Edição nº 1 urban ground janeiro de 2015

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THE STOOGES ULTRAVOX SIMPLE MINDS HAPPY MONDAYS TONY WILSON NEW ORDER U2 PRIMAL SCREAM HUMAN LEAGUE


Editorial

É com muito orgulho que arrancamos 2015 com este novo projeto , que não é mais do que uma extensão do trabalho desenvolvido pelo Som à Letra nos últimos cinco anos. Grande parte dos artigos presentes nesta primeira edição são provenientes dos arquivos do Som à Letra, que ao longo dos anos tornou-se mais generalista. Isto não implica que não sejam elaborados novos artigos especialmente para esta revista. Estamos em construção.

Directora: Irene Leite urbangroundmagazine@gmail.com Urbangroundmagazine.blogspot.pt Revisão: Irene Leite

Nesta edição para além de nomes sonantes como Iggy Colaboram nesta edição: and The Stooges , Human League, Simple Minds, e U2 podem contar com novidades sobre a nossa primeira fes- Maria Coutinho, Ana Luísa Silva, Irene Leite, Miguel ta. 5 anos de jornalismo musical.

Ribeiro, Bruno Vieira, Adri-

Bem vindos à revista de cultura alternativa do Som à Leano Marques, Sara Cunha , tra, a Urban Ground. Pretendemos “surrealizar por aí”. Júlia Rocha , Sara Pereira, Não perca as nossas próximas aventuras.

Carmen Gonçalves

In: http://david-duque.blogspot.com.es/2011/01/caricaturas_15.htm


Capa

Ninguém esperaria ouvir, em plenos anos sessenta, um grito de revolta contra o aborrecimento. Estávamos em plena era hippie. Make love, not war… Por isso, também ninguém esperava ver surgir uma figura como Iggy Pop na América das flores no cabelo… “No fun” é uma espécie de premonição do movimento Punk que despontaria na década seguinte…e que hoje nos bate à porta. Por Maria Coutinho

é também o título do álbum que, em 1969, a Elektra Records lançou, com arranjos do mesmo John Cale que conhecemos nos Velvet Undergound. Na altura não terá causado grande impressão, pelo menos a avaliar pelos fraquíssimos resultados de vendas. Mas com o passar do tempo impôs-se como um dos maiores álbuns de estreia de sempre na história do Rock. Há um mito urbano acerca deste álbum: consta que a editora terá exigido mais material do que as cinco músicas que a banda apresentou para gravar. Mentindo para não perder a oportunidade, os

The Stooges foi a primeira banda que gravou com a músicos teriam assegurado que tinham muito mais voz de Iggy Pop (nesta altura era Iggy Stooge), mas composições para trazer no dia seguinte…


Uma noite de ensaios muito criativa deu origem aos restantes temas que acabaram por integrar o disco de estreia da banda ( “Real Cool Time,” “Not Right” e “Little Doll”). Isto só foi possível porque o método de trabalho dos The Stooges constituía em compor peças de um a dois minutos e improvisar mais alguns minutos para completar. Já nesta época havia algo de único nas performances de Iggy, um estilo de apresentação em palco que é inimitável, por mais que se possa detectar a sua influência em outros artistas até aos dias de hoje. Reza a lenda que terá sido o inventor do “stagediving” e é bem famosa a sua capacidade de surpreender com contorcionismos pouco ortodoxos de sangue, suor e lágrimas, que vão desde a auto-mutilação à exibição de uma nudez que nenhuma mãe aprovaria, e que levam o público ao delírio. Uma liberdade artística que, segundo se diz, terá sido inspirada pela actuação de Jim Morrison num espectáculo dos The Doors a que

Iggy assistiu em 1967. A irreverência é, aliás, a imagem de marca de Iggy Pop. É toda uma postura que já era punk antes deste movimento explodir com a sua atitude, sempre do “contra”. Em “No Fun” Mr Pop responde a “Walk The Line”, o êxito em que um Johnny Cash recém-casado promete ser fiel e “portar-se bem”… Mas para Iggy isso significa monotonia, aborrecimento, “no fun”… É a mesma atitude que leva os punks ingleses, anos mais tarde, a assumir que preferem uma vida curta, mas intensa, e certamente não foi por coincidência que os Sex Pistols gravaram a sua versão deste tema. Nas exibições ao vivo , “No Fun” ganha uma dinâmica especial, a postura de Iggy Pop torna-se mais agressiva, a atitude de revolta mais patente…. É frequente ouvi-lo gritar repetidamente o título “No Fun”, que se converte numa espécie de palavra de ordem…Um grito de guerra inconfundivelmente punk.


Iggy Pop

Querido leitor. Hoje, antes de lhe oferecermos um maravilhoso artigo sobre música, vamos jogar ao Quem é Quem? Servirá para descomprimir de uma semana de trabalho, que foi repleta de contratempos e stress. Preparado? Vamos lá: “É internacional?” Sim! “A minha avó conhece?” Sim! “É velho?” Sim! “Acabado?” Nunca! “Com garra?” Muita! “Veste-se bem?” Vestir não se veste muito! “É moreno?” No corpo! “É loiro?” Oxigenado! “Usa um nome falso?” Pois claro que sim caro leitor. De outro modo não nos serviria! “É uma estrela do Rock?” Sim! Mas tem Pop no nome. “Pop no

nome?” Sim querido leitor. Pop no nome. Já sabe quem é? Pois claro que sabe! É o Iggy Pop. Por Ana Luísa Silva Corria o ano de 1947 quando algo de novo sucedeu no Mundo. Havia nascido uma figura que, anos e anos mais tarde se tornaria uma das pessoas mais célebres e emblemáticas da música rock no panorama internacional. Baptizado sob o nome de James Newell Osterberg, o futuro Iggy Pop nada tinha a ver com o que se nos apresenta hoje. Rapaz tímido e introvertido foi criado sob os costumes anglo-


-irlandeses por parte do pai e norueguesa/ Foi então pelo amor ao Blues – e por influência dinamarquesa por parte da mãe, num camping directa de bandas como “The Sonics” ou “The para auto caravanas. Doors” – que Iggy decidiu formar os ”The Stooges” com Dave Alexander no baixo e os O seu amor pela música começou bem cedo, irmão Ron e Scott Asheton na guitarra e bateria tendo iniciado a sua carreira musical como respectivamente. Começaram a frequentar baterista em várias bandas da escola onde bares para concertos e rapidamente Iggy se andava no Michigan. Na “The Iguanas” – nome apercebeu que necessitava de uma marca que o de uma delas – foi onde lhe surgiu o nome destacasse da grande massa musical que já se “Iggy” e não tardou muito até que se mudasse fazia sentir na época. Após ter assistido a um para Chicago a fim de aprender muito mais concerto dos “The Doors” em 1967, Iggy Pop sobre a sua paixão: o blues. Durante a sua ficou atónito com as perfomances e estadia na cidade dos “Bulls”, Iggy participou individualismo que Jim Morrison emanava. O em várias bandas a fim de ganhar não só seu comportamento extremo inspirou Iggy a ir dinheiro mas também e principalmente fazer muito além de todos os seus limites enquanto novas amizades que, futuramente o pudessem tocava, rolando sobre cacos de vidro, baixando ajudar a dar o saltinho de pardal que tanto as calças e esfregando pedaços de carne ou precisava.


manteiga de amendoim no peito. Loucuras à parte, passou a ser aclamado como o pai do “stage dive” – algo que abraçou pela primeira vez durante um espectáculo em Detroit. Em 1968, um ano antes de lançar o seu álbum de estreia, a banda assinou um contrato com a Elektra Records e Iggy, a fim de evitar problemas futuros, decidiu ligar a Moe Howard (elemento do grupo de comédia televisiva “Three Stooges” para saber se o deixavam baptizar a banda de The Stooges. A resposta foi clara: “I don’t care what they call themselves, as long as they’re not the Three Stooges!”. Disco lançado em 1969 e fracasso total. O álbum não teve vendas nenhumas e o sucesso comercial falhou. Ainda assim em 1970, a banda decidiu arriscar e lançou “Fun House” seguindo o mesmo marasmo comercial do álbum anterior, mas foi sol de pouca dura já que a banda se cansou do vicio em heroína que Iggy mantinha e deitavam por terra, sonhos. No ano seguinte, Iggy conheceu David Bowie em Nova Iorque o que demonstrou ser uma boa influência já que em 1972, Iggy viajou com Lou Reed para Londres com o objectivo de lançar uma carreira a solo. Mas Bowie e Pop tiveram uma ideia melhor e decidiram relançar os The Stooges convidando de novo os irmãos

Asheton e impondo algumas mudanças. Ron, anterior guitarrista, ofereceu o seu lugar a James Williamson e deu-se o nascimento de “Raw Power”. O consumo de drogas agravouse e os The Stooges voltaram a separar-se nesse ano depois de terem entrado em confrontos com motoqueiros. Depois da segunda separação dos Stooges, Iggy fez algumas gravações com James Williamson, mas o lançamento das mesmas só se deu em 1977 aquando do lançamento do álbum “Kill City”. Infelizmente Iggy não conseguiu largar as drogas e internou-se num manicómio a fim de se reabilitar , tendo Bowie como única visita. Finada a reabilitação, Bowie e Pop rumaram a Berlim. Iggy assinou um contrato com a RCA Records e Bowie ajudou a escrever e produzir os álbuns “The Idiot” e “Lust for Life” que são, de longe, os álbuns mais mediáticos de Pop. Ainda assim Iggy estava insatisfeito com a editora RCA e, ao ver-se livre do contrato, mudou para a Arista Records. Lançou “New Values” em 1979 que, apesar de ter algumas músicas com reconhecimento, não teve grande sucesso. O disco ficou mais famoso nas terras dos cangurus: Nova Zelândia e Austrália, o que levou Iggy a visitar esta região pela primeira vez.


Enquanto estava em Melbourne, fez uma aparição memorável no programa televisivo “Countdown”. Durante o decorrer da sua performance de “I’m bored”, Iggy não fez o mínimo esforço para mostrar que estava a fazer playback e ainda tentou agarrar raparigas que estavam na plateia. A verdade é que tal coragem e loucura lhe valeram uma óptima popularidade entre os punks australianos.

Me” para o álbum “Rise Above: 24 Black Flag Songs to Benefit the West Memphis Three” organizado por Henry Rollins e ainda voltou a reunir os “The Stooges” gravando novos álbuns e dando concertos um pouco por toda a parte. Em 2010 os “The Stooges” foram introduzidos no “Rock and Roll Hall of Fame”.

O pai do “stage dive” ainda anda aí e é preciso ter cuidado. É gigante e não é a idade que o vai Os anos 80 começaram com a publicação da demover. autobiografia intitulada “I need More”. O livro conta com uma selecção de fotografias a preto e branco e tem o prefácio escrito pelo mítico Andy Warhol. Em 1982 lançou o disco “Zombie Birdhouse” sem sucesso algum. Contudo a sorte manteve-se do lado de Iggy. Isso ou Bowie que, não o largando por um minuto, gravou “China Girl” e colocou o nome de Pop nos créditos. A presença de Bowie na vida de Pop valeu-lhe uma melhoria na sua condição de vida: largou a heroína, teve aulas de actor e ainda se casou. Em 1988 lançou “Instinct” , álbum recheado de sons de guitarras sujas que relembram os bons tempos dos “The Stooges”. Com a entrada do novo milénio, Iggy já fez muita coisa. Participou em algumas músicas da banda At the Drive-In, cantou a música “Fix


Corria a década de 70 quando Joey, juntamente com Johnny, Tommy e Dee Dee formaram uma banda que mudou o padrão do rock conhecido até então. Deixando de lado os excessos e o virtuosismo do final dos anos 60, criaram, quase por acaso, um novo estilo musical que viria a influenciar numerosas bandas de rock que surgiram nas décadas seguintes. A lenda continua. Por Carmen Gonçalves Baterista desde os 13 anos, Joey tocava numa banda rock quando foi convidado para se juntar ao grupo que estava a ser formado por John Cummings e Douglas Colvin. Quando se percebeu que como baterista não conseguia acompanhar o estilo mais agressivo da banda, o produtor Tommy Erdelyi assumiu as baquetas e Joey passou então a ser o vocalista principal. E assim nasceram os Ramones. A ideia do nome surgiu de Douglas Colvin que decidiu usar o sobrenome de Ramone, rebaptizando-se de Dee Dee Ramone, e propondo o mesmo aos restantes elementos da banda. Em pouco tempo o conjunto de músicos amadores tornou-se uma das principais atracções do clube nova-iorquino CBGB. Um ano depois os Ramones foram a primeira banda

punk rock a assinarem um contrato musical com uma editora e lançaram o seu primeiro disco em 1976, o homónimo “Ramones”. Com a simplicidade dos três acordes em músicas directas, que não ultrapassavam os dois minutos, os Ramones interpretavam o vazio da vida dos jovens da época, sem perspectivas de futuro – o sucumbir às drogas, à prostituição e à delinquência juvenil. Músicas como “Judy Is a Punk ”, “Now I Wanna Sniff Some Glue” ou “Blitzkrieg Bop”, faziam as delícias do movimento “underground” urbano em ascensão. Apesar de não terem alcançado um grande sucesso comercial nos Estados Unidos, os Ramones editaram catorze álbuns em vinte e dois anos de carreira, seguidos quase sempre de uma tourné. Nos concertos chegavam a tocar trinta temas em noventa minutos, quase sem parar. Desta forma, mesmo sem um grande número de vendas, construíram uma legião fiel de fãs e de seguidores. Foram uma grande influência para muitos jovens desajustados socialmente, e muitos destes formaram a sua própria banda punk, como o é o caso dos The Clash e dos Sex Pistols, pioneiros do punk rock em Inglaterra.


