LÁ! Espaço de Ressocialização para adictos em álcool e outras drogas.

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LÁ!

ESPAÇO DE RESSOCIALIZAÇÃO { ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS }


Equipamento pĂşblico; urbano; tratamento e cuidado; adictos em ĂĄlcool e outras drogas.

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2019

Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação UNICAMP Rafael Della Coletta Breda 157051 Orientador: Evandro Ziggiatti Monteiro

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AGRADECIMENTOS A UNICAMP, seu corpo docente e todos os funcionários, que de alguma forma contribuíram com minha formação, instigando o pensamento crítico e a produção científica. Em especial a Professora Silvia Mikami com sua orientação em minha iniciação científica, a Professora Gisela Leonelli com o Programa de Auxílio Didático e ao Professor Evandro Ziggiatti com a extensa orientação para a conclusão deste TFG. Agradeço a todos meus colegas e amigos de faculdade que me acompanharam nos bons momentos dessa jornada, em especial aos amigos Henrique, Marielle, Luiz e Marina, que participaram de maneira intensiva e tornaram mais leves esses 6 anos. Aos meus Pais, Otávio e Jucimary e minha irmã Taísa, que sempre estiveram ao meu lado me passando força e contribuindo para a realização desse sonho. A minha namorada Giovanna sempre ao meu lado nessa trajetória, me apoiando e contribuindo para tornar meus dias mais felizes, compartilhando amor e sonhos. Agradeço aos amigos da RepNeu que sempre estiveram ao meu lado compartilhando nossos dias e mais que bons momentos ao longo desses anos. E por fim toda a equipe dos escritórios Gruu Arquitetura e Marcelo Novaes Arquitetura Paisagística por me auxiliarem durante a minha formação nos estágios, possibilitando que eu colocasse em prática os conhecimentos adquiridos na graduação.

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ESPAÇO DE RESSOCIALIZAÇÃO PARA ADICTOS EM ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS 0.Introdução........8 1.Panorama Síntese 1.1. Drogas e a questão da adicção........15 1.2. As políticas de drogas brasileiras........24 1.3. Tabus e estigmas........30 2.Caminho Prático 2.1. A Luta Antimanicomial........36 2.2. Redução de danos e iniciativas brasileiras........42 2.3. Humanização dos ambientes de tratamento........48 3.Tratamento do espaços 3.1. Constituição dos espaços de acolhimento.......54 3.2. Exemplos contextualizados........58 3.3. Programa referência........62 3.4.Referências Projetuais........65

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4. Cidade e Leitura de local 4.1. Campinas e o Equipamento........70 4.2. Usuários em Campinas........72 4.3. Tratamento e cidade........74 4.4. Mapas temáticos........76 5.Proposta arquitetônica 5.1. Estudo Solar.......84 5.2. Terreno.......87 5.3.Programa de necessidades........92 5.42.Vínculos do programa........94 5.5.Processo.......96 5.6.Conceito e partido........98 5.7.Projeto........100 6.Referências 6.1. Referências Bibliográficas........158

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“They tried to make me go to rehab But I said: No, no, no Yes, I’ve been black, but when I come back You’ll know-know-know I ain’t got the time And if my daddy thinks I’m fine He’s tried to make me go to rehab But I won’t go, go, go” Rehab, Amy Winehouse (2008)

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0.INTRODUÇÃO Em sua obra, a cantora e compositora Amy Winehouse (1983-2011), sempre explicita suas relações com as drogas, principalmente o álcool. Em sua música Rehab, ela coloca a contradição de tratar suas adicções em um ambiente de confinamento, com restrições de vivência afetiva e familiar e da própria questão do tratamento. Nessa mesma música, ela canta: “Não aprendi muito na escola / Mas sei que as respostas não estão no fundo de um copo”; no mesmo sentido, o neurocientista Carl Hart (2014), em seu livro “Um preço muito alto” afirma que boa parte da utilização patológica de drogas é motivada por necessidades sociais não atendidas, pelo sentimento de alienação e dificuldades em se ligar aos outros (p.96). Contudo, tem-se que a questão do adicto não se cabe ao uso exclusivo da droga e sim de todo o contexto em que essa pessoa está inserida. É nítida a exclusão social posta aos dependentes químicos, que boa parte das vezes, acabam em situação de rua ou em locais inapropriados para moradia, assim sendo expostos a comportamentos de risco de diversas formas, como: o uso das substâncias de maneira inapropriada, sexo desprotegido, prostituição, envolvimento com crime organizado, furtos, entre outros. Além disso, cabe ressaltar que boa parte dessas pessoas são de classes menos abastadas e pouco podem recorrer a ajuda financeira de sua família para um tratamento ou mesmo qualquer tipo amparo social. Desta forma, a saúde pública possui papel fundamental na ressocialização desses cidadãos menos favorecidos, sendo o elemento articulador entre o tratamento e o adicto. Entretanto, os espaços de tratamentos em expansão são em sua maioria privados e vêem essa questão de modo diferente, trabalhando o problema com o confinamento e abstinência em seu modus operandi. Assim, retirando as pessoas de seu contexto local, inserindo-as em um ambiente bucólico e pacífico e as retornando à urbanidade e suas caóticas relações. Em contrapartida, há a redução de danos, que vem como alternativa prática nos cuidados dos adictos de Figura 1. Amy Winehouse álcool e outras drogas. Neste prisma, o usuário é entendido como res[disponível em:http://www.radiocidadejf.com. ponsável pelo seus atos, e que esses princípios devem instruir, educar br/wp-content/uploads/2018/10/Rock-Amye acolher visando a qualidade de vida e cidadania de todos os usuários. -Winehouse.jpg <acesso em 30 de março de 2019>]

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Para Passos e Souza (2011) a aplicação da redução de danos como um novo paradigma ético, clínico e político implicou um processo de enfrentamento às bases já estabelecidas pelas políticas antidrogas iniciadas nos governos ditatoriais brasileiros. As recentes políticas nacionais de saúde brasileiras para drogadictos estavam por se orientar pela redução de danos, porém, em 2019, houve a retração desta prática, uma vez que o governo vigente demonstra entender a questão das drogas como caso de internação. Na contramão disso, a Reforma Psiquiátrica, ocorrida nos anos 1970, colocou em cheque os espaços de tratamento psiquiátrico e todas suas práticas de internação. No mesmo momento, surgiam as primeiras Comunidades Terapêuticas, que por sua vez se tornaram o principal modelo de tratamento para dependentes químicos no Brasil. Porém, com o aumento expressivo dessa população despontaram o aparecimento de espaços de tratamento privados, trajados de comunidades terapêuticas, que ainda mantinham os padrões de internação (PERRONE, 2013). Assim, a situação efetiva dos adictos se dispõe em duas vias claras para dois guettos: um pela exclusão social, outro pelo confinamento. O trabalho proposto pretende arranjar um Espaço de Ressocialização para adictos em álcool e outras drogas de maneira humanizada, visando o cuidado e acolhimento dos usuários em situação de vulnerabilidade social e violência urbana. Além disso, tratar a questão da dependência química como uma pauta de saúde e não como de segurança pública. Isso visando e se apoiando nos princípios da redução de danos, da luta antimanicomial e dos três pilares do SUS: universalidade, equidade e integralidade. Também propor um equipamento público para a cidade partindo do pressuposto de que qualquer cidadão pode recorrer ao auxílio desse serviço direta ou indiretamente, com isso implantando em um local acessível e democrático.

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Figura 2. Usuário de cracl em São Paulo [disponível em: http://clinicaespacovillage.com/crack-efeitos-e-consequencias <acesso em 30 de março de 2019>]


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Mesmo estando ausente haverá sempre quem critique (hé) Cerveja (wisk), um trago (um isqueiro) Os manifestos maléficos o homem é o próprio fim A química é o demo e quer então nos destruir Vários da função só sangue bom que viciaram (aham) Do Brooklyn ao Canão tem branca pura em Santo Amaro Muitos que estão com pensamento ao contrário (só só) Quem não se aposentou só se esta preso ou é finado Alguns pedindo nos faróis desnorteados Tem química na fita, contamina os brasileiros Criança de seis anos com um cigarro nos dedos Só no descabelo como disse o sem cabelo Eu creio (hé) Que o poder quer atitude e respeito Mas observe os pretos sendo tirados no brasil inteiro Então prefiro sim um fininho ao que me diz Do que a pedra no cachimbo e o pó no nariz Afinal é tipo assim, pretendo usufruir Já vi vários lutarem contra o vício e conseguir Basta saber esperar, ligeiro e não vacilar Na moralina toda estrela eu sei que há de brilhar .. Porque Hu ha ha ha com a cocaína eu vou parar Hu ha ha ha eu sei coca eu sei que mata Hu ha ha ha por isso eu tenho que para de cheirar ha ha Nessas eu não posso desandar (2x) Cocaína, Sabotage (2000)

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1.PANORAMA SÍNTESE 1.1. As drogas e a questão da adicção Sabotage (1973-2003) canta a vivência das periferias paulistanas de 1990 aos anos 2000. Nas músicas são sempre destacadas a presença das drogas no cotidiano e na vida dos brasileiros, e como muitos os usuários se tornam adictos, passando a viver em função das drogas e acatando todos seus prejuízos. Também, com a naturalidade do discurso do rapper, traduz a grande população que faz o uso, e que possuem o amplo acesso ao consumo de drogas licitas e ilícitas. Na canção, Cocaína (2000) o rapper narra brevemente a história de um jovem que, aos dezessete anos, usava drogas de maneira recreativa e em pouco tempo já estava sucumbido ao vicio, cometendo furtos e pequenos delitos. Trajeto de vida muito comum aos adictosque, quando menos favorecidos, começam de tal forma e acabam na criminalidade. A UNODC em conjunto com a OMS (2015), em seu último relatório sobre o tratamento e atenção às drogas, destacou que 246 milhões consomem alguma droga ilícita no mundo, e destas 27 milhões se encontram em algum quadro de dependência. Considerando esse amplo número de consumidores é necessário abordar tal fenômeno e quais seus desdobramentos de forma concreta, abordando o uso recreativo, e o uso abusivo e dependência -ou adicção, e com isso abordar como um problema de saúde mental e psicológica. Silveira e Doering-Silveira (2014) classificam diversos tipos de usos de drogas, e são descritos os supracitados, e assim destacados: uso recreativo consiste no consumo de uma ou mais drogas em circunstâncias sociais sem implicações com dependência, ou necessidade de consumo. Uso abusivo se manifesta por diversos fatores, como: Intoxicação aguda (alterações de consciência, funções cognitivas, sensopercepção e comportamento), Transtorno psicótico induzido. Figura 2. Usuário de cracl em São Paulo

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[disponível em: https://revolutionradio.com.br/o-bom-lugar-de-sabotage <acesso em 14 de abril de 2019>]


Álcool

1.1. As drogas e a questão da adicção

não abstinentes abstinentes

consumo na vida

até 4 doses 5 doses ou mais

consumo de Risco

sim não

sim não

procurou reduzir o consumo?

usou mais do que pretendia?

Segundo Silveira e Doering-Silveira (2014), o uso das drogas é uma combinação de três fatores: ambiente, substâncias e sujeitos. No primeiro, o ambiente, é considerado o contexto em que essa pessoa vive, pois a droga pode ser consumida com diversas finalidades, como em rituais, uso terapêutico, ou mesmo fuga de realidade. No quesito da substância é ressaltado a acessibilidade à droga, seu custo financeiro, características da alteração física e psicológica, modo de consumo e tipo de ação e duração dos efeitos. E por fim o sujeito, o mais complexo dos três elementos, de início se destaca os fatores biológicos, como a predisposição genética; e fatores psicológicos, que decorrem da interação entre os fatores pessoais e o meio ambiente. Consequentemente, aspectos e traços psicológicos vão sendo mais ou menos desenvolvidos, acarretando na facilidade ou dificuldade de adaptação ao contexto, com isso podendo entrar em contato com drogas, desenvolvendo dependências, ou não. No Brasil, das drogas mais comuns, apenas duas são legalizadas e amplamente comercializadas: o álcool e o tabaco; apesar disso, muitas outras substâncias ilícitas possuem enorme presença na população brasileira, seja no consumo ou na venda, sendo as principais: a maconha e a cocaína (Lenad, 2012). Vale ressaltar também a participação expressiva dos benzodiazepínicos (ansiolíticos e antidepressivos), que muitas vezes são receitados de maneira imponderada, ou mesmo comprados ilegalmente. Massivamente, o álcool é a droga mais consumida no Brasil. Cerca de 50% dos brasileiros não são abstinentes às bebidas alcoólicas, sendo que destes 39% consomem 5 doses ou mais por consumo (crescimento de 10 pontos percentuais

