
4 minute read
Low and Slow - “Baixo e Devagar” | Mabry Anderson
O Equipamento e as Pessoas — Capítulo Dois – Parte 13
Com admirável capacidade de previsão, os criadores de nossas constituições estaduais e federais providenciaram para que a maioria dos estados criassem e operassem o que é conhecido como “land grant colleges”. Estas instituições, criadas a partir do ano de 1862, recebiam verbas federais para o ensino e a pesquisa da agricultura, ciência e engenharia, e em sua maioria, vieram a se tornar as mais destacadas universidades públicas em seus estados.
Altamente subsidiadas com verbas e terras, elas fornecem educação para centenas de milhares de alunos, geralmente se especializando nas áreas de agricultura e engenharia. A maioria destas faculdades torna possível aos seus alunos trabalhar durante os cursos. Estes jovens altamente motivados contribuem significativamente para o bem-estar e a economia da nação.
Mudanças tecnológicas radicais por vezes surgem nestas universidades, especialmente na área de engenharia agronômica. E logicamente, muitas destas universidades se dedicaram a pesquisas em aviação agrícola logo em seu início. Como resultado, muitos avanços técnicos, especialmente no que se refere a equipamentos para aplicação aérea, surgiram e continuam a surgir dos departamentos de engenharia destas universidades.
Notáveis entre estas instituições são a Texas A & M de College Station, a Ohio State University de Columbus, e a Mississippi State de Starkville. Muitas outras universidades, como a University of California de Davis, também contribuíram com trabalhos destacados, mas as três primeiras mencionadas definitivamente lideraram na área.
A Texas A & M começou estudos sérios sobre a aviação agrícola já em 1926, em um setor da universidade conhecido como a Texas Agricultural Experiment Station. Os objetivos iniciais destes estudos eram: determinar a extensão do controle do “bicudo” obtido pela aplicação aérea de defensivos; obter informações úteis sobre o uso da aviação agrícola para os plantadores de algodão; e trabalhar com empresas comerciais no aprimoramento de métodos e equipamentos aeroagrícolas.
Um programa bastante extenso foi desenvolvido durante a safra de 1926, tendo prosseguido em 1927 e 1928. J.C. Gaines chefiava o Departamento de Entomologia da universidade e era assistido por W.L. Owen e H.E. Parish na execução dos experimentos.
Acordos foram feitos com vários produtores de algodão proeminentes, mais notavelmente B.C. Roberts de Wharton, George Chance de Bryan, e John Rogers de Navasota, para permitir estudos em suas plantações. Outros acordos, para as aplicações aéreas, foram então feitas com a Super LeRhone Flying Corporation de Houston, a Huff-Daland Dusters de Monroe, Louisiana, e outra associada da Super LeRhone conhecida como Quick Airplane Dusters, também sediada em Houston.
Experimentos detalhados e muito cuidadosamente controlados e documentados foram executados por pelo menos três safras. Estes pioneiros da aviação agrícola forneceram os melhores equipamentos e técnicas disponíveis na época. Os voos foram feitos com os HuffDaland Dusters originais e com os famosos Standards de Curtis Quick modificados para usar motores LeRhone que produziam esperançosos 120 cavalos.
Os resultados detalhados deste extenso trabalho estão relatados no Experiment Station Bulletin No. 394 datado de 1929. É uma publicação notável, considerando sua data. Consistindo em cerca de 40 páginas, ela é completa com fotos, gráficos, tabelas, comparativos e recomendações, tanto para os lavoureiros como para o pessoal da aviação.
Entre algumas das observações mais interessantes, estão: “Um avião que tem uma abertura com venturi ou difusor é capaz de distribuir o pó mais efetivamente do que um avião sem tal equipamento. O venturi também é um fator na geração da maior aderência do arseniato de cálcio nas plantas de algodão”.
Faixas Efetivas
É interessante notar que os pesquisadores não se impressionaram com o voo muito baixo. Eles concluíram que “Boa distribuição do inseticida pode ser obtida ao se voar a uma altura entre 1,5 e 5 metros acima da cultura, dependendo das condições atmosféricas”. Verificou-se que faixas de deposição largas eram efetivas, e foram feitas recomendações para faixas paralelas de 25 a 50 metros, levemente sobrepostas.
Outra observação se referia aos pilotos. “Apenas um piloto experiente consegue fazer uma aplicação obtendo os melhores resultados”, escreveu o autor. “Ele tem que saber o instante certo de fechar a saída do pó. Para evitar deixar algodão sem tratamento, é uma boa prática, além das subidas ao final das passagens, se aplicar uma carga extra nas cabeceiras da área”. Todos estes bons conselhos já em 1929!
Os autores desta pequena obra-prima também estavam preocupados com a segurança dos pilotos. Eles recomendaram o uso de aviões com trens de pouso de pernas separadas. Na época, muitos aviões tinham um eixo unindo as rodas do trem de pouso, o qual, na ocorrência de um pouso forçado na lavoura, podia se prender na cultura e fazer o avião pilonar.
Gaines também “descobriu” o estrago causado pelo pulgão do algodão por esta época. Como resultado, este inseto entrou na mira dos pioneiros da aviação agrícola, junto com o “bicudo” e a lagarta Helicoverpa. Com esse histórico, não admira que a Texas A & M tenha mantido seu grande interesse pela aviação agrícola. Esse interesse acabou por levar ao projeto e construção do famoso Ag-1. E através dos anos, muitos aprimoramentos radicais de equipamentos de aplicação, tanto de líquidos como de sólidos, podem ser relacionados com trabalhos feitos nesta excelente universidade.