Mais tarde, no início da década de 90 surgiram várias bandas rock norte-americanas influenciadas pelo movimento punk. Bad Religion, Soundgarden, Pearl Jam e Green Day, foram algumas das bandas que beberam da sua influência.

drogas e álcool levou com que até ao final da década os Ramones tivessem algumas formações diferentes. Em 1983 deu-se a saída do baterista Marky, tendo regressado após a sua reabilitação quatro anos mais tarde. E em 1989 os Ramones sofreram um revés com a saída de Dee Dee, que era o elemento que tinha No final da década de 70 o punk rock estava de o papel principal na composição dos temas. ressaca, muito devido ao caos instalado pelos Sex Pistols. Tocar punk rock em Inglaterra caiu Na década de 90 e já com a nova formação os em desuso, e começaram a emergir as Ramones editaram três álbuns. Em 1995 primeiras bandas dos movimentos pós-punk e lançaram o último registo “Adios Amigos!”, e new wave. Ainda assim os Ramones no ano seguinte a banda separou-se. O cansaço mantiveram-se fiéis ao seu estilo, embora acumulado, a falta de comunicação entre os começassem a surgir as primeiras alterações na elementos e a doença que tinha afectado o formação da banda. Com a saída do baterista vocalista Joey, foram factores preponderantes Tommy, Marky Ramone assumiu o seu lugar e para o grupo se desfazer. O último concerto da foi a altura ideal para os Ramones apontarem banda aconteceu no dia 6 de Agosto de 1996 para novas direcções. Queriam fazer um disco em Hollywood. Eddie Vedder, Chris Cornell e mais comercial, mas sem deixar de lado as o ex-elemento Dee Dee Ramone, foram alguns características iniciais da banda. E foi assim que dos convidados especiais desta actuação. Ficou em 1978 chegou ao mercado o LP “Road To registado como o concerto número 2.263 e deu Ruin”, que mostrava que os Ramones sabiam e origem ao álbum e ao vídeo “We’re Outta podiam fazer um rock acessível e de qualidade. Here!”. No início da década de 80 alguns conflitos começaram a provocar tensão na banda. Até então Joey tinha pouca participação na composição dos temas, mas nessa época passou a ter um papel mais importante, juntamente com Dee Dee. Mas a vida boémia de festas,

Com o fim dos Ramones foi deixada uma lacuna no movimento punk, que dificilmente será preenchida. Mais do que uma influência, foram e continuam a ser, a base de sustentação para o que de melhor se pode fazer na cena punk rock.


Sex Pistols

Com o humor cínico e rebelde dos britânicos jovens, o Rock and Roll nunca mais foi o mesmo depois dos Sex Pistols. A música, a letra, a atitude de cada membro da banda e um desejo de chocar e provocar era algo que nunca se tinha visto antes, e o álbum Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols serviu para alterar o panorama punk-rock na Inglaterra e influenciar o resto do mundo. Hoje, em modo punk.

britânica e aos desempregados.

O único álbum do grupo, Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols foi lançado em outubro de 1977, e apesar de tanta controvérsia até teve um grande impacto pelos ouvintes britânicos. No mesmo ano começavam as turnês pela América que incitava imensa emoção e protesto por causa do famoso rótulo acerca da violência que havia nos seus espetáculos. Por outro lado, o seu sucesso era Por Adriano Marques cada vez maior porque a publicidade negativa A banda londrina criada em 1975 era aumentava a sua notoriedade. originalmente composta pelo vocalista Johnny Dada a reverência para com o legado dos Sex Rotten, o guitarrista Steve Jones, o baterista Pistols , Never Mind the Bollocks foi Paul Cook e o baixista Glen Matloc, que considerado o número dois do álbum de todos acabaria por ser substituído por Sid Vicious em os tempos pelos editores da Rolling Stone. 1977. Rapidamente se apercebeu que este Apesar da carreira ter terminado em 77 o grupo era diferente, e apesar de curta carreira grupo juntou-se em 2007, os integrantes da (apenas dois anos) os Sex Pistols chocaram formação original dos Sex Pistols (Johnny uma inglaterra assediada pela pobreza, Rotten, Steve Jones, Paul Cook e Glen Matlock) desemprego, e greves operárias. Ao mesmo com o objetivo de comemorar os 30 anos do tempo esta época foi o timing perfeito para o álbum “Never Mind The Bollocks”. O grupo punk estar na moda. Por exemplo a canção God Save the Queen, entre muitas outras, era marcou presença, inclusive, no Festival vista como uma provocação à monarquia Paredes de Coura .


Quando a atitude faz o monge

Já foi lançada uma das mais controversas músicas dos Sex Pistols, “Belsen was a Gas”, e que é apontada por muitos como uma crítica idiota aos acontecimentos que envolveram a libertação do campo nazi de Bergen-Belsen pelas forças britânicas. Na letra, escrita por Sid Vicious, lê-se uma descrição, a espaços grotesca, daquilo que seriam os horrores sofridos pelos judeus. Nas entrelinhas encontramos John Simon Ritchie-Beverly, agressivo, controverso, ofensivo e exagerado, e percebemos nas imagens o porquê de este ser, ainda hoje, o ícone maior da cultura punk. Por Sara Cunha É curioso que passados mais de 30 anos sobre a sua morte, o nome de Sid Vicious valha quase tanto como o do colectivo Sex Pistols, até porque, bem feitas as contas, o baixista que começou como baterista nos The Flowers of Romance, até nem alinhou na formação inicial da banda e, mesmo lá dentro, nunca foi um parceiro consensual. Curioso, mas não totalmente surpreendente, se pensarmos que os Sex Pistols nunca quiseram ser uma banda de hits. Para a banda inglesa o importante não era o porto, mas a viagem e, mais do que isso, o

rasto de destruição que durante a mesma pudessem deixar. Daí que não seja de estranhar que o próprio Malcolm McLaren, fundador do colectivo, fosse o primeiro a afirmar que “caso tivesse conhecido Vicious antes de Rotten, seria ele o vocalista, porque tinha um carisma incomparável em palco”. Filho de mãe hippie e um (ausente) pai exguarda, John Simon Ritchie-Beverly haveria de renascer Sid Vicious quando o animal de estimação de John Joseph Lydon (mais tarde Jonhny Rotten e, como já devem ter somado, vocalista dos Sex Pistols) o mordeu. Sem especial talento para a música, a história pública de Sid confunde-se com a sua vida pessoal, marcada por comportamentos limite, auto-destrutivos e uma tendência natural para abraçar vícios e atitudes agressivas. Tendo abandonado a escola muito jovem, Sid era um dos números que engrossava as fileiras do desemprego, filho de uma geração de jovens sem grandes projectos, interesses ou aspirações e que vagueavam as ruas de Londres alimentando a frustração face a uma sociedade tradicionalista e sem oportunidades. Não admira, portanto, que o seu percurso na música


viesse a transformar-se na materialização do ódio ao poder estabelecido e à coroa inglesa, tudo muito bem embalado num pacote de formas agressivas, “punch sentences” e ritmos acelerados. A prová-lo está o single “God Save the Queen” em que acusa Elizabete II de não ser um ser humano. Uma trilha que haveria de granjear o ódio de grande parte da população das ilhas britânicas, arrecadar algumas agressões a elementos da banda e uma proibição de circulação em território inglês. Nada que assustasse Sid e o seu colectivo que, no seguimento do single, decidiram editar o álbum “Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols” também ele um registo non grato na indústria da especialidade. Sid não era homem de meias palavras, como não era de meias atitudes, até porque, como o mesmo dizia (ou predizia), “haveria de morrer novo”. Foi, de resto, a atitude exagerada, as unhas roxas e a vida amorosa turbulenta, capaz de fazer correr tinta de jornais, que haveriam de imortalizá-lo aos olhos da história da música. No atrelado desta fama, e como esquecê-la, cabe apenas um nome, Nancy Sprungle. A grande paixão da vida de Vicious que se gabava de ter tirado a virgindade ao baixista e de o ter iniciado no consumo de heroína. Uma

relação tão apaixonada quanto tortuosa que haveria de ser rastilho para o fim dos Sex Pistols, numa altura em que o consumo exagerado de droga era motivo para intensas discussões entre os elementos da banda. Após o final do colectivo, Vicious e Nancy rumam aos Estados Unidos para tentar algumas incursões a solo, mas nada que fosse além de uns concertos e perfomances de bairro. Em Outubro de 1978, Nancy Sprungle é encontrada morta no chão da sua casa de banho. No corredor, Sid jazia inanimado e, apesar das declarações confusas e contraditórias, acaba por ser condenado por homicídio involuntário. Dias mais tarde, é libertado, sob fiança . Em Fevereiro de 1979, no seguimento de uma festa que celebrava a sua segunda liberdade condicional, Sid Vicious é encontrado morto. Tinha 21 anos e no bolso do casaco uma carta onde se lia: “”Nós tínhamos um pacto de morte e eu tenho que manter minha parte. Por favor, enterrem-me junto da minha querida, com o meu casaco de cabedal, jeans e botas de motoqueiro”.


Decorria o ano de 1976 quando os The Clash se deram a conhecer ao mundo. O movimento punk rock britânico estava no seu apogeu com os Sex Pistols a marcarem definitivamente este estilo. Mas os The Clash vieram dar um novo alcance musical ao punk, incorporando novos estilos e acrescentando uma sofisticação lírica e política, que os distinguia da maioria das bandas punk rock da época.

Rope”, lançado em 1978, conseguiram finalmente alguma repercussão no mercado americano fazendo com que o primeiro LP fosse também lançado a nível mundial. Seguiram-se duas turnés bem sucedidas nos Estado Unidos.

Por esta altura a banda andava em turné com os Sex Pistols, a abrir a primeira parte dos seus concertos, e apesar no género musical ser o mesmo, havia diferenças notáveis entre as duas bandas. Enquanto os Sex Pistols eram apenas uma banda de rebeldes que pregavam anarquia pura e simples, os The Clash eram uma banda de rebeldes com uma causa, que mostravam nas suas letras críticas sociais subtis.

banda foi ainda mais longe, incluindo instrumentos de sopro e electrónicos em alguns dos seus temas. A diversidade destes estilos levou o álbum a ser bem aceite nos Estados Unidos, tendo sido o maior sucesso comercial da banda.

