Revista Xonguila Nº40

Publicação mensal • Setembro 2021 • Edição nº 40 • Ano 04 • 300 MZN • www.xonguila.co.mz

POMENE

ADELINO

BRANQUINHO Um homem nascido para o palco A man born for the stage

Um paraíso esquecido A forgotten paradise

APPLOAD

Facilitando o transporte de carga Facilitating cargo transportation

NIVALDO THIERRY O sucesso dos bonés 1975 The success of the 1975 caps

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CTZ/GF/0714

TRÊS ANOS CONSECUTIVOS BEST TRADE FINANCE

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A todos os Clientes o nosso muito obrigado.

Pomene o paraíso esquecido Escrito por: Miguel

Peral

4 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

Pomene é um paraíso na terra, um local em que, para onde quer que olhemos, só vemos beleza!

Um local cheio de sorrisos, cheio de vontade de agradar e de cativar quem lá chega.

Mas, embora um paraíso, está esquecido Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 5

Pomene o paraíso esquecido

Escrito por: Miguel

Peral

Seguimos pela N1, depois da nossa partida da Barra. Pela primeira vez, fazemos esta estrada, que, logo no início, nos oferece uma paisagem fantástica. A partir de Maxixe, vemos a bela cidade de Inhambane. Vale a pena parar uns minutos e contemplar esta imagem.

Seguindo a indicação, entramos numa estrada de terra batida que, por 53 km, nos irá levar ao nosso destino. É importante dizer que a estrada até Pomene é dura, com partes de terra batida em más ou muito más condições, com muita areia solta, pelo que até Pomene levamos uma hora e trinta minutos. A verdade é que a estrada requer um 4x4 robusto e forte, bons pneus e uma condução hábil e atenta.

Passados 32 km do nosso desvio em Massinga, chegamos à entrada da Reserva Nacional de Pomene. O guarda, que nos saúda com um sorriso e muita calma, aproxima-se, questionando se vamos para Pomene, af inal somos os primeiros visitantes em dois dias. Tratamos das formalidades, nome, matrícula, identif icação e pagamento das taxas: duzentos meticais por pessoa (nacional ou residente em Moçambique) e quatrocentos meticais pelo carro. Falamos das espécies nativas da Reserva, que, não possuindo animais de grande porte, é bastante diversif icada.

Continuamos o nosso caminho rumo à Vila de Pomene. Mais 20 km e estaremos no nosso destino.

Começamos a ver à nossa direita uma enorme duna, curvamos, subimos, descemos, sempre em areia, sempre com vistas fantásticas... De repente, o Índico! Ahhhh... o Índico é lindo, e em Pomene parece ainda mais espectacular. Chegamos à Vila de Pomene e, entre algumas indicações, vemos a do Shipwreck Lodge, para onde nos dirigimos e onde temos um fantástico sorriso à nossa espera: o Elvis! É impossível em palavras descrever tudo o que sentimos nesses três dias em que lá estivemos. É simplesmente inesquecível. O que relatamos de seguida são apenas algumas das sensações de Pomene.

Cabe aqui explicar a razão do título deste artigo:

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Pomene é, sem qualquer dúvida, um paraíso na terra, um local em que, para onde quer que olhemos, só vemos beleza! Um local cheio de sorrisos, cheio de vontade de agradar e de cativar quem lá chega. Um paraíso pouco tocado pela mão humana, mas as poucas mãos que lhe tocam, fazem-no com cuidado, com carinho e amor, mantendo-o um verdadeiro paraíso natural. Mas, embora um paraíso, está esquecido. Esquecido porque não existe electricidade, excepto a que é gerada por geradores e por painéis solares, esquecido porque a estrada até lá é acessível apenas a poucos carros e a condutores com experiência de estradas dif íceis. Esquecido porque parado no tempo, não tem quem lhe dê um maior sentido. Esquecido porque poucos de nós lá vamos.

Esquecido porque, faltando o conforto que temos nas cidades, preferimos ir a locais onde temos as comodidades idênticas às que temos em nossas casas. Mas, em certa medida, estamos gratos por Pomene estar “esquecido”, pois de outra forma não teríamos sentido a paz que ali encontrámos.

Façamos de Pomene um paraíso menos esquecido, com as nossas visitas! Mas visitas que sejam uma mais-valia para aquele maravilhoso local e para aquelas gentes de belo e fácil sorriso.

O QUE VER/VISITAR Por onde começar? Exacto, mal chegámos a Pomene, percebemos que três dias poderiam não ser tempo suf iciente para nos deliciarmos com todo aquele paraíso. Na realidade pudemos fazer e ver muitas coisas, mas o descanso foi curto. Sugerimos cinco dias, pois dessa forma o descanso terá o seu tempo! As nossas dicas: 1. Gruta de Pomene – Uma gruta escavada pelo mar que possui uma abertura no topo. Um lugar lindo, mas apenas acessível na maré baixa. Um “must go” pela beleza natural, pelo cheiro de mar, pela experiência. Proporciona lindas fotograf ias!

2. Praia de Pomene ou Praia do “Hotel” de Pomene - Uma pequena e idílica praia orientada para Sudoeste, ou seja, com muita exposição solar desde cedo até meio da tarde. É absolutamente imperdível passar umas horas nesta praia de mar calmo e excelente para fazer snorkling ou

Fotografia: Miguel Peral

C

ontinuamos o nosso caminho, pois a ansiedade de chegar a Pomene é grande.

A estrada está em óptimas condições, passa por poucas vilas e está quase sem trânsito. Pouco tempo depois, cerca de 45 minutos, chegamos a Massinga e, já na saída, encontramos a placa que procurávamos: POMENE!

simplesmente flutuar nas águas transparentes. É um local absolutamente lindo e de uma calma extrema. As horas que ali passámos foram as mais tranquilas.

3. “Piscina” de Pomene - uma formação rochosa que é acessível desde a Praia de Pomene ou Praia do “Hotel” de Pomene (também ali localizado), que aparenta ser uma piscina natural, com uma generosa dimensão. O espaço que a envolve é lindo, um pouco mais radical, mais aventureiro. Aconselhamos alguma prudência, mas dá uma sensação a não perder.

4. Ruínas do Hotel de Pomene – Um complexo edificado em que, de facto, sentimos pena por estar em ruínas. Economicamente era inviável, e, mesmo quando o estado moçambicano tentou arranjar investidores para o reabilitar e garantir um local turístico de excelência, não foi possível levar avante a sua intenção. Percebe-se que nos anos 60 e 70 deverá ter sido um local especial, pois parece pensado ao detalhe para proporcionar privacidade, conforto e paz. O local onde está implantado não poderia ser melhor, pois desse braço de terra podemos assistir ao nascer e ao pôr-do-sol, mas também à passagem de baleias e golfinhos.

5. Vila de Pomene – A vila é tranquila, excelente para passear por entre as suas (poucas) casas, o

seu pequeno comércio e os bares locais, onde beber uma cerveja é obrigatório. As crianças vêm “estudar-nos” e pedir uma moeda, sorriem, sorriem muito, mesmo sem a moeda. Ali deixar uma bola de futebol pode proporcionar uma grande alegria aos nossos corações.

6. Baía de Pomene – A Baía de Pomene é também uma enorme praia a perder de vista, onde assistimos a um dos mais belos pores-do-sol até hoje.

Ver os pescadores a chegarem nas suas pequenas e frágeis embarcações, com peixe fresco, sentir a areia sob os nossos pés, tão pouco tocada e tão fofa que nos sentimos a caminhar como se fosse sobre uma nuvem. Aqui o espaço é quase infinito.

Continuando pela praia fora, chegamos ao local onde a MSC, uma empresa de cruzeiros, aporta todas as quartas-feiras da época alta, trazendo e levando diversos turistas, que vêm passar um dia ou uma semana. Do lado interior, fica como que uma lagoa (quase permanentemente aberta ao mar), onde, se ainda não tínhamos descoberto o paraíso que é Pomene, perdemos qualquer dúvida e ficamos sem fôlego. A vida selvagem é aqui pujante, com imensos caranguejos pequenos e médios que habitam um mangal preservado, diversos moluscos de concha, garças, gaivotas e uma das maiores colónias de flamingos de Moçambique, com mais de 500 aves. Aqui podemos passar horas sem fim.

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7. Caminhar – Caminhar muito, deixar a fina areia envolver-nos os pés, sentir a água cálida do Índico tocar-nos, sentar e esquecer que existe algo mais que Pomene. Sim, esta é sem dúvida uma das “visitas” a fazer, preferencialmente diversas vezes em cada dia.

8 Estrelas – Num local onde não existe energia eléctrica que não seja por painéis solares ou gerador, à noite, quando tudo fica escuro, sentarmo-nos ou deitarmo-nos na areia da praia, e deixar que as estrelas nos “toquem”, é, sem dúvida, uma das mais belas vistas de Pomene. A ausência de luz, especialmente com a Lua Nova ou nos dias imediatamente anteriores ou posteriores.

As pessoas Pomene é mais do que as suas paisagens. As pessoas de Pomene são, também elas, o paraíso onde vivem.

A sua simpatia, a empatia com quem os visita, a disponibilidade, os sorrisos apenas porque sim, o trato...

Aqui homenageamos quem nos recebeu e cuidou!

Simeão, homem da pesca a que a idade obrigou a procurar trabalhos mais leves, mas não menos importantes. Foi ele que nos trouxe o peixe fresco, que o preparou, com mãos conhecedoras da arte de bem cuidar do peixe. Ora sorridente, ora algo reservado, mas sempre por ali, não fosse um de nós precisar de algo. A Dona Luísa, que cuidou de nós, manteve a casa (que é fantástica) sempre impecável. Mantinha-se longe da vista, mas, mal ouvia o seu nome, lá estava ela! Mulher reservada, mas dedicada.

Finalmente, o Elvis, gerente do Shipwreck Lodge, foi um companheiro, sempre a dar dicas, a mostrar caminhos, de sorriso pronto, sempre disponível, mesmo em horários já mais tardios. O Elvis tratou de tudo, garantiu que a nossa passagem por Pomene fosse inesquecível. A ele devemos alguns conselhos sobre caminhos e locais, mas, acima de tudo, a forma como nos fez sentir parte daquele paraíso!

A Vila de Pomene Pomene é uma vila pequena, com poucos habitantes, todas as suas casas são feitas de materiais frágeis e que os próprios recolhem para as construir.

Pessoas que dependem do turismo e que, fruto da pandemia, estão ainda mais pobres e carenciadas.

Existe uma escola primária, mas todos os restantes serviços públicos são na Vila de Rio das Pedras ou em Massinga. A Vila está próxima do mar, numa zona de mangal.

Onde ficar?

Nós ficámos no Shipwreck Lodge e recomendamo-lo, mas há outras opções, embora poucas. A casa onde ficámos é para uma família de 6, ou mesmo 8 pessoas. Mas, o Shipwreck Lodge possui algumas suites (quarto e wc) e outra casa, para 4. Fica mesmo na praia, tem um terraço fantástico, muito espaço de convívio. As casas estão muito bem equipadas em termos de eletrodomésticos. Em Pomene, todas possuem energia solar, e geradores de reserva. Não tivemos qualquer problema durante a nossa estadia.

Todas as opções de alojamento estão disponíveis online, numa busca por: alojamento Pomene.

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Fotografia: Miguel Peral

É impossível em palavras descrever tudo o que se sente em Pomene. É simplesmente inesquecível

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A vida selvagem é aqui pujante, com imensos caranguejos que habitam um mangal preservado, diversos moluscos de concha, garças, gaivotas e uma das maiores colónias de flamingos de Moçambique, com mais de 500 aves

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Fotografia: Miguel Peral

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Pomene a forgotten paradise Escrito por: Miguel

Peral

We are driving along the N1, after our departure from Barra. We are taking this road for the first time, and right from the start, it offers us a fantastic landscape. From Maxixe, we can see the beautiful city of Inhambane. It's worth stopping by for a few minutes and contemplating this picture.

