A Cova 2012.3

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Acompanhe as aventuras de um iteano na prestigiada Toulouse

São José dos Campos, Outubro de 2012. Quarta Edição

Crônicas Toulouseanas


Coveiros Edição Geral Lamounier Soares, T14 lamounier.soares@gmail.com

Edição Alexandre Ferraz, T15 alexandreferoli@gmail.com

Projeto Gráfico e Diagramação Alexandre Ferraz, T15 alexandreferoli@gmail.com

Sarah Villanova, T16 villanovaborges@gmail.com

Redação Diego Mamede, T12’ diegomamede@aluno.ita.br

Olaf Palmer, T13 olafpalmer@gmail.com

Colaboradores

Outubro de 2012

ÍNDICE Editorial........................................................................ E-mail do leitor............................................................. Aconteceu no H8.......................................................... Facebook de iteano....................................................... Opinião: Crônicas Toulouseanas................................. Iniciativas: RedeCASD.................................................. Opinião: Os heróis que não queremos ser................... Capa: Os sem H8.......................................................... Palavra do Presidente................................................... Tartarugas Ninja: Dicas............................................... Tartarugas Ninja: Rafael.............................................. Tartarugas Ninja: Leonardo......................................... Tartarugas Ninja: Donatello......................................... Foi notícia no passado..................................................

Márcio Ramos, T15 RedeCASD

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“Agradecemos a todos que contribuíram para o sucesso desta edição, mesmo que não citados."

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Editorial

Sobre Vila, H8 e Ratos

A

eterna reforma do H8 deixou e continua a deixar muito iteano sem vaga no nosso alojamento. Se isso já gerou transtornos, em particular nas chegadas das turmas 14 e 15 ao ITA, hoje parece que a situação está mais calma, e quem mora na vila militar não só se acostumou ao lugar onde mora, como também gosta de estar lá. Foi sob essa perspectiva que a redação d’A Cova entrevistou alguns iteanos que moram na vila: para entender como é o dia a dia deles e descobrir as vantagens e desvantagens da vila em relação ao H8. Ao que parece, as vantagens são várias, e se hoje abrisse vaga no H8 muitos prefeririam

A capa traz o B+, que amarga no vazio de uma reforma inacabada há mais de um ano.

continuar pela vila mesmo. No mais, esta edição d’A Cova vem com algumas novidades (e um pouco de atraso). Temos três seções novas: uma é “aconteceu no H8”, que vai trazer notas rápidas sobre nosso querido alojamento abarrotado de ratos; outra é “facebook de iteano”, que reunirá algumas pérolas postadas na rede social; e a última é “foi notícia no passado”, onde reproduziremos um artigo, texto ou notícia veiculada numa Cova (ou informativo similar) antiga. Uma coisa que fez falta nesta edição foram as iniciativas. Apenas uma iniciativa enviou texto sobre suas atividades do último bimestre. E é claro que a gente quer mais. É com a colaboração de toda a comunidade que essa revista é feita e chega até você, leitor. Portanto se sua iniciativa fez algo legal (ou se você fez algo legal!), manda um texto a respeito para os editores da revista. ;) É isso aí, galera. Uma boa leitura para todos! Lamounier

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E-mail do leitor & Aconteceu no H8

E-mail do leitor A edição anterior trouxe como matéria de capa o badalado Encontro Musical, que aconteceu no próprio H8, e reuniu bandas iteanas e grupos formados por não-iteanos também.

Parabéns pela edição. Demonstra que os iteanos tem um senso de humanidade bem desenvolvido. Saudações iteanas.

Excelente trabalho. Estão de parabéns tanto pela edição quanto pelos textos. É muito bom para nós, formados, poder acompanhar um pouquinho tantas coisas boas que estão ocorrendo pelo H8. Parabéns a todas as iniciativas citadas.

Luciano Lampi (Aer-76)

Raquel Cordeiro (T10´)

ACONTECEU NO H8 H8 versus Ratos Após um mês (na verdade, bem mais...) de lutas contra as pragas ratazânicas e camundônicas pelo H8, teremos uma batalha final. A dedetização do nosso alojamento foi finalmente decretada para o dia 30 de Outubro. Até lá, resta a nós resistirmos como possível for...

Ratos que evoluíram para gambás, timbus, cassacos...