Musicalmente falando, os The Clash foram capazes de evoluir bastante no decorrer da sua carreira, aventurando-se, inclusive, em Por Carmen Gonçalves sonoridades diferentes do punk rock, como o A formação original era composta por Joe pop, o reggae e o ska, abrindo caminho para a Strummer na voz, Mick Jones na guitarra, Paul new wave. Simonon no baixo e Terry Chimes na bateria Esta influência de novas sonoridades, (substituído por Nick Headon pouco antes do principalmente do reggae e do ska, ficaria clara lançamento do disco de estreia). O homónimo no terceiro disco, “London Calling”, de 1979, “The Clash” chegou às lojas em 1977 e teve que também mostrou muitas influências do entrada directa para o top britânico. rock n’ roll e do blues. O experimentalismo da

O quarto álbum da banda surgiu um ano mais tarde em 1980. “Sandinista!” é um álbum triplo repleto de experimentações musicais Com o segundo álbum, “Give ‘Em Enough enveredando pelo o reggae e o dub, e


expandindo-se em direção a outras técnicas de produção e estilos musicais, que incluíam jazz e hip-hop. O resultado confundiu os novos fãs e as vendas caíram na Grã-Bretanha, embora tenham-se saído melhor nos Estados Unidos. Em 1982 a banda redimiu-se com o lançamento de “Combat Rock” que incluía os temas “Rock The Casbah” e “Should I Stay Or Should I Go?”, que se tornou num verdadeiro hino do movimento punk. Os sintomas passaram despercebidos com o sucesso de “Combat Rock”, mas depois deste álbum a banda começou lentamente a se desintegrar. O baterista Nick Headon foi demitido por apresentar problemas sérios com drogas, embora a razão oficial tenha sido diferenças políticas. Para o seu lugar foi chamado o antigo membro Terry Chimes, que não se manteve muito tempo na banda. Depois da turné deste álbum Chimes abandonou os The Clash, convencido de que o grupo não duraria muito tempo. Em 1983, e depois de uma longa procura por um novo baterista, Pete Howard foi recrutado, mas a formação da banda em breve iria conhecer novos elementos. Em Setembro de 1983 Joe Strummer e Paul Simonon expulsaram Mick Jones devido ao seu comportamento

problemático e a divergências musicais, tendo entrado para o seu lugar dois guitarristas, Nick Shepperd e Vince White. No final de 1984 os The Clash anunciaram que um novo disco estava a caminho, contudo o resultado final não foi o esperado pela banda. As sessões de gravação deste novo álbum foram decepcionantes, com o empresário Bernie Rhodes a alterar drasticamente os arranjos das músicas e baseando o som em sintetizadores. Desiludido com o álbum, o líder Joe Strummer levou a banda em digressão pelo Reino Unido, tocando de graça em esquinas e bares. Estes foram os últimos concertos dos The Clash. Em 1985 “Cut The Crap” chegou às lojas e a desvirtuação do som dos The Clash foi arrasada pela crítica. Em 1986 Strummer e Simonon anunciaram o que já se previa, chegando ao fim a existência dos The Clash. Embora tenham tido uma curta existência, os The Clash tornaram-se numa verdadeira banda de culto, tendo revolucionado o punk rock britânico, não só pela mescla de sonoridades, mas sobretudo pelo conteúdo crítico das suas letras. Hoje, são considerados uma das maiores bandas de todos os tempos graças à atitude, à criatividade e à ousadia em juntar reggae, dub, ska, jazz e funk ao punk rock.


Tony Wilson

No mundo da música, seja de que género for, a condição de músico ou produtor é sem dúvida importante para ser-se famoso, ou pelo menos, relativamente conhecido. No entanto existem personalidades que, sem o serem, adquirem quase igual estatuto, tornando-se igualmente figuras importantes e determinantes, influenciando decisivamente a história da música. Um destes exemplos foi o jornalista Tony Wilson (fundador da Factory Records e mentor do fenómeno Madchester) e um dos primeiros a ter consciência da existência da música indie . Vamos então falar um pouco sobre a sua vida… Por Bruno Vieira Natural de Salford, Lancashire, o jornalista e apresentador de TV formado em Cambridge com uma especialização em língua inglesa começou por estagiar na ITN. Fez carreira na Granada Television e passou também pela BBC. Tony Wilson foi um dos principais responsáveis pela revolução no mercado musical britânico em meados da década de 70, ao dar aos novos nomes da música a oportunidade de serem alguém, num mercado onde só parecia haver lugar para os músicos estabelecidos. O facto de ter assistido em 1976 ao primeiro concerto dos Sex Pistols fê-lo perceber que algo estava a nascer, faltava só preparar o terreno para fazer acontecer. A música alternativa/independente dava os primeiros passos.

A Factory Records tornou-se então numa espécie de albergue para nomes como Joy Division, New Order, Happy Mondays, Clash, Buzzcocks, entre outros. A abertura de dois espaços: um clube nocturno para actuação das bandas da sua editora e mais tarde a discoteca Hacienda, que se tornaria no centro da noite de Manchester, deram um impulso à vida nocturna desta cidade, muito marcada pela recessão económica e social da época. Do ambiente urbano-depressivo até ao fenómeno Madchester foi um ápice. Em final dos anos 80 os dias eram já mais alegres e as noites de festa… nascia a cultura Rave. A história deste período seria mais tarde recontada através de 24 Hour Party People, filme/documentário autobiográfico, realizado em 2002 por Michael Winterbottom e interpretado por Steve Coogan (no papel de Tony Wlson), que nos dá a conhecer o ambiente em torno de Manchester, desde meados de 70 a inícios de 90, fazendo-se acompanhar de uma excelente banda sonora, que inclui nomes como Joy Division, Sex Pistols, Happy Mondays, The Clash, Durutti Column, New Order, entre outros… Para terminar lembro apenas que Tony Wilson faleceu em Agosto de 2007, aos 57 anos em Manchester, vítima de ataque cardíaco, embora lutasse contra um cancro desde o início de 2006.


24 hour party people

Tony Wilson é um jor nalista fr ustr ado da Gr a- era um risco que ninguém estava disposto a correr. nada TV, cansado de fazer programas que cheiram a mofo. Entrevistar um guarda-canais ou um dono de A Factory Records acolheu estas bandas que de ouum rebanho de ovelhas guardado por um pato, não tra forma jamais teriam direito a tempo de antena, são o tipo de trabalho que o realizem. Mas Wilson estamos a falar de nomes como Joy Division, New quer fazer algo de importante que possa contar aos Order e Happy Mondays, Clash, Buzzcocks, entre netos: funda uma editora, a Factory Records e abre outros. A editora concedeu total liberdade criativa dois espaços: um clube nocturno onde actuam as aos seus músicos, inclusive o direito de poderem bandas da sua editora e mais tarde a Hacienda, dis- abandoná-la quando entendessem. As regras eram

coteca famosa e centro da noite de Manchester.

tudo menos convencionais e os contratos redigidos e assinados com sangue.

24 Hour Party People retrata o panorama musical desde os primórdios do Punk, em meados dos anos A Factory Records foi, talvez, a principal responsá70, passando pelo fenómeno de “Madchester“ em vel pela generalização do conceito “independente“, finais de 80, até ao surgimento da cultura “Rave“.

tornando-se numa espécie de albergue para os novos talentos de então, ainda hoje fonte de inspiração

Quando Tony Wilson assiste em 76 ao primeiro para toda uma nova geração emergente de nomes concerto dos Sex Pistols, apercebe-se que está na como Franz Ferdinand, The Strokes, The Libertines, vanguarda das tendências musicais. São poucos a Editors, Arcade Fire ou Interpol. Devido a dificul-

assistir ao concerto… mas bons! O espírito deste dades financeiras a Factory Records seria mais tarde concerto não poderia captar melhor a atmosfera ur- adquirida pela London Records. bano-depressiva causada pela recessão económica e social da Inglaterra de finais de 70. A primeira ban- Realizado em 2002 por Michael Winterbottom e da Punk cantava o que o poder instituído não queria interpretado por Steve Coogan (no papel de Tony ouvir: “Deus salve a rainha… Ela não é um ser hu- Wilson), este filme/documentário autobiográfico faz mano… Não há futuro… Nos sonhos da Inglaterra“. -se acompanhar ainda de uma excelente banda sonora, essencial a todos os interessados em conhecer De facto os anos 70 não estavam fáceis para os no- os primeiros nomes do som alternativo. vos nomes da música, com as grandes editoras a

ditarem as regras do jogo. As coisas passavam-se mais ou menos assim: existia um número considerável de artistas conhecidos e consagrados que rendiam muito dinheiro às editoras, os denominados “supergrupos“. Apenas estes tinham acesso aos melhores meios com produções e espectáculos megalómanos. Com os “supergrupos“ a sustentarem os lucros das editoras, apostar em bandas desconhecidas


New Order: Os verdadeiros ícones da alternativa

Os New Order são uma banda pós-punk de música electrónica inglesa, formada em 1980 pelos ex-integrantes dos Joy Division, após o suicídio do vocalista Ian Curtis e que se desmoronou em 2007. É considerada a pioneira na união do rock com a música electrónica e foram uma das maiores difusoras da música electrónica, ao lado de bandas como os Depeche Mode e os Pet Shop Boys. New Order é um dos nomes mais influentes e revolucionários de todos os tempos no rock e na música electrónica. Por Sara Pereira Formados no início da década de oitenta em Manchester (Inglaterra), os New Order eram inicialmente constituídos por três membros dos Joy Division, cuja carreira foi prematuramente interrompida com o suicídio do vocalista Ian Curtis, em maio de 1980. No entanto , os membros remanescentes dos Joy Division, Bernard Sumner, na guitarra, Peter Hook, no baixo, e Stephen Morris encarregado pela bateria, decidiram continuar, apesar da tragédia, e optaram por mudar o nome para

New Order. Esta nova denominação, que deveria passar a ideia de mudança e renascimento, despertou suspeitas entre os jornalistas sobre as filiações políticas do grupo, uma vez que Nova Ordem era o que Adolf Hitler pretendia impor à Humanidade caso tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, mais tarde, o livro “24 Hour Party People”, de Tony Wilson, revelou que o nome era uma referência ao Khmer Vermelho e foi sugerido pelo empresário da banda na época, Rob Gretton, após ter assistido a um documentário sobre a revolução no Camboja. Especula-se também que a escolha do nome poderia ter sido uma homenagem aos The Stooges, embrionário grupo proto-punk norte-americano, que foi uma grande influência no som da banda quando ainda se chamavam Joy Division A banda inglesa já vendeu mais de vinte milhões de álbuns. Com cerca de sete minutos e meio de duração, Blue Monday é o single de maior duração que já alcançou os tops britânicos, conhecido como o single mais


vendido da história musical, tendo vendido mais de três milhões de cópias. No entanto, pelo facto de a Factory não pertencer à Indústria Fonográfica Britânica, o grupo inglês não pôde receber um disco de ouro. Blue Monday é vista como uma das músicas mais importantes do panorama electrónico dos anos 80 por misturar o Synthpop, considerado por muitos como a junção máxima da música electrónica com o rock, com influências da cena de clubes de Nova York.

contando com a companhia de Kevin Hewick. A faixa resultante desse trabalho, Haystack, foi editada na colectânea From Brussels With Love. A canção foi uma das primeiras a fazer parte do novo material que o trio vinha compondo logo após a morte de Ian Curtis. Uma segunda música, A Piece of Fate, também foi gravada com a participação de Hewick, mas este fonograma nunca viu a luz do dia. Kevin produziu esta faixa ao longo dos anos e ela foi lançada pelo cantor em 1993 com o nome No Miracle. No mês seguinte, a banda faria algumas gravações no Em Junho de 1980, Sumner, Hook e Morris famoso estúdio da banda Cabaret Voltaire, o fizeram a sua primeira gravação de estúdio Western Works, em Sheffield (UK).


Após algumas apresentações ao vivo como trio, Gillian Gilbert foi integrada à banda encarregando-se dos teclados e da guitarra, enquanto Bernard Sumner se consolidava no posto de vocalista, por vezes dividido com Peter Hook.

e partindo para músicas mais dançantes, inspirados pelos Kraftwerk, Afrika Bambaata, Disco Music e Giorgio Moroder. A partir desse disco, a banda também adoptou uma postura mais abstracta nas letras, num oposto ao lirismo desesperado de Ian Curtis. Os singles desse ano foram Blue Monday e Confusion, uma música O início da década de oitenta ficou marcado com uma batida hip-hop muito forte. pelo primeiro single do grupo rock. Lançado em 1981, este continha duas músicas escritas Os singles de 1983 foram Blue Monday e ainda nos tempos dos Joy Division, que no Confusion. Os New Order conseguiram ser entanto ainda não tinham sido terminadas reconhecidos mundialmente como a maior devido à morte de Curtis: Ceremony e In a banda independente do planeta, tendo sido a Lonely Place. Em Setembro do mesmo ano, pela primeira banda independente inglesa a fazer Factory Records, editora independente que os sucesso mundial. O álbum Low-Life, de 1985, abrigava desde 1978, lançam o compacto trouxe mais dois grandes singles – Thieves Like Procession, que antecedeu o lançamento de Us e The Perfect Kiss. É o único álbum da Movement, o primeiro álbum, em novembro de banda que inclui fotografias dos seus membros, 1981. o que marcou uma aproximação maior da banda com o público em relação aos anos Os New Order foram os pioneiros na ligação da anteriores. música electrónica ao Rock. Revolucionaram a que é hoje conhecida como Dance Music. O álbum Brotherhood, de 1986, traz uma das músicas de maior sucesso da banda, Bizarre Com o disco Power, Corruption and Lies, de Love Triangle. E neste mesmo ano eles também 1983, eles mudaram de direcção musical, lançaram os singles “States Of The Nation” e distanciando-se de vez da sombra de Ian Curtis “Shellshock”.


