de Luís Demétrio, com arranjos musicais de Daniel Paredes, e um de Vinícius de Moraes, “Serenata do adeus”. À semelhança do álbum anterior, “Largo da memória” (2013), Ricardo Ribeiro volta a assinar uma composição, desta feita a música para o poema de Joaquim Pedro Gonçalves “Canção das águas claras”. Para a promoção do álbum, o artista fez uma série de atuações em Portugal mas visitou países como França, Espanha, Suíça, Áustria, Noruega, Angola, Marrocos ou Turquia. Ricardo Ribeiro, 34 anos, começou a cantar ainda na infância. Com cinco álbuns de estúdio gravados, foi distinguido por duas vezes com o Prémio Amália, nas categorias Revelação e Melhor Intérprete. Em 2015, foi finalista dos prémios da Songlines, na categoria de Melhor Artista, e condecorado pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a comenda da Ordem do Infante.

RITA REDSHOES LANÇOU “HER” Rita Redshoes lançou o seu quarto álbum de estúdio a 11 de novembro. “HER” foi gravado em Berlim na primavera passada e produzido por Victor Van Vugt, que já colaborou com nomes como Nick Cave, PJ Harvey, Beth Orton ou Depeche Mode. Neste disco, Rita Redshoes escreve e interpreta, pela primeira vez a solo, três temas em português. Este foi ainda o álbum em que a artista tocou mais instrumentos: piano, omnichord, teclados e guitarra acústica. Das treze canções que compõem este trabalho de Rita Redshoes, o destaque vai para o primeiro single, “Life is Huge”.

JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS lança “Vaticanum” Um comando do Estado Islâmico entra clandestinamente no Vaticano e o Papa desaparece. Horas depois surge na Internet um vídeo em que os terroristas mostram o sumo pontífice em cativeiro e fazem um anúncio chocante. O Papa será decapitado em direto à meia-noite. O relógio começa a contar. O rapto do Papa desencadeia o caos. Milhões de pessoas saem à ruas, os atentados sucedem-se, multiplicam-se os confrontos entre cristãos e muçulmanos, vários países preparam-se para a guerra. É esta a premissa do novo livro de José Rodrigues dos Santos, editado no início de outubro. A Gradiva, editora do livro, realça que, “sendo o autor também jornalista“, estarão “latentes as informações genuínas que enquadram toda a história de Vaticanum”. A personagem principal é o historiador Tomás Noronha, a quem Rodrigues dos Santos regressa depois de dois livros com outras personagens: As Flores de Lótus (2015) e o Pavilhão Púrpura (2016).


80 RECEITA

RECEITA POR VICTOR FERREIRA Bacalhau: um pouco de história De acordo com as pesquisas históricas, terão sido os Vikings os primeiros a pescar o bacalhau. Povo pioneiro na descoberta deste peixe, que abundava nos mares em que navegavam, mas não possuindo o sal, secavam o peixe ao ar livre. Foi na costa da Espanha no século XV, que se começou a salgar e secar o Bacalhau em cima dos rochedos, método que veio revolucionar a conservação do peixe e de outros alimentos. Na época das grandes Descobertas, esta técnica de conservação permitia, durante as longas viagens, ter sempre peixe para comer, sendo o bacalhau o mais utilizado por ser o que melhor se conservava e que mais proteínas possuía. Em Portugal existia o maior polo romano para a salga de peixe de toda a Península Ibérica, situada na região de Alcácer do Sal, em Tróia. As ruínas existentes estão hoje quase a descoberto e foram eleitas Património Mundial da Humanidade pela Unesco em 2016.

Em Portugal existia o maior polo romano para a salga de peixe de toda a Península Ibérica O comerciante holandês Yapes Ypess foi considerado o “pai do bacalhau" pois fundou a primeira indústria de transformação do bacalhau na Noruega, graças à qual a comercialização na Europa, América e África se desenvolveu e levou ao aumento de barcos para a sua pesca. Graças às implantações de pequenas e grandes indústrias para a transformação deste peixe, a Noruega tornou-se o principal polo mundial de pesca e exportação do bacalhau. Os portugueses tornaram-se os maiores consumidores de bacalhau do mundo, o que nos levou a chamar-lhe carinhosamente "o fiel amigo", termo que nos dá a ideia do papel importante que o bacalhau teve para a nossa alimentação, economia e religião.