Fonte: LENAD,2012 e CEBRID,2015

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em comparação a última pesquisa Lenad,2016) e além disso, 53% bebem pelo menos 1 vez por semana. Outro dado muito relevante ao consumo de álcool em território nacional é que 58% das pessoas experimentam bebidas alcoólicas antes de possuir 18 anos -idade legale destes 29% passam a beber regularmente antes de sua maioridade (Lenad, 2012). Todos esses dados expressam o quão popular essa droga é no país, e seu uso abusivo sendo algo comum e recorrente nas famílias brasileiras. Beber em binge significa beber 5 doses ou mais para homens, e 4 doses ou mais, para mulheres, num intervalo de 2 horas. Tal tipo de consumo, em números gerais, subiu em 31,1% de 2006 para 2012, fator que se correlaciona com o ascensão econômica das classes mais baixas. Para os perfis C e D, tiveram um aumento de 18% nesse tipo de consumo, e para o E cerca de 23%, sendo esses três os mais vulneráveis e destinados ao tratamento no sistema de saúde público. Na totalidade dos dependentes em algum nível de álcool, segundo Lenad (2012), temos cerca de 14% de todos os bebedores. Essa população dependente de bebidas alcoólicas não chama a atenção dos holofotes, pois devido sua ampla comercialização, trabalhos publicitários e uma abertura cultural a droga acabou se tornando naturalizada. Porém, na contramão disso, o tabaco foi uma droga extremamente combatida com êxito pelo governo brasileiro, uma vez que, foram estipuladas leis de combate e incentivo à redução do consumo devido consider o problema como uma questão de saúde .De 2006 para 2012, houve uma redução de 19 pontos percentuais no número absoluto dos fumantes (Lenad, 2012). Fato que corrobora a tese a respeito da educação e informação sobre o uso e restrição de publicidade. Além disso, vale ressaltar que em nenhum momento os estabelecimentos brasileiros foram proibidos de fazer a venda, ou de restringir a

Tabaco fumantes não fumantes

consumo na vida

25 20 15 10 5 0

queda no consumo

procurou reduzir o consumo?

usou mais do, que pretendia?

ano 2012 ano 2006

sim não

sim não

Fonte: LENAD,2012 e CEBRID,2015

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Maconha sim não

ano 2005 ano 2001

sim não

sim não

quantidade de compra pelos usuários. Em contrapartida, cerca de 52% dos adultos declararam ter visto pelo menos uma vez na semana campanhas publicitárias relacionadas a bebidas alcoólicas (Lenad, 2012). Progressos a parte, o Brasil segue na contramão do mundo no campo das outras drogas, principalmente no que diz a maconha. Enquanto países como Uruguai, Canadá e alguns estados dos Estados 25 Unidos legalizaram seu uso recreativo, o Brasil segue no combate 20 e na contínua Guerras às Drogas. Segundo levantamento do Le15 nad (2012), cerca de 6,8% dos brasileiros já declarou utilizar a subs10 tância alguma vez na vida, ou seja 7,8 milhões de brasileiros, sendo 5 que 2,5% dos adultos e 3,4% dos adolescentes declararam ter usado 0 aumento no consumo nos últimos 12 meses. Assim, a cannabis segue como a droga ilícita mais utilizada no país (LENAD, 2012). Em sequência, temos a cocaína (aspirada), que em números gerais, cerca de 2,3% dos adolescentes e 3,8% dos adultos, declararam ter utilizado a substância alguma vez nada vida; e 1,6% dos adolescente e 1,7% dos adultos declararam ter consumido no último ano. Enquanto isso a cocaína fumada (crack e oxi), trazem números tão relevantes quanto: cerca de 1% da população adulta consumiu no último ano (CEBRID,2001;CEBRID,2005). consumo no ano Contudo, é necessário considerar que o Brasil possui milhões de usuários de diversos tipos de drogas -lícitas e ilícitas- e apesar de todo aparelho militar de combate ao tráfico de drogas elas estão presentes em todas as camadas sociais e sempre de fácil acesso seja para adultos, ou mesmo para adolescentes. Dessa forma, a situação presente permanece fomentando as bases do narcotráfico nacional e internacional, além de fazer a comercialização de uma droga de baixa qualidade uso por adolescentes prejudicando todos os usuários. Além disso que com a regulamentaconsumo na vida

Fonte: LENAD,2012 e CEBRID,2015

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Cocaína sim não

consumo

25 20 15 10 5

consumo cte.

0

consumo na vida

uso por adolescentes

ção e legalização é possível a arrecadação de impostos de um setor extremamente lucrativo e, dessa forma implantar políticas de prevenção e educação à população e investir em setores de inteligência do governo para que o narcotráfico seja combatido de maneira não militarizada.

Crack e Oxi sim não

consumo

25 20 15 10 5

ano 2005 ano 2001

0

aumento no consumo

sim não

consumo no ano

sim não

uso por adolescentes

Fonte: LENAD,2012 e CEBRID,2015

ano 2005 ano 2001

sim não

sim não

Fonte: LENAD,2012 e CEBRID,2015

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álcool tabaco maconha solventes benzodiazepínicos orexígenos cocaína xaropes estimulante barbitúricos esteroides opiáceos anticolinérgicos crack merla heroína 0%

Prevalência consumo predominante de cada respectiva droga no país.

10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

álcool

Dependência

usuários que possuem algum tipo de dependência com o álcool e outras drogas.

tabaco maconha cocaína solventes 0%

3%

6%

9%

12%

15%

Obtenção

maconha

percentual das pessoas de toda a amostra que acreditam ser muito fácil obter drogas.

cocaína crack LSD heroína 0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

Fonte: LENAD,2012 e CEBRID,2015

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Afastamentos

álcool

pessoas afastadas do trabalho decorrido do uso de álcool e outras drogas.

tabaco maconha cocaína solventes opiáceos sedativos alucinógenos outros 60%

Aposentadoria

50%

40%

30%

20%

10%

múltiplas 0% álcool tabaco

percentual de aposentadoria discriminadas por droga utilizada

maconha cocaína solventes opiáceos sedativos alucinógenos outros múltiplas 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%

0%

Internações

álcool tabaco

usuários que ja foram internados devido a problema com álcool e outras drogas.

maconha cocaína solventes opiáceos sedativos alucinógenos outros múltiplas 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%

0%

Fonte: LENAD,2012 e CEBRID,2015

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Você quer brisa? Vai escutar poesia! Toda quarta-feira ainda tem Cooperifa Você zumbizão era o cara que bebe Todo podrão não sei como eh que vévi Perdeu o que? Reclama com a Ambev Ela é grande, mas os Mcs daqui não são vasilhame Fala pra mim qual das três é mais vendida Cerveja, Maconha ou Cocaína? Fala pra mim quem recebe um pano dos pelego Bebedor, Cherador, ou Maconheiro? Ai depende, se é pobre ou se é rico Porque dinheiro é dinheiro e o poder tá corrompido Criolo doido vai abrir uma cachaçaria Coisa fina! Naipe clandestina Sou do Grajaú jão e lóki ali não nasce O dinheiro da cachaça vai pra comunidade Alcoolismo é doença, mas a safadeza, filho Da galera que apoia, você não acha esquisito? O governo libera porque lucra com isso E a gente toma cachaça até no aniversário de cristo Vasilhame, Criolo (2013)

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1914 criminalização de comercialização de cannabis

1921

criminalização da venda de opiáceos e cocaína

1932

ampliação das drogas proibidas

1936

criado igual o CNFE com o intuito de criação das leis

1961

classificação mais rigorosa a respeito das drogas

1976

criação das Leis de Tóxicos com os órgãos: SNPFRE e Confen

1.2. Breve histórico do cenário As primeiras participações do governo brasileiro na questão da assistência à saúde aos usuários de drogas tiveram início no começo do século XX. Essa ação institucional partiu com a criação de um aparato jurídico institucional destinado a estabelecer o controle do uso e do comércio das substâncias ilícitas, a fins de preservar a segurança e a saúde pública do país. Nesse período, o problema mais frequente era o uso abuso de bebidas alcoólicas, que por sua vez já era bastante tolerado pelos governantes da época. Tal postura colocou a iniciativa privada ao trabalho, sendo criadas as primeiras medidas de assistência, estas partindo com caráter de cunho moralista e higienista (MIRANDA, 2007). Segundo Miranda (2007), a partir do século XX, o Brasil foi influenciado por convenções, reuniões e tratados internacionais, e com isso foram criadas leis e decretos que proibiam e criminalizam o uso de drogas no país. Estas previam apenas a exclusão social dos adictos, determinando sua permanência em prisões, sanatórios e a partir da década de 70 em hospitais psiquiátricos -principalmente quanto de classes mais pobres. Cronologicamente, em 1914, o presidente Hermes da Fonseca edita um decreto, cujo único artigo aprova a aplicação das resoluções aprovadas pela Conferência de Internacional do Ópio, em Haia, que proibia qualquer comercialização de cânhamo e da cannabis sativa e seus derivados. Em 1921, sob o governo de Epitácio Pessoa, é formada uma comissão de médicos, juristas e autoridades policiais a fins de proibir e criminalizar a venda de derivados de ópio e cocaína. Também pessoas com problemas vindos do consumo de álcool passavam a ser punidas com internação compulsória. Em 1932 é ampliado o número de substâncias proscritas, incluindo a cannabis indica, e qualquer porte poderia ser considerado crime passível de prisão bem como a interna-

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ção do portador. E em 1936 é criado o CNFE (Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes), destinado a propor uma legislação geral para o tema. A nova lei proposta colocava uma pena fixa para o porte, o uso e a venda, independente da quantidade apreendida. Também, a proibição do tratamento do uso em domicílio, e assim o consumo das substâncias sendo considerado como uma doença contagiosa (FIORE, 2015). Em 1961, ocorreu a Convenção Interna Única sobre Entorpecentes, na qual classificaram as drogas em diversos graus como: existência, produção e venda e consumo proibido. De forma controvérsa não as classificaram de acordo com seu potencial de toxicidade e potencial de dependência, além disso, ignoraram os fatores de uso medicinal possível; nesta convenção o Brasil assinalou todos os adendos (FIORE, 2015). Em 1976, o governo militar inteira com a Lei de Tóxicos, e está criando os órgãos: SNPFRE (Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão de Entorpecentes e Confen (Conselho Federal de Entorpecentes) diferindo do CNFE apenas em que as drogas passam a ser um problema do diretor de Saúde Pública. Também, a lei obriga que todas as pessoas sendo elas físicas ou jurídicas colaborem com a erradicação do uso de substâncias ilegais. A internação deixa de ser obrigatória e é substituída pelo tratamento. A Lei dos Tóxicos foi vetada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 2002, porém no que se trata em questão de penas permaneceu vigorando a anteiror (FIORE, 2015). Em 1998 é criado o Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), órgão do executivo máximo antidrogas, inspirado no DEA (Drugs Enforcement Administration) dos Estados Unidos. A secretaria tinha a pretensão de centralizar o comando da repressão do tráfico. Porém acabou também por financiar, pesquisar, divulgar informativos a fins educacionais -morais ou não, e ajuda aos ministérios em elaboração de políticas públicas relacionadas às drogas (FIORE, 2015). Em 2011 o Senad passou a ser vinculado ao ministério da justiça. Hoje, no que diz respeito à legalização e à regulamentação de substâncias, fica a cargo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), criada em 1999.

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1976

criação das Leis de Tóxicos com os órgãos: SNPFRE e Confen

1988

criação do SUS, e com ele a incorporação do CAPS

1998

criação do Senad, centralizando o comando ao combate ao tráfico de drogas.

1999

criação da Anvisa, responsável pela legalização e regulamentação de substâncias

2002

estabelecimento do CAPS para tratamento dos adictos


O tratamento público aos dependentes fica a cargo do SUS (Sistema Único de Saúde) -criado em 1988- e suas leis já então aprovadas . E, por fim, em 2011 é criado o RAPS (Rede de Atenção Psicossocial), destinado a pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do sistema público de saúde. A rede institui de diversos pontos de atenção, sendo o destinado ao tratamento dos adictos o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial); a política foi efetivada em 2002 esta em funcionamento até o presente momento. A conformação histórica nacional sempre trabalhou para o combate repressivo, a comercialização e regulamentação de todas as drogas, exceto o álcool e o tabaco. Criolo traz, em sua música Vasilhame (2013), um questionamento sobre a postura do governo brasileiro em relação às bebidas, pois devido ao poder econômico de grandes grupos a discussão do consumo não é debatida. Assim drogas muito menos relevantes passam a ser rechaçadas, tornando-se o foco da discussão e o álcool, como droga legalizada pelo governo, possuindo campo livre para o comércio. Figura 4. Criolo [disponível em:https://monkeybuzz.com.br/novidades/criolo-disponibiliza-para-streaming-no-na-orelha-ao-vivo-no-circo-voador/ <acesso em 13 de abril de 2019>]

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A criminalidade toma conta da cidade A sociedade põe a culpa nas autoridades O cacique oficial viajou pro Pantanal Porque aqui a violência tá demais E lá encontrou um velho índio que usava um fio dental E fumava um cachimbo da paz O Presidente deu um tapa no cachimbo E na hora de voltar pra capital, ficou com preguiça Trocou seu paletó pelo fio dental E nomeou o velho índio pra Ministro da Justiça E o novo ministro, chegando na cidade Achou aquela tribo violenta demais Viu que todo cara-pálida vivia atrás das grades E chamou a TV e os jornais E disse: Índio chegou trazendo novidade Índio trouxe o cachimbo da paz Cachimbo da Paz, Gabriel O Pensador (1997)

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1.3. Tabus e Estigmas Criolo, em Vasilhame (2013), e Gabriel O Pensador, em Cachimbo da Paz (1997), rimam acerca da hipocrisia da sociedade contemporânea seja ela pela naturalização do consumo abusivo de álcool, ou pelo uso recreativo da maconha. Ambas as posturas são tomadas por setores conservadores da sociedade, que encaram o uso de algumas drogas como algo criminoso, improdutivo e passível de punição. Na canção do Pensador é narrada a história de marginalização de um nativo brasileiro que faz o consumo da cannabis, uma vez que este faz seu uso recreativo e em pouco tempo se torna um criminoso preso. Para McRae (2014), o consumo de drogas é algo subjetivo e, que cada sujeito traz seu próprio sistema de valores e regras que afetam as finalidades de uso. O autor, também destaca que apenas em dois momentos da história as drogas tiveram vistas como uma grande ameaça à sociedade: na Idade Média e na Contemporaneidade.