Following in the direction of the sign, we enter a dirt road for the next 53 km, which will take us to our destination. It is important to note that the road to Pomene is hard, with sections of compacted earth that are in bad or very bad condition, with a lot of loose sand, so it takes an hour and thirty minutes to reach Pomene. The truth is that the road requires a robust and strong 4x4, good tires and skillful and attentive driving.

Approximately 32 km after our turn-off in Massinga, we arrive at the entrance to the Pomene National Reserve.

The guard, who greets us with a smile and very calmly, approaches us to ask if we are going to Pomene – since we are the first visitors in two days. We take care of formalities, name, registration, identification documents and payment of entry fees: two hundred meticais per person (Mozambican national or resident) and four hundred meticais per car. We talk a little about the Reserve's native species, which, in the absence of large animals, are quite diverse.

We continue our way towards Vila de Pomene (Village of Pomene). Another 20 km to go until we reach our destination. We begin to see a huge dune to our right, then take a curve, climb, descend, always driving on sand, always with fantastic views... Suddenly, the Indian Ocean! Ahhhh... the Indian Ocean is beautiful, and in Pomene it looks even more spectacular. We arrive at Vila de Pomene and, among some signs, we see the one for the Shipwreck Lodge, where we are headed to and where we will find a fantastic smile waiting for us: Elvis!

It is impossible in to put into words everything we felt during our three-day stay. It was simply unforgettable. What we report next are just some impressions of Pomene.

Let me now explain the reason for the title of this article: Pomene is, without any doubt, paradise on earth, a place where, wherever we look, we only see beauty!

A place full of smiles, full of the desire to please and seduce those who visit. A paradise hardly touched by

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humans, but the few who do touch it, do it with utmost care, affection and love, tending to it and keeping it a true natural paradise. However, although paradisiacal, Pomene is a forgotten place. Forgotten because there is no electricity, except for the one supplied by generators and solar panels. Forgotten because the road to reach it is only accessible to a few cars and to drivers sufficiently experienced in negotiating difficult terrain.

Forgotten because it stopped in time, without anyone to give it greater meaning. Forgotten because few of us go there. Forgotten because, in lacking the comfort we have in cities, makes us prefer going to places where we have the same amenities as in our city homes.

Nevertheless, to a certain extent, we are grateful that Pomene is “forgotten” – otherwise, we might have felt less peace that the one we found there.

Let us make of Pomene a less forgotten paradise with our visits! But visits that will be an asset to that wonderful place and to its people, they of the beautiful and easy smiles.

What to see/visit Where to start? That´s just it – as soon as we arrived in Pomene, we realized that three days might not be enough time to delight in all that paradise has to offer.

In reality, we were able to do and see many things, but didn’t have enough downtime. We suggest a five-day stay, to allow time for resting, too. Here are our tips: 1. Gruta de Pomene (Pomene Cave) – A cave excavated by the sea that has an opening at the top. A beautiful place, but only accessible at low tide. A “must visit” for the natural beauty, the smell of the sea, the experience.

A great backdrop for beautiful photos!

2. Pomene Beach or “Praia do Hotel de Pomene” (Hotel de Pomene´s Beach) – A small and idyllic beach facing southwest, that is, with strong sun exposure from early to mid-afternoon. It is absolutely unmissable, to spend a few hours on this beach with calm waters, excellent for snorkelling or simply floating in the transparent waters. It is an absolutely beautiful place and extremely calm. The hours we spent there were the most peaceful.

3. Pomene “Pool” – A rock formation that is accessible from Pomene Beach or Hotel de Pomene´s Beach (also located there), which appears to be a generously sized natural swimming pool. The space that surrounds

Fotografia: Miguel Peral

We continue on our way, anxious to reach Pomene.

The road is in excellent condition, passing through a few villages and hardly has any traffic. A short time later, about 45 minutes, we arrived in Massinga and, on the way out, we found the sign we were looking for: POMENE!

Pomene is, without any doubt, paradise on earth, a place where, wherever we look, we only see beauty!

A place full of smiles, full of the desire to please and seduce those who visit.

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it is beautiful, a little more radical, more adventurous.

We advise some prudence, but it gives a feeling not to be missed.

4 Ruins of the Hotel de Pomene – A building we actually regret being in ruins. It was economically unviable to keep it running, and even when the Mozambican state tried to find investors to rehabilitate it and secure this excellent tourist spot, it was not possible to carry out its intentions. One can see that it must have been a special place in the 60s and 70s, as it seems to have been carefully designed to provide privacy, comfort and peace. It´s location couldn't be better either, because from this stretch of land we can watch both the sunrise and the sunset, and also the passage of whales and dolphins.

5. Vila de Pomene (Village of Pomene) – The village is quiet, excellent for strolling among its (few) houses, small shops and local bars, where drinking a beer is mandatory. The children come to “study us” and ask for a coin; they smile, they smile a lot, even without the coin. There, leaving behind a soccer ball can bring great joy to their hearts, and ours.

6. Pomene Bay – Pomene Bay is also a huge beach as far as the eye can see, where we witnessed one of the most beautiful sunsets we´ve seen to date. Seeing fishermen arrive in their small and fragile boats bearing fresh fish, feeling the sand under our feet, so

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little touched and so soft that we feel as if walking on a cloud. Here, space is almost infinite. Continuing along the beach, we arrive at the place where MSC, a cruise company, drops anchor every Wednesday during the high season, bringing in and taking back several tourists who come to visit for a day or a week. On the inland side, it resembles a lagoon (almost permanently open to the sea), where, if we hadn't yet been convinced of the paradise that is Pomene, we would be now, as it takes our breath away. The wildlife is thriving here, with an abundance of small and medium-sized crabs that inhabit a well preserved mangrove, several shell molluscs, herons, seagulls and one of the largest colonies of flamingos in Mozambique, with more than 500 birds. One can spend endless hours here.

7. Walking – Walking a lot, letting the fine sand cover our feet, feeling the warm water of the Indian Ocean touching us, sitting down and forgetting that there is anything or anywhere other than Pomene. Yes, this is undoubtedly one of the “visits” to make, preferably several times a day.

8. Stars – In a place where there is no electricity other than sourced from solar panels or generators, at night and when everything is dark, we sit or lie down on the sandy beach, and let the stars "touch" us. It is, without a doubt, one of the most beautiful sights in Pomene: the absence of light, especially during the new moon

or in the days immediately before or after.

Fotografia: Miguel Peral

The people Pomene is more than its landscape. The people of Pomene are also a part of the paradise they live in.

Their friendliness, the empathy they show towards those who visit them, their availability, the smiles just because, the way they treat you…We would like to pay homage to those who welcomed us and took good care of us!

Simeão is a fisherman whose age forced him to look for lighter jobs, but no less important. He was the one who brought us fresh fish and prepared it with the knowledgeable hands of those who care for the catch.

Sometimes smiling, sometimes somewhat reserved, but always around, in case one of us needed something. Dona Luísa, who took care of us, kept the house (which is fantastic) always immaculate. She kept out of sight, but as soon as she heard her name, there she was! A reserved but dedicated woman.

Finally, there was Elvis, manager of the Shipwreck Lodge. He was companiable, always giving tips, showing the way with a ready smile, always available, even at late at night. Elvis took care of everything, ensuring that our visit to Pomene was unforgettable. We owe

it to him some advice about paths and places to see, but above all, the way he made us feel part of that paradise!

The Village of Pomene Pomene is a small village, with few inhabitants. All the houses are built with fragile materials, collected by the residents themselves, who also build the houses.

These are people who depend on tourism and who, as a result of the pandemic, are even poorer and more deprived than begore. There is a primary school, but all other public services are in Vila de Rio das Pedras or in Massinga. The village is close to the sea, situated in a mangrove area.

Where to stay?

We stayed at the Shipwreck Lodge and recommend it, but there are other options, albeit few. The house where we stayed caters for a family of 6, or even 8 people. However, Shipwreck Lodge also has some suites (bedroom and bathroom) and another house that caters for 4 people. It's right on the beach, has a fantastic terrace, lots of space for socializing. The houses are very well equipped in terms of appliances. In Pomene, all have solar energy, and backup generators. We had no problem during our stay. All accommodation options are available online, if you search for: Pomene accommodation.

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Paladares à Solta Sumário

40

ADELINO BRANQUINHO

Entre o palco e a tela cinematográf ica Between the stage and the cinema screen

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Sumário

MOMENTOS FASHION/ FASHION MOMENTS

Nivaldo Thierry e seus bonés que viraram tendência Nivaldo Thierry and his trend-setting caps

4

POMENE

Um paraíso desconhecido por muitos A relatively unknown paradise

32 50 58

20

ABSA

E o seu apoio a Cabo Delgado And their support of Cabo Delgado

SABIAS QUE/ DID YOU KNOW

Sabias que existe um baralho de cartas inspirado na nossa cultura?

Did you know that there is a deck of cards inspired by our culture?

DIÁSPORA

86

Annetty Sengulane, uma moçambicana por terras italianas Annetty Sengulane, a Mozambican on Italian soil

APPLOAD

Uma plataforma que veio facilitar o transporte de carga A platform created to facilitate cargo transportation

76 100 110

JULINHO KSD

Incontornável rapper da actualidade Inescapable contemporary rapper

MODA CAPITAL

As criações subtis de Mwhandro Mangoba The subtle creations of Mwhandro Mangoba

CINEMA 35MM

Onde vive a esperança, um exemplo de resiliência City of Joy, a model of resilience

FICHA TÉCNICA/BIOS Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares, Mariano Silva • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Mariano Silva • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Eliana Silva, Frederico Jamisse, Ivan Laranjeira, Neyde Cuna, Jaime Álvaro, Mariano Silva, Nuno Soares • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English)/: M. Gabriela Carrilho Aragão • Fotograf ia/Photography: Mariano Silva, Mário Cumbana • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Graf ismo/Visuals: Omar Diogo • Infograf ia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers:Nuno Lopes, Ana Piedade, Mariano Silva • Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira • Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares, Isabel Roque +258 820 008 314 - comercial@xonguila.co.mz • Impressão/Printing: Minerva Print • Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda • ISSN: ISSN-0261-661 • Registo/Register: 02/Gabinfo-dec/2018 • Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018) Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista.

The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine

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Editorial

Do Director / From the Director Caro Leitor,

Dear reader

já são 40 números! Quem diria que a Xonguila conseguiria sobreviver por tanto tempo? É um prazer e extremamente gratificante poder olhar para trás com a sensação de dever cumprido, observar a evolução dos nossos conteúdos, da nossa linha editorial, do design que apresentamos, entre muitas outras componentes. Perceber que foram superados enormes obstáculos, como a pandemia, ou a fraca aposta em publicidade por parte dos nossos clientes, que continuámos a lutar como podíamos, reinventando-nos sucessivamente, e que essa árdua batalha nos trouxe a este ponto. Cada vez que o público comenta positivamente o que fazemos e reconhece valor no nosso trabalho, ao partilhar alguma matéria por nós produzida nas redes sociais, a reencaminhar um exemplar digital via WhatsApp ou a consultar o nosso website em busca de informação sobre Moçambique, é uma sensação de orgulho que enche a alma da nossa equipa e um forte incentivo para prosseguirmos na nossa missão.

nd that's 40 editions already! Who knew Xonguila could survive for this long? It is a pleasure and extremely gratifying to be able to look back with a sense of accomplishment, to have witnessed the evolution of our content, of our editorial line and layout design, among many other components. It is equally gratifying to realize that huge obstacles were overcome, such as the pandemic, or our clients’ weak investment in advertising; to realize that we nevertheless continued to fight as best as we could, continuously reinventing ourselves; and finally, that this arduous battle has brought us this far. Every time the public comments positively on what we do and recognizes the value of our work, either by sharing an article we produced on social networks, or forwarding a digital copy via WhatsApp or even consulting our website for information about Mozambique, our team´s soul is filled with a sense of pride and a strong incentive to continue to carry out our mission.