Esgoto no A

Antes

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Durante

Além do problema dos ratos, outro que teve seu fim decretado foi o esgoto no corredor do bloco A. A situação já estava tão complicada que nem o papelão improvisado dava conta. Confira na foto ao lado a água suja de cocô, bosta e fezes que transbordou do bueiro, impossibilitando a passagem para os apartamentos 119 a 139 e alastrando uma feditina horrível que até o pessoal do C sentiu. A outra foto mostra as obras de reparo no local, que começaram alguns dias depois.


Facebook de iteano Os melhores posts dos nossos grupos...

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Intercâmbio

Crônicas Toulouseanas

A

lguma disposição irrefletida motivou-me a relatar a estadia na magnífica cidade de Toulouse. Talvez pensando nos leitores dA Cova em geral e especialmente nos futuros iteanos que terão o privilégio de residir na famosa 'ville rose' francesa, tenho alguma esperança de inserir um pouco de ânimo nas almas açoitadas pelo nosso impiedoso Instituto Tecnológico de Aeronáutica. A todos que padecem dessa Via Crucis, com exceção, obviamente, dos amigos da MEC (excessão nem lá muito polêmica, convenhamos), são a quem dedico esta prosa tupiniquim no belo país de Marcel Proust. O título foi um lampejo que surgira nalguma conversa de bar... então deixe mesmo crônicas toulouseanas, por sugestão do companheiro de aventura Luiz Ricardo (AER-13). Pois bem, essa é, digamos, uma estadia acadêmica-cultural patrocinada pelo generoso programa Brafitec da Capes. Por enquanto, ele prevê um esquema de substituição de matérias do ITA no conhecido ISAE (Institut Supérieur de l'Aéronautique et de l'Espace). Bom, mas deixando o blá blá acadêmico um pouco de lado, depois de passar pela extensa burocracia para aprovarem a bolsa de estudos e após dolorosas despedidas da família e dos amigos, cheguei a Toulouse. Toulouse é uma verdadeira sinergia entre o velho e o novo. Uma cidade milenar, que outrora fora capital do reino dos visigodos, palco de batalhas na época do império romano e detentora de um patrimônio 6

histórico impressionante, é também o centro Aeroespacial da França, onde estão alojadas grandes empresas do setor, em especial, o grupo EADS. Sem falar, claro, nas várias escolas de ensino superior, que fazem dela uma grande vila universitária. A experiência das primeiras semanas na gentil cidade de Toulouse é intensa e reveladora. Quando se chega a um lugar onde você não domina muito bem a língua, ou melhor, tem apenas noções limitadas de conversação, é, de uma forma ou de outra, um desafio diário. Por outro lado, isto é muito bem compensado com a fantástica troca cultural ao conhecermos dezenas de pessoas de diversas nacionalidades e dividirmos com elas uma rotina totalmente diferente do nosso tão conhecido percurso H8-Rancho-ITA. Você começa a estabelecer esteriótipos e sentir aos peculiaridades dos europeus, latinos, asiáticos... No entanto, começa, ao mesmo tempo, a perceber que são parecidos de alguma forma. Pessoas com talentos e qualidades diferentes, mas que acabam se aproximando por

Campus ENSICA, Toulouse.

por Olaf Palmer

estarem na mesma situação de estudantes estrangeiros em uma escola de engenharia do gabarito do ISAE. Desde já, no primeiro mês, as perguntas mais frequentes talvez sejam algo do tipo: “Por que diabos tão pouca gente se interessa pelo programa, chegando a sobrar vagas para o pessoal do ITA?” Não há explicação convincente. Mas digo, e muitos disseram antes de mim e dirão após também: nada te dará uma oportunidade tão rica de experiência de vida em uma fase tão adequada. Alargar as perspectivas, expandir os horizontes em um ambiente tão fecundo como este, não há quem pague. A estadia está, digamos, com efeitos catárticos. A vida em transformação é sempre mais interessante, o anseio pelo novo inspira o trabalho e descobertas. E a qualidade de vida é quase inacreditável. Contudo, eis um bom retrato da vida toulouseana nos primeiros dias: a sensação veemente de ser um constante aprendiz de tudo. Até a próxima!


