Inclusão
Andrea Martins
A sociedade contemporânea demanda maior participação de mulheres, negros e transgêneros dentro das empresas e organizações, que têm se mobilizado para inserir grupos minoritários em seus quadros. E a comunicação tem sido uma poderosa ferramenta para isso
O Sol é para todos Time’s up! O tempo em que eram tolerados abusos na indústria cinematográfica acabou. O discurso do movimento de mulheres do cinema norte-americano vem mobilizando grandes estrelas de Hollywood em favor da igualdade de gêneros e de mais respeito no mercado de trabalho. Na entrega do Oscar 2018, em março, a vencedora da categoria Melhor Atriz, Frances McDormand, pediu mais espaço para que as mulheres possam contar suas histórias. A atriz e apresentadora-celebridade Oprah Winfrey também falou sobre o tema na cerimônia do Globo de Ouro, em janeiro – o emocionante discurso contra o assédio e o racismo ganhou as manchetes do planeta. No Brasil, essas questões também estão no centro do debate na mídia e nas redes sociais. Um exemplo é o episódio envolvendo o jornalista William Waack, demitido da Rede Globo no final de 2017 após fazer um comentário considerado racista. “A comunicação tem um papel central em todo esse processo. Vivemos na 38 Comunicação Empresarial 102 | Aberje
chamada idade mídia. O jornalismo, a publicidade, as relações públicas, as redes sociais fazem parte da cultura e da sociabilidade contemporâneas. Elas podem contribuir para visibilizar e ecoar discursos de ódio, ou, ao contrário, questioná-los, criticá-los e apontar para uma outra ética, para a convivência humana que se baseie na valorização da diversidade”, analisa Pedro Jaime, doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, professor do departamento de Administração do Centro Universitário FEI e autor do livro Executivos Negros: Racismo e Diversidade no Mundo Empresarial (Edusp). “É verdade que um ambiente plural potencializa o surgimento de conflitos. Grupos homogêneos produzem menos divergências. Porém, os conflitos podem ser resolvidos se a direção da empresa e seu quadro gerencial assumem a diversidade como um valor”, comenta o estudioso. A diversidade de gênero é tema constante e perene na comunicação dentro e fora da Avon. Nas campanhas
externas, o tema está inserido em um conceito maior chamado de “A Beleza que Faz Sentido”, que convida as mulheres a valorizar todas as singularidades que as caracterizam. “O que tentamos transmitir, desde as escolhas das modelos até a definição das mensagens, é que toda mulher pode e deve valorizar seus traços, sua pele, seu cabelo, sua etnia, sua silhueta, sem se prender a padrões estereotipados que podem não fazer sentido para ela”, comenta Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon. A questão da diversidade também faz parte do DNA da C&A – e há bastante tempo. Quem não se lembra de Sebastian Fonseca, o primeiro garotopropaganda negro do Brasil, presente em mais de 2.400 comerciais da C&A entre 1990 e 2010? A empresa mostrou apoio à moda sem gênero e ao Dia dos Pais e Dia das Mães sem preconceito em campanhas publicitárias e ainda fez parceria com as cantoras Anitta e Pabllo Vittar para celebrar o empoderamento feminino e a diversidade, respectivamente. Entre os fun-