Para esta edição comemorativa conversámos com Adelino Branquinho, uma referência do teatro nacional que não necessita de apresentações. Damos a conhecer a história de sucesso dos bonés 1975 de Nivaldo Thierry e, para a rúbrica diáspora, contamos com Annetty Sengulane, uma jovem talentosa moçambicana com projectos de lifestyle em Milão, Itália. Caso ainda não conheça Pomene, propomos-lhe um leque de sugestões bastante interessentes para usufruir desse local paradisíaco que ainda é um pouco desconhecido entre nós. Apresentamos-lhe ainda o baralho de cartas Kaya, aquele que é o primeiro do género, com ilustrações de marcos históricos e culturais moçambicanos, e a Appload, uma plataforma online que faz a ponte entre operadores logísticos e clientes que procuram transporte de carga. Outros assuntos encontrará também, que poderão ser do seu agrado.

For this commemorative edition, we interviewed Adelino Branquinho, a reference in national theatre that needs no introduction. We tell the success story of Nivaldo Thierry's 1975 baseball caps and, for the Diaspora feature, we spoke to Annetty Sengulane, a talented young Mozambican with lifestyle projects in Milan, Italy. In case you haven´t been to Pomene yet, we offer you a range of interesting suggestions to enjoy this paradisiacal place that is still relatively unknown among us. We also present the Kaya deck of cards, the first of its kind, with illustrations of Mozambican historical and cultural landmarks, and Appload, an online platform that links logistics operators and clients looking for solution in cargo transportation. You will also find many other topics that may interest you.

E

A

Se frequenta as nossas redes sociais, já deve ter notado que lançámos recentemente a campanha Moçambique no Coração, em que convidamos celebridades de todo o mundo que já visitaram o nosso país a partilhar a sua experiência. Temos tido excelentes testemunhos de encantos da nossa terra e da cordialidade da nossa gente.

If you regularly visit our social networks, you may have already noticed that we recently launched the Moçambique no Coração (Mozambique in My Heart) campaign, in which we invite celebrities from all over the world who have already visited our country to share their experience. We have received excellent testimonies to date, which speak of the charms of our land and the warmth of our people.

Tê-lo connosco é um grande privilégio. Em nome de todo o nosso grupo, muito obrigado por nos acompanhar. Votos de uma prazerosa leitura.

Having you here with us is a great privilege. On behalf of our entire team, thank you so much for joining us. Wishing you a pleasant reading.

Nuno Soares Com o apoio de:

Director

18 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

Fotografia: Mariano Silva

20 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 21

Bonés 1975: mais um sucesso de Nivaldo Thierry Escrito por: Precidónio

Silvério

O ano de 1975 jamais se apagará da memória dos moçambicanos e são inúmeras e inquestionáveis as razões para tal. Foi nesse ano, às 0 horas do dia 25 de Junho, que Moçambique proclamou a sua independência do jugo colonial português, uma cerimónia dirigida, ao mais alto nível, pelo então presidente da República Popular, Samora Moisés Machel.

O hastear da bandeira moçambicana em subs- seus artigos. Thierry diz ser pouco detalhistituição da portuguesa marcava o fim de lon- ta. “Eu acho que tenho uma visão muito gos anos em que várias gerações lutaram para simples da moda. Para mim, o design tem resistir à usurpação da sua terra. Hoje os mo- que ser simples, sou uma pessoa de pouçambicanos cantam o sabor da liberdade, a li- cos detalhes. Quando desenvolvo a ideia de berdade de viver, de sonhar, inventar e recriar.

Foi por essa liberdade de recriar que 1975 inspirou um jovem estilista moçambicano, Nivaldo Thierry, na concepção de chapéus estampados com o número que indica o ano da independência nacional.

Nivaldo Thierry, para além de nome pessoal é uma marca que o próprio estilista adoptou. Diferentemente de muitos, Thierry apaixonou-se pela moda masculina e seus modelitos são de encher os olhos a muitos jovens. Inconfundíveis, uma marca os confirma: NT, as iniciais do estililista.

Os novos bonés entraram no mercado moçambicano no passado mês de Junho, em vésperas do dia comemorativo da independência nacional, ocasião ideal para fazer jus ao que inspirara o estilista: “Eu pensei em quebrar os padrões que vinha usando e a primeira ideia que me ocorreu foi representar a história do nosso país, e um ano como 1975 não tem igual.” O sucesso do novo distintivo foi tal que surpreendeu Nivaldo. Considerara-o apenas uma criação, a materialização de uma inspiração, mas, quando deu por si, ali estava o enigma. “As pessoas procuram sempre saber porquê 1975. Essa curiosidade dá sentido ao artigo, e cada explicação sobre a marca parece uma revelação.”

Pensar no simples, mas diferente Uma das particularidades dos artigos de Nivaldo Thierry é a simplicidade com que são concebidos. Desde o design ao casamento perfeito das cores, que, à primeira vista, e mesmo de longe, são profundas e penetrantes. O amarelo-dourado e o preto são muito comuns nos 22 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

um artigo, fico horas a fio a pensar nesse produto, e isso ajuda bastante.”

Fotografia: Mariano Silva

Os bonés 1975 esgotaram, mas não a procura. As pessoas querem trajar o boné e a história por detrás do artigo. A empresa decidiu que não vai lançar uma nova colecção ainda este ano. Fica para 2022, no mês da independência. A venda da colecção actual continuará a ser praticamente única e especial, pelos motivos que já conhecemos.

Nascido em 1990, Nivaldo Thierry é licenciado em gestão de empresas e possui um mestrado em gestão de projectos.

Conta que poderia estar a trabalhar num escritório, mas decidiu apostar no empreendedorismo. Iniciou a sua trajectória em 2009, inspirado por um amigo, mas quis o destino que um apostasse na moda feminina e o outro na masculina. Confessa não ser fácil, sobretudo num contexto em que o investimento na moda é quase inexistente. Persistência foi o que levou a sua marca aos patamares em que actualmente se encontra. Nessa caminhada, já participou em várias exposições dentro e fora do país: África do Sul, Itália, Portugal, Botswana. A última participação foi no Macau Fashion Week, onde se destacou como o único moçambicano e africano presente, representando o país e o continente. Recentemente foi distinguido como melhor empreendedor na sétima edição do Prémio Jovem Criativo 2021.

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Nivaldo Thierry já participou em várias exposições dentro e fora do país: África do Sul, Itália, Portugal, Botswana.

A sua última participação foi no Macau Fashion Week, onde se destacou como o único moçambicano e africano presente

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Fotografia: Mariano Silva

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1975 Baseball caps: another success from Nivaldo Thierry Written by: Precidónio

Silvério

The year 1975 will never be erased f rom the memory of Mozambicans and the reasons for this are countless and unquestionable. It was in that year, at 0:00 hours on June 25, that Mozambique proclaimed its independence f rom the Portuguese colonial yoke, a ceremony conducted at the highest level by the then president of the People's Republic, Samora Moisés Machel. The raising of the Mozambican flag to replace the Portuguese one marked the end of a long period during which several generations struggled to resist the usurpation of their land.

Nivaldo Thierry is not only the designer´s name, but also the brand name. Unlike many, Thierry fell in love with men's fashion and his outf its are coveted by many young people. They are unmistakably branded, too, with the stylist's initials: NT. The new caps entered the Mozambican market last June, on the eve of the date commemorating national independence, an ideal occasion to do justice to the designer´s source of inspiration: “I thought about breaking the pattern I had been following and the f irst idea that came to me was to represent the history of our country, and a year like 1975 has no equal.” The success of the new product was such that it surprised Nivaldo. He had considered it just a creation, the materialization of an inspiration, but then realized that the enigma was attractive to others. “People always ask and want to know: why 1975? This curiosity gives meaning to the article, and every explanation about the brand seems like a revelation.”

Think simple, but different One of the peculiarities of Nivaldo Thierry's articles is the simplicity with which they are designed: f rom the silhouette to the perfect marriage of colours, which, at f irst glance, and even f rom afar, are deep and penetrating. Golden yellow and black are very com-

mon in his garments. Thierry says he is not very detail oriented. “I think I have a very simple view of fashion. For me, the design has to be simple, I am a person of few accessories. When I develop an idea for an article, I spend hours thinking about the product, and that helps a lot.”

The 1975 caps sold out, and yet the demand for them continues. People want to wear the cap and the story behind the article. The company has decided that it will not launch a new collection this year. It is deferred to 2022, again for the month celebrating our independence. The sale of the current collection will continue, unique and special as it is, for the reasons already mentioned.

Born in 1990, Nivaldo Thierry has a degree in business management and a Master's degree in project management. He says he could be working in an off ice but decided to bet on entrepreneurship. He began this trajectory in 2009, inspired by a f riend, but fate would determine that one would focus on women's fashion and the other on men's.

He confesses that it is not easy, especially in a context where investment in fashion is almost non-existent. Persistence alone took his brand to the level it currently f inds itself on. On this journey, he has already participated in several exhibitions inside and outside the country: South Af rica, Italy, Portugal, Botswana. The last participation was at Macau Fashion Week, where he stood out as the only Mozambican and Af rican present, representing the country and the continent. He was recently distinguished as Best Entrepreneur in the seventh edition of the Prémio Jovem Criativo 2021 (Young Creative Award).

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Fotografia: Mariano Silva

Today, Mozambicans praise the taste of f reedom, the f reedom to live, dream, invent and recreate. It was because of this f reedom to recreate that 1975 inspired a young Mozambican fashion designer, Nivaldo Thierry, to design caps printed with that number, denoting the year of Mozambique´s independence.

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I think I have a very simple view of fashion.

For me, the design has to be simple, I am a person of few accessories.

When I develop an idea for an article, I spend hours thinking about the product, and that helps a lot 28 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

Fotografia: Mariano Silva

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TURISMO

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Fotografia: Ricardo Franco

ABSA

ABSA BANK e as suas actividades de Cidadania

O Absa Bank Moçambique tem promovido ao longo dos anos, através do programa de Cidadania, diversas iniciativas que têm como propósito auxiliar na criação de soluções para questões importantes nas comunidades em que exerce a sua actividade. A sua intervenção centra-se em acções de âmbito cultural, educacional, ambiental e social, procurando sempre traduzir o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, contribuindo para a capacitação da juventude com vista a uma sociedade com adequados níveis de educação, e criando empregabilidade e crescimento económico sustentável.

A

Xonguila teve a oportunidade de travar uma breve conversa com Tânia Oliveira, Directora de Serviço ao Cliente do Absa Bank Moçambique, sobre o envolvimento do Banco nesse tipo de iniciativas.

Quais são os critérios para o banco se envolver em iniciativas de carácter social e ambiental?

Os critérios de ética empresarial, responsabilidade social e ambiental encontram-se integrados no modelo de gestão do Absa. Com a sua inclusão, o Banco assume que o seu negócio é gerido em prol da criação de valor para clientes, colaboradores, accionistas, meio ambiente e comunidade na qual exerce a sua atividade. O modelo de gestão do Banco visa, assim, garantir o desenvolvimento sustentável, tanto a nível do seu ramo de actividade, como ao nível da dimensão que relaciona a sustentabilidade e a comunidade, mais precisamente a Cidadania.

O facto de estarmos conscientes da importância das nossas atividades como factores de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida das populações leva-nos a contribuir activamente para a realização de várias actividades de cariz social, tendo em conta o contexto que vivemos. O Banco procura centrar a sua actuação em prol da comunidade tentando sempre conceder o seu melhor contributo e colaborando com o maior sentido de responsabilidade social através de diferen-

tes iniciativas.