Figura 5. Chinenes fumando ópio (1932) [disponível em:https://noticias.r7.com/internacional/fotos/homens-com-trancas-pes-atados-e-opio-fotos-revelam-dia-a-dia-na-china-imperial-17052017#!/foto/1 <acesso em 19de abril de 2019>]

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O uso de drogas é feito desde a Pré-História. Para alguns cientistas esse consumo vem de um impulso biológico para a intoxicação, sendo isso compartilhado pelos humanos com inúmeras espécies. Ao longo da história do homo sapiens, foram sendo valorizadas diversos tipos de substâncias que tinham finalidades de uso artesanal, espiritual, de diversão, de afetar o metabolis-


mo e consciência, e por sua vez, estas últimas acabaram por ser conhecidas como “drogas” e com os anos a se propagarem pelas trocas humanas ao redor do mundo. Boa parte das populações nativas de cada continente já possuíam substâncias com finalidades recreativas, espirituais, mágicos, etc, porém a percepção sob cada uma é mudada ao longo do tempo. Drogas como o ópio e a Cannabis estão presentes na vida humana há mais de cinco mil anos, e hoje, em muitas culturas permanecem marginalizadas e Figura 6. Ronald Regan, presidente norte americano responsáestigmatizadas (McRae, 2014). Os Estados Unidos, vel por impulsionar a guerra as drogas. desde o início do século XX iniciaram as campa- [disponível em:Figura 6. https://seelio.com/w/rwu/ronald-reagan-an-innhas proibicionistas, sendo estas vinculadas sem- fluential-person-in-the-war-on-drugs <acesso em 19de abril de 2019>] pre aos imigrantes e pessoas marginalizadas. Dessa forma essas campanhas de forte cunho moralista e racista ganharam imenso eleitorado, e com isso sendo postas em prática. Essa política antidrogas ganhou âmbito internacional, visando a proibição e erradicação das drogas em curto ou médio prazo (McRae, 2014). Segundo MacRae (2014), no Brasil, culturalmente, houve uma atribuição negativa às drogas, e com isso os usuários acabam sendo concebidos de maneira estereotipada como irresponsável e incapaz de gerir sua vida. Na história do país, a maconha e seus derivados tiveram seu uso associado às populações mais pobres, negras e nativas, e com isso suas práticas culturais eram sistematicamente desqualificadas. Essas camadas sociais permaneceram ao longo dos mais de 500 anos de país marginalizadas, e nesse cenário acabaram por ocupar regiões menos favorecidas, sem infraestrutura, educação de qualidade, saneamento básico e moradia digna. Desta forma, essa desigualdade social proporcionou a formação de imensas favelas e ali, por conveniência, se instaurando o crime organizado, que possui como principal mercadoria as drogas (Oliveira, 2006). Nesse caminho, as drogas se tornaram o principal foco de combate das forças policiais,

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acarretando numa encarceração em massa de uma população pobre, uma vez que, se tornaram as principais comerciantes de substâncias ilícitas para o usuário. Contudo, criou-se um estigma em torno dessa população marginalizada, tanto pelo uso, quanto pela venda, e assim não levando em consideração o tráfico e consumo de drogas das classes mais abastadas. Porém por de trás desse cenário há uma participação massiva de agentes com imenso poder político e econômico, que mantém pautas de segurança e guerras às drogas como estratégia de campanha e perpetuação do poder governamental. Para Fiore (2012) os potenciais danos individuais e sociais do consumo de drogas não justificam sua proibição, uma vez que todas as ações humanas acarretam algum potencial de perigo ou dano, seja ela a locomoção, esporte, alimentação, sexo. O estado faz o controle de boa parte da produção das drogas, como por exemplo o álcool e muitos medicamentos sem prescrição (analgésicos - por exemplo), e ambos trazem inúmeras mortes por reações adversas, efeitos colaterais e consumos abusivos. A legalização de qualquer substância psicoativa não é um caminho simples e objetivo para uma saída que resolva o problema, pois mesmo com ela, o tráfico e consumo abusivo serão praticados. Ou seja, em qualquer cenário as melhores respostas que se podem ter são: a educação sobre o as drogas e seu consumo, e trazer as informações de maneira técnica e científica, para isso surgiu a Redução de Danos, que será abordada mais à frente.

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Distribuição dos crimes no Brasil: Homens

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Fonte: IPEA, 2018.


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“Sistema imunológico fraco a cada trago, mais estrago cada vez mais magro. Eu tenho medo da viatura, internação compulsória, não quero ser levado pela prefeitura Eles não sabem o que fazer com gente como eu Pensei que fosse fácil de parar foi o que me fudeu Quando o assunto é crack a lei é lerda, muda plano, sai governo e continua a mesma merda. Família? Virou pedra Patrimônio? Virou pedra O coração ainda bate, mas está morto porque virou pedra… Mas uma paulada, fumaça fica presa na garganta atravessada Todo me tremendo me sentindo um doente, Uma mistura de mendigo com narco dependente” Pedra no Caminho, MV Bill (2014)

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2.Caminho Prático 2.1.A Luta Antimanicomial A gestão Haddad (PT) da prefeitura de São Paulo (2014) sempre deu grande atenção aos usuários de drogas do município com o Programa Braços Abertos, este visando as políticas e práticas de Redução de Danos. Porém como essa política enfrenta grande rejeição da sociedade devido a questões morais, sua extinção foi feita no então governo estadual de Dória (PSDB) e assim retomado o Programa Recomeço, o qual visa medicalização, internação dos usuários e repressão policial. Essa abordagem mantém um estigma de incapacidade e marginalizaFigura 7. “Crackolândia” 2018 (São Paulo) ção sob o adicto. Na música Caminho das [disponível em:https://www.noticiasaominuto.com.br/justica/693789/policia-faz-opePedras (2014), de MV Bill, o rapper traz o racao-para-prender-traficantes-na-cracolandia-em-sp papel do estado no cuidado ao usuário de <acesso em 29 de abril de 2019>] crack. Primeiramente, ele cita a viatura, representando a polícia e toda a violência posta aos usuários como agressões, encarceramento e abuso de autoridade. Em segundo ponto, é colocada a internação compulsória, como elemento utilizado pelos governos de maneira higienista no tratamento dos usuários. Também aborda a ineficiência das leis de amparo aos usuários, pois quando se trata de populações marginalizadas, o descanso é sempre evidente. A mudança histórica na postura do tratamento ao usuário de drogas iniciou-se

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durante a Reforma Psiquiátrica, contemporâneo aos movimentos sanitários ocorridos nos anos 1970. A reforma visava a mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde coletiva, equidade na oferta dos serviços, e protagonismo dos trabalhadores e usuários nos processos de gestão. A Reforma brasileira é inserida num contexto internacional de mudanças no modelo centrado no Hospital Psiquiátrico, junto à luta de movimentos sociais voltados pelos direitos dos pacientes, estes iniciados em 1978. O MTSM (Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental) passa a protagonizar essa luta em diversos campos, e com isso expondo a violência presente nos manicômios, a mercantilização da loucura e a hegemonia de uma rede privada de assistência. Assim, iniciam-se as primeiras propostas de ações e reorientação da assistência psiquiátrica. Em 1987, ocorre o II Congresso Nacional do MTSM, adotando o lema: “Por uma sociedade sem manicômios”. Nesse mesmo ano é criado o primeiro CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) em São Paulo, e em 1989, em Santos, se inicia um processo de intervenção no hospital psiquiátrico Casa de Saúde Anchieta, local conhecido por maus-tratos e mortes de pacientes.. A reforma do hospital ganhou intensa repercussão, com isso demonstrando a possibilidade de um caminho propositivo de SUS uma construção de um modelo substitutivo ao hospital psiquiátricocomumente chamado de manicômio. E por fim em 1988, junto com a nova constituição é criado o SUS (Sistema Único de Saúde), e futuramente o CAPS é incorporado ao sistema. RAPS A partir dos anos 90, o Ministério da Saúde, passa a ter diretrizes mais concretas em torno da saúde mental, a partir da assinatura da Declaração de Caracas e da Realização da II Conferência de SaúCAPS de Mental. No período a execução do CAPS ainda era instável, pois a fiscalização nos hospitais não previam mecanismos sistemáticos para mudanças e o investimento financeiro para as novas estratégias ainda era muito baixo. Desde o momento de sua institucionalização o modelo vinha sendo aplicado em todo território brasileiro, e assim propon-

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do novas abordagens para o tratamento dos problemas e necessidades psiquiátricas. Em 2011 é instituído o RAPS (Rede de Apoio Psicossocial) -incluindo o CAPS- para centralizar todo o tipo de tratamento que o estado provém a respeito da saúde mental. Nessa rede estão inseridos: Unidades Básicas de Saúde, Núcleos de Apoio à Saúde da Família, Consultórios Na Rua, Centros de Convivência, Centros de Atenção Psicossocial nas suas diferentes modalidades, Atenção de Urgência e Emergência, Unidades de Acolhimento, Serviços de Atenção em Regime Residencial, Leitos de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas em Hospitais Gerais, Serviços Residenciais Terapêuticos. Atualmente, o então governo federal do Presidente Jair Bolsonaro (2019) coloca em curso outro tipo de atendimento à saúde mental no Brasil. Entre os principais itens em consulta interna do ministério estão: a inserção de hospitais psiquiátricos nas RAPS, financiamento de aparelhos de eletroconvulsoterapia, a possibilidade de internação de crianças e adolescentes e abstinência como uma das opções de política a atenção às drogas. A questão dos hospitais psiquiátricos, das internações e da abstinência traz a contradição do processo prático e do respeito aos limites do usuário -fator amplamente considerado nas práticas de redução de danos. É fato a necessidade de espaços psiquiátricos permanentes para alguns pacientes, mas o questionamento deve ser feito, qual a intenção na reinserção desses equipamentos na sociedade Figura 8. Consultório na Rua, Curiba 2015) [disponível em:http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/populacao-em-situacao-de-rua-pode-fazer-teste-de-hiv-no-trailer-do-consultorio-na-rua/36033 <acesso em 29 de abril de 2019>]

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contemporânea, se os métodos mais competentes já são outros? Além disso, na nova gestão, o CAPS deixa de ser o principal referência no atendimento aos dependentes quiímicos.

