A Última Olaria de Faiança de Coimbra

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A ÚLTIMA OLARIA DE FAIANÇA DE COIMBRA

toda a área pretendida. Esta técnica permite criar expressivas manchas de diferentes tonalidades – “esbatidos” –, ao invés de manchas coloridas uniformes e inexpressivas. Por fim, o “pincel de bicos” relaciona-se diretamente com a especificidade da técnica de pintura da decoração da faiança dita ratinha, que caracterizou o fabrico de tradição coimbrã no século XIX, pelo que deve não só datar-se o seu aparecimento como tardio em relação à tradição oleira portuguesa, mas igualmente levantar a forte hipótese de corresponder a uma especificidade das olarias de Coimbra e suas posteriores ramificações.

Os quatro primeiros são de pelo de marta, enquanto

este último é de pelo de cabrito, sendo o pincel mais grosso, juntamente com o “de esbater”. Estes dois são aliás os únicos que não são escalonados, com a metade extrema da ponta do pincel reduzida a um pequeno conjunto de pelos centrais, servindo a metade inicial, junto ao cabo, como depósito de tinta.

Os pincéis que eram produzidos na «Sociedade

Cerâmica Antiga de Coimbra, Lda.» deviam possuir quase invariavelmente cabos de canas. Dos pincéis registados apenas o “de bicos” apresenta esta morfologia completamente original. Todavia, e apesar da particularização de cada pincel, na prática o seu uso podia fugir bastante à função inicial, consoante tendências e gostos pessoais. Estas divergências foram observadas na «Sociedade Cerâmica Antiga de Coimbra, Lda.» como prática comum, respeitando-se mais hábitos pessoais, Figura 35 | conjunto de instrumentos relacionados com a pintura: rabo de coelho, picador, papel picotado, boneca e pincéis (L. Sebastian, 2007).

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invariavelmente repetidos, do que as funções inicialmente atribuídas aos diversos tipos de pincéis.


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