Fale-nos um pouco dessas iniciativas, se possível destacando a que consideram ter sido a melhor. É-nos dif ícil classif icar um projecto como sendo o melhor ou mais impactante, em detrimento de outros, porque são todos concebidos com o mesmo objectivo, o de responder a um desaf io específ ico. Todas as acções de Cidadania que levámos a cabo até agora foram bem conduzidas e alcançaram o resultado pretendido, impactando positivamente os benef iciários. Contudo, podemos destacar as campanhas de doação de sangue, por este se tratar de um elemento vital que tem escasseado nos hospitais desde a eclosão do coronavírus em Moçambique e, com um gesto indolor, sem risco ou prejuízo para a saúde dos dadores, contribui para salvar vidas de forma simples, tranquila e segura.

Posso também destacar o programa Ready to Work, uma iniciativa de formações criada pelo Banco e direccionada para jovens dos 18 aos 35 anos de idade. Desde a sua criação, foram formadas mais de 6.300 pessoas, ajudando-as a desenvolver competências prof issionais, f inanceiras, empresariais e interpessoais.

Entretanto, foram igualmente de grande importância, a doação de 36 toneladas de sabão em barra, de produção nacional, ao Ministério da Saúde (MISAU), para distribuição às comunidades mais carenciadas a nível nacional; o apoio às vítimas da

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violência armada em Cabo Delgado; a instalação de estruturas de higienização para prevenção contra a COVID-19 nas escolas primárias da província de Maputo; a doação de máscaras de capulana aos colaboradores do Banco, numa iniciativa que benef iciou igualmente os estilistas contratados para a produção das mesmas, e também a campanha de vacinação dos colaboradores do Banco.

Foram iniciativas que tiveram grande impacto mediático.

Qual foi o feedback do público?

O nosso objectivo é sempre impactar positivamente a vida das sociedades, e os resultados estão à vista, com a participação massiva das pessoas nos eventos, tanto presenciais como virtuais, como as campanhas de doação de sangue e a nossa maratona, que passou agora a ser uma corrida virtual e continua a promover a prática do desporto para uma vida saudável, sobretudo durante o momento adverso e desaf iante gerado pela pandemia da COVID-19. Isto é sinal de que o público está connosco e valoriza as nossas iniciativas, dando-lhes a importância que queremos que tenham.

E a nível de envolvimento interno? Qual foi a estratégia para envolverem os colaboradores?

O estabelecimento de uma forte comunicação interna. É assim, na base de uma comunicação clara, directa e honesta que temos envolvido os nossos colaboradores em todas as nossas actividades.

Procuramos igualmente dina-

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mizar e promover momentos de foco em determinados temas para aumentar o envolvimento dos colaboradores, acelerar resultados positivos e centralizar as acções numa área ou equipa, gerando integração entre as iniciativas e avaliando os resultados de forma colectiva.

Fotografia: Cortesia de Absa Bank

Em suma, a estratégia do Banco tem sido a de promover uma cultura de responsabilidade social, desenvolvendo acções com o objectivo de, directa ou indirectamente, contribuir para o desenvolvimento social do País, procurando envolver-se com a comunidade externa e com a comunidade interna (colaboradores). Isso reflecte-se na nossa proposta de valor para os colaboradores, que contempla um vasto conjunto de benef ícios no sentido de contribuir para melhorar o seu nível de bem-estar e o das suas famílias, incentivando a procura de equilíbrio entre a vida prof issional e a pessoal.

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Fotografia: Ricardo Franco

O Absa Bank Moçambique tem promovido iniciativas para auxiliar na criação de soluções para questões importantes nas comunidades em que exerce a sua actividade

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ABSA BANK and its Citizenship Program initiatives

Over the years, Absa Bank Moçambique has promoted, through its Citizenship program, various initiatives intended to help create solutions to important issues affecting the communities in which the Bank operates. The Citizenship program focuses on cultural, educational, environmental and social interventions, always seeking to reinforce its commitment with sustainable development. The program promotes youth empowerment in providing adequate training, in order to create employability and sustainable economic growth. Xonguila had the opportunity to have a brief conversation with Tânia Oliveira, Director of Customer Service at Absa Bank Moçambique, about the Bank's involvement in initiatives of this kind.

What criteria does the Bank follow when engaging in social and environmental initiatives?

Absa's management model integrates criteria such as business ethics and social and environmental responsibility. In this way, the Bank commits to managing its business with a view to creating value for customers, employees, shareholders, the environment and the community in which it operates. The Bank's management model thus seeks to ensure sustainable development, both in terms of its field of activity as well as in terms of the dimension that links sustainability and the community, which is Citizenship.

Can you tell us a little about these initiatives and, if possible, highlight the one you think was the best?

It´s difficult for us to single out a project as being the best or the most impactful, to the detriment of others, because they are all designed with the same objective: to

Fotografia: Cortesia de Absa Bank

We are aware of the importance

of our activities as factors that promote development and improve the quality of life of populations, which leads us to actively contribute to the realization of various activities of a social nature, taking into account the context we live in. The Bank actively focuses its actions on the community, always making its best contribution and collaborating with a great sense of social responsibility through different initiatives.

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respond to a specific challenge. All the Citizenship program initiatives that we have carried out so far have been well conducted and have achieved the desired result, positively impacting the beneficiaries.

Nevertheless, we could highlight the blood donation campaigns, as there has been a shortage of this is a vital fluid [blood] in hospitals since the outbreak of the Coronavirus in Mozambique. This is a painless gesture that doesn’t pose a risk to donors nor harms their health, and helps save lives in a simple, quiet and safe manner.

I can also highlight the Ready to Work program, a training initiative created by the Bank and aimed at young people aged between 18

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and 35 years old. Since its inception, more than 6,300 people have been trained, helping them to develop professional, financial, business and interpersonal skills.

Moreover, the donation of 36 tons of locally produced soap bars to the Ministry of Health (MISAU), for distribution to the most needy communities countrywide, were equally of great importance, as was the support for victims of armed violence in Cabo Delgado; the installation of sanitation structures to prevent the spread of Covid-19 in primary schools in Maputo province; the donation of capulana (traditional patterned cloth) masks to the Bank's employees, an initiative that also benefited the designers hired to produce them, and also the vaccination campaign for the Bank's employees.

These initiatives were widely reported in the media. What feed-

back did you receive from the public at large?

Our goal is to always positively impact the lives of communities, and the results are plain to see: people´s massive participation in events, both face-to-face and virtual, such as the blood donation campaigns and our marathon, which is now a virtual race and continues to promote the practice of sport for a healthy life, especially during the adverse and challenging times brought on by the Covid-19 pandemic. This is a sign that the public is with us and values our initiatives, giving them the importance we want them to have.

What about internal involvement?

What was the strategy deployed to engage the Bank´s employees?

Establishing a strong internal communication was key. On the basis of clear, direct and honest communication, we have managed to involve our employees in all our activities.

We also instigated and supported moments of dedicated focus on certain topics to increase employee involvement, accelerate positive results and target actions to a certain area or team, generating integration between initiatives and jointly evaluating the results.

In short, the Bank's strategy has been to promote a culture of social responsibility, developing actions with the objective of, directly or indirectly, contributing to the country's social development, seeking to engage with communities both internal (employees) and external. This is reflected in our value proposition for employees, which includes a wide range of benefits devised as contributions to improve their well-being and that of their families, encouraging the search for a balance between work and personal lives.

“Our goal is to always positively impact the

lives of communities, and the results are plain to see: people´s massive participation in events, both face-to-face and virtual”

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Fotografia: Mariano Silva

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“O teatro é muito importante, tanto para o equilíbrio social como emocional das pessoas, e um veículo rápido para atingir as pessoas e quebrar preconceitos” – Adelino Branquinho

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Adelino Branquinho: um homem nascido para o palco Escrito por:

Jaime Álvaro Entre o palco e a tela cinematográfica, Adelino Branquinho, actor moçambicano de 62 anos, já viveu muitas vidas ao longo da sua carreira. Já foi um rei e também um mendigo, já foi feminista e contrabandista, mas nem um dia sequer levou um único personagem para casa, por muito que desejasse ter vivido efectivamente alguma das imensas vidas que interpretou.

N

asceu em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, mas o teatro fixou-o na capital do país, e levou-o a conhecer o mundo. De mãe moçambicana e pai natural de Trás-os-Montes, Portugal, estudou Electricidade e trabalhou como técnico de refrigeração até ao dia em que subiu ao palco da companhia teatral Mutumbela Gogo, no Teatro Avenida, em Maputo Desde então nunca mais dele desceu, e já se passaram três décadas.

Branquinho vive, literalmente, no palco, mas há quase dois anos que está longe dele. A pandemia da covid-19 parou o mundo e ele parou de viver as vidas de outrem.

Dedica-se agora a ser ele próprio, sem luz, sem palco, sem acção e sem público. “Vivemos tempos difíceis. A pandemia afectou todos nós, e mais particularmente a nós, os artistas. Já estou há muito tempo a descansar e estou ansioso por voltar aos palcos e ter a minha vida normal de volta. Para além de ser benéfico para mim, também é bom para as pessoas. O teatro é muito importante, tanto para o equilíbrio social como emocional das pessoas.”

Entre as peças em que já actuou, Adelino Branquinho destaca Amor Vem, de 1992, adaptação de uma comédia grega de Aristófanes denominada Lisístrata. No enredo, a estória de uma imaginária ateniense que chefiou uma greve de sexo. Exaustas com uma guerra civil que se alongava no país, as mulheres das cidades mais atingidas pelos conflitos decidiram agir. Chefiadas por Adelina, personagem a que Branquinho deu corpo, resolveram pôr fim às

hostilidades usando uma táctica pouco ortodoxa: uma greve de sexo para forçar um tratado de paz. “O teatro é um veículo rápido para atingir as pessoas e quebrar preconceitos, e aquela peça vinha quebrar o estereotipo que se tinha (e se tem) das mulheres, de que elas são o sexo fraco. 10, 12 dias depois de nós estrearmos a peça, foi assinado o Acordo Geral de Paz em Moçambique. Foi um momento marcante para a história

do país e do teatro, um momento que mostrou a força do teatro na sociedade”, conta Branquinho.

“Amor Vem categoricamente previa um acto heróico com o objectivo de salvar o país da guerra.”

Além de Amor Vem, Branquinho participou em peças como Governadores do Orvalho, Qual é a Coisa Qual é Ela, Nove Hora, Eu Eduardo Sonhei a Terra, As Mãos dos Pretos, Irmãos de Sangue, Hamlet,

Nunca estudei teatro numa academia.

A minha Escola, e hoje a minha vida também, é o Mutembela Gogo, que me fez o homem que sou e o profissional em que me tornei

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A ocasião fez o actor Adelino Branquinho é um caso do acaso. Estudou electricidade e, antes da vida nos palcos, trabalhou como técnico de refrigeração, até aos 30 anos. O primeiro contacto com um palco, onde passaria a ser a sua vida, foi pura casualidade. “No exercício do meu ofício, fui chamado a resolver um problema no ar condicionado no Teatro Avenida. A meio do trabalho, recebi um convite da Manuela Soeiro, directora do Mutumbela Gogo, para subir ao palco e fazer o papel que era representado por um actor

faltoso. Foi um momento mágico que mudou para sempre o rumo da minha vida”, revela o actor, que prossegue: “Nunca estudei teatro numa academia. A minha Escola, e hoje a minha vida também, é o Mutembela Gogo, que me fez o homem que sou e o profissional em que me tornei”.

Do frio para o calor dos palcos, assim foi a transição de vida de um actor reconhecido por sua obra e trajectória na dramaturgia nacional, que promete revelações inéditas no seu livro autobiográfico.