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“Superior Super Billy isso te destrói por dentro me corrói quando vejo você querendo ser super-herói não gosto da parada ligo os camaradas isso traz desgraça, escapam não escapam, as vezes escapam estão na madrugada dando várias mancadas ha que loucura quem vive sabe dizer quem morre sabe porque na balada ao amanhecer kriptonita permanece na dupla sobrevivente Embalado com medo do sol Billy enrolado parece um anzol com sua energia atraente Billy sente sua lingua ficando dura de repente Ao ataque, ao ataque overdose o ataca pega uma colher põe debaixo da língua senão ele não escapa… grande Madureira incentivando vários moleques puta mano errado quase vai o primeiro pivete O primeiro pega ficou relax o segundo ha jamais esquece” Super Billy, Conexão do Morro (2001)

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2.2.Iniciativas brasileiras e Redução de Danos O início das práticas ocorreu devido ao risco de contaminação pela Hepatite B durante a década de 1980 na Holanda com a distribuição de seringas descartáveis e preservativos. E na intensificação do vírus da AIDS passou a ser difundida em inúmeras cidades e países (CRUZ, 2012).No Brasil, segundo o boletim do Ministério da Saúde o número de casos notificados de AIDS por exposição ao uso de drogas injetáveis caiu de 4.092 (29,5% do total) em 1993 para 225 (5% do total) em 2013. A Redução de danos (RD) se baseia num conjunto de ações e princípios para a abordagem dos problemas relacionados ao uso de drogas e outras práticas nocivas à saúde. Essa estratégia entende que não deve haver imediata e obrigatória extinção do uso de drogas, tanto pela sociedade quanto pelo usuário; no entanto, ela visa a formulação de práticas que diminuem os danos causados ao sujeito e aos grupos sociais. A RD se baseia em princípios de pragmatismo, tolerância e compreensão da diversidade.

pragmatismo tolerância diversidade

Sua atuação pragmática é feita devido a compreensão da necessidade de oferecer serviços de saúde para todas as pessoas que têm ou não problemas com álcool e outras drogas, com o foco na prevenção da vida. Nesse sentido, propor ações práticas para o usuário ou adicto como por exemplo: o não compartilhamento de cachimbo de crack entre os usuários para redução de transmissão de hepatite, uso de piteiras para fumantes de maconha para diminuição da temperatura da fumaça, utilização de canudos descartáveis para o consumo de cocaína para a não aspiração de bactérias e fungos, uso de preservativos nas relações sexuais, isso

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para que as pessoas evitem de se expor a situações de risco. Esse trabalho faz com que muitos dos usuários de aproximem de instituições, e com isso surgindo a possibilidade que peçam ajuda em algum momento, ao contrário de um serviço proibicionista ou mesmo compulsórios. A postura é tolerante, pois não procura uma compreensão moral sobre os comportamentos relacionados ao uso de drogas e práticas sexuais, assim evitando abordagens preconceituosas e autoritárias. E a diversidade, pois cada sujeito estabelece relações particulares com cada substância, e que abordagens padronizadas são ineficazes e excludentes, devido à baixa compreensão do usuário e suas demandas.O tratamento fundamentado na redução de danos procura integrar o usuário na decisão de objetivos, metas intermediárias e procedimentos, assim não impondo condições autoritárias e desmedidas. A interrupção do uso de álcool e outras drogas, é muitas das vezes um objetivo, porém outros tipos de melhoras são buscadas, como por exemplo o relacionamento familiar, evitar situações de risco, e retomada das atividades profissionais. Desta forma o engajamento e a motivação dos usuários passa a ser maior por se ver incluído e potencialmente ativo em seu tratamento (CRUZ, 2012). Na música, Super Billy do Conexão do Morro (2001), é narrada a saga diária de um usuário de droga: o Billy. Sua rotina e seus hábitos permeiam o crack e todo seu ciclo de consumo: conseguir o dinheiro -de maneiras variadas, comprar a droga e por fim seu uso. A trajetória danosa e rotineira faz com que muitos dos usuários fiquem em situação de rua, envolvidos com o crime e ameaçados pelos problemas criados em função de sua adicção. Na narrativa, Billy sofre uma overdose, e colocam uma colher embaixo de sua língua para que o mesmo não a ‘engula’ e morra sufocado, porém este cuidado prestado é equivocado. Esse primeiro socorro é indevidamente prestado, pois é um mito segurar a língua para que não a engula, assim o usuário corre o risco de machucar sua boca e sua língua. No caso, o correto seria colocar a pessoa deitada de lado e esperar a crise passar. Desta forma, a difusão de políticas de RD poderia prevenir tanto a ocorrência de

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ao consumir álcool, ingerir água para reduzir efeitos colaterais

fumando crack, utilizar caximbos individuais e higienizados

para a cocaína, utilizar canudos individuais descartáveis


Figura 9. Logo SUS [disponível em:https://leianoticias.com.br/wp-content/uploads/2019/01/sus-logo-080119.png <acesso em 29 de abril de 2019>]

Figura 10 Logo CAPS [disponível em:https://brasilcampinas.com.br/ caps-vida-vai-passar-a-atender-24h-em-hortolandia-no-proximo-sabado.html <acesso em 29 de abril de 2019>]

uma overdose, quanto a assistência para o dependente; no entanto, nenhuma medida proibicionista faria com que usuários não fizesse o consumo da pedra. Garantir essa educação ao usuário é uma estratégia de promoção à saúde, ou seja, empoderar todas as pessoas -independente do riscopor oferecimento de alternativas para uma vida digna e saudável. A Promoção de Saúde é um princípio de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco, e desta forma, criando mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade e incorporem a participação social na gestão das políticas públicas. Na Política Nacional de Promoção à Saúde são definidas as ações: 1.alimentação saudável, 2.práticas corporais e atividades físicas, 3. Prevenção ao uso de tabaco, álcool e outra drogas, 4.acidentes de trânsito, 5.cultura de paz e 6. Desenvolvimento sustentável. O conceito de prevenção baseia-se em chegar antes e impedir que algo ocorra, ou seja, requer uma ação premeditada e articulada, podendo ser classificada em três tipos: a prevenção universal, seletiva e indicada. A primeira é dirigida a população em geral, como divulgação pela mídia, palestras em escolas, sem uma preocupação de selecionar um grupo de risco. Já a seletiva é voltada para populações que apresentam algum risco, e assim ser presente em espaços de alta comercialização de drogas e fatores de vulnerabilidade. E por fim a indicada engloba sujeitos que já são usuários ou com comportamentos de risco relacionados diretamente com as substâncias (SANCHEZ, 2012). Hoje, como principal estrutura de prevenção, atendimento, acolhimento e que coloca em prática a redução de danos é o CAPS, e pos-

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sui suas especialidades CAPS AD e CAPS III AD para o tratamento dos adictos em álcool e outras drogas. O CAPS AD é implantado em cidades com mais de 100.000 habitantes, funcionando de segunda a sexta das 8 às 18 horas e em alguns podendo funcionar até às 21h. O CAPS III AD é instalado em municípios com população acima de 200.000 habitantes e funciona diariamente durante 24 horas.

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“O mundo cultua a idolatria do corpo perfeito Joga no hospital psiquiátrico humano com defeito Sem triagem, seleção, diagnóstico Doente mental, físico, auditivo num depósito Vegetal com fralda geriátrica é descartável pra família Mas não seu cartão da aposentadoria Aí cuzão preconceituoso, Beethoven era surdo Steve Wonder é cego e encanta o público Depois de Einstein, o físico mais brilhante do planeta Stephen Hawking, o matemático preso numa cadeira” Castelo Triste, Facção Central (2006)

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2.3.Humanização dos Espaços de tratamento

acolhimento

vínculo terapêutico

corresponsabilização

As novas propostas do Ministério da Saúde (2019) acerca dos hospitais psiquiátricos iniciam a discussão de qual usuário vai utilizar esse espaço, pois sempre estiveram vinculados a uma população marginalizada, que de forma higienista, eram confinadas nesses recintos de tratamento. O grupo Facção Central sempre aborda questões trágicas em suas letras, em Castelo Triste (2006) é contado a história e o rancor de um garoto deficiente físico, partida de seu ponto de vista. As indagações sobre os conceitos humanos a respeito do corpo e da aparência, podem ser extrapolados para as questões mentais, uma vez que pessoas com problemas psiquiátricos e adictos sofrem da mesma exclusão. A questão dos hospitais psiquiátricos contribui para o estigma persistente na vida de muitas pessoas, pois confina e isola os pacientes de forma que o contato e a interação social não se fazem presentes. Para Cruz (2002), o acolhimento dos usuários é fator crucial no estabelecimento de um vínculo terapêutico, incluindo tanto aspectos objetivos quanto subjetivos. As questões objetivas respondem às soluções espaciais, no caso sua infraestrutura e suas relações com a cidade. Assim, se um usuário é designado a um hospital, qual sua resposta afetiva imediata, e qual o vínculo terapêutico que será estabelecido? O atendimento às pessoas que usam drogas deve ser feito sob um tripé: acolhimento, vínculo e corresponsabilização. O acolhimento, como dito acima, é aplicado tanto objetivamente quanto subjetivamente, o primeiro relacionado ao espaço construído, disponibilidade de horários e as práticas de registro; e o segundo a respeito da disponibilidade de profissionais e a escuta atenta e empática. Ao acolher, é necessário compreender as demandas das pessoas que chegam, pois muitos dos usuários chegam ao serviço trazendo desespero e buscando soluções urgentes. Após o acolhimento, é necessária a construção de um vínculo terapêutico, onde ocorre a aproximação do usuário e o profissional (e instituição), visan-

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do uma ligação afetiva e ética. E por fim, a corresponsabilização, uma vez que cada caso é proposto um projeto terapêutico singular, desta forma negociando com o usuário um caminho que seja viável para suas demandas. Nesse sentido, tanto o usuário quanto os profissionais arcam com cumprir sua parte, ao invés de um sistema unilateral (CRUZ, 2012). O espaço físico proposto deve levar em conta questões pertinentes ao usuário que chega, pois diferente da maioria dos espaços projetados o usuário chega debilitado, e boa parte das vezes, sem a motivação para o frequentar e dar um início ao longo processo de ressocialização. Dessa forma, o conceito de acolhimento deve ser fundamental para esse espaço, de modo que seja convidativo e traga conforto ao usuário, a família, aos trabalhadores do equipamento e a sociedade. A implantação em uma localidade estratégica é importante por diversas questões debatidas anteriormente como a: Redução de Danos e a Promoção a Saúde. Estar em um lugar de alto fluxo, traz uma imensa possibilidade de disseminar conhecimento, acolher os que precisam de ajuda e se fazer presente para a sociedade educando e promovendo ações conjuntas. Em 2003, foi criado o HumanizaSUS, dentro da Política Nacional de humanização que tinha por princípios criar uma rede de colaboração, que permita o encontro, a troca, a afetação recíproca, o afeto, o conhecimento, a expressão livre, a escuta sensível, a polifonia, o acolhimento, a arte da conversa e multiplicidade de visões (Ministério da Saúde, 2012.) Arquitetura e humanização são elemento intimamente conectados, porém nem sempre presentes nas edificações existentes. Em linhas gerais, humanizar o espaço é atender os anseios materiais e psicológicos dos humanização usuários em uma construção que garanta as questões de segurança, saúde, Ação ou efeito de humanizar ou higiene e bem-estar dos ocupantes . Dessa forma, a arquitetura e a humahumanizar-se; tornar-se nização do espaço garante não apenas a sua funcionalidade, mas também o mais sociável, gentil ou bem estar de todos os seus usuários (CIACO, 2010). Para Coelho (2009), um amável. bom espaço habitável caminha em duas escalas: a doméstica e a pública, onde dicionário dicio ambas promovem uma caracterização espacial além das questões de ocupa-

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ção de uma área ou localidade. Nesse sentido, humanizar o habitar é produzir uma arquitetura que se conecte com o nosso ser mais genuíno e com isso conceber um espaço que seja suplemento da alma. O arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, trabalhou boa parte de sua carreira na construção de um espaço mais huFigura 11. Corte do hospital Sarah Kubisteck (2008) manizado, principalmente os hos[disponível em:http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/243/artigo313008-4.aspx <acesso em 29 de abril de 2019>] pitais. Segundo Guimarães (2010), o arquiteto propunha um cuidadoso cumprimento das necessidades de um projeto. Isso devido as imensas particularidades de cada edifício, seja pela disposição espacial, pelos valores humanos, pela vegetação, pelos aspectos climáticos, acessibilidade, etc. Outro elemento fundamental em seu projeto é a busca pelo máximo de luz, ar e natureza e saúde nos ambientes interno, assim esgotando um modelo branco e apático dos hospitais já construídos. A estrutura de tratamento para o tratamento dos dependentes químicos presente no Brasil se concentra em dois tipos: o CAPS, pela rede pública, e pelas redes privadas de tratamento as clínicas e as comunidades terapêuticas. Hoje, os CAPS AD e CAPS III AD, são implantados em residências ou novas construções, e assim feito um projeto de segundo padrão estabelecido e regido por um código interno. Boa parte dessas casas adaptadas são dispostas em bairros residenciais, não possuem um fachada chamativa ou mesmo atrativa, quando muito colocam um banner, também não possuem nenhum tipo de uso misto. Além disso. Vale ressaltar o extenso programa institucional proposto e a compatibilidade com a arquitetura locada, uma vez que a tipologia residencial ou uma

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estrutura de galpão não possuem características muitas vezes necessárias a um espaço de acolhimento. Quando não reformados são executados prédios entediantes, muito semelhantes às tradicionais UBS implantadas nos bairros, isto é baixa qualidade de implantação, poucos espaços atrativos, fachadas desconexas do entorno, e uma imensa semelhança com os espaços de saúde tradicionais. Outros espaços de acolhimentos presentes na urbanidade são os Alcoólicos Anônimos (AA) e os Narcóticos Anônimos (NA), instituições que visam o tratamento por meio de sessões coletivas e apoio mútuo entre os ex-dependentes e dependentes; a qualidade física do espaço sempre é das piores. Uma sala adaptada, com mobiliário antigo e pouco instigante, frases e banners motivacionais nas paredes, um espaço de pouco aconchego e permanência. Os espaços privados também trazem essas características extremamente funcionalistas em seu projeto, e muitos são implantados na zona rural e assim sendo imprescindível a permanência por extensos períodos. Essas deslocados dos centros urbanos procuram um ar bucólico em sua arquitetura, muitas vezes, utilizando as antigas casas das fazendas e sítios. Também possuem estrutura de internação -quartos e alojamentos, espaço para o cultivo de pequenas hortas, cuidado com animais, locais para palestras, ócio e lazer. Quando localizados na cidade, tendem a ser espaços fechados e pouco integrados com a comunidade, ainda visando um tratamento medicalizado.