Em 1987 a banda lançou a colectânea Substance, contendo todos os singles lançados até aquele momento. Músicas como Bizarre Love Triangle e Sub-Culture são as versões do single, diferentes das versões dos respectivos álbuns. Com um som mais pop e limpo nos singles, como True Faith e Touched By The Hand Of God a banda entra numa nova época musical. Dois anos depois sai o disco Technique. Este incorpora a emergente acid house ao rock electrónico característico da banda e é, para muitos, um retrato fiel do auge da acid house. O disco representava o que havia de mais moderno na época e recebeu elogios rasgados da crítica do mundo inteiro, sendo o primeiro disco do grupo a chegar ao topo da parada de LPs na Inglaterra.

um grupo já um tanto desgastado. O single Regret foi um hit nos E.U.A.. Após esse disco, os integrantes pararam as actividades da banda e cada um foi trabalhar em projectos paralelos, como mencionado anteriormente, Bernard com o Electronic, Peter com o Revenge, sendo que Steve e Gillian, formaram o Other Two.

Em 1994 a colectânea The Best Of New Order foi lançada com vários dos singles do Substance. No ano seguinte, lançaram a “segunda parte” desta colectânea, desta vez chamada The Rest Of New Order, contendo antigos e novos remixes das suas músicas. Em 1998 a banda voltou à activa e a tocar músicas dos Joy Division como Transmission e Atmosphere. Além disso, participou da bandaWorld In Motion, foi o primeiro single dos New sonora do filme “The Beach”, com Leonardo Di Order a alcançar o top nas paradas britânicas. Caprio, com a música inédita “Brutal”, que não Foi feita para a Selecção Inglesa de Futebol, aparece em nenhum outro registo da banda. sob o nome de NewEnglandOrder, e lançada em 1990 para a Copa do Mundo daquele ano, Em 2001 a banda lançou o álbum Get Ready, na mesma época em que Bernard Sumner notando-se uma grande mudança na parte formava a banda paralela Electronic com o musical, mais focada na guitarra do que nos guitarrista dos The Smiths, Johnny Marr. De teclados, como mostra os singles Crystal e 60 salientar que Peter Hook, tal como o seu MPH. O disco contou com participações de colega, também acabou por formar um projecto dois grandes músicos: Bobby Gillespie dos Primal Scream, que participa da música Rock paralelo chamado Revenge. the Shack e Billy Corgan do Smashing Republic foi lançado em 1993, após a saída Pumpkins, que participou da música Turn My dos New Order da até então sua editora, a Way. Factory Records, e mostrando a partir de então


Em 2005 a banda lançou Waiting for the Sirens’ Call, o primeiro álbum com o novo membro, Phil Cunningham e sem Gillian Gilbert, que se recusou em favor de cuidar dos seus filhos com Stephen Moriss. Singles como Jetstream (que tem a participação de Ana Matronic dos Scissor Sisters) e Krafty foram muito bem recebidos. No mesmo ano a banda ganhou o prêmio God Like Genius da NME Awards e foi incluída junto com os Joy Division no UK Music Hall of Fame. Em 2006 a música Guilt Is a Useless Emotion, do álbum Waiting for the Sirens’ Call, concorreu ao Grammy Awards na categoria de melhor Gravação Dance.

Em 2007 Peter Hook anunciou sua saída e o fim da banda. Após conflitos com Bernard e Stephen, que afirmaram que a saída de Hook não significa o fim da banda, que continua em actividade. Deste modo, em 20 de Julho de 2007, Morris e Sumner noticiaram que os New Order continuavam a trabalhar sem Hook.

Lost Sirens, entretanto, pode ser considerado o último material gravado da banda pois não sabemos se um dia a banda estará unida novamente. Com oito músicas, seis delas inéditas, ele demonstra que o grupo ainda tinha e talvez ainda terá muita lenha pra queimar e são um exemplo para o Synthpop, Dance Music e Post-Punk. Até lá, ou não, os outros artistas vão dando música para os nossos ouvidos.


Happy Mondays: Queridos anos 90

No início da década de 80 Manchester deu a conhecer uma banda de pop rock alternativo, cujo estilo viria a ser bastante influenciado pelos conterrâneos New Order. Até o nome da banda evidencia o fascínio pelo coletivo formado por Bernard Sumner, e por um dos seus maiores sucessos, o tema “Blue Monday”. Em plena era da New Wave nasceram assim os Happy Mondays, originalmente formados pelo vocalista Shaun Ryder e pelo seu irmão Paul Ryder.

banda, os Happy Mondays quebraram algumas barreiras para a época e alcançaram o 10º lugar de vendas em Inglaterra. Com a Factory Records lançaram mais quatro álbuns entre 1988 e 1992, tendo alargado o seu sucesso aos Estados Unidos. Uma dos segredos para este sucesso passava também por um membro da banda, conhecido por Bez, que era uma espécie de “dançarino louco”, que além de dançar, tocava maracas.

Após a saída da Factory Records, os Happy Por Carmen Gonçalves Mondays tiveram um período de altos e baixos, e Em 1984 os Happy Mondays, assinaram um em 1999 decidiram regressar ao ativo, pela mão da contrato com a lendária editora Factory Records, na editora London Records. Este regresso foi qual viriam a permanecer até 1992. Poucos meses acompanhado por um single à altura, com uma após este contrato deram o seu primeiro grande versão para o tema “The Boys Are Back In Town”, concerto e gravaram o primeiro single de três de Thin Lizzy’s. faixas , “Forty-Five”. Em 1987 surgiu o primeiro longa duração, intitulado “Squirrel And G-Man Twenty Four Hour Party People Plastic Face Carnt Smile (White Out)”, do qual foi retirado o single “24 Hour Party People”. Em 2002 o título deste tema viria a dar nome ao filme de Michael Winterbottom, cujo enredo retratava a história da Factory Records e das bandas que dela fizeram parte. Apesar das críticas mais negativas ao trabalho da

O último registo de originais da banda ,“Uncle Disfunktional”, foi lançado em 2007, após 15 anos sobre a edição de “Yes Please!”, o último álbum de originais, editado ainda pela Factory Records. Apesar deste regresso aos discos não ter obtido o sucesso desejado, os Happy Mondays mantêm-se inabaláveis, sendo uma das poucas bandas britânicas pioneiras do movimento britpop, que ainda continua no ativo.


Os Stone Roses são um banda britânica de rock alternativo, da cidade de Manchester, formada em 1983. Um dos primeiros grupos a surgir no chamado “movimento de Manchester” . Apesar de ter passado por algumas mudanças, o alinhamento que mais resultou e que foi considerado o principal foi este: Ian Brown como vocalista, John Squire como guitarrista, Gary “Mani Mounfield” no baixo e Alan “Reni” Wren, na bateria. Por Júlia Rocha Brown e Squire conheciam-se da escola e em comum tinham uma admiração pelos Clash. Mais tarde foram recrutando os restantes membros. O nome Stone Roses foi proposto por John Squire, que o escolheu pela combinação de dois nomes fortes, mas bastante distintivos. O seu álbum de estreia “The Stone Roses”, foi lançado em 1983, álbum este que foi um grande sucesso e fez representar este movimento do rock alternativo que emergia na música britânica. Continha o grande sucesso “Waterfall” e “She Bangs the Drums”. Foi nesta altura que os Stone Roses apostaram em mudar de editora e tiveram

alguns problemas com a sua editora mãe, que não sabia que eles tinham desistido do contrato. Uma batalha legal que só terminou em 1991. Lançaram o segundo álbum em 1994, denominado “Second Coming”. A partir deste álbum, as mudanças começaram a surgir e o baterista Reni sai da banda, seguido do guitarrista John Squirre. A saída de Reni não teve grande justificação, algo que perturbou a banda de certo modo. Esta separação musical levou então à saída de Squire. A banda acabaria por se desintegrar. Reuniram-se em 2012 para uma tour mundial, a começar com três espectáculos na sua cidade natal de Manchester. O documentário "Made of Stone" é uma ótima sugestão para ficar a conhecer melhor o percurso do grupo.


Formados em meados dos anos 80, os Primal Scream são uma das bandas que mais marcaram a cena musical da década de 90. Constituídos, inicialmente, por Bob Gillespie (ex-baterista dos Jesus and The Mary Chain) e por Jim Beattie, a banda foi aumentando, à medida que também a sua sonoridade se ia expandindo. Por Carmen Gonçalves “Sonic Flower Groove” (1987) e o homónimo “Primal Scream” (1989) foram os dois primeiros álbuns da banda. A sonoridade Pop Psicadélica ecoava nestes registos, mas não acrescentaram nada de especial à música da época, sendo apenas mais uma banda com um som pretensiosamente pop que se camuflava no meio mais alternativo. Em 1991 os Primal Scream encontraram o seu rumo e o sucesso comercial com o disco “Screamadelica”, a grande obra-prima da banda. Foi um álbum vanguardista para a época, misturando o Acid House com o Rock Alternativo, coros Gospel e muito Pop Psicadélico, tendo-se tornado num álbum de culto, marcando a sonoridade musical da década. Neste disco podemos encontrar o

tema “Loaded” que esteve no top 20 no Reino Unido. Com o sucesso, vieram os concertos e tournées, mas também o abuso de drogas pesadas por grande parte dos elementos da banda, o que se repercutiu no trabalho seguinte. “Give Out But Don’t Give Up” foi gravado com os temas que não integraram o álbum anterior, tendo sido alvo de muitas críticas pela imprensa e recebido de forma mista pelos fãs. Nesta altura a banda entrou num hiato de quase três anos e quase se desintegrou, mas voltou triunfante com “Vanishing Point” (1997). Este álbum é mais um registo da criatividade e inovação dos Primal Scream, inspirado na Pop Psicadélica dos anos 60 e no Dub, como podemos ver na faixa “Kowalski". Com o entrar no novo milénio os Primal Scream reinventaram-se outra vez. Os dois álbuns seguintes “XTRMNTR” (2000) e “Evil Heat” (2002) comprovam isso mesmo. Esta mudança de som veio acompanhada de ácidas críticas políticas e de uma instrumentação raivosa e barulhenta, repleta de distorção e feed-backs.


Passados quatros anos de fúria e de rebeldia contra o sistema, o álbum “Riot City Blues” (2006) parte para algo mais tradicional, coisa que ainda não se tinha visto na carreira da banda até então. Este registo tem como referências o rock dos anos 60 e é o primeiro sem nenhuma sonoridade electrónica. Em 2008, numa tentativa de se reinventar outra vez, a banda lançou “Beautiful Future”, um álbum de BritPop. A crítica foi dura com este álbum, e nem a participação dos produtores Paul Epworth e Björn Yttling levou este registo ao sucesso. Em 2011 os Primal Scream regressaram com a tournée comemorativa dos 20 anos de “Screamadelica”, que foi muito bem recebida pelos fãs. Por esta altura os Primal Sream soavam a uma banda com quase 30 anos a viver do passado. Desengane-se quem não pensou o contrário. Depois do fiasco do álbum anterior, em Maio de 2013 editaram o décimo registo de originais “More Light”, e acertaram em cheio! Trata-se um disco de rock psicadélico com tremendas variações de timbre e harmonias. É diversificado na sonoridade e na influência musical. Na verdade parecem três discos num só, mas esta variedade não deixa cair na monotonia. É como se fosse uma viagem atribulada. Tem de tudo! Este álbum foi bem recebido pelos fãs e despertou os elogios da crítica pela sua temática politicamente carregada. Depois de “Screamadelica” este registo é talvez um dos melhores dos Primal Scream.