“Já interpretei muitos personagens ao longo da minha carreira, mas nunca tive oportunidade de fazer de técnico de refrigeração em plena cena. Seria interessante fazê-lo.”

Foram, com efeito, muitos os personagens, de diferentes condições sociais, que Branquinho representou, mas nunca se tornou nenhum deles. “É quase impossível falar de mim sem falar dos

Fotografia: Mariano Silva

Os Meninos de Ninguém, entre outras tantas cujos personagens foram marcantes. “Eu gosto de viver o personagem. Para conseguir produzir um personagem marcante tens que ir ao fundo, viver esse personagem no seu psíquico, vivê-lo nos seus momentos de lazer. É preciso estudar o personagem, sem o interiorizar, para evitar choques psicológicos.”

personagens, das vidas que vivi no palco. Mas não tenho dificuldade de me definir, porque nunca, em toda a minha carreira, levei um personagem para casa.”

Participações também em cinema Branquinho também brilha como actor de cinema, e, como conta, a transição “foi natural”. O primeiro filme em que actuou foi O Sucessor, de um realizador norueguês, onde fez o papel de jornalista investigativo. De jornalista a explorador de crianças, na peça Meninos de Ninguém adaptada para cinema, emprestou o seu talento a Hollywood com uma participação em Blood Diamond (Diamantes de Sangue), onde interpretou um contrabandista de diamantes.

Nesse filme, parcialmente rodado em Maputo, contracenou com o mundialmente famoso Leonardo Di Caprio. “Sem dúvidas que foi a minha maior experiência na sétima arte. Foi interessante contracenar com um actor como Leonardo Di Caprio.

Ele é muito profissional”. Mais recentemente, Branquinho participou em “AvóDezanove e o Segredo do Soviético” (2019), do cineasta moçambicano João Ribeiro. Apesar da aventura cinematográfica, é como actor de teatro que se define e tem mais prazer: “Eu me formei no palco, e é aí que me sinto mais à vontade, por ter um contacto físico com a audiência. Gosto de sentir o calor humano”.

No futuro, que se vai adiando pela situação pandémica que assola o mundo há dois anos, Adelino Branquinho pretende focar-se num projecto de Academia de Teatro, para partilhar a sua experiência e dar a jovens a oportunidade que ele não teve, oferecendo-lhes as ferramentas necessárias para se profissionalizarem. “Se a um talento nato se junta formação técnica específica de teatro, técnica de voz, de dicção, de encenação, técnica de expressão corporal para explorar melhor esse talento, é mais fácil esse indivíduo tornar-se um bom actor ou bom encenador ou dramaturgo”, finaliza Branquinho, sem encenação.

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Fotografia: Mariano Silva

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Adelino Branquinho: A man born for the stage Wirtten by:

Jaime Álvaro Between the stage and the big screen, Adelino Branquinho, a 62-year-old Mozambican actor, has lived many lives in the course of his career. He has been a king and a beggar, a feminist and a smuggler, but never once took a character home, however much he wished he had actually lived some of the many lives he portrayed.

He was born in Cabo Delgado, in northern Mozambique, but theatre had him put down roots in the country's capital, and f rom there took him to discover the world. Born to a Mozambican mother and a Portuguese father f rom Trás-os-Montes, Portugal, he studied electrical systems and worked as a ref rigeration technician until the day he took the stage at the theatre company Mutumbela Gogo, at Teatro Avenida, in Maputo. Three decades have since passed, and he has yet to come off the stage.

ing across the country, women in cities hardest hit by the conflict decided to act. Led by Adelina, the character embodied

by Branquinho, they decided to put an end to the hostilities using an unorthodox tactic: a

Branquinho literally lives on the stage, but he has been away f rom it for almost two years now. The Covid-19 pandemic brought the world to a halt, and he stopped living the lives of others. He is currently dedicated to being himself, without lights, action, a stage or an audience. “We live in diff icult times. The pandemic has affected all of us, and in particular us artists. I've been resting for a long time now and I'm looking forward to getting back on stage and having my normal life back. As well as [it] being benef icial for me, it's also good for people. Theatre is very important for people´s emotional and social well-being.”

Of all the plays he has performed in, Adelino Branquinho highlights Amor Vem (Come, Love), f rom 1992, an adaptation of Lysistrata, the Greek comedy by Aristophanes. The plot centres around the story of a f ictional Athenian woman who led a sex strike. Exhausted by a seemingly endless civil war rag-

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sex strike to force a peace treaty. “The theatre is a quick vehicle to reach people and break down prejudices, and that play came to break the stereotype that existed (and still exists) about women: that they are the

weaker sex. Ten, twelve days after we premiered the play, the General Peace Agreement in Mozambique was signed. It was a def ining moment in the history of the country and of national theatre, a moment that demonstrated the power of theatre in society”, says Branquinho. “Amor Vem categorical-

have to dive deep into it, live that character in your psyche, live it in your leisure time. It is necessary to study the character, without internalizing it, to avoid psychological shock.”

ly predicted a heroic act aimed at saving the country f rom war.”

In addition to Amor Vem, Branquinho acted in plays such as Governadores do Orvalho (Governors of the Dew), Qual é a Coisa Qual é Ela (What Is That Which…), Nove Hora (Nine Hour), Eu Eduardo Sonhei a Terra (I, Eduard, Dreamed the Earth into Being), As Mãos dos Pretos (The Hands of Blacks), Irmãos de Sangue (Blood Brothers), Hamlet, Os Meninos de Ninguém (Nobody’s Children), among many other unforgettable acts. “I like to live the character. To be able to portray a memorable character you

by chance. He studied electrical systems and, before his life on the stage, he worked as a refrigeration technician until he was 30 years old. His first contact with a stage, where his life would permanently shift to, was by pure chance. “As part of my job, I was called to solve a problem with the air conditioning at Teatro Avenida. Half-way through the repairs, Manuela Soeiro, director of Mutumbela Gogo, invited me to go on stage and play the role of an absent actor. It was a magical moment that changed the course of my life forever”, reveals the actor, who continues: “I never studied theatre in an academy.

Opportunity made the actor

From the cold to the warmth of the stage, this was the life transition of an actor renowned for his work and trajectory in national dramaturgy, which promises

Fotografia: Mariano Silva

Adelino Branquinho is an actor

My school, and now my life too, is Mutembela Gogo, who made me the man I am and the professional I have become”.

unprecedented revelations in his autobiographical book. “I've played many characters throughout my career, but I've never had the opportunity to play a refrigeration technician on stage. It would be interesting to do it.”

Branquinho has indeed played many characters, from diverse social backgrounds, but has never become any of them. “It's almost impossible to talk about myself without talking about the characters, the lives I've lived on stage. And yet, I have no difficulty defining myself, because I have never, in my entire career, taken a chacter home.”

Acting in films

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Branquinho also shines as a movie actor and, as he says, the transition “was natural”. The f irst f ilm he acted on was O Sucessor (The Heir), by a Norwegian director, in which he acted the part of an investigative journalist. From journalist to exploiter of children, in the play Meninos de Ninguém (Nobody´s Children), adapted for cinema, he then lent his talent to Hollywood with an acting part in Blood Diamond, where he played a diamond smuggler. In this f ilm, partially shot in Maputo, he starred with the world-famous actor Leonardo Di Caprio. “Without a doubt, it was my greatest experience in the seventh art. It was interesting to play opposite an actor like Leonardo Di Caprio. He is very professional”. More recently, Branquinho participated in Avó Dezanove e o Segredo do Soviético (Grandmother Dezanove and the Soviet´s Secret) (2019), by Mozambican f ilmmaker João Ribeiro. Despite these adventures in cinema, he def ines himself f irst and foremost as a theatre actor, f rom which he also derives the most pleasure: “I trained on the stage, and that's where I feel most comfortable, in physical contact with the audience. I like to feel the human warmth.”

In the future, which continues to be deferred due to the pandemic situation that has been ravaging the world for two years now, Adelino Branquinho has his sights focused on a Theatre Academy project, to share his experience and give young people the opportunity he did not have, offering them the tools needed to become professionals.

“If a natural born talent is aided by specif ic technical training in theatre – such as voice technique, diction, staging and body language technique – to better explore that talent, it´s easier for that individual to become a good actor or director or playwright”, concludes Branquinho.

I trained on the stage, and that's where I feel most comfortable, in physical contact with the audience.

I like to feel the human warmth

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Fotografia: Mariano Silva

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Sabias que

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Sabias que

Fotografia: Cortesia de Kaya

O baralho de cartas Kaya pretende enaltecer a história e cultura moçambicana, numa abordagem que procura valorizar a tradição, consciente de que ela é um processo em permanente metamorfose

Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 51

Sabias que

Um baralho de cartas inspirado em Moçambique Sabias que existe um baralho de cartas inspirado em Moçambique? O seu nome é Kaya, que signif ica casa em várias línguas bantu do sul de Moçambique. Este baralho, o primeiro do género entre nós, tem como objectivo enaltecer a nossa história, cultura e folclore, numa abordagem que procura valorizar a tradição, sempre consciente de que ela é um processo em permanente metamorfose.

Mantém os padrões clássicos mundiais, distinguindo-se por, no seu graf ismo, explorar elementos que, enquanto moçambicanos, nos torna singulares.

COPAS - O Amor é aqui compreendido enquanto capacidade de se colocar no lugar do outro, capacidade de nos anularmos e nos permitirmos ser Kaya confortável para o outro, como se fosse sua.

OUROS – Neste baralho, a Riqueza é referente à possibilidade de termos ao nosso redor pessoas que têm no amor um estilo de vida, um amparo, um ombro, um colo 52 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

para chorarmos as nossas dores e uma capulana para nos enxugarem as lágrimas.

PAUS – A Natureza é o meio à nossa volta, são os verdes campos, as aves, os pássaros, o mar do Índico que nos banha a costa, a terra onde buscamos os nossos medicamentos e que acolhe os nossos antepassados, onde dançamos e celebramos o dom da vida.

Fotografia: Cortesia de Kaya

Sabias que

ESPADAS – A Defesa, estamos a olhar para a necessidade de preservação dos nossos valores culturais, da diversidade que nos caracteriza, da nossa identidade, de rituais e personagens protagonistas da nossa história de bravuras e fraquezas, de derrotas, vitórias e empates.

No que toca às figuras: REI – Simboliza o reinado, ou melhor, a etapa dos grandes nomes na revolução histórica até a nossa independência.

RAINHA - A mulher da qual brota a vida, através da qual se perpetua a existência humana. É como a terra que permite existirem plantas, oxigénio.... É o ser sensível que contribui na sociedade com o amor de mãe.

VALETE – O mundo folclórico ou mais, a diversidade juvenil onde se interliga o quotidiano passado com o presente. ÀS - Designado como as riquezas naturais africanas.

Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 53 Para mais informações: www.instagram.com/kaya.cards

Sabias que

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Fotografia: Cortesia de Kaya

Sabias que

Did you know

A deck of cards inspired by Mozambique Did you know that there is a deck of cards inspired by Mozambique? It is named Kaya, which means “house” in several Bantu languages of southern Mozambique. This deck is the first of its kind among us, and aims to highlight our history, culture and folklore. It is a proposition that seeks to value tradition, nevertheless aware that such is in permanent metamorphosis. The deck follows the international standard of 52 cards arranged into 4 suits of 13 cards each, but stands out thanks to its distinct graphic design, which explores elements that are uniquely ours, uniquely Mozambican.

HEARTS - Love is understood here as the ability to put oneself in another´s shoes, the ability to neutralize ourselves and allow ourselves to be Kaya (“home”), comfortable for the other, as if it were their own.

diversity that characterizes us, our identity, rituals and the protagonists of our history of bravery and weaknesses, defeats, victories and draws alike.