Iniciativas: RedeCASD

Lightning Talks e ITAonRails O primeiro bimestre deste semestre foi “o” bimestre para aprendizado na rede. Em primeiro lugar, no final no semestre passado, no dia 28/06 (e avisado com uma péssima antecedência!) foi realizada a primeira edição do Lightning Talk, promovido pela RedeCASD e com palestrantes da Rede, da ITAbits, da ITAndroids e até independentes. O evento em si (Lightning Talks) não é invenção da Rede. É algo que se considera criado desde 1997 em uma conferência de Python e que de lá pra cá ganhou espaço em boa parte das conferências de computação. Querendo trazer essa cara de conferência para o H8, chamamos nove palestrantes entre as turmas 16 e 12, que prepararam onze palestras (Croata e Cubo apresentaram duas). Mesmo que na primeira edição desses talks nós restringimos para o tema “Computação”, os temas abordados foram altamente diversos. Alguns falaram sobre softwares-ferramentas, como o VIM, o Core, o Wireshark e o Git. Já outros entraram no mérito de linguagens e técnicas de programação, falando sobre o Ruby, comunicação por Sockets, Pixel Shaders e uso de Regular Expressions. E ainda houve palestras totalmente livres, falando sobre um básico do Wi-fi, interações com o desktop Ubuntu, e a simulação de robôs na RoboCup. Consideramos o evento um sucesso: mesmo com a mancada grande de só conseguir avisar muito perto da data, faltaram cadeiras na sala da

por Márcio Ramos

Rede para todos os interessados, além de termos ouvido inúmeras vezes de outros que queriam ter visto. É por esse sucesso que a RedeCASD quer continuar trabalhando em cima desse tipo de evento, e faremos isso de duas maneiras: primeiramente, dis-

ponibilizamos o material do primeiro lightning (gravações, apresentações, arquivos de teste...) no \\Cubo\Redecasd\ Eventos, sendo que todos os vídeos já estão disponíveis no canal da rede no Youtube: www.youtube.com/redecasd.

Além disso, já planejamos e realizamos o Lightning 2 (que ocorreu no dia 9 de outubro), e a terceira edição já está com data marcada: será dia 30 de outubro. Para esses dois, estendemos o tema de Computação para Tecnologia, para englobar mais áreas de interesse e mudamos a organização lógica para cada palestra

render mais! Então, deixe registrado nos seus compromissos, no dia 30 de outubro temos esse encontro marcado no cineclube para expormos e ouvirmos um pouco mais sobre várias tecnologias! Outro evento bacana que aconteceu nesse bimestre foi a RubyConf.

Graças a uma ajuda do nosso veterano da ELE – 93, Gilberto Mautner, seis alunos do ITA (dos quais cinco eram da rede) foram a esse evento de dois dias em São Paulo para aprender um pouco mais sobre a linguagem Ruby. Inclusive, um era da COMP – 11! Então fica aqui um convite: galera, vamos marcar mais presença em eventos? Tanto eventos internos quanto externos são excelentes oportunidades de aprender e mostrar cada vez mais que a marca iteana é boa! Nós da Rede estamos nos esforçando aos poucos para trazer esse gosto por conferência para o H8, mas o pacote só sai completo se vocês conhecerem as conferências de verdade! Um abraço, e Bora Rede! 7


Livros

Os heróis que não queremos ser por Diego Mamede

E

stranha coincidência: todos entrevistados andam lendo sagas heroicas. Talvez pra sentir um pouco daquelas histórias emocionantes, mas cheias de dificuldades pelas quais não queremos passar, mas gostaríamos de aprender com elas.

Dom Quixote conta a história de um fidalgo que enlouqueceu depois de ler muitas aventuras de cavaleiros. Ele percorre vilas e campos a fim de promover a justiça e honrar a Ordem da Cavalaria [#sóquenão]. Os diálogos entre o protagonista e seu escudeiro representam o velho embate entre sonho e realidade. A obra influenciou outros grandes escritores como Charles Dickens, Fiódor Dostoiévski e James Joyce. Uma leitura obrigatória para quem quer ficar por dentro da literatura mundial.

PELÁ

Prof. Ronaldo Pelá ELE-08

BAURU

O último livro que li foi Cem dias entre céu e mar de Amyr Klink. Antes do Marlos querer me zoar, nem de longe é autoajuda nem mesmo aventura. Achei sensacional. Klink conta como realizou o sonho de atravessar o Atlântico Sul sozinho num barco a remo. Foi a primeira pessoa a fazê-lo e ganhou vários prêmios por isso. Curiosamente, e é uma coisa que eu acho legal, ele nunca menciona isso nem se gaba... Para ele, o importante era fazer isso porque queria. Ou seja, um romântico!... mas com muito foco.