Num filme sempre electropop...The Human League

Se do cruzamento dos The Sex Pistols com os Chic resultaram os Duran Duran, como os próprios gostam de afirmar, os The Human League terão nascido da fusão dos Kraftwerk com Eno (até 1980) ou com os Roxy Music e Bowie nos anos seguintes. Por Bruno Vieira

uma banda praticamente desconhecida num caso sério de popularidade no início dos Anos 80. O single “Don´t You Want Me” chegou ao 1º lugar das tabelas de vendas britânica e norteamericana tornando-se num mega-sucesso, a mesma posição alcançada pelo álbum e temas como “The Sound of the Crowd”, “Love Action” e “Open Your Heart” tornam-se também grandes êxitos. Mas a pérola esquecida de “Dare!” surge logo no início do álbum é dá pelo nome “The Things That Dreams Are Made Of”

Naturais de Sheffield, formaram-se em 1977 e desde cedo seguiram uma linha electrónica experimentalista, tendo editado os álbuns “Reproduction” em 1979 e “Travelogue” em 1980, ambos com passagem discreta no Top Britânico. O single “Empire State Human” do primeiro álbum é hoje a música mais No ano seguinte é editado “Love and representativa deste período. Dancing”, um álbum com versões instrumentais baseado nas músicas de “Dare!”, Mas em 1981 tudo mudou com “Dare!”. remisturadas e produzidas por Martin Rushent. Considerado por muitos como um dos mais O sucesso do álbum dava para tudo . até para importantes e representativos álbuns de Synth recuperar com sucesso um tema quase Pop de sempre, quebrou em parte com o esquecido do segundo álbum “Travelogue”, experimentalismo dos primeiros tempos “Being Boiled”. imprimido pelo vocalista Phil Oakey, ao tornar a electrónica mais acessível. Os ritmos frios da Em 83 é lançado o EP “Fascination!” com os electrónica analógica eram agora aquecidos singles “Mirror Man” e “(Keep Feeling) com melodias e, também, com as vozes dos Fascination”, ambos a chegarem a nº 2 do Top novos elementos Susanne Sulley e Joanne Britânico. Catherall. “Dare!” teve o poder de transformar


Com “Dare!” a assumir-se, quase, como o disco de estreia, o álbum seguinte não teria vida fácil. O sempre difícil 2º álbum, neste caso, 4º de originais “Hysteria” de 84, desapontou bastante. As coisas não correram bem desde o início: dois produtores abandonaram o barco e temas como o rockeiro “The Lebanon” e outros como “Life on Your Own” e “Louise” tornram-se êxitos de menor escala, ainda assim perduraram. Em 1986 são recrutados os produtores R&B Jimmy Jam e Terry Lewis para o novo álbum “Crash”. Com uma sonoridade em sintonia com os novos ritmos de dança, “Crash” não se sai mal nos Estados Unidos, onde o single “Humam” chega ao 1º lugar. Em Inglaterra o sucesso de “Human” é ligeiramente menor (8º lugar), mas os singles “I Need Yout Loving” e “Love Is All That Matters” ficam-se por posições bastante modestas.

álbum, apesar de ser uma música interessante, não obtém reconhecimento significativo. Teríamos de esperar quase cinco anos por novo disco até que é lançado “Octopus”. Com uns The Human League a recuperarem a sonoridade Synth Pop que lhes deu crédito, “Octopus” é o melhor álbum depois de “Dare!”. A banda recupera algum do fôlego perdido, obtendo resultados bastante satisfatórios. Quer o álbum quer o single de apresentação “Tell Me When” chegam ao 6º lugar. “These Are the Days” é uma boa música, mas é na terceira faixa que se encontra a pérola do álbum “One Man in My Heart”.

No início do novo milénio é editado “Secrets”. Seis anos volvidos depois de “Octopus”, esperava-se mais mas, o penúltimo trabalho da banda não teve argumentos para se impor, tornando-se no álbum com pior desempenho de sempre nas tabelas de vendas. Um Em 1990 os The Human League atravessam ligeiríssimo destaque para o single “All I Ever um período bastante incaracterístico, à Wanted” e pouco mais. semelhança de muitas bandas da sua geração que parecem não saber que rumo seguirem, Embora sem álbuns lançados, a banda manteve ao longo de dez anos uma actividade como os Duran Duran. regular em matéria de concertos, dois dos “Romantic?”, considerado a par de “Secrets” quais em Portugal em 2007. O ano de 2011 é como os álbuns mais pobres da banda falha o marcado pelo regresso de Phil Oakey e Top 20 e o single “Heart Like a Wheel” não “senhoras” aos álbuns, com “Credo”, consegue melhor do que um 29º lugar. recentemente lançado. É certo que não se “Soundtrack to a Generation”, do mesmo espera o sucesso de outros tempos, mas o


simples facto destes veteranos do electropop terem material novo, só por si, é digno de registo. O semanário musical britânico NME chegou a dar destaque ao single “Nevel Let Me Go”.

uma viagem no tempo se tratasse, tendo a banda tocado quase todos os êxitos. O ambiente na sala, muito bonita por sinal (tipo Coliseu de Lisboa, mas mais pequena) foi fantástico. O público predominantemente acima dos 30 anos, como seria de esperar, A segunda faixa do álbum “Night People”, correspondeu , e a noite foi no mínimo parece igualmente interessante, constituindo fantástica. indicadores importantes para que este regresso não seja apenas um mera formalidade. Passados alguns meses, um amigo meu falouAtendendo ao contexto musical actual, me que os The Human League vinham a “Credo” parece ter mais argumentos para não Portugal, notícia que na altura pensei tratar-se cair no esquecimento que o seu antecessor. A de uma piada. Mas na verdade não era. Eles ver vamos se estaremos perante um “filme iam mesmo estar presentes por ocasião do 5º electropop” para mais tarde recordar… aniversário do Farol Design Hotel em Cascais ,a 30 de Junho. Não se tratou bem de The Human League - um ano, quatro um concerto, mas antes de uma festa na qual a concertos... banda apresentou alguns dos seus mais Os The Human League regressaram em 2011 conhecidos êxitos. Apesar da curta actuação e com o álbum “Credo”, dez anos depois de do playback instrumental, o bom ambiente , “Secrets”. Este facto apenas servirá de mote bem como o local privilegiado, abrilhantaram para partilhar uma situação curiosa que se este evento especial. Pensava eu que o capítulo passou comigo e não tanto para falar sobre a The Human League em Portugal tinha ficado história desta banda, por sinal uma das mais por aqui, mas estava enganado. importantes do período da New Wave. Ainda o verão de 2007 ia a meio, qual não foi o Decorria o verão de 2006 e após folhear a Q meu espanto quando soube que os The Human Magazine, um anúncio em particular despertou League estavam de regresso ao nosso país para -me a atenção, o concerto dos The Human uma actuação no Festival dos Oceanos a 4 de League em Londres no Shepherds Bush Agosto, junto de nomes como Expensive Soul e Empire. Sendo a banda liderada por Phil Oakey Marcelo D2. Apesar da pouca coerência do uma das minhas preferidas pensei que seria um cartaz o evento era de livre acesso, tornando excelente pretexto para visitar Londres, ainda mais fácil rever a banda de Sheffield, juntando assim o útil ao agradável. Na altura desta feita em ambiente de verdadeiro lembro-me de pensar o quão improvável seria concerto, tendo como cenário a Praça do ver os The Human League em Portugal, que Comércio. Vesti-me a rigor com uma t-shirt não demorei muito tempo a decidir dar um trazida de Londres, facto que terá despertado a saltinho até Londres. atenção de um casal de aparência nórdica , procurando informações sobre o local do Parti então para a capital britânica e no dia 1 de concerto. Dezembro lá estava eu à porta no Shepherds Bush Empire preparado para o concerto. O bom tempo e o público em número Escusado será dizer que adorei, foi como de apreciável ajudaram à festa. Os The Human


League ofereceram uma actuação segura e muito completa, como se em nome próprio se tratasse. Foi um concerto tipo best of repleto de êxitos, com destaque para o álbum “Dare!”. Apesar da maior parte do repertório ser da década de 80, não esqueceram o bem sucedido álbum “Octopus” de 95. Para terminar em beleza o tema escolhido foi “Together in Electric Dreams”, contagiando todo o público , inclusive aquele que ali se encontrava para ver os outros artistas. Mas a cereja no topo do bolo estava reservada para depois do concerto, quando Phil, Suzanne e Joanne, se disponibilizaram para tirar fotos com alguns fãs que os aguardavam, tornando a noite ainda mais inesquecível.

Mas a história não fica por aqui. A 1 de Dezembro de 2007, precisamente um ano depois do primeiro concerto, estou novamente a caminho de Londres. O cartaz anunciava o histórico álbum “Dare!” (de 1981) tocado na íntegra. Só por este facto já valia a pena a deslocação. O concerto teve lugar no majestoso Hammersmith Apollo (uma espécie de Aula Magna, mas com o triplo da lotação). Para além de “Dare!” os The Human League tocaram os habituais êxitos da praxe.

Apesar da sala lotada, o facto de apenas haver lugares sentados, de certa forma quebrou a energia do público, menos espontâneo no que toca a dançar. Tratou-se no entanto de um concerto interessante, embora sem o factor novidade do primeiro. No espaço de um ano e sem que nada o fizesse prever, tinha tido a oportunidade de assistir a quatro concertos de uma das minhas bandas de eleição. É caso para dizer, “não há fome que não dê em fartura”…


Electropop vs Electrorock

No início dos anos 80 dois álbuns distinguiram-se no panorama musical da New Wave, sendo ambos considerados obras de referência daquele período. E porquê? Estado a sonoridade pop/rock claramente sujeita à ditadura dos sintetizadores, “Dare!“ dos The Human League era o melhor exemplo da electrónica a dar forma à música pop, enquanto “Vienna“ dos Ultravox, o mesmo conceito, mas em formato rock.

Human League e o primeiro em que participam Susanne Sulley e Joanne Catherall. Estes dois aspectos podem ter passado despercebidos à maioria das pessoas, mas acabariam por ser determinantes para o futuro das bandas, na medida em que foram os primeiros a conhecer um assinalável sucesso comercial e pelos quais os Ultravox e os The Human League são hoje conhecidos.

É claro que para um seguidor dos Ultravox da Por Bruno Vieira era John Foxx esta não é uma verdade muito “Vienna“ de 1980 era o quarto disco dos conveniente, mas factos são factos, e a realidade Ultravox e o primeiro da era Midge Ure, é que os Ulltravox só ficariam verdadeiramente enquanto que “Dare!“ era o terceiro dos The conhecidos do grande público com a entrada de


Midge Ure. Quanto aos The Human League a The Sound of the Crowd – 12º (10) questão é mais pacífica na medida em que Philip Oakey foi desde o início, em 1977, Love Action (I Believe In Love) – 3º (13) vocalista da banda. Open Your Heart – 6º (9) Don`t You Want Me – Como já referi, as raparigas entraram a tempo 1º (13) de ser editado a obra-prima que foi “Dare!“. Até aqui a banda tinha tido apenas um relativo sucesso com o single “Empire State Human“ do álbum “Reproduction“ de 1979, e pouco mais. Embora o sucesso dos The Human League não se deva única e exclusivamente à entrada de Susanne e Joanne, a sua chegada acabaria por marcar a imagem do grupo, com as vozes femininas a adquirirem grande protagonismo.

