Revista Xonguila Nº38

Publicação mensal • Julho 2021 • Edição nº 38 • Ano 04 • 300 MZN • www.xonguila.co.mz

SUSSURRO

ABSA

Apoiando o sector da cultura

Supporting the arts and culture sector

Um recanto de luxo e tranquilidade A haven of luxury and tranquillity

DAVID DIAS

Divulgando Moçambique e seus artistas Broadcasting Mozambique and its artists

ECOTURISMO

A aposta da Reserva Especial de Maputo The Maputo Special Reserve is betting on Ecotourism

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CTZ/GF/0714

TRÊS ANOS CONSECUTIVOS BEST TRADE FINANCE

Pelo terceiro ano consecutivo o Millennium bim é Best Trade Finance em Moçambique.

O prémio atribuído pela conceituada revista internacional Global Finance, é o reconhecimento da capacidade do Banco em criar soluções inovadoras e personalizadas, para apoiar o crescimento e o sucesso das Empresas em Moçambique.

A todos os Clientes o nosso muito obrigado.

Relaxe

“O Sussurro tem 6 bangalôs espaçosos, completamente circunscritos pela natureza, com todas as valências para receber com o maior dos confortos os hóspedes mais exigentes”

4 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 5

Fotografia: Cortesia de Sussurro Lodge

Relaxe

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Fotografia: Cortesia de Sussurro Lodge

“Oferecemos um leque vasto de actividades personalizadas, como safaris em dhows, mergulho, snorkel, piqueniques nas ilhas próximas, passeios românticos para casais, entre muitas outras experiências” 6 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Relaxe

Sarah Birkett, proprietária, na primeira pessoa “O Sussurro é um boutique hotel localizado na península de Nhamabue, nas margens isoladas de uma lagoa azul-turquesa em Inhambane, no sul de Moçambique. Tem 6 bangalôs espaçosos, completamente circunscritos pela natureza, com todas as valências para receber com o maior dos confortos os hóspedes mais exigentes.

S

omos um espaço que celebra a cultura material e artesanal africana, procurando apoiar os artesãos locais, exibindo e vendendo artesanato moçambicano na propriedade. Dispomos de uma biblioteca, piscina, bar, deck de ioga e uma praia reservada. A gastronomia do nosso restaurante é uma fusão entre a cozinha moderna e a da África Oriental, utilizando somente produtos regionais frescos, do oceano para a mesa, ou directamente da nossa própria horta. O que não podemos cultivar adquirimos nos fornecedores das proximidades, pois faz parte da nossa missão estimular os mercados locais.

ços de conservação e fazer com que estas iniciativas sejam apoiadas de forma significativa e verdadeiramente sustentável.

Embora nos dediquemos com o maior dos empenhos, sabemos que nunca alcançaremos o nível máximo da perfeição. Estamos interessados na jornada, aprender e crescer e, finalmente, tornarmo-nos pessoas melhores e uma equipa robusta. O crescimento lento e orgânico é o caminho que consideramos mais valioso.

Reconhecer a lentidão neste processo é a chave para permanecer forte na ética e nos valores do Sussurro.”

Oferecemos um leque vasto de actividades personalizadas, como safaris em dhows, mergulho, snorkel, piqueniques nas ilhas próximas, passeios românticos para casais, entre muitas outras experiências. Mesmo durante os tempos difíceis que nos assolam, vamos recebendo bastantes turistas internacionais e locais.

Temos somente 6 suítes, ou seja, capacidade apenas para 12 hóspedes na propriedade ao mesmo tempo, o que significa que os hóspedes podem viajar em “bolhas” de família ou círculos restritos de amigos, permitindo que os grupos fiquem mais seguros.

Os nossos padrões de limpeza são extremamente elevados, uma vez que estamos a fornecer um produto de luxo. Privilegiamos as actividades em espaços abertos, cozinhas arejadas, decks, varandas, e temos o cuidado de não permitir que os hóspedes passem muito tempo em frente aos ecrãs, pois queremos que aproveitem a oportunidade ao máximo, de forma a se desconectarem completamente. Um antídoto holístico natural para uma época em que muitos se sentem sufocados pelo stress do dia-a-dia.

Para o futuro, pretendemos oferecer aos nossos visitantes novas soluções exclusivas de safari, pois acreditamos que não há razões para que os viajantes tenham que se deslocar do país para poderem usufruir de experiências de vida selvagem. Nos últimos anos, os programas de conservação e reflorestamento em Moçambique têm crescido imenso, sendo que temos a oportunidade de apresentar verdadeiros esforRevista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 7

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"Our cleanlines are extremely are providin produ

8 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

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Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 9

Fotografia: Cortesia de Sussurro Lodge

ss standards y high as we ng a luxury uct"

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Sarah Birkett, owner, in the first person “Sussurro is a boutique hotel located on the Nhamabue peninsula, on the secluded shores of a turquoise lagoon in Inhambane, southern Mozambique. It has 6 spacious bungalows, completely surrounded by nature, with all the necessary amenities to welcome the most demanding guests with the greatest comfort.

Our space celebrates African material and artisanal cultures, seeking to support local artisans, and exhibiting and selling Mozambican handicrafts on the property. We have a library, swimming pool, bar, yoga deck and a private beach.

Our restaurant offerings are a fusion of modern and East Af rican cuisine, using only fresh regional products, f rom the ocean to the table, or directly from our own vegetable garden. What we can´t grow, we acquire from nearby suppliers, as it is part of our mission to stimulate local markets.

We offer a wide range of personalized activities, such as dhow safaris, diving, snorkelling, picnics on nearby islands, romantic walks for couples, among many other experiences. Even during these difficult times, we are receiving a lot of international and local tourists. We only have 6 suites, meaning only 12 guests can be on the property at any one time, which means guests can travel in family “bubbles” or restricted circles of friends, allowing groups to be more secure.

Our cleanliness standards are extremely high as we are providing a luxury product. We favour activities in open spaces, airy kitchens, decks, balconies, and we are careful not to allow guests to spend too much time in front of screens, as we want them to make the most out of this opportunity to completely disconnect. A natural holistic antidote to a time when many feel suffocated by everyday stress.