Guilherme Barufaldi AER-12

O último livro que li foi o The Beautiful and the Damned do F. S. Fitzgerald. O livro é um bom relato da jazz age nova-iorquina, com uma pegada autobiográfica interessante. Ele me fez lembrar do Encontro Marcado do Fernando Sabino, com a diferença que o do Fitzgerald é mais focado na história de um casal e não de um personagem só. Gostei bastante, mas ainda acho que conhecer o Fitzgerald através do The Great Gatsby é mais aconselhável. =]

CRATO

Bruno Bluhm CIVIL-14 8


Livros

Como outros livros de Fernando Sabino, O Grande Mentecapto é muito leve e divertido. Mais que uma história ou uma novela, é a saga quixotesca de Viramundo pelas cidades e imaginação mineiras. O autor casa sua pena com a sabedoria popular e leva o lendário mentecapto a tramas inusitadas em cada cidade visitada. Os diálogos são sempre dignos de nota, seja por sua autenticidade, pela força do caráter de cada personagem ou pelo humor. Excelente para se divertir.

SEM-QUERER

Ian Lima CIVIL-14

GREGO

Vai um trecho de O Restaurante no Fim do Universo? "– Boa noite, sou o Prato do Dia. Posso sugerir-lhes algumas partes do meu corpo? Alguma parte do ombro? – Ahn, do seu ombro? – disse Arthur, sussurrando horrorizado. – Naturalmente que é do meu ombro, senhor – mugiu o animal, satisfeito –, só tenho o meu para oferecer. Ou a alcatra, que também é muito boa. Tenho feito exercícios e comido cereais, de forma que há bastante carne boa ali."

Roberto Brusnicki T-15

Ah, velho.. é, bem... então... vc sabe que... partiu xeroquete? Dival CPOR mat12, daí, ne? Top show do mocado, mas suga e, ah, ninguém... é que, puts, vestibular poliedro ita júnior resumão muito sonho e nada de... sabe? Resumindo, linguagem matemática, tipo... meio... comodiz?.... dadaísta. Biblita?? Aquela dos arcos... tipo um cone que integra em mat22?

MOCADO

Bixo genérico T-∞

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Matéria de Capa

Os moradores da vila contam um pouco do seu dia a dia por Lamounier Soares

Ao final do segundo semestre de 2009, os moradores do bloco A foram ordenados a desalojar seus apartamentos: a reforma do H8 iria começar. O prometido era que após as férias o bloco estaria reformado, e seus antigos moradores voltariam a ocupá-lo. Mas o que aconteceu foi bem diferente. Em março de 2010, mais da metade do A ainda estava para ser reformada, e a parte já terminada havia sido ocupada pelos recém-chegados da T-14 e pelas veteranas. Os antigos moradores do A dançaram: a maior parte deles foi destinada a apartamentos dos blocos B e C, ainda não reformados, enquanto os menos afortunados foram enviados para a Vila (ou para o Hotel de Trânsito dos Oficiais), que também acolheu quase metade

da 14. Iniciava-se, assim, uma era em que não mais havia espaço suficiente no H8 para todos os iteanos. De lá para cá, pouca coisa mudou. Tá, a reforma do

Se antes os moradores da vila ansiavam pelo dia em que morariam no H8 hoje eles estão de boa com o lugar onde moram, e muitos até preferem permanecer lá. A foi concluída, porém o bloco B não teve a mesma sorte, e o B+ amarga no vazio de uma reforma inacabada há mais de um ano. Assim como ocorreu

Família do H20B-116 inaugurando o sofá (foto de 2011). 10

com a 14, vários alunos da 15 foram mandados para a vila. A promessa de “daqui a dois meses a reforma acaba e todos estarão no H8” foi ficando velha e caduca. Se antes os moradores da vila ansiavam pelo dia em que morariam no H8 (tinha até uma iniciativa, a “Vilita”), hoje eles estão de boa com o lugar onde moram, e muitos até preferem permanecer lá. Esse é o caso de Castellove, da T-14, que mora na casa 116 do H20B, o conjunto que fica logo atrás da Pequenópolis. Segundo ele, morar na vila durante o primeiro ano do ITA era mais complicado, porque dificultava participar dos trotes e conhecer a turma. Hoje, porém? “Não vejo diferença de quem mora no C para quem mora A para quem mora na vila, uma vez que você já teve suas amizades consolidadas”. Neymar, T-15, reside no H22A -123 e compartilha da mesma opinião: “só depende da galera, não do lugar”. Além da formação de vínculos entre os moradores da casa, vários outros pontos positivos estavam na ponta da língua dos “vileiros” na hora de defenderem o local onde vivem: a tranquilidade, o silêncio, uma maior privacidade no quarto e o fato de a casa ser mais parecida com uma república. “Tem uma sala e uma cozinha de verdade”, argumentou Neymar, que disse preferir não sair da vila caso isso se torne opção no futuro. “Aqui a vida é muito boa”, finalizou.


