ESPAÇO, PODER E MEMÓRIA. A CATEDRAL DE LAMEGO, SÉCS XII A XX

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Do romano ao ouro bornido: a arte na Sé de Lamego entre o Renascimento e o Barroco Pedro FLOR

O presente capítulo remete-nos para as fontes históricas que nos dão conta de várias campanhas de obras operadas na Sé de Lamego entre os séculos XVI e XVII. Por um lado, a expressão ao romano alude às características italianizantes da nova decoração renascentista que dava entrada no discurso decorativo das artes em Portugal desde os finais do século XV. Por outro lado, os termos ouro bornido remetem-nos para o douramento próprio dos retábulos de talha seiscentista que embelezavam os altares e instruíam os fiéis de acordo com os propósitos da Igreja contra-reformista. Esta nossa abordagem não pretende esgotar o tema nem tratá-lo de forma exaustiva, considerando o carácter monográfico desta obra. Preferimos antes coligir informação dispersa sobre o tema, sempre que possível numa perspectiva problematizante, trazendo para a discussão novos dados históricos e documentais decorrentes das pesquisas recentemente efectuadas. Lamego conhecia desde o século XV importante fulgor em termos populacionais e económicos. Para obtermos uma noção exacta dessa importância, bastará verificar os números que nos apontam para um acentuado crescimento demográfico no aro de Lamego, só comparável com a região minhota e com núcleos urbanos tão relevantes como os de Aveiro, Coimbra e Vila Real,

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