CARNAVAL EM RAUL SOARES

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Chapados, pelo bem da alegria. O porre também é cultura do povo Minha prima em segundo grau acabara de chegar a casa. A Eliane é muito engraçada, com seu jeito sempre apressado, mesmo numa cidade tão quieta. Ela havia comprado a camiseta do primeiro bloco do carnaval, chamado de bloco dos chapados, e mandou bordar uma sáia para que a camiseta se transformasse num...como é que se diz...bem, a camiseta tinha uma sáia rodada costurada nela...é, acho que assim fica bem explicado! Também, não é preciso que eu conheça o nome das roupas das mulheres, conhecer as mulheres já é um problema enorme pelo qual os homens passam. Machismo? Não, é só a citação das compras exageradas, das roupas curtas demais, das tensões que a cada mês se repetem, dos ciúmes, enfim, vou encurtar o assunto. Ela é muito bonita! Tem os olhos semelhantes a duas esmeraldas e o formato do rosto de uma criança! Seus cabelos são o que se pode chamar de encaracolado verdadeiro, sem esforço da escova ou dos dedos na tentativa de enrolar os cachos. Eu estava na varanda tocando cavaquinho, esperando as horas passar ao descanso sublime do samba de raiz. A casa não tinha muros na parte de trás onde fica a horta da tia Maria, somente uma cerca e do outro lado a encosta de um morro repleta de verde, de árvores...algumas siri emas corriam pela grama e gritavam no galho de uma árvore. Anoiteceu e os colegas do meu primo de segundo grau, chamado Deivid, chegaram e chamaram para irmos pra praça brincar o carnaval de Raul Soares. Como estava em tempos de chuva havia bastante barro nas ruas da vila onde eu estava hospedado, chamada Vila Barbosa. Tivemos dificuldade para tirar as motos e passar pelas ruas, e quando chegou ao asfalto tivemos que lavar os pés em um posto de gasolina. O dono do posto era conhecido do Deivid, e deixou que guardássemos as motos na garagem do posto, afinal com tantas pessoas na rua era perigoso que alguém arranhasse alguma moto, esvaziasse um pneu ou acabasse derrubando alguma delas, sabe-se lá o que esse pessoal anda bebendo ou usando. Quando cheguei naquela rua havia muitas pessoas dançando ao redor de um trio-elétrico, que estava estacionado, esperando a hora de sair em direção à praça da cidade. Havia um clima de alegria e a música embalava o corpo. Os músculos se entregavam à dança e a boca seca convidava para uma boa bebida gelada! Havia muita bebida e as pessoas consumiam vários tipos de destilados, cerveja, misturas com refrigerante, energéticos, cachaça do interior, de alambique, sem mistura e com sabor de cana fresca!

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