Matéria de Capa

Wando, T-14 e H20B111, também esbanjou amor pela vila: “o pró [de morar aqui] é praticamente tudo”. O infreiro brincou que, por ser a mais próxima do H8, sua casa é a interface entre vila e H8, o que a torna uma referência na vila e um ótimo local para churrascos. “É um clássico a PA bater aqui nas festas”, comentou Ivan, T-14, que mora na mesma casa. A pouca distância para o H8, porém, é um privilégio exclusivo dos moradores do H20B. A situação é mais complicada para quem mora no H22A, que fica perto da saída lateral do CTA, e ainda mais tensa para duas casas isoladas, uma no longínquo H18C e outra no mais longínquo ainda H27B (sério, galera, é muito longe). Para Luquete, T-14 e H22A-111, se deslocar para o H8 para interagir com o pessoal e participar de iniciativas, ou mesmo acordar mais cedo para ir à aula são grandes desvantagens da vila. “Bota seu relógio para despertar todo dia cinco minutos mais cedo para ver se você não nota diferença”, disparou. Ele também argumenta que faltou infraestrutura na casa para receber os alunos. “Não ganhei mesa, já começa aí a segregação”. Tássio, T-14 e ex-H18C110, foi um dos que saiu da vila para o H8. Segundo ele, o problema não era exatamente morar na vila, mas a casa na qual ele tinha sido alojado. “Era impossível morar lá. Éramos seis pessoas, dois quartos e um guarda-roupa. Além disso, a casa era completamente isolada das demais e do H8.” Sneijder, da T-15, e seus companheiros de casa

conhecem bem a questão do isolamento. Eles moram no tão, tão distante H27B-119. “São catorze minutos daqui para o rancho”, cronometrou Sneijder quando sua bicicleta quebrou. “Muita coisa do H8 a gente não sabe, até piada interna: demora tanto para chegar aqui, que quando chega

já perdeu a graça.” De forma geral, porém, ele e seus colegas já estão bem acostumados com o local onde vivem, tanto que Nicolas e Fabrício, também T15, brincaram: “[a matéria d’A Cova] vai falar mal da vila, não é? Tem que mocar o bizu.” Para Piri, T-13 e atual presidente do CASD, haver

Estante da 'awesomeness' do H20B-111.

As infinitas mobílias do H27B-119, também conhecido como H-∞. 11


Matéria de Capa

pessoas morando na vila “é prejudicial, pensando na produtividade da comunidade”. No aspecto pessoal, ele comenta a impressão que tem sobre os moradores da vila levarem uma vida com melhor qualidade, porém é da opinião de que seria melhor tê-los no H8, porque na vila eles ficam “descolados” da comunidade. Ter todos os iteanos no H8, entretanto, não é coisa que veremos tão cedo. Capaz até de o H8-D ser levantando antes de a reforma no B+ acabar. É todo um rolo com licitações novas tendo que ser feitas para dar continuidade às obras. Até lá, quem mora na vila provavelmente ficará nela, o que não necessariamente é algo ruim. Pelo contrário. Quando abordado para falar

sobre a experiência de morar na vila, Wando, ecoando boa parte de seus colegas vileiros, descreveu em uma palavra o sentimento que tem quanto à sua residência: “irado”. ●

Galera do H20B-111 em churrasco no quintal. 12

Bill Clinton, mais novo morador do H20B-111.