DIAMONDS – In this deck, Wealth refers to the possibility of having people around us who see love as a lifestyle, a support, a friendly shoulder, a lap to cry our pains on and a capulana (traditional patterned cloth) to dry our tears with.

KING – Symbolizes the reign, or rather, a series of the biggest names involved in historical revolutions up until our independence.

SPADES – Regarding Defense, we are looking at the need to preserve our cultural values, the

QUEEN - The woman life springs from, through which human existence is perpetually renewed, just like the earth that brings forth plants, oxygen…It is the sensitive being that contributes to society with the love of a mother.

JACK – The folkloric world or more, the diverse nature of the youth which bridges past and present.

Ace – Denoting Africa´s natural wealth and riches.

For more information, visit: www.instagram.com/kaya.cards

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Fotografia: Cortesia de Kaya

CLUBS – Nature is the environment all around us, the green countryside, the birds, the Indian Ocean that washes our shores, the land where we seek our medicines and that which welcomes and holds our ancestors, where we dance and celebrate the gift of life.

As for the suits:

Tenho dois trabalhos: aquele que sigo pela paixão ao mundo financeiro (banco) e aquele que sigo porque amo e faz parte de mim desde criança (moda) Annetty Sengulane

Diáspora

Annetty Sengulane Entre a moda e o mundo financeiro, em Milão, Itália Escrito por:

Eliana Silva Sair da zona de conforto é desafiante, mas muitas vezes a única forma de promover o crescimento pessoal. Foi a pensar nisso que Annetty Sengulane rumou para o sul de Itália para tirar um mestrado em Relações Internacionais. A experiência correu tão bem que acabou por ficar por terras italianas.

A

nnetty Sengulane é uma jovem de 28 anos que viu numa bolsa de estudo a possibilidade de mudar a sua vida. Depois de uma licenciatura em Diplomacia, no Instituto Superior de Relações Internacionais, ingressou na Università della Calabria, em Itália, onde vive há 5 anos.

produto aos seus clientes. Embora compreenda que este é um grande desafio, mantém-se entusiasmada pensando em poder apresentá-lo o mais brevemente possível.

Hoje a residir em Milão, a jovem é bancária e mantém aceso o gosto pelo empreendedorismo, já que alimenta a vontade de criar um projecto seu na área de moda e lifestyle. “Na verdade, tenho dois trabalhos: aquele que sigo pela paixão ao mundo financeiro (banco) e aquele que sigo porque amo e faz parte de mim desde criança (moda). O primeiro consiste em orientar os bancos internacionais situados em redor dos maiores polos de business (Europa e Ásia), a tomar decisões relativas às suas actividades diárias, respeitando as directivas impostas pela União Europeia, as leis internacionais e as leis nacionais. O segundo tem a ver com a minha marca, Elegância e Etiqueta”, partilha Annetty.

Através de correspondência electrónica, Annetty Sengulane conta como surgiu o interesse pela moda: “Lembro-me das vezes em que a minha tia organizava festas em sua casa e me delegava a responsabilidade de entreter o resto das crianças com desfiles de moda. Tinha mais ou menos 6 ou 7 anos, mas achava o máximo! Sempre achei superdivertido e sempre amei essa área. Em 2015 acabei entrando numa agência de moda em Moçambique, onde tive a oportunidade de pôr em prática, profissionalmente, a paixão que até então tinha crescido em mim. Passei por experiências incríveis dentro da agência, desde fotos para revistas até à participação num filme americano. Quando saí da agência de moda para fazer o meu curso de Diplomacia no ISRI, decidi abrir o meu blog pessoal sobre moda, etiqueta e boas maneiras”.

Actualmente, a jovem está a desenvolver uma iniciativa que inclui profissionais italianos, com vista a apresentar um novo

Annetty não nos conta abertamente, mas percebemos que o segredo foi nunca desistir: Annetty conseguiu conciliar o blog

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com os estudos e, com o conteúdo sobre etiqueta que criava, deu espaço a um negócio: uma mini-escola de etiqueta, onde ensinava como melhorar a imagem pessoal a nível visual e a nível comportamental. Em Itália não lhe foi possível manter o negócio, o que, no entanto, não foi sinónimo de paragem.

“Conhecer a língua do país é essencial pois é ela que permite uma rápida integração. Eu não sabia nada além do “buongiorno”, “come ti chiami?” ou “grazie”. Portanto, desenvolver uma conversa coerente com vista a conhecer melhor o contexto em que estava inserida revelou-se mais difícil do que previa”, declara Annetty. Salva pelo Google Tradutor, foi aprendendo sozinha a língua de Leonardo da Vinci: “Hoje tenho o orgulho de dizer que sou bastante eloquente na conversação graças à força e determinação que tive”, acrescenta. Contudo, a língua não foi o único entrave, porque enquanto Annetty via os italianos com uma forte relação com os seus entes familiares, lembrava-se da sua família e sentia uma grande saudade. Felizmente, nos braços do actual marido encontrou algum conforto para colmatar a vontade de regressar a casa.

Diáspora

Hoje a residir em Milão, a jovem Annetty Sengulane é bancária e mantém aceso o gosto pelo empreendedorismo, já que alimenta a vontade de criar um projecto seu na área de moda e lifestyle

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Diáspora

Annetty Sengulane Between the worlds of fashion and finance, in Milan, Italy Written by:

Eliana Silva Leaving one´s comfort zone is challenging, but often the only way to promote personal growth. It was with this in mind that Annetty Sengulane headed to the south of Italy to study for a Master's degree in International Relations. The experience was so good that she ended up staying on Italian soil.

A

nnetty Sengulane is a 28-year-old young woman who saw the possibility of changing her life through a scholarship. After obtaining an Honours degree in Diplomacy at the Instituto Superior de Relações Internacionais – ISRI (Institute of Higher Studies in International Relations, in Maputo), she joined the Università della Calabria, in Italy, where she has lived for the past 5 years.

Now living in Milan, the young woman is a banking professional who keeps a flame alive for entrepreneurship, fuelling her desire to create her own project in the fashion and lifestyle sectors.

“I actually have two jobs: one that follows my passion for the finance world (bank), and another that follows a love that has been a part of me since I was a child (fashion). The first one entails providing guidance to international banks located at major business hubs in Europe and Asia in making decisions regarding their day-to-day operations, whilst respecting European Union directives, international laws and national laws. The second job revolves around my brand, Elegância e Etiqueta (Elegance and Etiquette)”, shares Annetty.

At present, the young woman is developing an initiative that includes Italian professionals, with a view to presenting a new product to her clients. Although she understands that this is a big challenge, she remains enthusiastic and plans to unveil this new product as soon as possible.

Through electronic correspondence, Annetty Sengulane tells us how her interest in fashion began: “I remember the occasions when my aunt organized parties at her house and assigned me the responsibility of entertaining the rest of the children with fashion shows. I was about 6 or 7 years old, but I thought it was great! I always found

it super fun and always loved this sector. In 2015 I ended up joining a fashion agency in Mozambique, where I had the opportunity to professionally put into practice the passion that had grown in me since those early days. I went through incredible experiences within the agency, from photoshoots for magazines to participating in an American film. When I left the fashion agency to take my Diplomacy course at ISRI, I decided to start a personal blog about fashion, etiquette and good manners”.

Annetty doesn't state it openly, but we can tell that the secret was to never give up. Annetty managed to reconcile her blog with her studies, and the content on etiquette she created forged a path to a business: a mini-school of etiquette, where she taught clients how to improve their personal image, tackling visual and behavioural aspects alike. In Italy, it was not possible for her to keep the business going. This, however, does not mean she gave up on it.

“Learning the language of the country is essential as it allows for rapid integration. I didn't know anything other than “buongiorno”, “come ti chiami?” or “grazie”. Therefore, developing a coherent conversation in order to better understand the context in which I was inserted proved to be more difficult than I expected”, declares Annetty. Saved by Google Translator, she learnt Leonardo da Vinci's language on her own: “Today I am proud to say that I am quite eloquent in conversation thanks to the strength and determination I had”, she adds. However, the language was not the only obstacle, because whenever Annetty witnessed the strong familial bond Italians have with their family members, she remembered her own family and felt a great longing for them.

Fortunately, in her husband's arms, she found enough comfort to somewhat quell her desire to return home.

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O jacinto-de-água é um excelente fertilizante orgânico, tornando os solos mais propícios à agricultura 66 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

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Os jacintos-de-água

O

do Parque Nacional da Gorongosa em benefício das comunidades

s jacintos-de-água são plantas aquáticas perenes de flutuação livre, cujas folhas podem subir acima da superfície da água até 1 metro de altura. Têm preferência por rios de fluxo lento ou lagoas de água doce, e reproduzem-se rapidamente. São atraentes quando florescem, mas, por não serem nativos de muitos dos locais em que se encontram (são originárias da América do Sul) e desenvolverem-se muito rapidamente, escapam ao controlo do Homem, tornando-se frequentemente nocivos. São por isso considerados plantas invasoras e podem constituir ameaças ao bem-estar ambiental e económico.

Mas há também boas notícias so-

bre esta planta: o jacinto-de-água consome nutrientes, e, decompondo-se, esses nutrientes são devolvidos ao solo (incluindo os elementos essenciais de nitrogénio, fósforo e potássio desejados nos aditivos do solo). Assim, o jacinto-de-água é um excelente fertilizante orgânico, tornando os solos mais propícios à agricultura. Na verdade, o composto feito com jacinto-de-água parece ter um desempenho melhor do que o dos fertilizantes químicos feitos em fábrica. Devido às suas qualidades fibrosas, o jacinto-de-água também melhora a textura do solo.

No Parque Nacional da Gorongosa, à medida que as águas das cheias baixam após a estação das chuvas, os trabalhadores têm a possibilidade de recolher facilmente os jacin-

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tos-de-água secos deixados para trás. Na etapa seguinte, os jacintos são transformados em adubo pela equipa agrícola do Parque, adubo esse que é gratuitamente proporcionado aos agricultores locais.

Nesta acção participam ex-guerrilheiros envolvidos no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) ao abrigo do Acordo de Paz assinado em 2019, os quais beneficiam das oportunidades criadas para si e suas famílias pela iniciativa Clubes da Paz. Estes clubes são uma das actividades gerais de desenvolvimento humano que o Parque Nacional da Gorongosa tem em curso em prol de aproximadamente 200.000 pessoas que vivem nas proximidades.

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Os jacintos são transformados em adubo pela equipa agrícola do Parque, adubo esse que é gratuitamente proporcionado aos agricultores locais 70 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

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Gorongosa National Park´s

water hyacinths

W

benefit local communities

ater hyacinths are free-floating perennial aquatic plants whose leaves can grow up to 1 meter in height above the water surface.

They prefer slow-flowing rivers

or freshwater ponds and reproduce quickly. They are attractive when in bloom, but, since they are not native to many of the places they are found in (they originate from South America) and they develop very quickly,

they can escape human control, often becoming harmful.

They are therefore considered invasive plants and can pose threats to environmental and economic well-being.

But it´s not all bad news with this plant: the water hyacinth consumes nutrients, and, by decomposition, those nutrients are returned to the soil (including the essential elements of nitrogen, phosphorus and potassium desired in the soil additives). Thus, water hyacinth is an excellent organic fertilizer, making soils more suitable for agriculture. In fact, compost made with water hyacinth appears to perform better than factory-made chemical fertilizers. Due to its fibrous qualities, water hyacinth also improves soil texture.

In the Gorongosa National Park, as the floodwaters recede after the rainy season, workers can easily collect the dried water hyacinths left behind. Next, the hyacinths are transformed into fertilizer by the Park's agricultural team, which they then freely distribute among local farmers.