In future, we intend to offer our visitors new exclusive safari solutions, as we believe that there is no reason for travellers to have to travel out of the country to enjoy wildlife experiences. In recent years, conservation and reforestation programs in Mozambique have grown significantly, and thus we have the opportunity to present real conservation efforts and see that these initiatives are supported in a meaningful and truly sustainable way.

Although we are extremely dedicated to what we do, we know that we will never reach the highest level of perfection. We are interested in the journey, in learning and growing and finally becoming better people and a strong team. Slow, organic growth is the path we consider to be most valuable. Recognizing slowness in this process is key to staying strong in Sussurro´s ethics and values.”

10 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Relaxe

“In future, we intend to offer our visitors new exclusive safari solutions, as we believe that there is no reason for travellers to have to travel out of the country to enjoy wildlife experiences”

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 11

Fotografia: Cortesia de Sussurro Lodge

“Recognizing slowness in this process is key to staying strong in Sussurro´s ethics and values”

12 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Acontece

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 13

Paladares à Solta Sumário

30

TURISMO

A Reserva de Maputo e o Ecoturismo The Maputo Special Reserve and Ecotourism

14 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Sumário

4

PALADARES À SOLTA/ PALATES ON THE LOOSE

RELAXE/RELAX

Sussurro, um óptimo escape para se desconectar Sussurro, a wonderful place to escape and disconnect

58

PROBREZA

64

DIÁSPORA

O Petisco, um bastião da gastronomia goesa em Maputo O Petisco, a bastion of Goan gastronomy in Maputo

COZINHA

Compreender a pobreza em Moçambique Understanding poverty in Mozambique

Aceita um saboroso filete de garoupa a vapor?

Would you like a tasty, steamed grouper fillet?

Carla Fonseca, uma artista nacional em Joanesburgo Carla Fonseca, a Mozambican artist in Johannesburg

CINEMA 35MM

Mwana Nketo, a história de uma paixão impossível Mwana Nketo, the story of an impossible love

70 106 110

SONS DA ALMA/ SOUNDS OF THE SOUL Nos bastidores do sucesso “Yaba Buluku” Behind the scenes with the creator of hit song “Yaba Buluku”

18

À CONVERSA COM/ TALKING WITH

David Dias, um apresentador muito querido por cá David Dias, the much-loved TV talk show host

46

O ABSA

78

e a sua forte aposta na cultura strong commitment to culture

FICHA TÉCNICA/BIOS Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares, Mariano Silva • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Mariano Silva • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Eliana Silva, Frederico Jamisse, Ivan Laranjeira, Neyde Cuna, Jaime Álvaro, Mariano Silva, Nuno Soares • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English)/: M. Gabriela Carrilho Aragão • Fotograf ia/Photography: Mariano Silva, Mário Cumbana • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Graf ismo/Visuals: Omar Diogo • Infograf ia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers:Nuno Lopes, Ana Piedade, Mariano Silva • Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira • Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares, Isabel Roque +258 820 008 314 - comercial@xonguila.co.mz • Impressão/Printing: Minerva Print • Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda • ISSN: ISSN-0261-661 • Registo/Register: 02/Gabinfo-dec/2018 • Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018) Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista.

The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 15

Editorial

Do Director / From the Director Caro Leitor

Dear Reader

Aqui estamos novamente, com novidades e reflexões sobretudo focadas em figuras, locais, eventos e outras acções dos nossos meios cultural, turístico e ambiental.

Here we are again, with news and reflections mainly focused on people, places, events and other activities from our cultural, tourist and environmental spheres.

Para esta 38ª edição, contamos com Ema Soares, a Directora de Cidadania do Absa Bank Moçambique, que nos explica o novo conceito de ‘africanicidade’ e descreve o inovador projecto de apoio às artes patente no Balcão Premier em Maputo. Está também presente David Dias, o prestigiado apresentador de televisão da RTP África que, com o programa “Conversas ao Sul”, muito tem contribuído para a divulgação de artistas e outras individualidades moçambicanas no mundo de língua portuguesa. Mariano Silva, o nosso fotógrafo, convida-o a acompanhar a expedição que fez pela Xonguila à Reserva Especial de Maputo, aquele rico pedaço do país que tem a particular característica de possibilitar a experiência de floresta e praia num só lugar. Apresentamos-lhe também o Sussurro, luxuoso Boutique Hotel pensado ao pormenor na província de Inhambane e várias outras peças que julgamos serem do seu interesse.

For this 38th edition, we bring you Ema Soares, Director of Citizenship at Absa Bank Moçambique, who explains the new concept of ‘Africanacity’ and describes the innovative project to support the arts, on display at their Premier Branch in Maputo. Also featured is David Dias, the prestigious RTP África TV presenter who, with the talk show Conversas ao Sul, has greatly contributed to the promotion of Mozambican artists and other individuals in the Portuguese-speaking world. Mariano Silva, our own photographer, invites you to accompany the expedition he made, on behalf of Xonguila, to the Maputo Special Reserve, that wonderful part of the country that has the peculiar characteristic of enabling one to experience both forest and beach in one place. We also spotlight Sussurro, a carefully thought-out luxury boutique hotel located in Inhambane province, and several other articles that we believe will be of interest to you.

Embora a Xonguila seja uma revista que procura essencialmente mostrar o que Moçambique tem de bom para oferecer, estamos atentos ao que se passa nos vários domínios da vida do país. Estamos com os nossos irmãos de Cabo Delgado, apelando para que lhes seja concedido todo o apoio possível e desejando que depressa se consiga pôr fim à tremenda situação que várias zonas da província têm vivido. Preocupam-nos também os índices de pobreza, aqui tratados num artigo de Carlos da Maia, e o agravamento que poderão vir a registar na fase que atravessamos.

Although Xonguila is a magazine that essentially aims to show all the good Mozambique has to offer, we are nevertheless connected to what is happening in the various spheres of life in the country. We stand with our brothers and sisters in Cabo Delgado, appealing for all possible support to be given to them and hoping that the tremendously difficult situation that various areas of the province have been experiencing will soon be brought to an end. We are also concerned about the current poverty indicators for the country, an overview of which is presented here in an article by Carlos da Maia, which also refers to a possible worsening of the situation given the current public health crisis.