Palavra do Presidente

Meritocracia: o lixo com glamour arece perfeito. Um sistema que premia os bons resultados e gera um efeito duplo: motiva o sucesso a se repetir e dá fôlego aos que não foram tão bem para buscarem melhores resultados. À primeira vista, a meritocracia é um sistema de gerenciamento de desempenho cheio de benesses, com provas visíveis de crescimento em volume e qualidade de resultados. O que não se vê nas planilhas é o prejuízo social que

http:// groundnotes.wordpress.co m/2008/09/01/ meritocracys-ugly-sidethe-table-tennis-saga/

o sistema cria em qualquer contexto. A meritocracia é suja. Nela, o crescimento nos resultados é produto da geração de um conflito intraorganizacional, mesmo que não declarado — entre os que atingiram bons resultados e os que não foram tão bem assim. Uma insígnia de vitória para o campeão (que atingiu todas as metas) é também uma medalha de derrota para a plateia. O descontentamento pelo fracasso é pior que a felicidade pelo sucesso. Existem sistemas de motivação mais maduros detro do contexto corporativista, que respeitam a produtividade de cada funcionário e induzem a melhores resultados do que a falida meritocracia. Nesse caso, o melhor a fazer é abrir a caixa e pensar fora dela. Senso crítico é não cair na cilada de só enxergar o glamour. Orlando Lustosa http://www.asiaone.com/News/Education/Story/A1Story20080831-85193.html

P

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Os tartarugas estão aqui, mas dessa vez são apenas três dos quatro do time. Michelangelo partiu numa missão contra o Destruidor e não voltou a tempo para o fechamento desta edição d’A Cova. De

qualquer

forma,

os

quatro estarão juntos na próxima edição, onde também terão suas identidades reveladas. Na página seguinte, você confere todas as dicas reunidas sobre quem são nossos escritores secretos.

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Michelangelo

Rafael

Leonardo

Donatello

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Rafael

Listas, listas e listas Não tem como falar hoje em dia da vida no H8 sem falar das listas de e-mail. Cada turma tem a sua, no fund cada sub-turma tem mais uma, no prof cada curso tem a sua, várias iniciativas tem mais que uma. Tem lista pra CS, lista pra Age of Mythology, além de termos, é claro, nossa aclamada todosh8! Dá até pra dizer que uma iniciativa ou grupo de estudos não nasce de verdade até que seja feita a primeira lista de e-mails, em geral do GoogleGroups. Mas e aí, isso é um problema? Para os maníacos leitores de e-mail (para quem checar e-mail 20 vezes em um dia é pouco) isso é ótimo. Toda informação está lá, ele sabe de todos os trolls, não perde uma reunião, sabe de todas as aulinhas no gagá8 e de vez em quando até consegue correr e pegar um bizu anunciado na todosh8. Mas mesmo assim, tem gente que insiste que ler e-mail é ruim, perda de tempo. Isso é errado? Não, duvido muito. Não ter o hábito de checar a inbox a cada quinze minutos ou deixar infinitos emails não lidos não é algo que necessariamente afetará a comunidade de um modo negativo. Talvez essa pessoa acabe perdendo alguns bizus, talvez tenha que perguntar mais para os colegas sobre as coisas que estão rolando por ser meio desligado do PC. Agora isso torna certo ser

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totalmente desvinculado dos problemas do CASD? Dos problemas atuais do H8 e do ITA e os esforços para resolvê-los? Não, duvido disso mais ainda. Não ser viciado por email não é desculpa pra se ausentar da comunidade, passar “transparente” pelo ITA. E então, quem está errado? Quem lê todos os e-mails todos os dias? Quem nem tem conta de e-mail? O cara que está no meio termo? Na minha opinião, ninguém está errado, o que não faz automaticamente que todos estejam certos, afinal, certo e errado são apenas conceitos que dependem do ponto de vista! Vamos então pensar na seguinte visão: não queremos excluir ninguém, nem nos omitirmos no H8, o que podemos fazer? Se não queremos excluir ninguém, temos que pensar em todos os perfis! Ou seja, não basta mandar um e-mail para todosh8 e achar que estão todos avisados. Marcar uma reunião com pouca antecedência apenas por e-mail e achar que é dever de todos saber


dessa reunião por si próprios. Todos aqueles que em algum momento tentaram atingir toda comunidade iteana ou pelo menos atingir com certeza um conjunto de pessoas, já aprendeu que existem outros meios de comunicação além dos e-mails. Avisos no grupo do facebook, falar individualmente por chat no facebook também, chat do gtalk, falar pessoalmente individualmente, passar de sala em sala, ligar, deixar recado na vaga... Todos esses são métodos válidos e que devem ser pensados por maníacos por e-mails antes de achar que o problema estará resolvido com um único send. Porém, temo dizer que se não queremos ser excluídos, ajuda sim ser um pouco mais antenado aos e-mails da comunidade. Pra começar, dá pra separar o que você quer ler com filtros! O site http://support.goo gle.com/mail/bin/answer.py? hl=en&answer=6579 dá uma explicação simples e boa de como dá pra deixar tudo organizadinho, para tentar ler só o que importa mesmo. Outra dica legal é fazer parte da todoscasd: é uma lista mais seleta, de gente preocupada com o CASD e assuntos mais sérios (como uma todosh8 somente com o essencial). Se unir à todoscasd é bem tranquilo, basta procurar ela entre os grupos do Google e pedir para ser aprovado. Se sua fama não for de um troll mala, você muito provavelmente será aprovado em breve, e poderá fazer parte de alguns papos mais cabeça por e-mail. Então, no fim das contas é muito melhor pelo menos ler