Para demolhar o bacalhau:

Curiosidades Portugal, com 10 milhões de habitantes, consome 100.000 toneladas de bacalhau por ano, ou seja, uma média de 10kg por habitante. França, com 55 milhões de habitantes, consome 6.000 toneladas, ou seja, uma média de 1kg por pessoa. O leite retira o excedente de sal e amacia o bacalhau. Não se deve utilizar azeite "extra virgem" para assar ou fritar o bacalhau; é preferível o azeite corrente, que suporta melhor as temperaturas elevadas.

Portugal consome uma média de 10kg de bacalhau por ano, por habitante

24 horas para postas finas 40 horas para postas grossas, mas devese sempre provar antes de o cozinhar. Seguindo uma técnica muito antiga devese passar as postas por água fria para retirar o sal, depois coloca-las num recipiente, as primeiras com a pele para baixo e as outras em cima das primeiras com a pele para cima. Cobrir de água limpa e deixar a torneira a deitar um pingo de forma a não deixar estagnar as partículas de sal na água e envialas para o fundo do recipiente. (ver foto) Em Lisboa, nas ruelas de Alfama, utilizava-se um pano enrolado à torneira para que o barulho da queda do pingo não incomodasse os vizinhos que tivessem as janelas abertas. As pessoas mais pobres, para economizar a água, punham o bacalhau a demolhar dentro do autoclismo ou aproveitavam a água da chuva.


RECEITA

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Receita de Bacalhau à Ilda Vieira Caros compadres, este mês presto homenagem à nossa grande amiga Ilda Vieira, que nos deixou em novembro de 2015. Ilda Vieira era a esposa do compadre e amigo Rogério Vieira. Excelente cozinheira, era com enorme prazer que recebia na sua casa os amigos e confecionava algumas receitas originais, das quais fazia parte o “molho de pimentos encarnados". Esta receita pessoal de bacalhau que lhe dedico tem a particularidade de ser temperada com o molho inspirado da sua receita original, o que me leva a atribuir-lhe o seu nome.

Este mês presto homenagem à nossa grande amiga Ilda Vieira, que nos deixou em novembro de 2015

Receita para 4 pessoas: 4 postas do lombo de bacalhau de 250 gr 4 tiras de entremeada (entrecosto) 2 cebolas 3 pimentos encarnados 16 tomates cereja 16 azeitonas pretas 1 dente de alho 400 gr de batatas pequenas 1/2 Lt. de azeite (1 grau de acidez) 200 gr. de sal marinho 3 gr de pimento de Espelette moído 3 gr de paprika Salsa e sal

Preparação do Molho: Preparação Cortar um pimento em quatro fatias, sem do Bacalhau: pele, e cubra-o de sal. Deixe-o 48 horas até ficarem sem água, retire-o, cubra de novo com sal e deixe mais 24 horas até ficar seco. Retire todo o sal e depois coloque-o num recipiente coberto de azeite e triture com a varinha mágica. Tempere com sal se necessário, junte o pimento de Espelette e a paprika, e deixe em infusão 24 horas.

Corte os pimentos em 16 fatias e as entremeadas em 12 partes. Coloque num tabuleiro o bacalhau sobre rodelas de cebola, faça três cortes no cimo da posta e introduza as fatias do entrecosto. Junte as batatas, regue de azeite e leve ao forno a 250 graus, durante 20 a 30 minutos, até estarem assadas. Enquanto espera, ponha numa frigideira com um pouco de azeite o dente do alho inteiro, só para perfumar os tomates, os pimentos e a cebola restante; leve ao lume brando e deixe confitar.

Apresentação: Coloque um pouco de cebola no meio de um prato e ponha em cima a posta do bacalhau com as tiras de entremeada. Junte, formando uma coroa, quatro fatias de pimento, quatro tomates, e divida as batatas pelos quatro pratos. Com uma colher de sopa, regue tudo com o molho preparado anteriormente, e decore com quatro azeitonas e salsa fresca ou frita. Espero que gostem, bom apetite e até breve, Victor Ferreira


82 PASSATEMPOS

Academias do Bacalhau terão newsletter mensal O movimento das Academias do Bacalhau passará a contar com uma newsletter mensal a partir do início de 2017. Esta será uma publicação com conteúdos relativos às diversas tertúlias espalhadas pelo mundo e às novidades deste movimento associativo, em geral.