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“O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas Que cresceram com a força de pedreiros suicidas Cavaleiros circulam vigiando as pessoas Não importa se são ruins, nem importa se são boas E a cidade se apresenta centro das ambições Para mendigos ou ricos e outras armações Coletivos, automóveis, motos e metrôs Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs A cidade não pára, a cidade só cresce O de cima sobe e o de baixo desce A cidade não pára, a cidade só cresce O de cima sobe e o de baixo desce A cidade se encontra prostituída Por aqueles que a usaram em busca de saída Ilusora de pessoas de outros lugares A cidade e sua fama vai além dos mares No meio da esperteza internacional A cidade até que não está tão mal E a situação sempre mais ou menos Sempre uns com mais e outros com menos” A Cidade, Nação Zumbi (1994)

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3.Tratamento dos espaços 3.1. Constituição dos espaços de acolhimento Um dos principais produtos da ocupação humana no planeta são as cidades, para Tuan (1979), elas são a maior aspiração da humanidade em relação a uma ordem perfeita e harmônica Em Paisagens do Medo, o autor descreve os medos na cidade, esses que se modificam de acordo com a época e com a sociedade. Para Roma do século I d.C., um grande medo eram os incêndios devido a facilidade das residências pegarem e propagarem o fogo, assim surgiram as primeiras brigadas para a proteção. Nas cidade europeias do século XVI um grande medo era o atropelamento pelas carruagens, uma vez que as estreitas vielas não possibilitaram um bom fluxo dos veículos, dessa forma foram instalados postes determinando onde elas poderiam circular, sendo o primeiro embrião da calçada. No final do século XVIII a Cidade de Filadélfia temia os estrangeiros e pobres, e dessa forma as forças políticas organizaram uma cidade espacialmente segregada, no centro viviam os abastados, e nas periferias as mais pobres. O medo é algo construído de acordo com experiências vividas e aprendidas segundo nossos instintos mais naturais, quando coletivo, acarreta em situações mais complexas e relativas. Uma diversiFigura 12. Hospital Colônia em Barbacena-MG. Situação que ficou conhecida ficada e estratificada população inecomo o Holocausto Brasileiro. [disponível em:https://images.vice.com/vice/images/galleries/meta/2013/08/10/1168221413273077395.jpeg?resize=640:* <acesso em 29 de abril de 2019>]

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vitavelmente contém pessoas que se afastam das normas geralmente aceitas. Nesse conjunto estão presentes os loucos, os ociosos, pobres despojados, e numa sociedade estabelecida esses indivíduos são vistos como pessoas nômades e instáveis; assim não vinculadas a um lugar. Historicamente essas pessoas têm sido destinadas a inúmeros lugares como forma de tratamento, acolhimento, exclusão ou mesmo exílio. Assim, os espaços que faz essa recepção foi naturalmente estigmatizado e ao mesmo tempo que ocorre um aumento da população urbana os destinos dos pacientes vem se tornando cada vez mais idealizado em espaços ruralizado. Há um medo nesse cenário. A ideia de retirar um dependente químico urbano, vinculado e habitante da cidade para tratar em um espaço isolado de sua realidade é controverso. No âmbito de que o contexto particular estabelece as relações sociais e profissionais - e no caso também o uso de drogas, como um espaço distante terá as mesmas dificuldades de inquietações que o trouxeram a adicção? O tratamento dos drogadictos deve ser coexistente com as suas relações locais, afetivas e de trabalho, porque partindo desse pressuposto é visado a normalidade e atemporalidade do paciente e seu tratamento. Com isso, um espaço acessível a cidade propõe elaborações de tratamento

Figura 13. Inserção urbana de uma cliníca ‘rural’ em Bauru [disponível em:GOOGLE EARTH <acesso em 01 de maio de 2019>]

Figura 14 Inserção urbana de uma clínica urbana em Campinas [disponível em: GOOGLE EARTH <acesso em 01 de maio de 2019>]

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diferenciadas, seguindo os preceitos de RD. Reduzir o estigma da internação e do tratamento é fundamental para a auto-estima e engajamento do paciente, para Santos e Costa-Rosa (2007), estar internado reforça o estigma de “fracassado” no sentido de cuidar de sua vida, e muitas das instituições apenas interagem na pausa no gozo que a droga produz, apenas querendo se livrar dos inconvenientes da situação de crise. A importância de incorporar um espaço de ressocialização em uma localidade estratégica é fazer com que dependentes químicos possam, antes de uma situações extremamente adversas, buscar ajuda no local e assim desenvolver as atividades conjuntas. De forma que os vínculos de trabalho sejam mantidos, que as relações familiares e afetivas possam ser coexistir em sua rotina, e de forma pragmática buscar uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. Articular o tratamento com a cidade é fundamental para as relações contemporâneas de trabalho, vivência e lazer, uma vez que as três permanecem em extensa dialética na rotina. Desta cidade maneira, considerar o equipamento perto de uma rede de mobilidade promoverá um acesso democrático e constante, visto que RESIDÊNCIA boa parte dos cidadãos passaram por estes nós urbanos. Contudo, a promoção de um local de intensa troca com a cidade, alterando a interação entre os moradores, trabalhadores e transeuntes da região com os adictos em tratamento, desta forma propondo uma humanização no contato humano rompido; assim visando romper ESPAÇO DE a fragmentação espacial de um guetto de tratamento e a cidade. RESSOCIALIZAÇÃO

TRABALHO

As relações urbanísticas dos espaços de tratamento sempre são muito confusas, ora se relaciona com ambiente residencial, outro momento se faz presente no ambiente rural, e em poucos momentos vem ao epicentro do problema: o centro urbano e seus pontos estratégicos Para adentrar nessas outras relações urbanas é necessário conceitos propositivos uma vez que o espa-

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ço de tratamento será em meio à cidade. Além de que, sua presença urbana estigmatizada não colabora para suas relações públicas, tampouco para sua articulação com o espaço construído. Para Tallen (2008), a diversidade urbana é fator primordial para bairros saudáveis com vitalidade e igualdade social. A autora ressalta que chave para um bom projeto urbano e sua ideia central devem ser a combinação e mistura de atividades sem a separação do uso, assim maximizando as trocas possíveis, sejam elas financeiras ou não. No entanto, os espaços de ressocialização não são implantados seguindo essa lógica, há muitas outras variáveis que impedem e competem com esse entendimento de cidade. Nesse sentido, integrar os usos do programa arquitetônico de um lugar de tratamento com as necessidades urbanas podem trazer um equipamento de intensa resposta à problemática, assim integrando o dependente à sociedade. Farr (2008), propõe que em um bairro urbano ideal seja presente uma diversidade de serviços e comércios, para que a estrutura viária principal seja a pedonal, ou seja num raio de 400m, você encontrar essa gama de serviços. Assim, com uma análise urbana da região a proposição de usos faltantes e espaços adaptativos no equipamento pode vir a ser um elemento articulador entre a cidade e os pacientes em tratamento, de modo que este possa trabalhar e ocupar um espaço de importância e fluxo urbanístico.

esporte

comércio

lazer Diversificação no equipamento urbano

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Complemento dos usos da cidade no equipamento

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3.2. Exemplos contextualizados Experiências urbanas mostram como a entidades podem contribuir com o tratamento dos adictos em álcool e outras drogas, manter essas pessoas negligenciadas no ambiente urbano é algo desumano. Os dependentes químicos ocupam os espaços públicos da cidade, e são presentes em diversas localidades do mundo. Cada país encara o problema das drogas de maneira específica, uns mais outros menos progressistas. O Canadá tem se mostrado um país disposto a debater o tema e mudar sua postura visto a trajetória histórica das drogas e dos danos sociais postos pelo cenário. Na região central de Vancouver, na rua East Hastings, o governo local em parceira com organizações não governamentais, implantou um projeto de ressocialização numa área onde se aglomeravam dependentes de heroína -muito semelhante a ‘cracolândia’. Em 2008 iniciou-se as ações de RD incluindo múltiplos serviços como: habitação, alimentação, higiene, assistência social e até a substituição da heroína por drogas mais amenas. Também, ambientes seguros para os usuários consumirem drogas sob a supervisão de profissionais. Em questão de 5 anos, a área passou a ter a retomada de comércios comuns e não usuários a frequentar o espaço (McRae, 2012). Na Suíça, em 1994, foi adotado um programa de tratamento por administração de heroína e a criação de salas para consumo. Essa negociação baseou-se na avaliação de que, os consumidores da droga recebendo legalmente, evitariam de entrar para o crime e para o tráfico. O número de usuários caiu de 850 em 1990 para 150 em 2005, e uma queda de 90% nos crimes cometidos por participantes do programa (Jornal do Senado, 2013). Figura 15. East Hastings em 2015 [disponível em: GOOGLE EARTH <acesso em 01 de maio de 2019>]

58


No Brasil, as atuações urbanas ocorrem por entidades religiosas e organizações vinculadas ao RAPS; as organizações privadas se mantém presentes na internação compulsória em conjunto ou não com as instâncias governamentais. Hoje, como principal referência no tratamento aos adictos em álcool e outras drogas temos o CAPS e suas práticas de redução de danos, seja na rua ou em clínica. Sua diversidade de tratamento traz como proposta diversos tipos de espaços para acolher, tratar e acompanhar os pacientes. Em Campinas, há a presença do serviço filantrópico do Cândido Ferreira situado em Sousas. Sua prática inicial fora como um hospital psiquiátrico, e desde a instituição do movimento da Reforma Psiquiátrica atua como pioneiro nas práticas de cuidados com as pessoas através da reabilitação psicossocial. Hoje, a estrutura dispõe de Centros de Atenção Psicossocial, Centros de convivências, Consultório na Rua, Residências Terapêuticas, oficinas de Inclusão Social pelo Trabalho e Projetos Culturais. O trabalho da instituição vai além das estruturas de tratamento vigente, na Cândido Escola há a promoção de ensino para profissionais que trabalham com a temática e residência médica. Dessa forma promovendo a interação e maior capacitação dos profissionais do município e região. Sua estrutura de extensão promove diversas produções e assim aumentando a interação entre as pessoas em tratamento e a sociedade, e nela se encontram: a rádio Maluco Beleza, o Jornal Candura, a Revista Cândido Escola e a Rosa dos Ventos, e uma loja o Armazém das oficinas. Além disso, a promoção de eventos e oficinas que abrangem pessoas que não possuem um vínculo direto com a instituição. Figura 16. East Hastings em 2018 [disponível em: GOOGLE EARTH <acesso em 01 de maio de 2019>]

59


Outra instituição filantrópica de enorme impacto no município é a Instituição Padre Haroldo Rahm, referência no tratamento de adictos em álcool e outras drogas. Hoje, a entidade atua na promoção de prevenção, cuidados e educação em Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Acolhimento Residencial e Comunidade Terapêuticas para dependentes. Também, possui um programa de facilitação para o trabalho e renda. Figura 17. CAPS AD - Independência, Campinas - SP [disponível em: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2017/06/campinas_e_ rmc/482583-caps-no-jardim-do-trevo-atendera-24-horas.html <acesso em 17 de maio de 2019>]

Figura 18. Cândido Escola [disponível em: https://www.segs.com.br/saude/107099-edicao-2018-da-mostra-sustentavel-sera-no-servico-de-saude-candido-ferreira <acesso em 17 de maio de 2019>]

60


Figura 19. Instituto Padre Haroldo [disponĂ­vel em: http://atelierevestimentos.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/08/candido-ferreira-1-1170x658.jpg <acesso em 17 de maio de 2019>]

61


3.3. Programas Referência

CAPS

recepção

banheiros

recepção/acolhimento

copa

convivência

arquivo

quartos

rouparia

refeitório

almoxarifado

salas de individuais

sala reunião

salas coletivas

sala repouso prof.

sala medicação

abrigo resíduos

Como referência de programa serão utilizadas as três referências citadas anteriormente, levando em conta sua presença no município de Campinas e a integralidade das instituições. Assim os usos divididos em quatro temáticas: área pública, acolhimento, espaço de tratamento e área técnica, e assim estabelecendo os diagramas. O CAPS possui um programa bem compacto e genérico, e de acordo com o local locado se amplia ou se adapta de acordo com a sua modalidade (CAPS AD, CAPS III AD) ou de acordo com as necessidades da unidade de tratamento. O Cândido Ferreira por tratar de diversas pessoas e disfunções mentais possui uma área bem diversificada, contando com elementos não presentes nos CAPS, como por exemplo área de nutrição, ou mesmo áreas abertas ao público como um restaurante e uma rádio. O Instituto Padre Haroldo possui uma área verde muito ampla, e assim podendo conter outros tipos de terapia e relações espaciais, além disso, devido às práticas religiosas e de yoga dispõe de espaços amplos para as realizações das atividades.

posto enfermagem

62


INSTITUTO PE. HAROLDO

CÂNDIDO FERREIRA

recepção

banheiros

recepção

lavanderia

restaurante

escola p/ profissionais

acolhimento

portaria

comércio

oficinas abertas

comércio

banheiros

praça pública

capacitação prof.

espaço religioso

copa

café

administração

ensino religioso

arquivo

espaço cultural

salas de reuniões

auditório

almoxarifado

rádio

almoxarifado

refeitório

sala reunião

oficinas na rua

copa e banheiro

quartos

horta

un. de atendimento

produção agrícola

áreas de lazer

63


CAPS

3.3.1. Inserção urbanística

CÂNDIDO FERREIRA

A inserção urbanística do equipamento é muito importante quando discutido sua função social, pois suas relações com a cidade são o primeiro ponto de chegada do usuário ao equipamento. Também, pela recepção de pessoas fragilizadas e muitas vezes em estados precários de saúde, estar em lugar de fácil acesso é imprescindível para esse tipo de equipamento público. O CAPS é sempre implantado em vias locais devido a ocupação de residências, são raras as exceções onde implantados em avenidas ou locais de rápido acesso. O Cândido Ferreira é localizado em Sousas, distrito de Campinas, não sendo de fácil acesso a todas as pessoas do município devido a grande distância e pouca articulação do transporte público. E por fim, Instituto Padre Haroldo fica próximo a rodovia, sendo o automóvel a principal maneira de acesso aos usuários.