alguns e-mails ou pelo menos títulos de e-mail do que desistir totalmente do computador. Claro, quem quiser se afogar nos emails e não se incomodar de ouvir alguns “por mim desliga”, besteiróis desnecessários e escrutinizações gratuitas no meio

Para finalizar esse meu bostejo eu não poderia deixar de falar da ITA-net! Ela é uma lista de e-mails mais geral ainda para iteanos, composta por vários Titãs de todas gerações! Ela tem um fluxo de e-mail grande, mas dá a oportunidade de conversar com nossos veteranos e ouvir o que eles tem a dizer, o que é muito bacana. Para quem quiser saber mais sobre a história da ITA -net e os macacos para trocar de e-mail, uma página da wikita explica todos os macacos! (http://www.aeitaonline. com.br/wiki/index.php? title=Itanet). Para quem quiser só entrar na lista vou passar o macaco aqui: basta mandar um e-mail com título e corpo contendo SUBSCRIBE

de algumas coisas úteis pode se divertir na todosh8, falando até com alguns veteranos que gostam tanto dela (???) que estão postando até hoje!

Para ita-net-request@@ciro-home.net Um abraço e boa navegação para vocês!

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Síndrome de Minoria, Igualdade e a destruição dos Valores

Leonardo

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Sim, sou conservador e totalmente contra as políticas de promoção de minorias. Nos textos anteriores discutimos a destruição dos valores promovida pelas ideias progressistas. Todos os valores (vida, dignidade, trabalho, família, mérito etc) têm sido extintos rapidamente. Em lugar dos princípios tradicionais, as pessoas são levadas a acreditar em duas falácias: a liberdade e o prazer individual. Nos textos anteriores comentamos o quanto a derrubada de valores pode ser prejudicial a uma sociedade. Outra falácia progressista menor, porém não menos destrutiva, é a “igualdade”. É em nome dela que têm sido violados os preceitos mais básicos sob o auspício da distribuição de privilégios a grupos ditos “minoritários”. O sistema de cotas sociais nas univer-

sidades é apenas um dos projetos mais escandalosos de promoção de minorias. Esse caso é o maior exemplo de como a modernidade tem atropelado todos os valores tradicionais em nome de falácias. É um projeto tão absurdo que não merece ser discutido aqui. Apenas gostaria de

lembrá-lo dele com o objetivo de despertar a atenção para o caminho degradante a que estamos sendo levados. Outro grupo que busca angariar privilégios é o dos homossexuais. Não sou preconceituoso, não pretendo julgar a conduta de ninguém, é uma questão totalmente

pessoal. Porém posso tratar da atuação do movimento gay, que é uma questão política. Para começar podemos citar a principal manifestação deles, a chamada “Parada Gay”. Como discutimos anteriormente, um ritual dentro de um grupo é destinado a cultuar determinados valores. Então deixo aberta a pergunta: que valores essa passeata cultua? Outro disparate é a picuinha em torno do nome “homossexualismo”, renegado por ter “um sufixo geralmente usado para enfermidades”. Ora, então marxismo, cristianismo e romantismo também são doenças? Sem falar nas tentativas de calar por força de lei as vozes dissonantes que buscam debater a questão. Entretanto, o maior vespeiro político é o movimento feminista. Alguns pensavam já estar morto, porém agora ressurge e ganha visibili-