ULTRAVOX ÁLBUM – Posição mais elevada (total de semanas) VIENNA – 3º (72) Singles – Posição mais elevada (total de semanas) Sleepwalk – 29º (11)

Para melhor medir o sucesso de “Dare!“ e “Vienna“ teremos de recorrer à tabela de Passing Strangers – 57º (4) vendas britânica. Mais como termo de Vienna – 2º (14) comparação do que como objectivo de eleger o melhor álbum, os números são os seguintes: All Stood Still – 8º (10)

THE HUMAN LEAGUE ÁLBUM – Posição mais elevada (total de semanas) DARE! – 1º (72) Singles – Posição mais elevada (total de semanas)


Simple Minds no Coliseu de Lisboa: “Noite de New Wave” (2011)

Tendo como objectivo inicial relatar apenas a minha experiência do concerto da banda escocesa em Portugal no dia 14 de Fevereiro de 2012, houve no entanto a necessidade de fazer alguns ajustes ao texto, dadas as reacções que entretanto fui lendo sobre o concerto. Por Bruno Vieira Depois de baralhar e voltar a dar, aqui fica a história do mesmo: Anunciado claramente em diversos órgãos de comunicação social como um concerto em que a banda de Jim Kerr iria revisitar os primeiros cinco álbuns da sua carreira (tocando cinco músicas de cada um deles), estava dado o mote para uma noite de pura new wave, marcada pelo som dos sintetizadores mas onde as guitarras se fizeram ouvir e bem, não afastando de todo uma audiência mais rockeira. O facto da banda não tocar os grandes clássicos de meados dos anos 80 e inícios de 90, seria um mero acidente de percurso tendo em conta os objectivos desta digressão de 16 datas, que começou em Lisboa e terminou no dia 4 de Março de 2012 na Irlanda. Não foi de facto um concerto em formato best-of para um público mainstream (onde a escolha de um espaço como o Campo Pequeno ou o Pav. Atlântico seriam mais apropriados), mas sim um concerto para fãs ou então verdadeiros

interessados por música, um evento de culto único, que definitivamente não era para todos, daí ter sido escolhido um espaço bem mais pequeno, como o Coliseu de Lisboa.

O interesse pela new wave (de um modo geral) já vem de longe, pese embora conhecesse pouco mais de uma dezena de músicas da banda relativas a este período, graças a “Glittering Prize” (o meu primeiro best-of) e de mais alguma pesquisa por conta própria. Não posso afirmar que o período mais mediático da banda me tenha passado ao lado, mas o gosto pela descoberta deste passado menos conhecido, fez do concerto de terça-feira uma espécie de “cereja no topo do bolo”. Com 25 músicas previstas no alinhamento e uma sala praticamente lotada, na qual sobressaia sem surpresa o público da faixa etária dos 40/50, os Simples Minds iniciaram a ordem de trabalhos com “I Travel”, tema de abertura do primeiro álbum da década de 80 “Empires and Dance”, seguida de “Today I Died Again” do mesmo álbum, em certa medida a fazer lembrar os Ultravox da era John Foxx. Nesta altura os Simple Minds disputavam o mesmo campeonato de bandas como INXS ou U2, que antes de atingirem o estrelato orbitavam também no universo post-punk e new wave.


Na primeira parte do concerto, realce para “Wasteland”, “Life In a Day” e sobretudo “Love Song”, provavelmente a que mais terá mexido com todos aqueles que torciam pelos grandes êxitos, e também porque o dia do concerto coincidia com o dia dos namorados. Tal como começou, a primeira parte terminaria com “Room”, tema do álbum “Empires and Dance”, ao que se seguiu um intervalo de cerca de 15 minutos, tal como anunciado antes do início do concerto.

do álbum “Life In Day” de 1979.

Deste concerto só posso dizer que foi uma experiência única, apenas proporcionada pelo repertório temático e rico que a banda trouxe, o que não é muito habitual já que a maioria dos concertos acabam invarialvelmente no clássico formato best-of, mais apelativo. Assim sendo quer a banda, quer a promotora, quer a própria rádio que em Portugal apoiou este concerto estão de parabéns por não terem tido receio de arriscar num espectáculo que estava longe de A segunda parte abriu e fechou com temas ser para as massas, o mesmo que dizer, relativamente conhecidos como “The comercialmente correcto. American” e “Someone Somewhere in Summertime”. Pelo meio de referir também o Jim Kerr, líder da banda desde o seu início em imperdível “Promised You A Miracle”, o denso 1977, continua um excelente performer e nem “Celebrate” novamente de “Empires and mesmo a sua voz parece acusar o passar dos Dance” (encerrando as músicas tocadas deste anos, sendo um privilégio ver, nos dias de álbum), bem como outros interessantes como hoje, um músico dos tempos da velhinha new “Sweat In Bullet” e “Changeling”. Fazendo bem wave em tão boa forma, sem parecer as contas e volvidas 20 músicas tocadas, era decadente. mais que certo que as 5 que faltavam só Quanto à reacção do público e apesar de poderiam ser tocadas no decorrer do encore. E algumas caras descontentes pelo facto dos assim foi com o instrumental “Themes For grandes êxitos não terem sido tocados, a Great Cities”, seguido de “Glittering Prize” recepção à banda escocesa foi na maior parte outras das mais conhecidas. Antes do terminus do tempo calorosa. com “New Gold Dream” do álbum homónimo, realce para o delicioso e viciante “Chelsea Girl”


Mesmo para muitos que foram ao engano, terá prevalecido o facto de estarem em frente de um líder carismático de uma banda que assegurou já o seu lugar na história da música. Pode não ter havido lugar para grandes coros (salvo pontual excepção), mas houve certamente calor humano e saber receber por parte do público português, muito longe da banda ter sido vaiada como, infelizmente, já pude ler.

Neste aspecto não posso deixar de manifestar o meu descontentamento pela má publicidade que muitos pseudo fãs da banda, supostamente entendidos mas pelos vistos pouco conhecedores do seu passado, tiveram o cuidado de fazer passar. Li de tudo: “lamentável”, “isto não se faz", “pior concerto de sempre”, “muito fraco”, “grande seca” e “enganados”. Mas o chorrilho de disparates ainda foi mais longe: desde “onde estão os êxitos anteriores a 1990?”, “não tocaram as músicas anunciadas nos spots” até “concerto para um público underground”. Curioso que alguém tenha afirmado ainda “não ter sido revisto o passado da banda”, provavelmente não terão presenciado o mesmo concerto, enfim. A todos estes peritos em Simple Minds da velha-guarda, os quais orgulhosamente ostentam no seu curriculum o concerto no Estádio de Alvalade em 1990, apenas sugiro que façam o trabalhinho de casa antes de se meterem num concerto que vai para além do óbvio. Para muita gente a carreira dos Simple Minds terá começado apenas em 1985, puro engano, antes de serem conhecidos do grande público já a banda tinha 6 álbuns editados. Tudo o que se tem dito acerca do mesmo só me permite concluir que existe ainda uma faixa muito significativa de público para quem a música são meia dúzia de êxitos do passado que ficaram no ouvido e que ainda passam na rádio, e pouco mais. Nada contra, desde que não se façam passar por experts (nem sempre a antiguidade é um posto). Gostar de música não tem tanto a ver com a idade, mais pelo interesse que se demonstra pela mesma. Muito ou pouco, o que sei é mais do que suficiente para concluir que há mais vida para além dos grandes êxitos.


Boy O primeiro álbum dos U2

Sempre achei interessante o início de carreira de bandas ou artistas consagrados, com um longo percurso percorrido, inúmeros álbuns e um estatuto que poucos atrever-se-ão a pôr em causa. Mas toda esta fama e glória faz com que a maioria do público esqueça ou desconheça o tempo em que tudo começou. Há de tudo, desde inícios fulgurantes que depois se eclipsam com o tempo a começos mais discretos que se transformam em grandes carreiras. Os irlandeses U2 são o melhor exemplo destes últimos, daí que tenha sido a banda escolhida para falar do seu primeiro álbum, Boy.

certo é que apesar da critica favorável , não terá sido o “clique” para o sucesso imediato. O que por vezes não é o mais importante, já que inícios de carreira promissores rapidamente se esgotam em vazios criativos

.A carreira do quarteto liderado por Bono, pelo contrário, foi feita de passos seguros, culminando no mega-álbum The Joshua Tree, sete anos mais tarde. Prova de que o sucesso e o reconhecimento podem demorar… mas perduram. Voltando a Boy, estamos perante um bom registo rock, marcado ainda pela atmosfera cinzenta do post-punk, com a guitarra deThe Edge e a voz de Bono a imporemse. Produzido pelo consagrado Steve Lillywhite Por Bruno Vieira (que também colaborou com nomes como Peter Gabriel, Morrisey, Big Country, Simple Minds, entre Se há bandas que dispensam apresentação, os U2 outros), Boy não conseguiu melhor do que um 52º são uma delas, já o álbum de estreia, nem tanto. E lugar no top britânico. porquê? O single de apresentação I Will Follow, escrito por Estando a banda irlandesa há muitos anos na Bono na sequência do falecimento da sua mãe, primeira divisão da música, aquando do falhou a presença na tabela de vendas britânica , lançamento de Boy, em 1980 nada previa que se mas continua a ser um dos temas mais marcantes tornassem no fenómeno (não apenas musical) que e preferidos dos fãs e o único tocado em todos os são hoje. Sem pôr em causa a qualidade do álbum espectáculos realizados pela banda. de estreia, do qual resultaram excelentes temas como I Will Follow, Into the Heart, Out of Control, Stories for Boys ou A Day Without Me, o que é


António Variações

Mais popular, menos santo, sempre António

Junho é mês de Santos Populares, sendo o dia de Santo António o ponto alto destas comemorações para todos os alfacinhas e não só. O dia do padroeiro de Lisboa também é a data em que outro António, os das músicas também elas populares, partiu.

importância enquanto artista e a prova disso é que teve uma carreira bastante produtiva com apenas dois álbuns, motivos mais que suficientes para considerar Variações como um dos nomes maiores da música portuguesa do último quarto do século XX

Por Bruno Vieira Origens e chegada a Lisboa Se António Variações fosse vivo teria , mais ou menos a idade de Mick Jagger ou David Bowie. Esta precoce partida acabaria por deixar um enorme vazio na música popular portuguesa, infelizmente pouco reconhecido nos anos que imediatamente se seguiram à sua morte. Mas a curta carreira de Variações não diminui a sua

A 3 de Dezembro de 1944 nasce António Joaquim Rodrigues Ribeiro na Freguesia de Fiscal - Amares, Braga. Filho de camponeses, termina a escola primária e depois de recusar a profissão de carpinteiro, imposta pelos pais, ruma a Lisboa onde já se encontravam dois irmãos e alguns familiares. Trabalha


como empregado de balcão, empregado de escritório e barbeiro. Esta última profissão irá aperfeiçoar, tornando-se mais tarde cabeleireiro. Estuda de noite. A ideia de um dia vir a ser um fadista famoso acompanha-o desde pequeno, quando cantava no quintal da casa de família. Sem nunca renegar às suas origens, a chegada a Lisboa abre-lhe os horizontes, mas por pouco tempo, já que cedo se apercebe da pobreza social e cultural da capital. Olhei para trás, Linha – vida e Anjinho da guarda são os temas que melhor retratam esta etapa da sua vida. Principais influências e viagens A procura de novos horizontes leva-o a Londres em 1975, onde fica cerca de um ano. Parte depois para Amesterdão onde vive cerca de três anos e aprende a profissão de cabeleireiro. Nesta cidade faz amizades que mais tarde visita com regularidade. De volta a Lisboa, estabelece-se como o primeiro cabeleireiro unisexo do país, abrindo mais tarde uma barbearia na Rua de S. José. Terá

afirmado um dia que apesar de gostar da sua profissão, não a considerava uma paixão e que o mais importante era ter rendimentos para viver e gozar férias no mês de Agosto. Visita Nova Iorque e regressa à Holanda. O espírito inconformado e de cidadão do mundo estão presentes nos temas Estou além e Minha cara sem fronteiras. As figuras da Mãe, Amália e Fernando Pessoa constituem as suas principais referências e fonte de inspiração para algumas das suas músicas, tais como Deolinda de Jesus, Povo que lavas no rio, Voz – Amália – de nós e Canção. Apesar de fascinado pelo que vê lá fora, facilmente encontra um equilíbrio entre o que se poderá denominar vanguarda e tradicional. É neste contexto que terá ficado célebre a expressão “entre Nova Iorque e a Sé de Braga“, que mais não significava do que a fusão entre a música moderna e a música popular/ tradicional portuguesa, sem esquecer o Fado, mais pela forma como o próprio António entoava a voz.


