Six Seconds #8

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banda The Cure, a faixa cresce organicamente como qualquer uma em todo o álbum. Desde dos primórdios do ambiente, finalmente caindo em um ritmo perceptível, ‘Come to Me’ é facilmente a faixa mais Post-Rock composta pela banda. O que faz o álbum ser tão impressionante é que apesar de muitos tipos diferentes de som, eles fazem tudo com sabor e consistência. Eu espero que a banda cresça a partir daqui, e faça um som equivalente a um novo ‘The Fall of Math’. IAN K. MENEZES

aperfeiçoados. Fica difícil destacar faixas pelo fato de ser um disco conceitual e as faixas estarem interligadas intrinsecamente. Porém, as que mais mostram a cara do trabalho dos israelenses são bem vistas: “Sapari”, “From Broken Vassels”, “The Warrior”, “Codeword: Uprising”. As de difícil aceitação por parte do público novo (sim, esse disco e a divulgação feita em cima dele, vai render muitos novos fãs aos rapazes de Israel) ficam por conta da Saga “The Path” (dividida em duas partes). Vai soar estranha a mudança excessiva de compassos, fazendo com que a música se embaralhe na cabeça do ouvinte em alguns momentos. E esse é talvez o único problema do disco. No mais, como era de se esperar, mais um disco maravilhoso dos israelenses. BRUNO THOMPIS

de James Gang, todavia, impossível não compará-la ao Winger, assim que Kip mostra suas melodias vocais. Pra fechar a lindíssima baladona Wooden Shoe. Nela, Kip toca um órgão hammond, além do baixo. Vocalizações de todos os três se dividem nos versos, cada qual em um lado das caixas. Um solo com muito feeling de Fletcher completa essa pérola e nos faz perguntar: por que demorou tanto pra sair esta relíquia? DIEGO N. VIANNA

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Native Window Native Window Red

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Orphaned Land

The Never Ending Way of ORwarriOR Century Media

Se fóssemos delimitar um divisor de águas no Orphaned Land, tranquilamente, o álbum “Mabool: The Story of Tree Sons of Seven” seria o cajado de Moisés da banda. Com esse novo lançamento a banda chega a um patamar nunca antes alcançado por bandas do Oriente Médio, o status de “Banda Grande” e o de criadora e modificadora do que convencionou-se chamar de Oriental Metal. Deixando rótulos de lado, “The Never Ending Way of ORwarriOR” é, definitivamente, mais um disco que vai entrar pra história da banda. Mais uma vez os israelenses apostam em um disco conceitual tratando da parte religiosa, hipócrita, positiva e espiritual da humanidade. Longe de ser considerada uma banda de White Metal, os israelenses fazem do tango entre Deus e o Diabo, uma característica única entre as bandas de metal no mundo. Apesar das muitas misturas existentes na música dos israelenses, eles não conseguem perder o rumo, acertando na dose certa de cada composição. O exemplo maior disso, nesse novo disco é a faixa “The Warrior”, que consegue mesclar muito bem o sentimentalismo proposto na letra com a atmosfera da música oriental, sem perder o foco no Doom Metal, raiz da banda. O álbum é composto por 15 faixas que nos fazem questionar como seria o mundo se as religiões e as “não-religiões” conseguissem viver em perfeita harmonia e nos remete à um mundo onde a tolerância seria peça-chave no que desejamos e idolatramos como paz mundial. Musicalmente falando, é um disco muito experimental, principalmente pelas mudanças de compasso presentes com muito mais freqüência do que nos discos anteriores. Como se as qualidades do disco, por si só não bastassem, a produção de Steven Wilson (Porcupine Tree, Opeth, dentre outras) não deixa a desejar em nenhum momento do disco e faz com que tudo seja percebido mais nitidamente no que tange o lado instrumental do disco. Se em “Mabool” a bateria foi um grande problema na edição final, em “The Never Ending Way of ORwarriOR”, todos os empecilhos criados foram resolvidos e

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Blackwood Creek

Blackwood Creek Phantom Sound & Vision

Desde a infância o menino prodígio Kip tocava ao lado de seu irmão Nate e de seu amigo Pete Fletcher numa banda de fundo de quintal chamada Blackwood Creek. O sobrenome dos irmãos? Winger! Kip Winger retoma este belo projeto voltado às raízes do rock, da época em que cantava e praticava baixo ao som de Cream, James Gang, Rush e outros monstros sagrados do rock’n’roll anos 60/70. Inspirados nesses power trios, eis finalmente o álbum dos três amigos. Out In Outer Space abre o CD já convidando o ouvinte a abrir a primeira cerveja. Rápida e rasteira, sem frescura, tem um refrão memorável. Nothing But The Sun combina guitarras e violões com um solinho de baixo em sua entrada. Um rock mid-tempo de primeira, cujo refrão esboça uma qualidade tamanha que deveria estar estourada em qualquer rádio de rock clássico. Assim como Your Revolution. Com ares setentistas e instrumental impecável, mesmo assim mantém um certo despojamento que garante a crueza necessária a uma bela canção. Vocais rasgadíssimos de Kip mandando ver nos agudos. Dead Stung tem uma roupagem sensacional e lá pelas tantas dá uma virada em que remete à banda “principal” de Kip. After Your Heart é “a” balada. Albatross traz (apenas na introdução) vocais do baterista Nate Winger, outra canção mais leve. O peso cru volta em Jimmy And Georgia quando Kip canta sobre a bateria de Fletcher. Rack Of Greed volta à rapidez, com muitos acordes gordos que lembram algo de AC/DC. Um arroto prenuncia Love Inspector, cujos vocais couberam a Fletcher. Com uma voz ainda mais rasgada que a de Kip (porém, menos técnica), é a típica canção pra bêbado nenhum botar defeito. A letra é pura gozação e pergunta onde anda aquela garotinha outrora tão inocente e hoje uma... Guitarras sujas em Joy Ride lembram os anos dourados