Estamos perante a terceira vaga da pandemia que nos assola. A variante Delta revelou ser mais contagiosa do que as das vagas anteriores, e os números de casos, internamentos e óbitos aumentou consideravelmente por todo mundo. As únicas armas que temos à nossa disposição para combater este flagelo, nunca é demais repeti-lo, são as máscaras, a higiene, o distanciamento físico e as vacinas, que, embora já estejam a ser administradas em Moçambique, ainda não são suficientes para toda a população. Todo o cuidado é pouco, por isso mais uma vez recomendamos que esteja sempre atento e não baixe a guarda. Cuide-se e proteja os seus e os outros.

We are facing the third wave of the pandemic that is plaguing us. The Delta variant turned out to be even more contagious than those that preceded it, and the number of cases, hospitalizations and deaths has considerably risen around the world. The only weapons we have at our disposal to combat this scourge – and this is worth repeating – are masks, hygiene, physical distance and vaccines, which, although they are already being administered in Mozambique, are still not enough to reach the entire population. One cannot be too careful, so once again we recommend that you always be on alert and don't let your guard down. Take care and protect yourself and others.

Que este número da Xonguila lhe traga um maior conhecimento de Moçambique e proporcione instantes de agradáveis leituras! Obrigado por nos acompanhar.

We hope that this edition of Xonguila brings you greater knowledge of Mozambique and provides you with moments of pleasant reading! Thank for coming along with us on this journey.

Nuno Soares Com o apoio de:

16 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Director

Oferecemos a solução certa, para tornar os seus sonhos em realidade.

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Absa Bank Moçambique, SA (registado sob o número 101220982) é regulado pelo Banco de Moçambique.

À Conversa com

DAVID DIAS

Somos todos diferentes, só isso é incrível. E não sendo eu muito adepto de generalizações, adianto que os moçambicanos que tenho conhecido são resilientes – mesmo perante as mais cruéis adversidades – e optimistas

18 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Fotografia: Cortesia de David Dias

À Conversa com

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 19

“Em miúdo, agarrava na câmara de filmar que o meu pai tinha comprado para dar aso à minha criatividade e só a largava quando as minhas baterias acabavam” 20 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Fotografia: Cortesia de David Dias

À Conversa com

À Conversa com

DAVID DIAS Quem é David Dias? Fala-nos um pouco de ti e do teu percurso até chegar à RTP? Falar de mim é sempre ingrato, tendemos sempre a sobrevalorizar as qualidades e a diminuir os defeitos. Mas a verdade é que as características positivas e negativas moldam a minha personalidade. Sou persistente, exigente, dedicado, resiliente, o que pode ser tanto bom como mau, mas que tem sido importante para o meu percurso prof issional. Em miúdo, agarrava na câmara de f ilmar que o meu pai tinha comprado para dar aso à minha criatividade e só a largava quando as minhas baterias acabavam, ao f im do dia (Tanta reportagem e programas feitos! Foram aí as minhas primeiras horas de televisão a sério, uma vez que, depois de gravado, obrigava a família toda a assistir... Sof reram!). A verdade é que a partir daí a magia da televisão surgiu e nunca mais me largou, nem eu a larguei. Seguiram-se os estudos, confesso que com imensa vontade e gosto de aprender como este acto básico de comunicar af inal funciona. E foi mesmo durante a licenciatura que surgiu a oportunidade de estagiar na rádio, na Antena 1 – “Oh, não, a rádio!”, pensei eu.

Feito o estágio, chegou o fascínio. Af inal de contas, não era a televisão que me dava asas. Do que eu realmente gostava era de conhecer pessoas e de poder partilhar com o mundo as histórias que todas têm para contar. E isso podia fazer na rádio, na televisão, na Internet, onde eu quisesse. Fruto dessa vontade e de uma sorte única na vida, gostaram do meu trabalho e fui colocado na equipa de um programa da autoria de Jaime Fernandes – nome mítico da rádio e da televisão – a quem a minha vontade de fazer mais, fazer bem, convenceu. Daí a um convite para trabalhar na televisão passaram apenas alguns meses. Da rádio para a televisão, o gosto por conhecer e dar a conhecer pessoas continuou. A vontade de fazer perguntas, a pergunta. E talvez por toda essa energia surgiu o segundo convite, vindo de alguém que não conhecia e me surpreendeu. José Arantes, num acto de uma generosidade colossal, convida-me para apresentar um talk-show com uma missão nobre e verdadeira de unir margens, de celebrar diferenças, e, sobretudo, de olhar e tentar mudar o mundo. Não podia estar mais feliz. Oito anos depois do primeiro episódio, vibro de igual forma, tenho o mesmo entusiasmo em cada semana. Porque não há nada melhor do que conhecer pessoas e poder partilhar esse momento com o mundo.

Como surgiu a ideia de criação do programa

Conversas ao Sul? O Conversas ao Sul nasce do engenho da necessidade de aproximar o que estava demasiado longe. Os públicos pediam que existisse um espaço de partilha, de união, de ponte entre margens distantes. Temos um dos maiores activos do mundo: a língua – f ruto de um passado colonial abjecto e traumático, mas do qual devemos tirar o maior proveito possível como forma de celebração das diferenças e semelhanças culturais enquanto seres humanos. Esse espaço não existia em televisão, e é ainda hoje insuf iciente, pouco equitativo e pouco representativo na televisão em língua portuguesa. O meu sonho é que existam mais mil Conversas ao Sul por esse mundo fora, para que todos os que têm talento, intelecto, engenho e pensamento tenham palco para partilhar os seus ideais com o mundo.

O que o mais te surpreendeu desde o lançamento do programa?

Toda as semanas são surpreendentes. Não é exagero. São mesmo. O que mais me surpreende desde o primeiro episódio são as histórias de vida dos convidados. A capacidade de superação, de criatividade, de resiliência do Ser Humano é absolutamente avassaladora. Poder escutar testemunhos tão diferentes e tão fortes consegue ser sempre uma novidade, sempre surpreendente. É um privilégio.