INSTITUTO PE. HAROLDO

rodovia

64


3.4. Referências projetuais R1 Centro ambulatório de saúde mental San Lázaro

R2 Residência e Centro para Problemas Psiquiátricos

conexão visual pelo jardim planta articulada no vão central

ocupação do perímetro e criação de duas espacialidade coesas

pátios internos diferenciados e articulação sólida

amenização do terreno estreito verticalização estratégica

65


1.planta subsolo (-3.0m)

R1 Centro ambulatório de saúde mental San Lázaro Arquitetos: Jorge Andrade Benítez, Daniel Moreno Flores Localização: Quito, Ecuador Área: 1891.0 m2 Ano do projeto: 2014 Para a concepção projetual futura, esse edifício contribuirá com sua relação com o entorno e sua presença espacial. Sua inserção é feita por uma camada de um edifício mais antigo que contorna o terreno, defronte a isso são anexadas novas formas ao seu fundo, e assim criando pátios internos e novos espaços qualificados. Além disso, sua naturalidade urbana, devido parecer um edifício familiar a cidade e ao bairro inserido; e que apesar de um espaço de saúde não possui uma carga de centralidade e estigmatização como muitos hospitais e unidade de saúde. Desta maneira, constitui-se um espaço aconchegante e familiar aos que o visitam, trazendo uma maior abrangência de público e conforto ao usuário. Também, sua entrada sútil feita pelo edifício antigo que é tratada como uma entrada comum a cidade, e desta forma criando um padrão de leitura do usuário de forma clara e objetiva.

66

2.planta térreo (-.0.0m)

3.primeiro pavimento (3.0m)


implantação salas de atendimento

inserção urbanística

pátio seco e circulação [disponível em: https://www.archdaily.com. br/br/915584/centro-ambulatorio-de-saude-mental-san-lazaro-jorge-andrade-benitez-plus-daniel-moreno-flores <acesso em 17 de maio de 2019>]

entrada sútil

67


1.planta térreo (-0.0m)

R2 Residência e Centro de dia para Problemas Psiquiátricos Arquitetos: Aldayjover Arquitectura y Paisaje Localização: Barcelona, España Área: 2,098 m² Ano do projeto: 2010 O projeto traz uma fachada atrativa e curiosa, e dessa forma despertando usuários que passam em uma rua de cores e prédio monótonos. Ao entrar na edificação, há um imenso contraste de cores verdes do jardim e das placas de acrílico com o cinza das placas metálicas, assim criando uma nova atmosfera no edifício. Também, esse jardim central funciona como um elemento de iluminação natural e ventilação, além de que conecta visualmente as duas lâminas do edifício, permitindo maior interação dos usuários. Em ambiente urbano, promove o uso do térreo com um jardim, fazendo com que seus ocupantes permeiem o edifício e desfrutem de uma nova vista da cidade.

68

2.planta cobertura (-18.0m)

3.corte AA


jardim interno

fachada atrativa

aberturas centrais

cobertura

conexĂľes

69

[disponĂ­vel em: https:// www.archdaily.com. br/br/01-88730/residencia-e-centro-dia-para-deficientes-mentais-slash-aldayjover-arquitectura-y-paisaje <acesso em 17 de maio de 2019>]


4.Cidade e leitura de local 4.1. Campinas e o equipamento

epicentro da concentração

A cidade para a implantação do projeto será Campinas, escolha motivada pela minha vida universitária na cidade e pela sua importância regional, sendo a principal cidade de sua região metropolitana. Hoje o município possui uma população de cerca de 1,2 milhões de habitantes, expressiva no contexto nacional, e como na maioria das cidades desse porte, possui sua população de rua e usuários de drogas concentradas em seu centro urbano. Como premissa fundamental do projeto é necessário buscar o epicentro do problema, ou seja, onde as pessoas mais vulneráveis e que precisam de mais ajuda estão, e também visto as questões de acessibilidade urbana ao equipamento. Além disso, os fluxos internos da cidade são muito importantes, pois os trechos articuladores da malha de transportes contribuem para a implantação do equipamento, de modo que as pessoas possam frequenta-lo durante sua rotina de trabalho nos horários de entrada, saída e de refeições. Também, é necessário destacar a imensa população vizinha da cidade, que usufrui dos comércios e serviços da cidade, criando assim um fluxo intermunicipal presente tanto no terminal central quanto na rodoviária.

fluxo dos trabalhadores

fluxo intermunicipal

70


MunicĂ­pio e suas divisas

71


4.2. Usuários em Campinas Com pesquisa de campo, entrevistas e visitas aos lugares foram mapeados os pontos de concentração dos usuários na cidade. Boa parte deles se concentram na região central se distribuindo em principais pontos como: o terminal central, a catedral, as proximidades do viaduto Lauro Corrêa Filho e em grande avenidas centrais. Fora dessa região, são destacados os terminais distritais e poucos pontos de concentração.

72


Concentração de usuários

73


4.3. Tratamento e cidade A implantação do equipamento no principal nó de Campinas é estratégia fundamental quando são correlacionados os mapas de vulnerabilidade e o do brt da cidade, uma vez que o transporte público de alta velocidade chega nas regiões de vulnerabilidade alta e muito alta. Dessa maneira podendo atender essa parcela da população com maior eficiência. Além de estar disposto de maneira equidistante à malha viária da cidade, assim articulando a cidade e o equipamento. Os equipamentos de tratamento não se fazem presente nesse centro articulador, desta forma, é garantido o fluxo e a demanda de usuários para o equipamento.

74


Espaรงos de Tratamento

75


4.4.Localização

TERMINAL CENTRAL

FEPASA

10m 50m

200m

76


4.5.Topografia

+675m

+690m

10m 50m

77

200m


4.6.Cheios e Vazios

78


4.7. Hierarquia viรกria

expressa arterial coletora local

10m 50m

79

200m


4.8. Usos

residencial comércio e serviços uso misto institucional praça ou área verde vazio ou desocupado

10m 50m

200m

80


4.9.Gabarito

10+ pav 6-9 pav 5-3 pav 1-2 pav

10m 50m

81

200m


4.Cidade e leitura de local 4.10. Vegetação

árvores e arbustos forração

10m 50m

200m

82


4.11.Fluxos e barreiras

concetração de pessoas acessos terminal fluxo intenso de pedestres barreiras físicas

10m 50m

83

200m


5.PROPOSTA ARQUITETÔNICA 5.1.Estudo Solar SOLSTÍCIO DE VERÃO

14h. 22/12

8h. do início da manhã até o meio-dia (12h) o terreno permanece em pela exposição solar. Fator a infuenciar a disposição dos ambientes do projeto, além de ser crucial para as praças e terraços do projeto.

14h. pelo início da tarde, o terreno ainda permanece ensolarado, sendo

as únicas sombras presentes dos muros vizinhos. Fator que deve ser levado em conta, uma vez que a maior dimensão do lote se orienta a noroeste.

17h. ao fim da tarde não há pontos de sombra no lote. Portan-

to, durante o solstício de verão, será necessário diversas estratégias bioclimáticas a fim de reduzir os horários de desconforto.

8h. 22/12

17h. 22/12

84


8h. 22/06

SOLSTÍCIO DE INVERNO 8h. pela manhã alguns edifícios fazem pouco sombreamento na fachada do terreno voltada pra rua. Boa parte do terreno permanece ensolarado, podendo assim do ofertar espaços de sol nesta época do ano. 14h. apesar da menor oferta de sol no inverno, o terreno se mantém com boa exposição solar. Esse fator contribuído com uma boa orientação dos espaços, garante uma boa oferta de iluminação natural dos ambientes internos. 17h. com menor tempo de dia com sol propiciado pelo solsticio de inverno o terreno já esta todo sombreado. Isto alertando a necessidade do edifício obter calor ao longo do dia para não possuir noite de inverno com temperaturas desconforáveis para os usuários do prédio.

14h. 22/06

17h. 22/06

85


EQUINÓCIO DE PRIMAVERA E VERÃO 8h. ao início da manhã o terreno permanece todo ensolarado,

14h. 21/03 - 22/09

apenas com sombras do muro. Ao longo de todo o ano pela manhã o terreno permanecerá com disponibilidade de sol.

14h. a tarde, o terreno ainda possui boa parte de sua área com sol,

sendo apenas sombreado pelo edifício vizinho. Mais uma vez, alertando a necessidade de proteção solar para maior conforto térmico durante o dia.

17h. pelo fim da tarde o terreno já esta parcialmente sombreado devido ao bloqueio pelo edifícios.

8h. 21/03 - 22/09

17h. 21/03 - 22/09

86


Considerações sobre a escolha do lote junção dos lotes A área de projeto escolhida, hojes são 4 estacionamentos sem edificações consideráveis a se manter. Assim sendo necessário uma junção dos lotes para garantir uma área favorável para o projeto. Retomando as questões da inserção urbana discutida no memorial, foi buscado um lote próximo ao terminal central, lugar de intenso fluxo da cidade. Assim permitindo que a tanto o número quanto a diversidade de pessoas no local seja alta, desta forma mantendo o equipamento público com uso e movimento ao longo de seu funcionamento. Além, do fato do centro de Campinas possuir carências de espaços de estar e convivência de qualidade e com acessibilidade aos usuários do espaço urbano. Para as questões do tratamento a depedência química, será possível obter duas entradas no equipamento desta forma garantir acessos mais privativos, uma vez trabalhados gradientes de privacidades na arquitetura. Também, aumentando a permeabilidade urbana em um centro adensado e árido, de forma a procurar espaços de estar para os pacientes e transeuntes.

permeabilidade

arquitetura+fluxos 87


5.2.Terreno Atotal= 1494m² ZM4_CSEI

67.8

21.8

696

1.8

695

21.8

2.0

camín= 1 camax= 4 af = 6m recuolateral=3m recuofrontal=10m

a

a

2.1

66.9

1.8

planta terreno {esc 1:500} +696,3

+696

+695

corte aa {esc 1:500}

88

+695,1


1

2

3

4

5

5

6

IÃO

5

AJ RU

3

6

16

A CH MA

15 NI CO 14 LA UL UD 13 GE RO M

12 AS E

LI

9

A EC

XIA

S

D UE UQ D A RU

11 10

15

14

7

8

DO

AV. PRE FEI TO JO SÉ

7

AR NC

16

LE EA

1

ÉD OS

2

EG ÔN C 4 A RU

S RE LVA AÁ RU

ERM TO T U D A VI

LC INA

Y UR

IP OC

8

14

13

12

11 89

10

9


90


91


5.3. Programa de necessidades O programa de necessidades é baseado nos princípios de redução de dano e nos três principais equipamentos de Campinas, além de se orientar nas articulações do SUS. Analiticamente o programa foi distribuído em três grandes grupos: tratamento, desintoxicação e espaço público. Desta forma, harmonizando os fluxos e as confluências do público, dos usuários em tratamento e as pessoas em desintoxicação. O primeiro setor, o de tratamento, consiste na grande área de atuação clínica, voltada a pessoas que estão em processo de tratamento de suas adicções, contanto com um programa diversificado e utilitarista. Já o espaço de desintoxicação, é proposta uma área para os usuários que estão em recaída ou em grave adicção necessitando de cuidados mais atenciosos e constantes, assim são necessários quartos e locais de permanência. Para o espaço público, são dispostos usos que preveem a entrada de um novo fluxo de pessoas, para que, utilizem o equipamento em dois sentidos: arrecadação de renda e convívio social, promovendo a interação paciente x sociedade.

