A dinâmica desses quadros está associada à dinâmica do gesto, que rapidamente consegue construir e que deixa sua marca, deixa seus traços
No recorte de sua fala, dentro de um discurso que inicialmente busca problematizar a pintura de Gainsborough e Fragonard historicizando-as, Coli semiotiza suas obras desconstruindo-as e tendo por referência o sistema visual no qual são concebidas e os fundamentos sintático-semânticos peculiares à sua natureza. E ao fazê-lo estabelece uma aproximação entre ambas ao dizer que “o tipo de tratamento da vegetação é muito parecido com aquele de Gainsborough. É um tratamento de atmosfera, nas folhas.” Coli evidencia no plano da expressão a praxis que consagra os autores pelo estilo em seu tempo e, simultaneamente, constrói os efeitos de sentido que semantizam valores do espírito da época, constantes das obras. Vemos aqui um diálogo fecundo entre História da Arte e semiótica. Se observar-se, contudo, de forma mais ampla, a composição pictórica d’As Banhistas, constatar-se-á que o detalhe evidenciado por Coli redunda em sua configuração formal mínima, a pincelada, reaparecendo sob a forma de outros elementos formantes, figurativos e icônicos, além dos tecidos, em toda a extensão do plano pictórico. As nuvens, a copa das árvores e a folhagem dos arbustos, todas estas figuras tem em sua formatividade uma forte semelhança conferida pela pincelada de Fragonard. Trata-se de uma pincelada que, para além de formante matérico, simultânea e consequentemente adquire funções cromáticas e eidéticas; lembre-se a multiplicidade de valores plásticos que Coli lhes atribui. Temos então um evidente caso de iteratividade formal, uma isotopia do plano da expressão. 280