Conversas com pessoas de todos os PALOP. Tem sido enriquecedor conhecer gente de tantas culturas diferentes, mas como uma língua em comum?

Somos todos diferentes, só isso é fantástico. E são precisamente essas diferenças que têm de ser celebradas. É o que nos enriquece enquanto humanidade. Acredito que é na diversidade que está o mote para a felicidade global. Celebremos isso mesmo!

Cada país é diferente, como descreverias o povo moçambicano?

Somos todos diferentes, só isso é incrível. E não sendo eu muito adepto de generalizações, adianto que os moçambicanos que tenho conhecido são resilientes – mesmo perante as mais cruéis adversidades – e optimistas, acreditando que Moçambique vai assumir-se enquanto país promotor do desenvolvimento humano, da paz, do crescimento dos rendimentos individuais e colectivos e garante da felicidade dos seus cidadãos – convicção que eu partilho.

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 21

À Conversa com

Depois de tantos entrevistados, existe algum momento ou convidado que te tenha marcado em especial? É impossível seleccionar um momento ou um convidado. Todos acabam por me marcar, e levo um bocadinho de todos para a minha vida.

Há experiências de vida que são surpreendentes, dificuldades que não imaginamos e quase impossíveis de ultrapassar, mas que foram superadas por aquela pessoa que olhamos ali, olhos nos olhos, ou vidas incríveis ao mais alto nível mundial, mas que não retiram em nada a humildade de determinado convidado. O ser humano fascina-me.

O formato do teu programa é bastante descontraído, e tem sido muito acarinhando pela África lusófona. Quão especial é para ti esse feito e como descreves a sensação de ser um ponto de união de todas estas comunidades?

No outro dia li um livro sobre a questão das migrações no continente americano rumo aos Estados Unidos da América, escrito por uma norte-americana a partir do ponto de vista de uma família mexicana. Dizia a autora (Jeanine Cummins), na nota final da obra, que compreendia as críticas de que poderia ser alvo por ser ela a contar aquela história e que sentiu muitas dúvidas ao escrever o livro, mas que, encorajada por uma amiga, decidiu avançar. Afinal, ela podia ser uma ponte para que a história fosse contada, e ali o importante era a história. O Conversas ao Sul é também isso: uma ponte que tem de ser erguida. E o melhor das pontes é que unem as duas margens por igual, e o meio é exactamente no meio para os dois lados. É muito gratificante poder fazer parte de uma equipa que, imbuída deste espírito, gosta de erguer pontes e encurtar distâncias.

Sabemos que gostas de pregar partidas e desafios aos teus convidados. Alguma vez pregaram-te alguma partida em directo?

Esse é um pensamento constante na equipa! Confesso-me um satisfeito alvo de partidas frequentes. E tive algumas surpresas que me emocionaram, como num aniversário repleto de mensagens de colegas e amigos generosos que se juntaram a mim naquele dia, ou alguns jogos que preparam sem o meu conhecimento e me fazem mostrar o meu melhor desportivismo (que, face ao número de derrotas que já tenho, diga-se que é bastante generoso).

Diz-nos 3 personalidades que admiras em Moçambique e porquê.

Pergunta difícil pela limitação do número. Optarei, por isso, por responder com personalidades que ainda não tive oportunidade de entrevistar – fica aqui desde já o convite. Em primeiro lugar, embora a ordem seja apenas sugestiva, diria Graça Machel. Pelo legado, pela energia, e sobretudo pela força. É uma mulher extraordinária, com um percurso de vida pública e privada repleto de acontecimentos, a quem gostaria de colocar várias questões. Depois, nas letras, Luís Bernardo Honwana, quer pelo percurso enquanto autor, figurando na lista dos nomes maiores da escrita do país, lado a lado com Mia Couto ou Paulina Chiziane (tendo tido já o privilégio de entrevistar ambos), bem como pelo percurso público. Desempenhou funções ao mais alto nível em diferentes organismos, das quais certamente existirão histórias interessantes. E, para juntar a este painel, a cientista Raquel Matavele – recentemente distinguida pela UNESCO pela investigação na luta contra a COVID-19. É um exemplo de como também as novas gerações de moçambicanos desejam contribuir para o país, seja lhes dado esse pódio.

Planos para o futuro? Pensas vir visitar o nosso país para breve?

Assim que seja possível, tendo em conta a evolução pandémica. Certamente estarei feliz em Moçambique para conduzir um especial do Conversas ao Sul, e para conhecer mais o país – que, pela sua dimensão e diversidade, implicará certamente muitas mais visitas.

22 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Fotografia: Cortesia de David Dias

Paladares à Solta

24 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Paladares à Solta

Fotografia: Cortesia de David Dias

Gostaria de entrevistar Graça Machel, pelo legado, pela energia, e sobretudo pela força. É uma mulher extraordinária, com um percurso de vida pública e privada repleto de acontecimentos

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 25

Fotografia: Cortesia de David Dias

Talking with

26 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Talking with

DAVID DIAS Who is David Dias? Can you tell us a little about yourself and your journey towards getting into RTP? Speaking about myself is always unsatisfactory; we always tend to overvalue our qualities and minimize our shortcomings. But the truth is, positive and negative traits shape my personality. I'm persistent, demanding, dedicated, and resilient, which can be both good and bad, but it has nevertheless been important in my career path. As a kid, I used to grab my father´s camcorder and give free rein to my creativity, and only return it when the batteries ran out, at the end of the day. (So much reporting and programs made! Those were my first hours of “serious” television, because I used to force the whole family to watch my videos...oh, how they suffered!). The truth is that from then on, the magic of television took hold of me and never left, nor did I leave it. Studies [in communication] followed, which I admittedly undertook with gusto and an immense desire to learn how this basic act of communicating ultimately works. And it was indeed during undergrad studies that the opportunity to intern at the Antena 1 radio came up – “Oh no, the radio!”, I thought. After the internship, the fascination took hold. I realised that it wasn't necessarily television that gave me wings, after all. What I really enjoyed was meeting people and sharing their stories, which we all have. And that I could do that on the radio, on television, on the Internet, wherever I wanted. As a result of that will and a unique luck in life, they liked my work and was placed on the team of a program written by Jaime Fernandes – a mythical household name in radio and television circles – who was ultimately convinced by my desire to do more and do it well. From then on, it was only a matter of months before I received an invitation to work in television. From radio to television, the love for meeting people and making them known to others persisted. The willingness to ask questions, the question. And maybe because of all that energy, there came the second invitation from someone I didn't know and that surprised me. José Arantes, in an act of colossal generosity, invited me to present a talk-show with a noble and true mission to unite shores, to celebrate differences and, above all, to look at and try to change the world. I couldn't be happier. Eight years on since the first episode, I am still thrilled in the same way, still have the same enthusiasm every week. Because there is nothing better than meeting people and being able to share that moment with the world.