DESINTOXICAÇÃO

ESPAÇO PÚBLICO

TRATAMENTO

92


Tratamento

Desintoxicação

Espaço Público

recepção {25m²}

área lazer {200m²}

biblioteca {400 m²}

acolhimento {20m²}

refeitório {100m²}

salas de aulas {4x100m²}

sala medicação {50m²}

quartos {10x35m²}

oficinas manuais {400m²}

posto enfermagem {20m²}

copa {30m²}

of. gastrônomica {400m²}

sala psicólogo {5x30m²}

lavanderia {50m²}

atividades físicas{400m²}

sala psiquiatra {2x15m²}

convivência {200m²}

praça pública {500m²}

sala nutricionista {15m²}

banheiros {50m²}

sala fisioterapia {40m²}

almoxarifado {100m²}

salas coletivas {2x100m²} estar coletivo {500m²} banheiros {por pav. 20m²} administração {100m²} atividades livres {200m²} copa {15m²} descanso profissional {20m²} total + 10% = 1620m²

total + 10% = 1200m²

total + 10% =2750m²

TOTAL = 5570m² 93


5.4. Vínculos do Programa DESINTOXICAÇÃO lavanderia copa

quartos convivência

ARTICULAÇÃO área lazer refeitório salas coletivas sala de aula

TRATAMENTO

descanso profissional sala de reunião

copa administração

94


ESPAÇO PÚBLICO

biblioteca oficinas gastronômicas

oficinas atividades físicas salas de aulas

ARTICULAÇÃO praça pública recepção

acolhimento

sala medicação posto enfermagem

sala psicólogo

banheiros

sala psiquiatra

sala nutricionista

sala fisioterapia

95


5.5.PROCESSO

A

B

O início do processo de projeto de baseou em 4 concepções conceituais para a arquitetura, sendo elas entituladas como (A) Projeção de gabaritos, (B) Contaminação por contexto, (C) Escultura centralizada e (D) Pátio Central. A (A), partia de uma premissa de seguir os gabaritos do entorno e assim produzir uma arquitetura proporcional ao contexto já existente e com isso buscar uma harmonia entre cidade e projeto. A proposta (B) procura no entorno elementos para adentrar ao projeto e desta forma criar uma conexão espacial, assim a contaminação interna por uma área verde disposta em uma das frentes do terreno e noutra a aridez da praça seca e da via. A concepção (C) busca no meio de um espaço de pouca qualidade arquitônica inserir um marco centralizante na região, assim criando uma atração para os transeuntes da cidade. E por fim, a proposta (D) procura criar um espaço intimista e acolhedor, com a presença lindeira de 2 edicações e assim propondo a criação de um jardim central, que pelas visuais faz uma conexão interna para os usuários. Frente a essas proposições, foi considerado uma mistura conceitual e por sua vez a elaboração de um híbrido que pudesse contemplar as diversas visões de projeto e cidade elaboradas. Assim foi trabalhado a questão dos gabaritos mantendo uma

96

C

D


massa de 10 pavimentos numa porção e na outra uma de 5; a questão da inserção de jardins internos e uma praça seca contínua de acordo com o conceito de contaminação foi feita criando um eixo de circulação no lote e desta forma também aumentando a permeabilidade do quarteirão. Também a ideia de escultura foi buscada procurando materiais contrastante e harmonicos com a paisagem, e por sua vez a inserção de jardim interno, centralizando o projeto e amenizando a aridez da região.

97


5.6.CONCEITO A. PROPAGAÇÃO URBANA A extensão da paisagem urbana presente para o dentro do projeto traz uma inserção sútil para a edificação

B.PERMEABILIDADE Garantir a diversidade é permitir diversos fluxos de pessoas, asssim criar um ambiente permeável é proporcionar o descobrimento e uma vida urbana na edificação. C.MÍMESE O terreno posssui duas fachadas em duas ruas muito distintas, uma mais horizontal, outra mais verticalizada. Assim procurar uma leitura entre elas garante uma harmonia no território. D.AMENIZAÇÃO CONSTRUTIVA Amenizar a construção num ambiente denso propõe uma nova dinâmica ao centro construído, assim sendo um espaço convidativo aos usuários E.VISUAIS A permeabilidade visual garante uma relação de não confinamento na edificação, asssim melhorando a qualidade de vida dos pacientes e dos funcionários. 98

itinerante


5.6.PARTIDO A. RECUO FRONTAL E OCUPAÇÃO LINDEIRA Na fachada da avenida há uma praça arborizada em frente ao lote, assim contaminando a frente do projeto. Na rua, há uma aridez presente que também adentram neste lado do projeto. B.SEPARAÇÃO ENTRE BLOCOS Devido o uso do edíficio necessitar de um espaço de acolhimento imediato a disposição do bloco de tratamento ficará ao térreo, e o acesso ao público ficará no bloco superior. C.MÍMESE

E

Num lado, o edífico tera o gabarito mais baixo, acompanhando as edificações próximas, assim como o lado mais verticalizado acompanhará os prédios mais altos. D.AMENIZAÇÃO CONSTRUTIVA O recorte entre no volume permitirá a incorporação de um jardim, além de abrir uma visual interna para a área de circulação. E.VISUAIS A presença de segunda pele e brise por todo o prédio permite a abertura de janelas por todos os lados garantindo a visualização e uma sensação de desconfinamento dos usuários. 99


5.7.PROJETO

RENDERS

100


DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA

FORMAÇÃO 10. ATIVIDADE FÍSICAS 09. OFICINAS 08. SALAS DE AULA 07. OFICINAS CULINÁRIAS 06. OFINAS DE ARTE 05. TERRAÇO

RESSOCIALIZAÇÃO 04. ADMINISTRAÇÃO 03. QUARTOS E REFEITÓRIO 02. QUARTOS E MEDICAÇÃO 01. TRATAMENTO 00. ACOLHIMENTO

101


FLUXOGRAMA {CENTRO DE FORMAÇÃO}

ACESSO TRATAMENTO [ESCADA E ELEVADORES] CONTROLE FÍSICO - ACESSO RESSOCIALIZAÇÃO CONTROLE DIGITAL - ACESSO RESSOCIALIZAÇÃO ACESSO PÚBLICO [ELEVADORES] ESCADA ENCLAUSURADA [SEGUINDO NBR9077] 102


FLUXOGRAMA {RESSOCIALIZAÇÃO}

ACESSO PÚBLICO [ELEVADORES] CONTROLE DIGITAL - ACESSO TRATAMENTO ACESSO PÚBLICO [ESCADAS] ACESSO PÚBLICO [ESCADA ROLANTE] ESCADA ENCLAUSURADA [SEGUINDO NBR9077] 103


ESTRUTURA {PROCESSO}

A 5%

B 5%

C

TERRENO [2 RAMPAS DE 5%] 3 NÍVEIS TÉRREO: [A] +0,0 m [B] +1,1 m [C] +2,2 m

CORE [PILAR CONTÍNUO - 30m x 5m] [CONTRAVENTAMENTO DA VERTICALIDADE]

104


ESTRUTURA {PROCESSO}

1 2

3

3

PILARES DE CONCRETO [1] 6m x 1,0m [2] 1,5 x 0,5m [3] 1,0 x 0,5m

LAJE NERVURADA [VÃO MÁX. - 10m] [NERVURA - 0,5m x 0,5m]

FUNDAÇÃO PROFUNDA [EXECUTADA COM TÉCNICAS COM AUSÊNCIA DE VIBRAÇÕES E TREPIDAÇÕES]

105


ESTRUTURA {PROCESSO}

VIGA INVERTIDA H=1M ( UTILIZADA COMO GUARDACORPO [VÃO MÁX. - 10m]

FECHAMENTO EXTERNO FECHAMENTO DA VIGA INVERTIDA ATÉ LAJE COM JANELAS

106


ESTRUTURA {PROCESSO}

BRISE LAJE NERVURADA CHAPA COM SUPORTE METÁLICO PARA FIXAÇÃO NA LAJE BRISE VERTICAL β=60º MADEIRA: YPÊ CERTIFICADO COM VERNIZ OSMOCOLOR VIGA INVERTIDA h=1m

FIXAÇÃO DA MADEIRA NA CHAPA METÁLICA

esc 1:25

107


ESTRUTURA {PROCESSO}

SEGUNDA PELE LAJE NERVURADA SEGUNDA PELE CHAPA DE AÇO GALVANIZADO PERFURADA PINTURA: ELETROESTÁTICA BRANCA

CONTRAVENTAMENTO TIRANTE EM CABO DE AÇO VIGA INVERTIDA h=1m PERFIL METÁLICO U PERFIL U COM SUPORTE METÁLICO PARA FIXAÇÃO NA LAJE esc 1:25

108


RENDERS

109


SITUAÇÃO ATUAL

PROPOSIÇÃO URBANA

CAMELÓDROMO

TERMINAL CENTRAL

BOM PRATO

CONEXÃO EM TRÁFEGO INTENSO

PEDONALIZAÇÃO DAS VIAS

PERMEABILIDADE URBANA

AJ RU É OS A DE

ÔN

IÃO CIP O EG

AR

AC RU

NC LE

I

Y

R LVA AÁ RU

M ER OT T U D VIA

UR LC NA

HA

C MA ES DO

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PR E

FE ITO JO SÉ

NI CO L

AU

FERROVIA

LU D

GE RO

M A

U AD RU SE L

E ED QU

CA

XIA

S

I

MELHORIA DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

0 10 110

40

80m


IMPLANTAÇÃO

AV. PREFEITO JOSÉ NICOLAU LUDGERO MASELI

RUA ÁLVARES MACHADO

+1,10 m +3,00 m

+2,20 m

+0,00 m +1,10 m

0

111

5

10

20

35

50m


IMPLANTAÇÃO {00. TÉRREO}

1. ACESSO ESCADA ROLANTE {00 > 05º A 10º} {CENTRO DE FORMAÇÃO} 2.ACESSO ELEVADOR {00 > 05º A 10º} {CENTRO DE FORMAÇÃO} 3.ÁREA TÉCNICA 4.SAÍDA SERVIÇOS 5.ACESSO TRATAMENTO 6.RECEPÇÃO 7.SALA DE ACOLHIMENTO 8.JARDIM 9.ELEVADOR PARA CARGAS 10.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 11.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

C

D

E

A

1

A

+1,10 m +2,20 m

5 +1,10 m

6 B

7

+0,00 m

3

11

7

10 8

C

2

9 4

D

E

0 1

112

5

10

20m

B


{00. TÉRREO} O térreo é disposto para acolher pessoas a procura de tratamento e , que por ventura possam vir de forma fragilizada até o equipamento. Desta forma salas de acolhimento são dispostas para que profissionais façam o manejamento desse contingente de pacientes.

113


TRATAMENTO {01º PAVIMENTO}

C

1. SECRETARIA, ESPERA E ESTAR 2.PSICOLOGIA 3.PSIQUIATRIA 4.FISIOTERAPIA 5.NUTRICIONISTA 6.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {05º A 10º} 7.BANHEIRO MASCULINO ,FEMININO E PCD 8.ELEVADOR PARA CARGAS 9.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 10.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

D

E

A

A

2

2

3

3 4

1

1

5

+5,8 m

B

2

2

2

2

10

2

9

6

7 8

C

B 5

D

E

0 1

114

3

5

10

20m


{01Âş PAVIMENTO} O primeiro pavimento ĂŠ onde se situam as salas de atendimento clĂ­nico, contando com as diversas especialidades presentes no equipamento. As salas, por sua vez, possuem uma diversidade de layouts para assim contemplar as diversas abordagens de tratamento.

115


QUARTOS E MEDICAÇÃO {02º PAVIMENTO}

C

7.ESPERA 9.ESPERA MEDICAÇÃO 10.BAÍAS DE MEDICAÇÃO 11.CLÍNICO GERAL 12.ARMAZENAMENTO 13.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 14.BANHEIRO MASCULINO ,FEMININO E PCD 15.ELEVADORE PARA CARGAS 16.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 17.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

D

E

A

A 4

3

2

2

3

6

9

7

1

5

8

+9,0 m

B

2

17

2

2

2

13

14

16 15

10 11 12

C

D

1.RECEPÇÃO 2.QUARTO DESINTOXICAÇÃO 3.QUARTO PCD DESINTOXICAÇÃO 4.COPA 5.ESTAR E LAZER

E

0 1

116

5

10

20m

B


{02º PAVIMENTO} Os quartos são dispostos em uma ala, e a medicação em outra, assim separando os fluxos indesejados em cada área do projeto. A medicação dispõe de um espaço para as pessoas em desintoxicação poderem receber o tratamento em ambiente adequdo.

117


QUARTOS E REFEITÓRIO {03º PAVIMENTO}

C

5.REFEITÓRIO 6.COZINHA 7.ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS 8.DESCARTE 9.LAVANDERIA 10.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 11.ELEVADORE PARA CARGAS 12.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 13.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

D

E

A

A

4

3

2

2

3

5 1

B

13

2

2

6

9

+12,2 m

8

12

2

10

7

B

11

C

D

1.RECEPÇÃO 2.QUARTO DESINTOXICAÇÃO 3.QUARTO PCD DESINTOXICAÇÃO 4.ESTAR E LAZER

E

0 1

118

5

10

20m


{03º PAVIMENTO} O refeitório foi disposto longitudinalmente para que não ocorresse a presença de um salão fechado no edíficio. Também garantindo a conexão visual com os quartos do andar.