António Variações

Espectáculos, discos e fama Para António a grande paixão era mesmo a música e tudo havia de fazer para concretizar o seu sonho. Mas de início as coisas não foram fáceis e pelo meio foi coleccionando algumas frustrações. Por exemplo, quando concorre para vocalista dos Corpo Diplomático (banda antecessora dos Heróis do Mar), chumba na audição. Mas nem tudo se perde, já que se torna cabeleireiro da banda. Em 1977 assina finalmente contrato com a Valentim de Carvalho, depois de apresentar uma maqueta com alguns temas. Foi para estúdio mas os resultados ficaram aquém das expectativas, dado não ter sido encontrado o “registo certo”. Sabendo que a melhor forma de dar-se a conhecer era fazer espectáculos e esperar por uma nova oportunidade da editora, apresentase ao mundo artístico como António e Variações, nome da orquestra/grupo que pretendia criar. Daí o nome definitivo António Variações. Em Março de 1981, sob o nome António (autor/intérprete), faz o primeiro espectáculo na discoteca Trumps que, devido ao ruído, provoca alguns problemas com a vizinhança. Não tendo corrido da melhor forma, regressa ao Trumps para um segundo espectáculo melhor organizado, e canta a música Toma o comprimido. Mais confiante depois de uma actuação bem sucedida, convence Júlio Isidro (cliente da barbearia) a ouvir uma cassete com músicas suas. Não demorou muito até ser convidado, ainda nesse ano, a actuar no programa O Passeio dos Alegres, onde cantou os temas Toma o comprimido e Não me consumas. O primeiro acabaria por se editado apenas em 2006 na colectânea A História de António Variações. Já o segundo seria editado pelo projecto Humanos em 2004.

quatro anos, no qual existia o compromisso para a gravação de um disco, fala com o irmão Jaime Ribeiro (advogado) no sentido de pressionar a editora. Em Julho de 1982 é finalmente chamado para entrar em estúdio e iniciar os ensaios para a gravação do primeiro maxi-single Povo que lavas no rio/Estou além. A admiração por Amália era tal que António chegou a fazer a primeira parte de um dos espectáculos da fadista, na Aula Magna, como forma de a homenagear. Para além de O Passeio dos Alegres em 1981, actua também nos programas da RTP Musicaqui e Retrato de Família em 1982 e Frut`ó Chocolate e Ora Bem em 1983. Os seus videos passam no programa Vivamúsica em 1983. Ainda neste ano é editado o primeiro LP , Anjo da Guarda, com elementos dos GNR como músicos de suporte. O resultado supera todas as expectativas e temas como O corpo é que paga, É p`rá amanhã e Quando fala um português, tornam-se grandes êxitos. No Verão desse ano, António Variações é muito solicitado para espectáculos ao vivo por todo o país.

No ano seguinte, durante as gravações do segundo LP Dar e Receber, António começa a evidenciar alguns problemas de saúde. Músicos e técnicos com quem trabalhava julgam tratarem-se de sintomas de fadiga devido ao número excessivo de espectáculos. Ainda assim consegue terminar o álbum que, desta vez, contou com o apoio dos Heróis do Mar. Apesar de bem sucedido, o êxito de Dar e Receber ficou aquém de Anjo da Guarda devido ao falecimento prematuro do músico a 13 de Junho de 1984, no Hospital da Cruz Vermelha em Lisboa. Provavelmente Variações terá sido uma das primeiras vítimas conhecidas de Sida em Portugal. Com a sua morte, toda a promoção do álbum teve de ser cancelada. No entanto, temas como Perdi a memória, Quem Sem novidades da parte da Valentim de feio ama e Dar e receber, perduraram. Carvalho e com um contrato assinado vai para


Espirito "Zappiano" onde a liberdade criativa impera. Eis os Pãodemónio , banda potuense que apresenta um verdadeiro (e irresistivel) cocktail sonoro, onde o jazz, a música experimental, o metal, ou o funk se encontram, como podem comprovar no álbum "Pirraças Pueris", editado a 12 de Maio de 2014 de forma independente . Por Irene Leite 1-Como e quando tudo começou?

nuinamente portuguesa, é também uma forma de identidade. 3-Quais são as vossas principais influências? Ricardo: Pensando simultaneamente na composição e na performance, eu diria: Messiaen, Debussy, Bartók, Scriabin, Shostakovich, Frank Zappa, Kurt Rosenwinkel, Meshuggah, Chris Potter, Marcus Miller, Korn, Rage Against the Machine, Miles Davis, Nusrat Ali Khan, enfim, é difícil fazer uma seleção porque na verdade há uma imensidão de coisas que nos influenciam em diferentes medidas e aspectos... acho que isso é transversal a todo o artista que procura criar da forma mais pessoal, genuína e original possível – e esse é definitivamente o meu (e nosso) caso.

Ricardo: Começou numa viagem Lisboa-Porto em que eu e o Fábio estávamos “colados” no disco “Ultrahang” do Chris Potter e decidimos criar um grupo com a mesma formação instrumental, para explorarmos as possibilidades de fusão de estilos musicais e da acústica com a electrónica. O Nuno e o Marcelo foram convida- 4-Variedade de estilos é característica chave no dos de imediato. vosso trabalho. Como funciona o vosso processo criativo, já que abarca diferentes back2-Porquê Pãodemónio? grounds? Ricardo: Porque é uma palavra inventada que na verdade obriga as pessoas a pronunciar Ricardo: No que aos temas do disco diz respei“pandemónio” com sotaque do Porto, que é a to, o processo criativo tem sido partir das particidade onde vivemos os quatro. Além disso a turas que eu escrevi, procurar sons, desenvolideia de “pandemónio” ilustra um pouco a mú- ver estruturas e encontrar possibilidades de orsica que nós fazemos e, sendo uma palavra ge- questração e de improvisação. Mas nós fazemos


também um tipo de trabalho mais complexo: composição espontânea através da improvisação colectiva. Este é um método que nos leva a outro tipo de composições, geralmente mais extensas e encadeadas. Seja qual for o caso, é nos ensaios que estudamos juntos as formas de combinar (ou não!) diferentes estéticas instrumentais e musicais. Resumindo: composição, experimentação, estruturação e performance.

enriquecedor, e tudo isso não passa indiferente a quem nos ouve e nos vê. Por outro lado, grande parte do nosso concerto é feito com música improvisada, logo nunca há dois concertos semelhantes, o que é bom para quem nos segue mais do que uma vez, e nesse sentido já conseguimos reconhecer alguns fãs que fazem questão de aparecer em praticamente todas as nossas performances.

Fábio: Como o Ricardo disse e bem apesar de vários pontos de partida no fundo é uma caminhada em conjunto. Obviamente quem escreve é o visionário, registando ideias nessa direção, eu diria que aí está materializada a fatia mais significativa do bolo, no entanto, é no trabalho em grupo com ensaios que as peças se juntam, que se experimenta e muitas vezes que se descobrem caminhos paralelos, novas panorâmicas e novos sons, novas manipulações que serão a cereja em cima do bolo durante a performance, que quando brindadas com muita improvisação colectiva gera interessantes e explosivas surpresas.

6-Algum concerto para breve? Fábio: Sim, teremos novidade brevemente, todos os concertos serão anunciados no nosso website oficial e portais online. 7-Planos futuros.

Fábio: É da nossa natureza nunca estarmos plenamente satisfeitos com o nosso trabalho, confesso que somos artisticamente ambiciosos, queremos cada vez mais arriscar, experimentar, e sobretudo criar novos desafios para manter a chama acesa. Nessa charneira já começamos a delinear as diretrizes criativas para o próximo álbum, entre muitas outras coisas vai de facto haver mais variedade compositiva, posso avan5-Como tem sido a recepção do público? çar que a primeira música já está em estado Fábio: Tem sido mesmo muito positiva, no final avançado, é poderosíssima e saiu do microcosdos concertos temos sempre um bom feedback mos criativo do Nuno. sobre a nossa performance. Eu diria que tal se deve precisamente ao facto da nossa música ser bastante abrangente e de certa forma agradar amantes de Rock, Metal, Indie, Funk, Jazz, Fusão, Avant Garde, entre outros, há portanto momentos para cada tipo de fã, desde improvisação contemporânea até riffs dignos de um belo headbanging. Por outro lado, tentamos tocar e experienciar o concerto como se não houvesse amanhã, com nível de energia sempre alto e desafios musicais de dificuldade elevada, eu diria que muitas vezes caminhamos freneticamente junto ao abismo, arriscamos imenso mas o que resulta dessa experiencia é verdadeiramente


A minha carreira começou agora!

É conhecido como Marinho Cowboy, voz dos projectos Falecido Alves dos Reis e Alucina Eugénio que deram o seu contributo para a música portuguesa dos anos 80 e 90, respectivamente. Mário Ferreira esteve emigrado em Espanha durante 17 anos, apresentando agora dois projectos distintos : Mad Joint e Boémia Vádia . Recorde o percurso deste cowboy português , que nunca deixou de sentir e expressar a sua grande paixão: a música. Foto/Nanã Sousa Dias Texto/Irene Leite


Mário Ferreira iniciou a sua carreira musical a meio da década de 80 com o projecto Falecido Alces dos Reis, em que era vocalista. Do grupo faziam parte Quim Coutinho (Kim C), Eduardo “Búfalo” Correia e José Pedro Guimarães. A estreia deu-se em 1988 no Pub Luís Armastrondo no Porto. Participam também no Concurso de Música Moderna Portuguesa do Rock Rendez Vous desse ano sendo que aparecem na compilação “Registos” com o tema “À Noite”.

guitarrista), com quem fiquei no Porto umas semanas, depois do concerto. Ele já andava a ensaiar o projecto Alves dos Reis, com o Tó-Zé Ferreira e o Pedro Guimarães, e convidaram-me para cantar. Foi a minha primeira vez! O nome veio umas semanas depois, quando o Eduardo “Bufalo”, se juntou a nós. Nessa época ele lia “O homem de Lisboa”, um excelente livro que retratava com grande exactitude, a execução de um plano que viria ser a maior burla jamais cometido contra o Banco de Portugal. Era um simplório, com recursos Dados os bons conhecimentos de que dispunham de intelectual. Decidimos dedicar-lhe o nome do junto dos promotores dos espectáculos, fizeram as grupo. primeiras partes dos concertos dados na Invicta por The Mission, Baalam & The Angels e Peter Murphy. 3-Que influências tinham na altura? Depois mudariam de nome para Alucina Eugénio, - As novas sonoridades que chegavam do Reino uma verdadeira aventura. Unido, principalmente, cinzentos, urbanoOs Alucina Eugénio , de 93, eram Mário Ferreira depressivos de finais dos oitenta. The Cure, The (voz, baixo, bateria) e Kim Coutinho (guitarra, Cult, The Smiths, Joy Division… teclas, percussão e voz). No entanto, eram também e em colaboração, Fernando Cunha 4-Nos anos 90 ocorreu outra grande aventura: (guitarra e voz), Zé Borges (bateria e voz), Júlio os Alucina Eugénio. Porquê o corte com o César (baixo), Alex Fernandes (sampling, teclas, projeto anterior? voz e percussão), Victor Moura (guitarra em - Os Falecido tiveram uma vida curta mas muito “Touch’n Go”), Miguel Guia (percussão em intensa, até que chegou um dia, ( a finais de 89), eu “Touch’n Go”), Margarida Nilo (voz em “Piece of senti que já não era aquilo que queria fazer. Cake” e “Viscious” e Nelson Mandela MC (rapper). Comecei a trabalhar com a Bimotor no Porto, e a Uma verdadeira família. ter acesso directo às ultimas novidades entre o “Mushrooms EP 93″ é uma registo descontraído. Há pop, rock, até uns toques de rap, no fundo, vale um pouco de tudo rumo à boa disposição, como avança o site a Trompa. “Moderna festarola pop”. 1 – Como e quando surgiu a paixão pela música? Houve influência de algum familiar / amigo em concreto? A paixão pela música surgiu de pequeno, quando ouvia a minha avó a cantar o fado, e tinha autorização do meu pai para investigar a sua coleção de singles.

indie e o alternativo. Rapidamente me apaixonei de novos sons que vinham da América, com Jane´s Adiction, Red Hot Chilli Pepers, Soundgarden, Pearl Jam, ou mesmo os Nirvana. Era o principio dos anos 90 e comecei a ensaiar o projecto Alucina Eugénio, com clientes da Bimotor, que também eram músicos, de diferentes estilos. Propus ao Kim Coutinho acompanhar-me nessa nova aventura, que aceitou e assinou todas as composições a meias comigo. Ainda hoje tocamos juntos e já se falou mais que seriamente na possibilidade de reactivar os Alucina Eugénio.