How did you come up with the idea of the program Conversas ao Sul? Conversas ao Sul (“conversations with the south”) was born f rom the need to bring closer what was too far away. The audiences asked for a space to share, to unite, to bridge between distant shores. We have one of the world's greatest assets: language – the result of an abject and traumatic colonial past, but which we must make the most of as a way of celebrating cultural differences and similarities as human beings. This space did not exist on television, and it´s still insuff icient, inequitable and underrepresented in Portuguese-language television. My dream is that there are a thousand more Conversas ao Sul around the world, so that everyone with talent, intellect, ingenuity and thoughtfulness will have a stage to share their ideals with the world.

What has surprised you the most since the program's launch?

Every week is amazing. That´s not an exaggeration. They really are. What surprises me the most since the f irst episode are the guests' life stories.

The human being´s capacity for overcoming the odds, for creativity, for resilience, is absolutely overwhelming. Being able to hear such different and strong testimonials always manages to be a novelty, always surprising. It's a privilege.

You have conversations with people f rom all over PALOP. Has it been enriching to meet people f rom so many different cultures, who nevertheless share the same language?

We are all different, that alone is fantastic. And it´s precisely these differences that have to be celebrated. It's what enriches us as humanity. I believe that diversity is the key to global happiness. Let's celebrate that!

Each country is different…how would you describe the Mozambican people?

We are all different, that alone is amazing. And even though I am not very adept at generalizations, I can say that the Mozambicans I have known are resilient – even in the face of the most cruel adversities – and optimistic, believing that Mozambique will aff irm itself as a country that promotes human development, peace and individual and collective income growth, and guarantees the happiness of its citizens – a conviction I share.

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 27

Talking with

After interviewing so many, is there a specific moment or guest that has left a particular impression on you?

It´s impossible to select a moment or a guest. Everyone ends up leaving an impression on me, and I take a little bit of everyone into my life. There are life experiences that are surprising, difficulties that we don’t even imagine and are almost impossible to overcome, and yet were overcome by the person right in front of us, meeting us eye-to-eye; or incredible lives lived at the highest level in the world, but that do not take anything away from the humility of a particular guest. The human being fascinates me.

Fotografia: Cortesia de David Dias

The format of your show is very relaxed, and it has been cherished by Portuguese-speaking Africa. How special is this achievement to you and how do you describe the feeling of being a uniting platform for all these communities?

The other day I read a book on the issue of migration in the American continent, from other countries towards the United States of America, written by a North American from the point of view of a Mexican family. The author (Jeanine Cummins), in the book´s end note, said that she understood the criticisms that could be levelled at her for being the one to tell that story, and that she herself had many doubts about writing the book, but that, encouraged by a friend, she decided to carry on regardless. After all, she could serve as a bridge for the story to be told, and that the important thing here was the story itself. Conversas ao Sul is that, too: a bridge that has to be built. And the best thing about bridges, is that they join two shores in equal measure, and their middle is the exact middle to both sides. It´s very rewarding to be part of a team that, imbued with this spirit, likes to build bridges and shorten distances.

28 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Talking with

We know you like to prank and challenge your guests. Have they ever played a prank on you on live TV? This happens all the time with the team! I confess to being the happy target of frequent pranks. And also of some surprises that moved me, such as a birthday full of messages from generous colleagues and friends who joined me that day, or some games they prepare without my knowledge, forcing me to display my best sportsmanship (which is a generous statement, considering the number of losses I have accumulated).

Tell us 3 public figures you admire in Mozambique? And why?

It´s a difficult question due to the number limitation. Therefore, I prefer to respond with personalities that I haven´t yet had the opportunity to interview – and this here is their invitation. First, and although the order is merely indicative, I would say Graça Machel. For her legacy, her energy and, above all, for her strength. She is an extraordinary woman, with eventful public and private lives, to whom I would like to ask several questions. Then, in the writerly world, it would be Luís Bernardo Honwana, because of his career both as an author, appearing in the list of the greatest writers in the country, side by side with Mia Couto and Paulina Chiziane (both of whom I had the privilege of interviewing), as well as his career in the public sector. He performed functions at the highest level in different governing bodies, of which there will certainly be interesting stories. And, to join this panel, scientist Raquel Matavele – recently distinguished by UNESCO for her research in the fight against Covid-19. She´s an example of how the new generations of Mozambicans also want to contribute to the country, if given a perch to stand on.

Do you have any plans for the future? Are you thinking of coming to visit our country soon?

As soon as possible, depending on the evolution of the pandemic. I will certainly be happy to conduct a special of Conversas ao Sul in Mozambique, and to know more about the country – which, due to its size and diversity, will certainly require many more visits.

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 29

Ecoturismo A aposta da Reserva Especial de Maputo Escrito por:

Mariano Silva A ansiedade, naquela tarde de quinta-feira, aumentava gradualmente, enquanto os quilómetros para chegar ao portão principal da Reserva Especial de Maputo (REM) iam diminuindo. Seria a minha primeira vez na reserva, um espaço que ainda não tinha tido a oportunidade de visitar. A Xonguila fora convidada a fazê-lo pela ANAC (Administração Nacional das Áreas de Conservação) e a Peace Parks Foundation (PPF) no quadro do lançamento do acampamento de Membene, na costa, reservado para o final de uma visita de 5 dias. Decidi relatar aqui essa aventura como história pessoal porque, sendo a primeira vez que lá fui, seu impacto foi grande e fruto de uma experiência única. Assim, este artigo é de carácter subjectivo, pelo que o leitor, tendo já visitado ou não o espaço, poderá

opinar de forma diferente.