dade não por seus méritos, mas por suas demandas absurdas. Gostaria de poder entender o que faz uma mulher escolher realizar o parto em casa ao invés de utilizar um hospital, onde teria suporte imediato para qualquer emergência. Além disso, querem gratuitamente tratamentos para interromper o ciclo menstrual, o direito de assassinar fetos e até próteses mamárias via SUS para “elevar a autoestima” já foram propostas. Mulheres, não percebeis que vosso maior opressor é o movimento feminista? Essa busca ensandecida por igualdade apenas aprofunda a tão filosofada “insatisfação feminina”. Ora, como podemos ser iguais enquanto até as pressões arteriais são diferentes? Ao passo em que vamos, essa luta só vai acabar quando o último barômetro for arrebentado com a ponta do último salto agulha. Não vai haver espaço para falar sobre índios, viciados, migrantes com toda sua gama de reivindicações. O que une todos esses grupos é o fato de esquecerem que estão vivendo em uma sociedade, renunciarem o interesse geral e abandonarem todos os valores para lutar por interesses mesquinhos. Venho alertar que o desmoronamento dos valores tem feito o Brasil perder o rumo. Não temos um

projeto de nação, somos um barco à deriva sob ataque de intempéries quais sejam as falácias progressistas, projetos de urgência desarrazoados, greves corporativistas. Os bons ventos da crise no norte nos fizeram pensar que estávamos bem porque íamos rápido. Porém, mais uma vez, não chegamos a lugar algum porque sempre

estivemos sem rumo. A bússola de uma sociedade são seus valores. É o que nos falta. Esse é meu penúltimo texto aqui, minha tentativa derradeira de fazê-lo entender que tudo que estamos vivendo de ruim é resultado do paulatino ataque aos valores. Precisamos de um projeto consistente de sociedade, em longo prazo, e esse é o momento. Muitos podem achar

que a estagnação atual é ruim, porém não. Esse é o momento perfeito para perceber nossos erros e refletir com calma. Meu sonho é que nossa estagnação dure um longo período... Depois, quando bons ventos voltarem, poderemos zarpar certos de qual é nosso porto.


Revês Maca, serra, espécime. No sangue, alucinógeno.

Ouvia-se pássaros,

Luvas, prateleiras, remédios.

Agora só o público

Tontura, correntes, náusea.

No show pirotécnico

Tortura, raciocínio lógico.

Da virada do milênio.

Sangue frio, sádico. Deitada, drogada, pálida

Donatello

Calculado, pensado, sóbrio.

Tortura, primeiro, psicológica Prestes a virar física

Saia, blusa, Fátima.

Quando fosse o horário

Em pé, o protético,

Dos fogos de artifício.

Seu nome: Márcio,

O momento mágico,

Silêncio, gemidos – Silêncio!

Que inutiliza a polícia

Sussuros – Quieta! – Súplica

Seria, então, o suicídio.

Murro. Sangue nos lábios. Nos olhos, lágrimas.

Um bilhete óbvio, Sobre um armário, Debaixo duma bíblia,

Sentindo-se o máximo

Explicando esse trágico

Ele prepara o cenário.

Fim, esse término,

Em pé, assobia músicas.

De uma moça tímida.

Brasileiras no início, Depois, a marcha fúnebre Sempre sorrindo sarcástico. Alguns objetos metálicos Fios, fogo, lâminas Muitos planos, vários: Cortes, furos, sexo. Um sofrimento lírico, 20

Ele era necrófilo. Ela fora vívida. É contraditório, Mas de beleza sinfônica A obra harmônica De uma mente demoníaca.


Ela teve a síndrome Oriunda de Ágora

No novo século, Legistas incrédulos

A doença do pânico

Espantados detrás de óculos,

Que se provara válida.

Parentes chorando histéricos E um doce mistério.

Meia noite no relógio

Partes de cadáveres

O ritual teve início.

Espalhadas pelo consultório

Um cheiro de ácido

Fêmur, falanges, fíbula,

Precede a barbárie.

Sangue, dedos, cérebro.

Gotas de sulfúrico

Dispostos com minúcia

Queimarão pálpebras,

Separados com técnica.

Deformarão lábios. Mas o pior martírio

Num canto, Márcio.

Não será químico.

Deitado e já pálido;

Alicate para a língua

Sorrindo e pútrido;

Que agora é bífida

Vazio de espírito.

Protagonista última

Já quase sem glóbulos

Será a serra elétrica

Sangrados pelo magnífico

Queimando combustível

Rasgo em sua carótida

Para dilacerar músculos

Criado no ímpeto

Fazendo o que era único

De coroar seu ofício,

Tornar-se múltiplos Pedaços de carne flácida.

Derramando sua mágica Em formas esdrúxulas

O ruído da máquina Lhe parece música. Os gritos de Fátima

Donatello

Lhes soam melódicos. 21


Foi notícia no passado

Texto extraído da terceira edição da Cova de 1994 22



Outubro de 2012


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