5-Nos anos 90 o Mário também trabalhou nas 2-Como e quando surgiu o projeto Falecido noites do Meia Cave. Como recorda essa Alves dos Reis? Porquê esse nome? experiência como dj? - No ano de 1986, eu trabalhei no Tour Circo de Feras, dos Xutos e Pontapés, e fui com eles, na qualidade de road-manager, fazer um concerto no extinto pavilhão Infante Sagres. O grupo que fazia a primeira parte eram os X-Position, (já a dar as ultimas), e conheci o Kim Coutinho, (era o

Comecei a trabalhar como dj no Porto, para me fazer à vida, já que queria ficar (residi no Porto 10 anos), a tocar, mas não chegava para viver. Fui primeiro dj do Loco Moskito, do Griffon´s, com o TóZé, passei por uma serie de casas, antes de chegar


ao Meia-Cave, onde permaneci durante 6 bons e longos anos. Sou um privilegiado por poder ter assistido aquele movimento que se criou ao redor do culto à Ribeira que houve naqueles anos. Estive de 87 a 93, e foi como um laboratório de pesquisa, de investigação musical. 6-Segue-se depois uma grande viragem na sua vida: vai para Espanha durante 17 anos. E nasceram, entretanto, três novos projetos: Mad Joint , Fado Blues e Boémia Vadia. Como é que surgiram estes projetos? O que se passou, foi que nenhum de nós (eu e o Kim), estávamos preparados para o relativo êxito que teve o EP “Mushrooms” dos Alucina Eugénio, e não soubemos manejar a situação com coerência . Não havia internet, não tivemos assessoria de uma grande editora e a coisa foi-se perdendo, até que eu tive uma proposta de trabalho (que nada tinha a ver com a musica), para Espanha, e lá me vi eu a caminho de Madrid, onde fiquei dois meses, partindo depois para Valência onde efectivamente, estive 17 anos, 12 dos quais, praticamente afastado da música, na parte prática. Fui pai e marido, limitei -me a trabalhar e a ouvir o que podia. Nunca deixei de escrever, assim que um dia, fui viver para um pequeno paraíso à beira mar plantado chamado Las Rotas (a 90 klms ao sul de Valência), e comecei a cantar tudo o que tinha escrito. Comprei uma guitarra acústica usada e fui dando forma a canções. Um dia de Outubro do ano 1997, telefonei ao Kim, (estivemos 12 anos sem notícias um do outro), e convidei-o a ir passar uns dias comigo, e que trouxesse instrumentos. Ele assim o fez, gravamos uma primeira maquete, formamos um projecto ao que chamámos maRKimia, que não foi mais que, (sem intenção), o reactivar do processo de reciclagem dos Alucina Eugénio. Todos os temas que fizemos entre 2008 e 2010, são parte do novo repertório que esperam os novos Alucineugénio para levar para a estrada. Com a chegada da crise e com ela cada vez mais difícil a possibilidade de estarmos juntos, (Kim seguia vivendo no Porto, e eu em Valência), acabei por dar corpo a uma ideia já antiga que tinha na mente, que era tentar fundir o fado, com outros estilos. Tive a sorte e o prazer de conhecer alguns músicos em Valência que me ajudaram a criar os Fado Blues, com quem gravei um cd, “Taberna flotante”, que foi editado em Espanha. Um projecto de autor, (as

composições e letras são minhas), que acabou por ser efémero pelo factor de que os músicos tinham os seus próprios projectos e grupos em expansão. Em Janeiro de 2012, os Fado Blues pediram férias por tempo indeterminado, e eu segui a trabalhar e a avançar com a ideia. Como fiquei sem músicos, incorporei a Rebecca Amar nas vozes, (cantora parisiense de cabaret que aporta os ambientes dignos de Montmartre e que quadra muito bem com o meu canto e as minhas palavras do fado), e voltei a chamar o Kim. Completei o processo com bases electrónicas, e assim nasceram Boémia Vadia. Em Valência gravámos 3 demos, e em Agosto de 2013, decidimos assentar arraiais e “armas” na Costa da Caparica, onde residimos actualmente. MaDJoint, é produto das facilidades que nos dá a internet. Ao ter uma quantidade enorme de temas que não sabia que fazer, decidi criar essa ideia, como dj de autor, onde me dediquei durante o tempo de adaptação da família à nova cidade, a fazer reciclagens e novas versões de canções que foram muito famosas no nacional cançonetismo da minha infância e juventude, misturados com alguns originais. Suponho que é um projecto sem grande futuro, mas rico em experiência e para sumar ao curriculum. 7- Que balanço estabelece em relação à sua carreira? Que até agora, foi uma enorme fase de aprendizagem. A minha carreira começou agora! 8-Planos futuros. Os planos futuros consistem em apresentar a Boémia Vádia ao vivo em Portugal Os concertos de Boémia Vádia oscilarão entre a electrónica e o acústico, já que recuperaremos alguns dos temas do cd “Taberna flotante” dos Fado Blues, mas serei fiel à sua estrutura original.


O Som à Letra sai à rua ….

5 anos de Som à Letra no Heaven`s Club com Boémia Vadia Porque a música faz toda a diferença! O Som à Letra começou por ser um projeto académico de final de curso para a cadeira de imprensa, mas em meses tornou-se em algo muito sério. Estávamos em setembro de 2009. Começou num blog, mas com o passar do tempo profissionalizou-se. O projeto migrou para uma casa (www.somaletra.wordpress.com) com um design mais cuidado e apelativo (sob o mote Keep it simple), juntou-se ao seu público nas redes sociais, e o crescimento tem sido diário. Já cobrimos vários concertos (nacionais e internacionais) temos uma equipa que se estende de norte a sul, sempre com o objetivo de informar, ensinar, entreter e ajudar. A música é o nosso grande enfoque. Mas o Som à Letra é muito mais do que um jornal. Também se ouve (Som Fm). A webrádio está em edições experimentais, com destaque para a nossa mais recente aposta: o programa, Num filme sempre electropop, conduzido por Irene Leite. www.devaneios15.blogspot.com www.mixcloud.com/somfm www.cibersom.wordpress.com O Som à letra apresenta ainda uma componente de responsabilidade social (Som Cívico) divulgando e apoiando causas como o projeto refood (Cedofeita). http://somaletra.wordpress.com/2014/11/07/refood-pelo-combate-a-fome-escondida-nos-meios-urbanos/ Trata-se de uma área que será mais desenvolvida futuramente. Por isso é com grande orgulho que vos convidamos a marcar presença no primeiro evento que celebra estes 5 anos de atividade, levados a cabo por uma equipa de voluntários movida pela paixão pelo jornalismo musical. E que muito brevemente verá toda a sua atividade formalizada. A festa é já dia 7 de Fevereiro no Heaven´s Club com os Boémia Vadia, projeto avant gard liderado por Mário Ferreira (ex Falecido Alves dos Reis e Alucina Eugénio) e Rebecca Amar. Há ainda o dj set temático liderado pelos dj´s Kulture Brothers e Sérgio Pereira. Uma noite certamente inesquecível e com a sede alternativa do Som à Letra.

Acerca da Boémia Vadia O projeto Boémia Vadia nasceu em Valência, onde Mário Ferreira foi residente nos últimos 17 anos. Aconteceu no seguimento do final do Fado Blues como grupo. No projeto Boémia Vadia, como explica Mário Ferreira no blogue a Trompa, o que move os músicos é “o prazer de poder fazer música e poder dedicar-me a ela . Depois, a possibilidade de poder experimentar, de fusionar estilos, harmonias, raízes, de absorver certas características da música tradicional (portuguesa, mas não só) e misturá-las com todas aquelas influências que fomos adquirindo ao longo dos anos . O objetivo principal são os nossos concertos ao vivo”. O que se pode esperar das atuações? Mário Ferreira resume. “Um espetáculo intenso e muito visual , devido à estética e presença da Rebecca no palco , performance, charme e elegância , teatro, poesia, tudo condimentado com um instrumental que te levará desde os anos 80 até à atualidade”. http://somaletra.wordpress.com/2014/01/26/a-conversa-com-mario-ferreira/ Não ficaremos por aqui!


Boémia Vadia: "Paris, Folie" Entrar no mundo dos Boémia Vadia é ter a oportunidade de percorrer uma estrada sedutora, com toques de cabaret. Rebecca Amar dá grande alma ao grupo deliciosamente vadio. "Paris, folie". Electrofado? Sim, com grande charme e envolvência. A 7 de Fevereiro na festa dos 5 anos do Som à Letra, no Heaven´s Club, Porto. Por Irene Leite É impossível não resistir a este som vadio. A música é intensa e sedutoramente aguçada. A sintonia entre Mário Ferreira e Rebbeca Amar é notória. "Emissora silêncio está no ar", dizem. Mas é nos temas "Cabaret dos Vampiros" e "Valkiria Gitana" que toda a energia do grupo está patente. Há experimentalismo acima de tudo. Um cocktail saudável que funde o tradicional com o avant gard. Nota-se uma forte componente cénica na forma de interpretação dos temas, intensos, onde se evidencia entrega e paixão. Há espaço para "alien´s", um "café" e um "bagaço" e ainda um "cabaret" muito especial. Tudo para proporcionar a boémia mais atraente desta feita para o Porto. O Ep "Circo Amar" está quase a sair. Neste momento seguem as apresentações ao vivo, com novo formato e estreia do baterista Emanuel Ramalho, no já confirmado sábado 7 de Fevereiro no Heaven´s Club, no Porto. Acerca da Nocturnal Dust Productions: A Nocturnal Dust Productions é uma organização com quase 15 anos pela margem alternativa, saída da cabeça e do coração de Sérgio P, dj residente do Heavens Club. Além da promoção e organização de eventos com Djs, a Nocturnal Dust dedica-se também a organizar e promover concertos, dos quais destacamos Los Carniceros del Norte (Espanha), Eyaculacion Post Mortem (Espanha), Star Industry (Belgica), Dilana (E.U.A.), Chavalier Avant Gard (Canada), Boémia Vadia, Templários do Rock, Espelho Mau, La Chanson Noire, etc... Sempre alternativa, estra organização não troca os seus ideais por modas, movidas ou popularidades, pois o seu caminho é sempre pela... via alternativa. Acerca dos Kulture Brothers: Tudo começou em 1 de Outubro de 2005, mais precisamente em Torres Novas no Trampolim Bar onde os irmãos Manuel e Tiago Magalhães começaram com o projecto Kulture Brothers. Naturais da Cidade do Porto, sentiram a necessidade de partilhar a sua cultura e ao mesmo tempo divertirem-se com isso mesmo. O gosto eclético de ambos revela uma extrema versatilidade, viajando assim desde as melodias sintetizadas dos anos 80 ao rock (este sempre funcionando como motor do projecto) mas onde o indie e outros géneros mais podem fazer parte dos seus alinhamentos. Ambos têm o orgulho de já ter passado pelos seguintes sítios: Trampolim bar, Galeria Bar, Teatro Sá da Bandeira, Real Feitoria, FEUP (Feup Caffé e Feup Sounds), Plano B, V5, Alfândega do Porto, SPOT, La Boheme, Insólito bar, Contagiarte, Vila Porto, Basement, Armazém do Chá, Tendinha Indiscreta, Tendinha dos Clérigos, More Clube, Super Bock HD Fest (Viana do Castelo) e Indiscreta; e de já terem partilhado o mesmo palco com as respectivas bandas: Sizo, Pluto, John is Gone, X-wife, Wraygunn, Dogma, Kumpania Algazarra, Blá Blá Blá, Turbo Club, Nagoya, Nema Trevo, Hookers on Rockets, Mr. Miyagi, Larkin, Killimanjaro, Moe´s Explosion, KVB e Slimmy. Sendo assim só lhes resta esperar que muitos anos se sigam pela frente sempre a partilhar a música que gostam por todos vós.


A selecção da Urban Ground

The Clash-Should i stay or should i go? Debbie Harry-Rush Rush Velvet Underground-Venus in Furus Pãodemónio-Pirraças Pueris Frank Zappa-You are what you is José Cid-Fuga para o espaço Blondie-Atomic The Undertones-Teenage Kicks The Cult-Fire Woman The Sisters of Mercy-Black Planet António Variações-Sempre Ausente Amy Holland-She´s on fire Bruce Springsteen-Downbound train

Flowered Up-It´s on


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