Cheguei aos escritórios centrais, o ponto de encontro marcado, com uma hora de atraso, devido a algumas peripécias antes de partir de Maputo. A restante comitiva já estava instalada no acampamento de Xinguiti, junto à lagoa com o mesmo nome. Separavam-nos ainda 45 minutos de estrada arenosa só admissível para veículos 4x4. Também isto era novo para mim, conduzir em trilhos puramente todo-o-terreno, e foi uma experiência muito interessante, principalmente porque desconhecia o comportamento do carro naquele tipo de via. O meu maior receio era ficar enterrado na areia, mas, felizmente, foi algo que acabou por não acontecer. Dividi a atenção sobre a estrada com alguns animais que se cruzavam

connosco no caminho, entre eles um jovem elefante que se alimentava na orla do bosque, mas que rapidamente se desvaneceu por entre a folhagem densa. Os primeiros sinais da infra-estrutura do acampamento de Xinguiti que surgiam ao longo da estrada deixavam adivinhar um espaço organizado e bem planeado, expectativas essas que não viriam a ser defraudadas após chegar ao destino.

Uma brecha entre a muralha formada pelo

arvoredo deixava antever um cenário paradisíaco ao redor da lagoa Xinguiti, que se fazia acompanhar de uma panóplia de sons de inúmeras aves e hipopótamos desfrutando da sua riqueza. Após me deliciar por algum tempo com a paisagem, chegou a vez de montar tenda no acampamento. Sim, o objecto da visita era mostrar aos órgãos de comunicação social o potencial do ecoturismo em diversos pontos da REM, sendo a lagoa Xinguiti um dos principais polos de destino.

Fotografia: Mariano Silva

“Uma brecha entre a muralha formada pelo arvoredo deixava antever um cenário paradisíaco ao redor da Lagoa Xinguiti”

ECOTURISMO

Actualmente o espaço conta com 6 lotes para campismo, albergando cada um deles um balneário equipado com duas bacias para higiene pessoal, um sanitário e um duche de água quente. Adicionalmente, poderão encontrar-se uma bacia dupla para lavagem de loiça e 3 f ichas USB para carregamento de equipamentos electrónicos. Para além do balneário, cada lote possui 3 a 4 ilhas para a montagem de tendas. A iluminação do acampamento é garantida até às 22 horas, provisoriamente através de gerador, que se encontra bastante afastado, não causando qualquer perturbação durante o sono.

Na minha perspectiva, trata-se de uma excelente oportunidade para os moçambicanos amantes da natureza desf rutarem de um espaço de excelência a pouco mais de duas horas de carro de Maputo, óptimo para passar um f im-de-semana com a família e amigos e apreciar as magníf icas paisagens que se desenrolam em redor da lagoa

Xinguiti. Mesmo para quem não se sinta confortável em dormir no seio da natureza selvagem é uma excelente oportunidade de convívio por um só dia, a preços bastante acessíveis, com a particularidade de poder alugar em exclusivo um lote, com o respectivo balneário, apenas para si e a sua família.

Ao cair da noite, reunimo-nos todos em redor da fogueira e iniciou-se a troca de experiências entre os convidados, ao sabor de um suculento bife no churrasco preparado pelo responsável pelo desenho da inf ra-estrutura actual do acampamento, o arquitecto sul-af ricano Niel Crafford, que conta com uma vasta experiência no desenvolvimento de inf ra-estruturas para turismo

32 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

sustentável em reservas e parques naturais por toda a Áf rica Austral. Falou-se um pouco de tudo, mas o assunto dominante foram as potencialidades da Reserva Especial de Maputo no que respeita à atracção de visitantes, quer moçambicanos, quer da vizinha Áf rica do Sul, para a prática do ecoturismo.

A alvorada anunciou-se tímida, por entre um nevoeiro cerrado que apenas se dissipou pelo f inal da manhã. O plano seria desf rutar da paisagem e da fauna até chegarmos ao escritório central, onde o administrador das Reservas Especial de Maputo (REM) e Marinha Parcial da Ponta do Ouro (RMPPO), Miguel Gonçalves, iria fazer uma apresentação da REM e da RMPPO. O nevoeiro formava uma barreira entre nós e as magníf icas paisagens, mas ainda assim conseguimos vislumbrar espaços muito atractivos no que respeita a beleza natural, incrementados com um toque de misticismo devido à neblina.

Miguel Gonçalves (da ANAC) e Antony Alexander (da PPF) apresentaram o que é presentemente a REM e os planos para o futuro envolvendo a integração da RMPPO na criação de um grande parque nacional que poderá ter interacção transf ronteiriça com as reservas adjacentes da vizinha Áf rica do Sul e Eswatini, o que cimentou ainda mais a minha perspectiva do enorme potencial turístico que esta região tem para oferecer, matéria que contamos aqui trazer em breve. Foram abordados também os planos de ampliação das facilidades dos acampamentos de Xinguiti e Membene, a serem executados num futuro muito próximo. Ambos os locais contarão com a construção de chalets e um restaurante. No caso particular de Xinguti, os

ECOTURISMO

chalets terão vista panorâmica, privilegiando-se uma vista elevada sobre a lagoa. Em Membene, por seu turno, o visitante terá a oportunidade de usuf ruir de uma vista idílica sobre a praia adjacente. Os planos da ANAC e da PPF não se f icam por aqui. Está previsto implementarem-se vários spots de piqueniques e locais de campismo rústico, ao longo de quase 200 km de trilhos 4x4, em pontos estratégicos para avistamento de vida selvagem.

Após a visita aos escritórios centrais, dirigimo-nos para a planície dos elefantes. A minha expectativa era a de que aqui veríamos bastantes animais desta espécie, mas infelizmente isso não foi possível. A REM conta presentemente com mais de 400 elefantes, 4 manadas de búfalos (que infelizmente não cheguei a avistar), girafas, zebras, e toda a restante fauna comummente avistada em parques naturais af ricanos, com excepção de leões, rinocerontes e chitas.