These activities include the participation of former guerrillas involved in the process of Disarmament, Demobilization and Reintegration (DDR) under the Peace Agreement signed in 2019, who benefit from the opportunities created for themselves and their families by the Clubes da Paz (Peace Clubs) initiative. These Clubs are one of the ongoing general human development activities that the Gorongosa National Park offers for the benefit of approximately 200,000 people living nearby.

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Julinho KSD é uma versão “safari” de mim.

Acima de tudo, faço o que gosto, sempre com responsabilidades e objectivos bem definidos

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Fotografia: Cortesia de Sony Music Portugal

Relaxe

Fotografia: Cortesia de Sony Music Portugal

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Quem é Julinho KSD? Julinho KSD é uma versão “safari” de mim. Acima de tudo, faço o que gosto, sempre com responsabilidades e objectivos bem def inidos.

Fala-nos das origens do teu novo álbum, o Sabi na Sabura. Sabemos que fala muito sobre a tua família e amigos. Até que ponto é importante este momento na tua vida?

Sabi na Sabura surgiu pela expressão que criei para responder quando me perguntavam “Julinho, sta sabi?” e eu respondia “Sabi na Sabura”.

Desde então, da compilação dos sons que já tinha criado e dos que vim a criar, f iz este meu primeiro projecto que, sem dúvida, é um orgulho imenso, por todo o esforço que tive, quer eu, quer todos os que estão do meu lado, tanto amigos como família.

Para um artista que nasceu e cresceu no underground, que signif icado tem este disco?

Como disse anteriormente, é um orgulho por todo o esforço que tivemos, toda a dedicação, todo o sacrif ício, mesmo com todos os problemas que foram surgindo. Signif ica poder mostrar aos mais novos e aos mais velhos que tudo é possível, basta trabalhares e acreditares.

As tuas músicas são uma denúncia, terapia ou reacção?

São terapias, tenho músicas para terapias individual, de casal e familiar.

Não gosto de ver ninguém mal ou mal resolvido.

Como é que a situação pandémica que vivemos te afectou como artista? Encaraste-a como uma oportunidade de recomeço e estímulo à criatividade ou um desastre para o meio musical?

Como artista, teve os seus prós e contras. Nunca me faltou criatividade e, até hoje, não paro de criar, mas tive mais tempo para def inir e conseguir os meus pequenos objectivos. Por outro lado, não tivemos concertos, não pude apresentar as minhas músicas ao vivo, e isso é algo que a qualquer artista faz falta.

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Relaxe

Existe um certo preconceito de alguns fãs mais puristas de hip hop que alegam uma certa perda de identidade quando os artistas se tornam mais comerciais. O que pensas sobre isso?

As pessoas têm que saber def inir bem o que é música comercial, porque, quanto às mudanças de estilos musicais de um momento para o outro, são determinantes o tipo de mercado, os momentos, as alturas do ano, as tendências. É o nosso trabalho, temos de analisar tudo.

Neste momento és um dos rappers mais conhecido no universo lusófono, com um público mais novo e socialmente mais abrangente, comparativamente a rappers de gerações anteriores. Concordas?

Público mais novo e mais velho, penso que chego um pouco a todo o lado, por isso, se falarmos em abranger mais classes sociais, sim, concordo.

Na tua óptica, qual é o melhor barómetro do sucesso?

Estar feliz com os meus e a minha família, isto é, estar Sabi na Sabura.

O que ouves para além do rap?

Não tenho um ou outro estilo que oiça mais, mas posso dizer que, desde Jorge Neto a Headie One, oiço de tudo um pouco.

Quando poderemos contar com um concerto em Moçambique? É um momento que poderá chegar, que espero que chegue e que me fará f icar muito feliz e orgulhoso por conquistar mais esse objectivo.

Quais são os teus planos para o futuro?

São muitos os planos, e outros ainda para serem criados. São algo que vai acontecendo e que nos vai moldando à medida que o tempo passa.

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Para Julinho, que nasceu e cresceu no underground, este novo álbum significa poder mostrar que tudo é possível, bastando que se trabalhe e se acredite

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Fotografia: Cortesia de Sony Music Portugal

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Who is Julinho KSD? Julinho KSD is a “safari” version of myself. Above all, I do what I like [to do], always responsibly and with clear objectives.

Tell us the origin story of your new album, Sabi na Sabura. We know it talks a lot about your family and f riends. How important is this moment in your life?

Sabi na Sabura comes f rom the expression I created to answer when asked, "Julinho, sta sabi?", to which I would reply, “Sabi na Sabura”. I have since made this f irst project [Sabi na Sabura], f rom the compilation of sounds I had created in the past plus new ones. This is, without a doubt, an immense pride for all the effort put into it by myself and by those who stand by me, both f riends and family.

What is the meaning of this record for you, an artist who was born and raised in the underground?

As I´ve said before, we are proud of all the effort we made, all the dedication, all the sacrif ice, despite all the problems we faced along the way. It means being able to show to younger and older generations alike that everything is possible, if you just work [hard] and believe [in it].

songs live, and that's something that any artist misses.

Some of the more purist hip hop fans have a certain bias towards what they see as a partial loss of identity in artists who become more commercial. What do you think about that?

People need to properly def ine what commercial music is, because changes in musical style f rom one moment to the next are dependent on the type of market, the moment, the time of the year, the trends. It's our job; we have to analyze everything.

Right now, you are one of the most well-known rappers in the Lusophone world, with a younger and socially diverse audience, compared to rappers f rom previous generations. Do you agree?

I think I am a bit everywhere, reaching younger and older audiences alike. So, if we´re saying reaching across many different social groups, then yes, I agree.

In your view, what is the best barometer of success?

Being happy with my family and my own [people], that is, being “Sabi na Sabura”.

Would you characterize your songs as complaint, therapy or reaction?

They are therapy. I have songs for individual, couple and family therapy alike. I don't like to see anyone ill or unresolved.

What do you listen to besides rap?

I don't have a particular style that I listen the most, but I can say that, f rom Jorge Neto to Headie One, I listen to a bit of everything.

How has the pandemic situation we are currently living through affected you as an artist?

Did you see it as an opportunity to start over and a stimulus to creativity, or a disaster for the music industry?

As an artist, it had its pros and cons. I´ve never lacked creativity and, to this day, I never stop creating, but I had more time to def ine and achieve my smaller goals. On the other hand, we didn't have concerts, I couldn't perform my

When will we have one of your concerts in Mozambique?

It's a moment that may come, that I hope it will [come] and that will make me very happy and proud to achieve, as a goal.

What are your plans for the future?

There are many plans, as there are others yet to be created. They are something that will take shape and mold us as time passes.

“Being happy with my family and my own [people], that is, being “Sabi na Sabura”.”

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Retrato ultra-realista a carvão feito pelo Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 85 artista moçambicano Penuel Madeira

Fotografia: Seb Creativo

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A Appload é uma plataforma online que faz a ponte entre operadores logísticos e clientes que procuram transporte de carga

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• Os clientes cadastram-se na plataforma e registam um pedido de transporte de carga em que preenchem um formulário com as características da mesma; • Os transportadores são notif icados e submetem uma oferta em que especif icam o preço e as viaturas usadas, entre outros aspectos; • Os clientes seleccionam a melhor oferta, pagam, monitorizam a carga até ao destino e avaliam os serviços prestados.

Foi após uma temporada no Benim e no Níger que Claire rumou para os EUA, para completar o seu mestrado em Harvard e passar a colaborar com o IFC (International Finance Corporation).

Entretanto, foi convidada por um amigo do MIT para trabalhar em Moçambique como co-autora de um livro sobre a logística do país.

Após ter percorrido Moçambique do Rovuma ao Maputo, e entrevistado mais de 50 empresas, apercebeu-se de que, apesar do desenvolvimento da inf ra-estrutura, eram ainda vários os cons-

trangimentos que limitavam o potencial deste sector. O custo do transporte de mercadoria do Sul para o Norte de Moçambique chega a corresponder ao dobro do valor do transporte com origem na China; são f requentes os casos em que produtos dos sectores agrícola e de saúde se degradam por falta de soluções atempadas de transporte; e a existência de intermediários neste processo chega a representar 40% do valor do transporte. Foi então que Claire se apercebeu de que um livro iria apenas retratar as potencialidades e lacunas daquele que é um mercado crucial para a região do Sul de Áf rica, não solucionaria o problema.

E assim nasceu a Appload, uma plataforma online que faz a ponte entre operadores logísticos e clientes que procuram transporte de carga. Esta plataforma funciona da seguinte forma:

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O início da operação só foi possível porque existiram investidores individuais que acreditaram no potencial da plataforma. Ter conseguido levantar capital suf iciente para o primeiro ano de operação, foi sem dúvida uma meta bastante relevante.

Durante esse período, criaram uma equipa jovem constituída por talento local que permitiu à Appload registar mais de 150 transportadores em todo o país, o que representa um universo de cerca de 3.000 camiões.

Mais, validaram a solução ao fazer acima de 100.000 Km para transportar mais de 5.000 toneladas para vários clientes, não apenas no mercado doméstico, mas também para a Af rica do Sul e ESwatini (Swazilândia).

Fotografia: Riley Crawford

Não seria possível falar da origem desta ideia sem antes falar do percurso de Claire, a CEO e fundadora da Appload. Claire é f rancesa, formada em engenharia de transportes, e com experiência prof issional em projectos de grande inf ra-estrutura no Médio Oriente e na Áf rica Ocidental.

A plataforma benef icia o cliente, na medida em que traz transparência e optimiza o procurement, reduz custos e permite melhor controlo sobre a o transporte. Para os transportadores, as vantagens são essencialmente o acesso ao mercado, receber pagamentos atempadamente e a maximização da rentabilidade das suas viaturas a partir das cargas de retorno. O facto de toda a interacção ser em tempo real dinamiza o transporte e agrega valor a ambas as partes.

Arrancaram no começo da pandemia; foi dif ícil enf rentar um mercado que já se caracteriza por uma cultura conservadora, numa fase particularmente constrangedora para as empresas que foram obrigadas a alterar drasticamente o seu modus operandi e reinventar a sua abordagem ao mercado. Apesar deste período de adversidades, o transporte foi uma das áreas privilegiadas, uma vez que dele dependem vários outros sectores. Outro dos grandes desaf ios que tiveram foi o de gerir o processo de fund raising e garantir um crescimento da operação em simultâneo, dada a dimensão reduzida da equipa.

Para os transportadores, as vantagens da Appload são essencialmente o acesso ao mercado, receber pagamentos atempadamente e a maximização da rentabilidade das suas viaturas a partir das cargas de retorno

Actualmente, tencionam consolidar a sua posição no mercado doméstico, garantindo que o uso do seu aplicativo responda à demanda para as principais rotas do país, particularmente para os sectores de agricultura, saúde e construção. Numa perspectiva a curto prazo, pretendem aumentar consideravelmente o volume de negócio proveniente do transporte transf ronteiriço, com foco nos seguintes países: Áf rica do Sul, Malawi, Zimbabué e Zâmbia. Pretendem também ganhar robustez na sua estrutura organizacional, com um peso acentuado na equipa de desenvolvedores (TICs), uma vez que têm uma série de novas funcionalidades calendarizadas que respondem às necessidades do mercado identif icadas durante o primeiro ano de operação. A visão a médio-longo prazo é de estabelecerem a Appload em mercados vizinhos, através da abertura de escritórios nos mercados estratégicos na SADC, ambicionando tornar-se uma empresa de peso na região.

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“A interpretação dos dados para a optimização das rotas no transporte e armazenamento de carga faz parte da visão a médio longo-prazo da Appload” Frederico Silva - Co-founder & CMO

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was then that she realized that a book detailing the potential and shortcomings of what is a crucial market for the Southern African region would not solve the problem on its own. And so Appload was born, an online platform that bridges the gap between logistics operators and customers looking for solutions to transport cargo.