Enquanto o Kansas se mantém na ativa apenas nos palcos, os membros de sua banda (exceto o vocalista Steve Walsh) brincam em estúdio com o projeto Native Window. O resultado é este álbum auto-intitulado, voltado às raízes country da banda (cortesia do violinista David Ragsdale) e livre do elemento progressivo. Faixas como Money, Still (We Will Go On) e Surrender cairiam como uma luva em todas as rádios pop rock e country. O apelo comercial é extremo, as letras simples e as melodias altamente assoviáveis. Blood In The Water possui uma abordagem mais blues, onde se destacam as guitarras de Richard Williams. A voz suave e afinadíssima do baixista Billy Greer - que durante as folgas do Kansas também comanda a banda de AOR Seventh Key - faz este álbum brilhar, tanto que até emprestou a faixa An Ocean Away daquele projeto; obviamente ficaria impossível superar a versão original, um suprassumo do AOR, pois a introdução aqui refeita lembra muito aquela coisa ridícula “êêê, Macarena”! Miss Me é mais densa, uma semi-balada com mais violinos à frente. The Moment fecha o álbum com alegria total, destacando o ecletismo do baterista Phil Ehart. Enfim, Native Window representa as férias do Kansas, sendo menos sisudo, mais descontraído e sem compromisso algum. Ótimo para curtir no verão. DIEGO N. VIANNA

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Vampire Weekend Contra XL

Produção as vezes toma controle, mas, na sua maior parte, Vampire Weekend compõe ótimas músicas. Em termos de música, “Contra” é principalmente o que você esperaria, considerando sua estréia: com a estética de muitas bandas do indie moderno, o álbum tem um foco con-

siderável na produção, com músicas em faixa, rítmos Africanos e sintetizadores. Para muitos o que se destaca na banda, foi a visibilidade das influências e isso também é visto no segundo álbum da banda. “Horchata” inicia o álbum com uma mistura de percussão afro-pop com arranjos de cordas clássicas e aproximação da banda de música tropical atravésde marimba. O melhor de tudo, são as melodias cativantes, sua produção reconhecidamente exagerada, que aliás não se compara com muitas coisas lá fora, faz do álbum um tanto...especial. Nem tudo é tão exótico, porém algumas faixas se adequa a música de dança moderna, incluindo “California English”. Esse tipo de abertura para diferentes inclinações “hip”, da a Vampire Weekend ou não um apelo em massa, tornando o tipo de banda indie que rompe com o mainstream sem perder sua frieza. Se há uma reclamação sobre esse álbum, é que às vezes a produção tem uma tendência a ofuscar as músicas própias, levando alguns ouvintes a chegar à conclusão que Vampire Weekend é o tipo de banda indie que segue a moda. No entanto, na maior parte, Contra é um lançamento extremamente agradável, críticado da melhor maneiro possível: com uma série de músicas ótimas. EUA parece concordar com isso, após o seu lançamento o álbum atingiu o topo das paradas. IAN K. MENEZES

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Borknagar

Universal Indie Recordings

Finjamos por alguns instantes que, nas próximas linhas, analisaremos o primeiro disco de uma banda totalmente desconhecida do público mundial. A banda, oriunda da Noruega, nos apresenta uma mescla muito bem feita entre o Black Metal, o Death Metal, partes em que a pegada Thrash Metal se faz bem presente nas guitarras e uma habilidade enorme em encaixar a música progressiva com primazia dentro de cada um desses segmentos. Finjamos ainda que, nessa mesma banda, temos um vocalista também desconhecido do grande público que se mostra altamente flexível em momentos em que sua técnica é exigida, alternando momentos muito fortes e raivosos, com momentos mais melodiosos que apelam para o lado “sentimental” que determinados momentos das músicas exigem. Agora, vamos à análise dos fatos: essa suposta banda nova cumpre extremamente bem a sua tarefa de agradar com a “mistureba” citada acima, o que a faz começar a somar bons pontos pelo simples (e super importante) fato de, logo no primeiro lançamento, adquirir sua identidade. Novos pontos são somados quando analisamos a desenvoltura e habilidade de todos os instrumentistas ao executarem seus instrumentos (nesse último ponto, percebamos a sur-


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