Antony Alexander, responsável da PPF em Moçambique, revelou os planos para a libertação, já no próximo mês de Setembro, de quatro chitas nas planícies da reserva. Em Março de 2021, mais animais desta espécie serão aqui libertados, pelo que me autoconvidei de imediato para fotografar este que será um marco histórico da REM, e espero trazer-vos também em breve esses registos.

De regresso ao acampamento de Xinguiti para passarmos a segunda noite, tivemos a oportunidade de ver uma gama variada de aves ao largo da lagoa, incluindo a fantástica águia pesqueira, com o seu pescoço branco bem distinto do das outras espécies de águias. Hipopótamos e

crocodilos também estiveram ao nosso alcance.

Aconselho a quem lá vá que se faça acompanhar por um par de binóculos para melhor poder observar a fauna selvagem.

Pude f inalmente ver o nascer do sol sobre a Lagoa Xinguiti na manhã de sábado. É um cenário de cortar a respiração para aqueles que apreciam a natureza no seu estado mais selvagem. O azul da lagoa, entrelaçado com o reflexo laranja do sol nascente, proporcionou-nos um espectáculo de luz inigualável.

Deixámos o acampamento onde pernoitámos por duas noites e o nosso destino era agora a Lagoa Nela, não sem antes passar por extensas planícies com animais de entre os quais se destacavam manadas de gnus. Tinha a percepção de que a reserva Especial de Maputo era relativamente pequena, mas não poderia estar mais errado. É uma vastidão enorme de pradarias,

bosques, colinas, lagos e lagoas, e, com alguma sorte, podem ver-se alguns animais bem de perto. A ANAC e a Peace Park Foundation proporcionaram-nos uma oportunidade única, pois pudemos percorrer trilhos que normalmente são vedados ao público. Nessas incursões, f iquei maravilhado com a imensidade das planícies quando avistadas a partir das colinas. Não tenho palavras para descrever tamanha beleza natural e posso dizer que as fotograf ias muito f icam a dever à sua verdadeira essência. Os tão expectados elefantes f inalmente se f izeram mostrar, uma manada pastava entre capim alto junto a um pequeno charco. Estavam longe, mas foi bom assim, não perturbámos a serenidade dos paquidermes com a nossa estranha presença.

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 33

Para o fim desta jornada no terceiro dia estaria para vir ainda um cenário mais idílico do que todos quantos vimos horas antes; chegámos, finalmente, ao acampamento da Lagoa Nela. Ali tínhamos disponíveis instalações básicas para a prática de campismo, uma casa de banho, chuveiro de balde e lava-loiça. É, sem dúvida, um espaço para a prática de campismo para os mais audazes, mas, em jeito de prémio, a paisagem é merecedora para quem faz o esforço para ali chegar e pernoitar. O melhor estaria para vir ainda. Com o pôr-do-sol e o vento contra, diversos animais abeiraram-se da lagoa para saciar a sede.

Para muitos deles a nossa presença passou despercebida, a pouco mais de uma centena de metros. A noite caiu rapidamente, e a luz emanada pelas chamas da fogueira foi lutando contra o cintilar do céu coberto de estrelas, um espectáculo magnífico.

A meio da noite, cerca das 03:30, acordei de sobressalto com o “ronronar” de uma manada de elefantes que passou por ali perto para se reabastecer de água na lagoa. Confesso que foi para mim um momento de tensão; para os outros, nem por isso, a julgar pela forma como ressonavam nas suas tendas, mais parecendo estarem a despique com os elefantes.

Na manhã do quarto dia faríamos a viagem até ao acampamento de Membene, com uma pequena incursão pela maior lagoa da reserva, a Lagoa Piti. O caminho apresentou-se muito complicado, tínhamos sido avisados disso. Puxou ao máximo pela destreza dos condutores devido aos sulcos profundos na estrada e areia solta, que já havia reclamado algumas viaturas, enterradas dias atrás. Eu estava um pouco apreensivo, mas a caravana acabou por percorrer o trilho sem nenhum percalço. Ao longo da margem da lagoa pudemos observar alguma actividade pesqueira, apenas permitida a alguns membros das comunidades locais para sustento das famílias.

O tempo que tinha disponível não me permitiu visitar a ponta Dobela, aquela de que se diz ser talvez o único ponto do mundo onde se podem ver dois dos maiores mamíferos do planeta, o elefante, na planície, e a baleia jubarte (baleia corcunda), no mar. É uma questão de probabilidade, é claro, será pequena, mas é justamente por isso que esse pequeno pedaço de terra é conhecido e visitado propositadamente.

34 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Chegámos finalmente a Ponta Membene e respectivo acampamento. Fiquei surpreendido com o que tinha perante mim. Do lado continental da duna primária encontrava-se o acampamento, cujas facilidades eram similares às do acampamento da Lagoa Xinguiti, embora em Membene haja a particularidade de se poder encontrar do outro lado da duna uma praia pristina

Ficámos assim a par da aposta forte destas duas instituições (a ANAC e a PPF) no desenvolvimento do ecoturismo na Reserva Especial de Maputo, e eu espero que este pequeno relato tenha suscitado curiosidade no leitor, pois, como disse anteriormente, f ica aquém da verdadeira

e majestosa beleza deste espaço natural bem preservado, tão perto da capital moçambicana.

Se não respeita a natureza, este lugar não é para si, não destrua o que muitos batalharam para conseguir para benef ício e usuf ruto dos outros. Este espaço, assim como toda a reserva, apenas é digno de quem vive harmoniosamente com a natureza. A cada dia que passa caminhamos para um abismo sem retorno, devido a comportamentos desrespeitosos para com o mundo que nos rodeia. Restam-nos estes pedaços de terra imaculados que necessitam de ser protegidos para que quem destrói perceba o quão pouco falta para que o que resta acabe, e a nossa presença neste planeta tenha sido apenas em vão.

(A equipa da Revista Xonguila deixa desde já o seu agradecimento à ANAC e à Peace Parks Foundation pelo convite e oportunidade proporcionada, que permitiu desenvolver esta matéria).

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 35

Fotografia: Mariano Silva

de areia branca, uma paisagem imaculada que parece ter saído de um imaginário perfeito. Mais uma vez, as instalações colocadas ao dispor do visitante são fantásticas para a prática de campismo, perfeitamente integradas com a paisagem envolvente.