119


APRESENTAÇÕES E ADMINISTRAÇÃO {04º PAVIMENTO}

6.COORDENAÇÃO 7.ARMÁRIOS 8.ESTAR 9.COPA 10.SALA DE REUNIÕES 11.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 12.BANHEIROS FUNCIONARIOS MASCULINO, FEMININO E PCD 13.ELEVADOR PARA CARGA 14.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 15.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

C

D

E

A

A

4 3

5

1

2

7

6

8

+15,4m

15

B

14

11

12

10

13

C

9

D

1.FOYER 2.PLATEIA 3.PALCO ITALIANO 4.SECRETARIA 5.DIREÇÃO

E

0 1

120

5

10

20m

B


{04º PAVIMENTO} No quarto andar foi disposto um palco inspirado no italiano, para que a versatilidade das apresentações musicais e teatrais fossem contempladas. Também a sala podendo ser utilizada para práticas terapeuticas em grupo devido sua maior extensão em comparação com as outras.

121


TERRAÇO {05º PAVIMENTO}

6.JARDIM 7.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 8.ELEVADOR PARA CARGA 9.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 10.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

D

C

E

A

A

3 4 6

+18,6m

10

B

7

5

9

1 2

8

C

D

1.ACESSO PARA CAIXA DE ESCADAS CENTRO DE FORMAÇÃO {05º A 10º} 2.ACESSO PARA ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 3.CAFÉ 4.MESAS PARA CAFÉ 5.DEPÓSTIO E ESTOQUE DO CAFÉ

E

0 1

122

5

10

20m

B


{05º PAVIMENTO} O terraço serve como uma descompressão dos blocos de ressocialização e formação, assim servindo como uma praça elevada. Nesse andar foi alocado um café para apoio aos cursos, visitar e pacientes do edíficio.

123


OFICINAS DE ARTE {06º PAVIMENTO}

C

6.ESPAÇO PARA AUDIOVISUAL 7.CONTROLE DIGITAL {RESSOCIALIZAÇÃO} 8.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 9.BANHEIRO MASCULINO ,FEMININO E PCD 10.ELEVADORE PARA CARGA 11.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 12.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

D

E

A

A

3 5

1 6

4

2 +22,8m

7

B

12

11

8

9

B

10

C

D

1.GALERIA 2.PINTURA E ESCULTURAS 3.BANCADAS DE TRABALHO 4.MESA DE GRAVAÇÃO E CONTROLE 5.ESTÚDIO

E

0 1

124

5

10

20m


{06º PAVIMENTO} Na entrada do andar foi disposta uma galeria de artes para que os trabalhos feitos em atêlie sejam exposto, além da possibilidade de artistas externos poderem expôr. Também a questão das mídias audivisuais foi posta como presente, seja no pequeno estúdio como nos totens expositivos.

125


OFICINAS DE CULINÁRIA {07º PAVIMENTO}

C

6.CONTROLE DIGITAL {RESSOCIALIZAÇÃO} 7.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 8.BANHEIRO MASCULINO ,FEMININO E PCD 9.ELEVADORE PARA CARGA 10.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 11.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

D

E

3

3

A

A 2

4

6

B

11

5

+26,0m

10

7

8

1

9

C

D

1.CONTROLE DIGITAL {CENTRO DE FORMAÇÃO} 2.ESPAÇO PARA AULAS 3.BANCADAS DE TRABALHO EM DUPLA 4.ESPAÇO PARA ALIMENTAÇÃO 5.ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS

E

0 1

126

5

10

20m

B


{07º PAVIMENTO} As aulas de culinária podem ser dadas tanto de maneira expositiva quanto prática, para isso o andar superior (salas de aula) também serve como apoio para aulas teóricas. No pavimento há bancadas de trabalho tanto individuais quanto em dupla.

127


SALAS DE AULA {08º PAVIMENTO}

C

6.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 7.BANHEIRO MASCULINO ,FEMININO E PCD 8.ELEVADORE PARA CARGA 9.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 10.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

D

E

A

A

3

4

3

2 +30,2 m

5

B

6

10

9

7

1

8

C

D

1.CONTROLE DIGITAL {CENTRO DE FORMAÇÃO} 2.ESTAR 3.SALA DE AULA 4.SALA DE AULA EM GRUPO 5.CONTROLE DIGITAL {RESSOCIALIZAÇÃO}

E

0 1

128

5

10

20m

B


{08ยบ PAVIMENTO} O andar das salas de aulas possuem dois tipos de sala, uma para aulas tradicionais e outra para aulas de grupo.

129


OFICINAS {09º PAVIMENTO}

C

6.ESTOQUE DE MATERIAIS E ARMAZENAMENTO DE TRABALHOS 7.CONTROLE DIGITAL {RESSOCIALIZAÇÃO} 8.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 9.BANHEIRO MASCULINO ,FEMININO E PCD 10.ELEVADORE PARA CARGA 11.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 12.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

D

E

4 A

3

A

5

2

6 +34,4 m

7

B

12

11

8

9

1

10

C

D

1.CONTROLE DIGITAL {CENTRO DE FORMAÇÃO} 2.BANCADAS DE TRABALHO 3.MESAS DE TRABALHO 4.ESTAR 5.SALA PARA EQUIPAMENTOS RUÍDOSOS

E

0 1

130

5

10

20m

B


{09ยบ PAVIMENTO} Para as oficinas sรฃo dispostas bancadas de trabalho de tamanhos diversos e um espaรงo confinado com os equipamentos ruidosos.

131


ATIVIDADES FÍSICAS {10º PAVIMENTO}

C

5.ELEVADORES CENTRO DE FORMAÇÃO {00 > 05º A 10º} 6.BANHEIRO MASCULINO ,FEMININO E PCD 7.ELEVADORE PARA CARGA 8.ESCADA ENCLAUSURADA SEGUINDO NBR9077 9.ELEVADORES RESSOCIALIZAÇÃO

D

E

A

A 2 3 +39,6 m

4

B

9

6

8

5

1

7

C

D

1.CONTROLE DIGITAL {CENTRO DE FORMAÇÃO} 2.ESPAÇO PARA FUNCIONAL 3.QUADRA POLIESPORTIVA 4.CONTROLE DIGITAL {RESSOCIALIZAÇÃO}

E

0 1 132

5

10

20m

B


{10ยบ PAVIMENTO} Na cobertura foi alocado uma quadra poliesportiva e um espaรงo para atividades funcionais.

133


E

D

C [11] + 43,8M [10] + 39,6M

[09] + 34,4M

[08] + 30,2M

[07] + 26,0M

[06] + 22,8M

[05] + 18,6M [04] + 15,4M [03] + 12,2M [02] + 9,0M [01] + 5,8M

134


CORTE AA

0 1

5

10

20m 135


C

D

[11] + 43,8M [10] + 39,6M

[09] + 34,4M

[08] + 30,2M

[07] + 26,0M

[06] + 22,8M

[05] + 18,6M [04] + 15,4M [03] + 12,2M [02] + 9,0M [01] + 5,8M

136

E


CORTE BB

0 1

5

10

20m 137


A

B

CORTE CC

[11] + 43,8M [10] + 39,6M

[09] + 34,4M

[08] + 30,2M

[07] + 26,0M

[06] + 22,8M

[05] + 18,6M [04] + 15,4M [03] + 12,2M [02] + 9,0M [01] + 5,8M

0 1 138

5

10

20m


A

B

CORTE DD

[11] + 43,8M [10] + 39,6M

[09] + 34,4M

[08] + 30,2M

[07] + 26,0M

[06] + 22,8M

[05] + 18,6M [04] + 15,4M [03] + 12,2M [02] + 9,0M [01] + 5,8M

0 1 139

5

10

20m


A

B

CORTE EE

[11] + 43,8M [10] + 39,6M

[09] + 34,4M

[08] + 30,2M

[07] + 26,0M

[06] + 22,8M

[05] + 18,6M [04] + 15,4M [03] + 12,2M [02] + 9,0M [01] + 5,8M

0 1 140

5

10

20m


ELEVAÇÃO A

AV. PREFEITO JOSÉ NICOLAU MASELI

ELEVAÇÃO B

RUA ÁLVARES MACHADO

C A

B D

0 1 141

5

10

20m


ELEVAÇÃO C

ELEVAÇÃO D

C A

B D

0 1 142

5

10

20m


143


RENDERS

144


RENDERS

145


RENDERS

146


RENDERS

147


RENDERS

148


RENDERS

149


RENDERS

150


RENDERS

151


RENDERS

152


RENDERS

153


RENDERS

154


RENDERS

155


RENDERS

156


RENDERS

157


RENDERS

158


RENDERS

159


RENDERS

160


RENDERS

161


RENDERS

162


163


Referências 6.1. Referências Bibliográficas CEBRID - Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas: UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo, 2005. CIACO, Ricardo. A arquitetura no processo de humanização dos ambientes hospitalares. Dissertação - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2010. COELHO, António Baptista. Opúsculo 18 - Pequenas Construções Literárias sobre Arquitectura. Porto: Dafne Editora, 2009. CRUZ, Marcelo Santos. O cuidado ao usuário de drogas na perspectiva da atenção psicossocial. Prevenção dos problemas relacionados ao uso de drogas : capacitação para conselheiros e lideranças comunitárias / Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. – 6. ed. – Brasília, DF : SENAD-MJ/NUTE-UFSC, 2014. FARR, Douglas. Urbanismo Sustentável: desenho urbano com a natureza. Tradução: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2013. FIORE, Maurício. A medicalização da questão do uso de drogas no Brasil: reflexões acerca de debates institucionais e jurídicos. Álcool e drogas na história do Brasil. São Paulo: Alameda. Belo Horizonte: Editora PUCMinas, 2005. FIORE, Maurício. O lugar do estado na questão das drogas: o paradigma proibicionista e as alternativas. Novos Estudos, CEBRAP, 2012. GUIMARÃES, Ana Gabriella Lima. A obra de João Filgueiras Lima no contexto da cul-

164


tura arquitetônica contemporânea. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010. HART, Carl. Um preço muito alto; a jornada de um neurocientista que desafia nossa visão sobre as drogas; tradução Clóvis Marques - 1.ed. - Rio de Janeiro: Zahar, 2014. IPEA. Atlas da violência. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/ Acesso em: 23 de maio de 2019. JORNAL DO SENADO. As drogas na suíça. Disponível em: https://www.senado.gov.br/ noticias/Jornal/emdiscussao/dependencia-quimica/mundo-e-as-drogas/as-drogas-na-suica.aspx/ Acesso em 1 de maio de 2019. LENAD, II. “Levantamento Nacional de Álcool e Drogas–2012.” São Paulo: Instituto, 2014. MACHADO, Ana Regina; MIRANDA, Paulo Sérgio Carneiro. Fragmentos da história da atenção à saúde para usuários de álcool e outras drogas no Brasil: da Justiça à Saúde Pública. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, 2007. MCRAE, Edward. O cuidado ao usuário de drogas na perspectiva da atenção psicossocial. Prevenção dos problemas relacionados ao uso de drogas : capacitação para conselheiros e lideranças comunitárias / Ministério da Justiça, Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. – 6. ed. – Brasília, DF : SENAD-MJ/NUTE-UFSC, 2014. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA. Políticas sobre Drogas. Disponível em:https://www.justica.gov.br/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/conhecer_ mais/ Acesso em 10 de abril de 2019. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Centros de Atenção Psicossocial e Unidade de Acolhimento.

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Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/centros_atencao_psicossocial_unidades_acolhimento.pdf/ Acesso em 3 de maio de 2019. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Disponível em: http://www.saude.gov.br/politica-nacional-de-saude-mental-alcool-e-outras-drogas/ Acesso em 17 de maio de 2019. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde.DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005. OLIVEIRA, Adriano. As peças e o mecanismos do fenômeno tráfico de drogas e do crime organizado. Recife: UFPE, 2006. PASSOS, E. H. & SOUZAS, t. P. Redução de danos e saúde pública: construções alternativas à política global de “guerra às drogas”. Psicologia & Sociedade, 23(1), 154-162. 2011. PEIXOTO, Elane Ribeiro; KATINSKY, Júlio Roberto. Lele: o arquiteto João da Gama Filgueiras Lima.Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. PERRONE, P. A. K.. A comunidade terapêutica para recuperação da dependência do álcool e outras drogas no Brasil: mão ou contramão da reforma psiquiátrica? Ciênc. saúde coletiva, 19(2), 2014. PORTAL ANVISA. Institucional . Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/institucional Acesso em: 10 de abril de 2019.

166


TALLEN, Emily. DESIGN FOR DIVERSITY. -1a edição, Burlington, ELSEVIER, 2008 TUAN, Yi Fu. Paisagens do Medo. Tradução: Livia de Oliveira. São Paulo. Ed. Unesp, 2007. UNODC, United Nations Office on Drugs and Crime. “World Drug Report 2015 (United Nations publication, Sales No. E. 15. XI. 6).”, 2015.

:)

LÁ!

ESPAÇO DE RESSOCIALIZAÇÃO { ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS }

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