This is how the platform works:

It would not be possible to talk about the origin story of this idea without first talking about Claire, the CEO and founder of Appload.

Claire is French, holds a degree in transport engineering, and has professional experience in large infrastructure projects in the Middle East and West Africa.

It was after a season in Benin and Niger that Claire headed to the US, to complete her Master's degree at Harvard and begin collaborating with the IFC (International Finance Corporation). At some point, she was invited by a friend from MIT to work in Mozambique as co-author of a book about the country's logistics sector. After travelling across Mozambique from the Rovuma to Maputo (north to south), and interviewing more than 50 companies, she realized that, despite investments in infrastructure, there were still several constraints that limited the potential of this sector. The cost of transporting goods from the South to the North of Mozambique can add up to twice the cost of transporting goods inbound from China; there are frequent examples of products from the agricultural and health sectors deteriorating due to lack of timely transport solutions; and brokerage fees by intermediaries in this process can add up to 40% of the total transportation cost. It

• Customers register on the platform and lodge a request for cargo transport by filling in a form stating the load´s characteristics; • Service providers are notified of the request, and submit an offer specifying the price and vehicles to be used, among other aspects; • Customers choose the best offer, pay, monitor the cargo until it reaches its destination and leave an evaluation of the services rendered.

The platform benefits the customer, since it brings transparency to the process and optimizes procurement, reduces costs and allows for a better control over the transport whilst en-route. For service providers (carriers), the advantages are essentially market access, receiving payments on time and maximizing the profitability of their vehicles with return cargo. The fact that all interaction is in real time streamlines transport and adds value to both parties.

The start of the operation was only possible thanks to individual investors who believed in the platform's potential. Raising enough capital for the first year of operation was undoubtedly a very important milestone. During this period, the company assembled a young team made up of local talent that allowed Appload to register more than 150 transport companies across the country, representing a universe of around 3,000 trucks. Furthermore, they validated the plat-

form by going over 100,000 km to transport more than 5,000 tons of cargo for various customers, not only in the domestic market, but also to South Africa and Eswatini (Swaziland).

They launched the platform at the beginning of the pandemic, and it was difficult to face a market that is already characterized by a conservative culture. This was also a particularly difficult time for companies, which were forced to drastically change their modus operandi and reinvent their approach to the market. Despite this period of adversity, transportation was one of the privileged sectors, as several other sectors of the economy depend on it. Another major challenge Appload had was to manage the fundraising process whilst simultaneously ensuring the growth of the operation, given the small size of the team.

They are currently focused on consolidating their position in the domestic market, ensuring that their application responds to the demand for the main routes in the country, particularly in the agriculture, health and construction sectors. In the short-term, they intend to considerably increase the turnover for cross-border transportation, with a focus on the following countries: South Africa, Malawi, Zimbabwe and Zambia.

They also intend to strengthen their organizational structure, with a strong emphasis on their team of software developers (TICS), since they have a series of upcoming scheduled launches for new features developed in response to market needs identified during the first year of operation. The medium-long term vision is to establish Appload in neighboring markets, through opening offices in strategic markets in SADC, aiming to become a strong company in the region.

The platform benefits the customer, since it brings transparency to the process and optimizes procurement, reduces costs and allows for a better control over the transport whilst en-route 92 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 93

Smooth a nd F r es h Ideas for your company!

Neste momento em que somos todos tão frágeis, e por isso obrigados a ficar o mais possível em casa, a equipa da Veludo & Mentol continua a fazer tudo pelos clientes e suas empresas, apostando na pertinência dos ideiais que transmite.

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As nossas marcas

O que pensa Moçambique

Sabias que

HIBISCUS GIN AND TONIC INGREDIENTES: 50 ml de Inverroche Classic Gin 200 ml de hibiscus tonic Gelo em cubos 1 rodela de limão 1 alecrim e tomilho COPO: Taça de Gin MODO DE PREPARAÇÃO:

Encher a taça de gin com gelo em cubos, de seguida adicionar o gin, uma rodela de limão e o hibiscus tonic. Decorar com alecrim e/ou tomilho

96 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

Fotografia: Mariano Silva

Sabias que

Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 97

HIBISCUS GIN AND TONIC INGREDIENTS: 50 ml of Inverroche Classic Gin 200 ml of Hibiscus tonic Ice cubes 1 Slice of Lemon 1 Rosemary and/or Thyme sprigs, to garnish GLASS: Gin Balloon PREPARATION: Fill the gin glass with ice cubes, then add the gin, a slice of lemon and the hibiscus tonic. Garnish with rosemary and/or thyme sprigs

98 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

Did you know

A SOLUÇÃO NA PREVENÇÃO, MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO

• Prestação de serviços • Manutenção Industrial • Formação técnica e engenharia • Montagem de equipamentos industriais

INFORMAÇÕES: Celular: +258 85 012 24 31 Email: geral@engitech.co.mz

Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 99

Escrito por: Louiggi

Júnior

Fotografia: Mariano Silva

Escrito por: Louiggi

Júnior

“A moda tem muito a ver com o sonhar, mas eu não sou um sonhador! A minha filosofia é a inclusão do comum nas tendências de moda” As subtis criações de Mwhandro Mangoba, estilista de personalidade reservada, reflectem a sua crença na beleza daquilo que se define carinhosamente por Djele, Back to N'tima, Sura Yako, Baco experience. Filho de Alexandre Xandrique Jossai Magos e Joaquina Maria António, modista, nasceu em Maputo, onde reside. No seguimento das suas colecções, foi-lhe atribuído o stand da semana de moda Maputo no ano de 2016.

Tanto o vestuário feminino como o masculino de Mwhandro se baseiam na ancestralidade e na modernidade da vida, o que não significa que sejam titulados de normais. Pelo contrário, o estilista subverte o vestuário habitual utilizando o lugar-comum como fonte de inspiração. Nas peças com a sua assinatura, caracterizadas por uma aura palpável de calma e controlo, encontram-se elaborados trabalhos de estampagem, elástico em calças formais, camisas evasê e, por vezes, cintadas, entre outras propostas. São usados os mesmos materiais para homem e mulher, mas as linhas femininas sugerem uma certa austeridade, e as masculinas, um carácter suave. Desta forma, Mwhandro consegue atingir um equilíbrio desequilibrado.

Mwhandro Mangoba apresenta as suas colecções em Maputo, onde é conhecido por fazer desfiles fora de série, e as suas peças individuais e colecções são vendidas a lojas de mais de 30 países, por todo o mundo, sendo a Europa um dos seus mais importantes mercados.

Fotografia: Mariano Silva

MODA CAPITAL

Written by: Louiggi

Júnior

“Fashion has a lot to do with dreaming, but I'm no dreamer! My philosophy is to include the everyday in fashion trends" The subtle creations of Mwhandro Mangoba, a fashion designer with a reserved personality, reflect his belief in the beauty of collections he affectionately named D jele, Back to N'tima, Sura Yako, Baco experience.

Son of Alexandre Xandrique Jossai Magos and Joaquina Maria António, a seamstress, he was born and lives in Maputo. For his collections, he was given a stand at the Maputo Fashion Week event in 2016.

Mwhandro´s garments for men and women are both based on ancestry and modernity, which nevertheless isn´t the same as saying that we should term them “normal”. On the contrary, the stylist subverts everyday clothing using the ordinary as a source of inspiration. In his signature pieces, which would otherwise be characterized by a palpable aura of calm and control, we f ind elaborate print works, elastic in formal pants, flared shirts and, sometimes, belted shirts, among other offerings. The same materials are used for both men and women´s garments, but the women´s silhouettes suggest a certain austerity, whereas the masculine ones reveal a soft character. In this way, Mwhandro manages to achieve balance in imbalance.

Mwhandro Mangoba presents his collections in Maputo, where he is known for making outstanding fashion shows, and his individual pieces and collections are sold in stores in more than 30 countries all over the world, with Europe being one of his most important markets.

“Fashion has a lot to do with dreaming, but I'm no dreamer! My philosophy is to include the everyday in fashion trends” 104 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 105

Fotografia: Mariano Silva

MODA CAPITAL

Fotografia: Mariano Silva

INTIMIDADE Intimidade nem sempre é sobre tirar a roupa, É sobre despir-se sem precisar de mostrar o corpo.

Tem gente que se despe num café, sem maquilhagem, de olhos borrados de rímel, sem lingerie vermelha. É sobre rir sem ter medo de passar vergonha.

Intimidade não é sobre sexo, É dividir medos e inseguranças, É expor fraquezas sem se sentir incapaz, É dividir as conquistas e também renúncias, É ter a certeza de que a felicidade será em dobro se for partilhada.

Intimidade é sobre levar um café as 11 horas da noite, enquanto o outro conquistas sonhos, Intimidade é amar numa segunda às 8 com mesma intensidade de uma sexta às 20.

Intimidade são momentos de cumplicidade, é ser não é "fazer".

Yaniza Nizamodine

ONDE VIVE A ESPERANÇA Recentemente adicionado ao catálogo da plataforma de streaming Netflix, Onde Vive a Esperança é um poderoso documentário que retrata a realidade de mulheres brutalizadas pela violência sexual na República Democrática do Congo e que recuperam de traumas f ísicos e emocionais numa espécie de centro de reabilitação feminino denominado Cidade da Alegria.

O

documentário acompanha o percurso da primeira turma de alunas deste notável centro, criado pelo médico ginecologista Dr. Denis Mukwege (nomeado para o prémio Nobel da Paz em 2016) em parceria com a dramaturga Eve Ensler (Monólogos da Vagina) e a activista de direitos humanos Christine Schuler-Deschryve. Aqui, várias mulheres recebem tratamento médico e psicológico, assim como aulas de autodefesa e exercícios de auto-estima, com o propósito de combater lesões psicológicas e motivar outras mulheres que tenham passado por si-

tuações devastadoras de extrema violência. Dessa forma, as mulheres do centro adquirem atributos que permitirão tornarem-se líderes de suas comunidades ensinando outras mulheres a se defenderem.

Onde Vive a Esperança, dirigido por Madeleine Gavin, tem uma trilha sonora densa e uma atmosfera pesada, no entanto, permite perceber que, para além da catástrofe, existe a esperança, sendo inspirador notar que as vítimas, juntas, conseguem vislumbrar um novo ideal de comunidade, passando de sobreviventes a líderes.

Onde Vive a Esperança é um poderoso documentário que retrata a realidade de mulheres brutalizadas pela violência sexual na República Democrática do Congo e que recuperam de traumas físicos e emocionais

CITY OF JOY Recently added to the streaming platform Netflix, City of Joy is a powerful documentary that portrays the day-to-day life of women brutalised by sexual violence in the Democratic Republic of Congo, and their recovery f rom physical and emotional trauma in a women´s rehabilitation centre named City of Joy. The documentary features and follows the progress of the f irst class of students at this remarkable centre, created by gynecologist Dr. Denis Mukwege (nominated for the Nobel Peace Prize in 2016) in partnership with playwright Eve Ensler (The Vagina Monologues) and human rights activist Christine Schuler-Deschryve. At the centre, several women receive medical and psychological treatment, as well as self-defense classes and self-esteem exercises, intended to assist them in combating psychological injuries and motivating other women who have been through devastating situations

of extreme violence. In this way, the women at the centre acquire skills that will allow them to become leaders in their communities by teaching other women to defend themselves.

City of Joy is directed by Madeleine Gavin, with a dense soundtrack rendered in a sombre atmosphere. Nevertheless, it speaks of what can be on the other side of catastrophe: hope. It is inspiring to note that the victims, together, can glimpse a new kind of community, going f rom survivors to leaders.

Women who've been sexually brutalized in war-torn Congo begin to heal at City of Joy, a center that helps them regain a sense of self and empowerment.

112 - Setembro/September 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 40

Revista Xonguila © ™ Ed. 40 • Setembro/September 2021 - 115