estruturado até aqui. Por fim, pretende-se que esta newsletter contribua para uma ainda maior dignificação e elevação do nome das Academias do Bacalhau junto da sociedade em geral bem como das autoridades portuguesas e das comunidades em que cada Academia se insere. Os conteúdos de cada newsletter poderão variar ao longo de cada edição mas, de forma geral, terão as seguintes seções: histórico, notícias, novos compadres, entrevista, artigo de opinião, solidariedade e cultura. O artigo de opinião está aberto a qualquer compadre ou comadre que queira participar. O projeto desta newsletter nasceu através A publicação será distribuída em formato de Carlos Ferreira, presidente da Academia digital a todas as Academias, que ficarão de Paris, no seguimento da experiência depois encarregues de a reencaminhar bem-sucedida da revista semestral desta para os seus membros. Além disso, cada Academia. A ideia foi apresentada no Academia deverá também imprimir a Congresso de Estremoz, em setembro deste referida publicação e tê-la disponível em ano, e foi aprovada na sessão de trabalhos cada evento, permitindo assim o acesso à pelos compadres presentes. mesma a um maior número de pessoas. Na coordenação do projeto estará Diana Com a criação desta newsletter pretende-se Bernardo, jornalista que está à frente da contribuir para a melhoria da comunicação revista da ABP, e que usará os seus dois anos entre Academias, levando informações de experiência nesta publicação ao serviço sobre as atividades locais a um nível de mais um projeto de comunicação no seio global, de maneira a poder manter todos das Academias do Bacalhau. os compadres e comadres informados O financiamento para este projeto advirá sobre as ações do movimento. A publicação dos contributos mensais que cada Academia tornar-se-á também um documento paga à Academia-Mâe. Pretende-se que, no histórico, testemunho das atividades do futuro, sejam encontrados patrocinadores maior movimento associativo da diáspora, que, não só garantam a viabilidade atividades das quais não havia um registo financeira do projeto, mas também

A publicação será distribuída em formato digital a todas as Academias

contribuam para que esta seja mais uma fonte de receitas para o movimento das Academias.

Pretende-se que sejam encontrados patrocinadores que garantam a viabilidade financeira do projeto Para contatar a redação da newsletter – para assuntos editoriais ou de comunicação publicitária - pode usar o email newsletteracademiasbacalhau@gmail.com.

Fotos: Jaelynn Castillo / unsplash.com


PASSATEMPOS 83

PASSATEMPOS ENCONTRE AS 8 DIFERENÇAS

FICHA TÉCNICA Editora: Academia do Bacalhau de Paris 9, Rue Saint-Florentin 75008 Paris Tel: 07 81 19 57 10 Mail: contact@bacalhau.fr Coordenação editorial: Diana Bernardo Redação: Diana Bernardo Colaboradores: Carlos Ferreira, Anabela da Cunha, Luís Silva, Jorge Guimarães, Lídia Sales, Alice Francisco, Pedro Morgado, Lúcia Borges, Isabel da Ponte, Glória Silva, Albino Miranda, Academia do Bacalhau do Ribatejo, Academia do Bacalhau da Costa do Estoril, Durval Marques, António Fernandes, Luís Malta, Fernando Lopes, Rui Soares, António Moniz, Reinaldo Teixeira, Pedro Lourtie,

AGRADECIMENTO A direção editorial desta ­revista ­agradece a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, colaboraram na ­realização deste quarto número. Seja através de textos, fotografias ou envio de informação, a vossa ajuda Outras colaborações: Suzette Fernandes, Paula de Sousa, Irene de Oliveira, Rui Pericão, foi essencial para a criação desta revista. Luís Filipe Reis. Agradecemos também a todas as Produção gráfica e paginação: empresas que apoiaram este projeto Killbeek - killbeek@gmail.com através da inserção de conteúdos publicitários e que permitiram a viaImpressão e encadernação: bilidade económica deste projeto da Lisgráfica – Impressão e Artes Gráficas, S.A. Academia do Bacalhau de Paris. José Manuel Sampaio, Jean Philippe Diehl, Paulo Pisco, Carlos Alberto Gonçalves, Manuel Soares, Cristina Soares, Lúcia Ferreira, Ricardo José, Victor Gil, Carlos Pereira, Victor Ferreira.

Periodicidade: Semestral Tiragem: 3 mil exemplares Propriedade: Academia do Bacalhau de Paris DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


Pode entrar em contato com a ­ Academia do Bacalhau de Paris através de: 9, rue Saint-Florentin, 75008 Paris Telemóvel: (+33) 7 81 19 57 10 Email: contact@bacalhau.fr www.bacalhau.fr facebook.com/academiabacalhauparis Para apoiar a Academia do Bacalhau de Paris pode fazer doações para a ­seguinte conta: IBAN: FR76 1261 9000 0742 6003 0101 570


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