Aqui, mais do que em qualquer outro lugar, há motivos para vir passar uns dias com a família e amigos em plena harmonia com a natureza, em que um churrasco será o ponto alto da conf raternização. Infelizmente não pude aqui pernoitar, tive de rumar a Maputo nessa mesma tarde, mas as duas horas de 4x4 e uma hora de via normal até Maputo parecem-me pouco para o que de tão maravilhoso este espaço pode proporcionar a quem o visitar.

Diáspora

“Este espaço, assim como toda a reserva, apenas é digno de quem vive harmoniosamente com a natureza.

A cada dia que passa caminhamos para um abismo sem retorno, devido a comportamentos desrespeitosos para com o mundo que nos rodeia” 36 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Fotografia: Mariano Silva

Diáspora

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Diáspora

Ecotourism

The Maputo Special Reserve is betting on Ecotourism Written by:

T

Mariano Silva

Fotografia: Mariano Silva

he anxiety of that Thursday afternoon gradually increased, at the same time that the kilometres to reach the main gate of the Maputo Special Reserve (REM) decreased. It would be my first time in the reserve, which I hadn't had the opportunity to visit yet. Xonguila had been invited to do so by the Peace Parks Foundation (PPF) as part of the inauguration of the Membene campsite on the coastline, booked for the end-tail of a 5-day visit.

I decided to report this adventure here as a personal story because, it being my first time there, it had a great impact on me and resulted in a unique experience. This article is thus subjective in nature, and the reader may have a different opinion, whether they already visited the grounds or not.

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I arrived at the main office, the meeting point, an hour late, due to some mishaps before leaving Maputo. The remaining entourage was already installed in the Xinguiti campsite, next to the namesake lagoon. We were still 45 minutes apart by a dirt road only transitable to 4x4 vehicles. This was also new to me, driving on genuinely off-road tracks, and it was a very interesting experience, mainly because I didn't know how the car would behave on that type of road. My biggest fear was getting stuck in the sand, but luckily it didn't happen.

My attention was divided between the road itself and the few animals we crossed paths with along the way, among them a young elephant feeding at the edge of the woods, which quickly disappeared into the dense foliage. The first signs of the Xinguiti campsite´s

Diáspora

infrastructure spotted along the road hinted at an organized and well-planned space, assumptions proven correct when we reached the destination.

A gap between the wall of trees suggested a paradisiacal setting around the Lagoa Xinguiti, which was accompanied by a panoply of sounds of countless birds and hippos enjoying the richness of this setting. After delighting in that landscape for a while, it was time to set up a tent in the campsite. Yes, the purpose of the visit was to show the media the potential of ecotourism in various parts of the Maputo Special Reserve (REM), with the Lagoa Xinguiti being one of the main attractions.

There are currently 6 camping lots on the grounds, each housing a shower room equipped with two washbasins for personal hygiene, a toilet and a hot shower. Additionally, you will find a double basin for washing dishes and 3 USB plugs for charging electronic equipment. In addition to the spa, each lot has 3 to 4 islands for setting up tents.

The camp lighting is guaranteed until 10 pm, temporarily through a generator, which is far away and thus doesn’t disturb the sleep.

From my perspective, this is a great opportunity for nature-loving Mozambicans to enjoy an excellent setting just over two hours away??? by car from Maputo,Z a great spot to spend a weekend with family and friends and enjoy the magnificent landscapes that unfold around the Lagoa Xinguiti. Even for those who do not feel comfortable sleeping in the midst of wild nature, it is an excellent opportunity to socialize for one day, at very affordable prices, with the benefit of being able to rent a lot exclusively, together with its spa, just for you and your family.

By nightfall, we all gathered around the fire and began exchanging experiences among the guests, over a succulent steak on the barbecue prepared by the person responsible for designing the current infrastructure of the camp, the South African architect Neil Crafford, who has extensive experience in developing infrastructure for sustainable tourism in nature reserves and parks across southern Africa. We talked a little about everything, but the dominant subject was the potential of the REM to attract visitors, be they Mozambican or from neighbouring South Africa, encouraging them to practice ecotourism.

“We thus witnessed the strong commitment of these two institutions (PPF and ANAC) to the development of ecotourism in the Maputo Special Reserve” Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 39

Dawn announced itself timidly, through a thick fog that only dissipated towards the end of the morning. The plan was to enjoy the landscape and fauna until we reached the main office, where the head of the National Conservation Areas Administration (ANAC), Miguel Gonçalves, would make a presentation on the REM and the Ponta do Ouro Partial Marine Reserve (RMPPO).

The fog formed a barrier between us and the magnificent landscapes, but we still managed to glimpse very attractive grounds of natural beauty, enhanced with a touch of mysticism due to the fog. Miguel Gonçalves (from ANAC) and Antony Alexander (from PPF) gave a presentation explaining what the REM currently is, and future plans involving the integration of the RMPPO in the creation of a large national park that could have cross-border interaction with adjacent reserves in neighbouring South Africa and Eswatini, which further cemented my perspective of the enormous tourist potential that this region has to offer, an article that we hope to bring here soon.

Plans to expand the facilities in the Xinguiti and Membene campsites, to be carried out in the very near future, were also discussed. Both locations will feature the construction of luxurious chalets and a restaurant. In the particular case of Xinguti, the chalets will have a panoramic view, favouring an elevated view over the lagoon. In Membene, in turn, the visitor will have the opportunity to enjoy an idyllic view over the adjacent beach. PPF and ANAC´s plans do not stop there. Several picnic spots and rustic camping sites are planned for implementation, along almost 200 km of 4x4 trails, at strategic points for wildlife sightings.

After visiting the main office, we headed to the elephant plain. My expectation was that we would see many animals of this species here, but unfortunately this was not possible. REM currently has more than 400 elephants, 4 buffalo herds (which unfortunately I didn't see), giraffes, zebras, and all the other fauna commonly seen in African nature parks, with the exception of lions, rhinos and cheetahs. Antony Alexander, responsible for the PPF in Mozambique, revealed plans for the release, as early as next September, of two cheetahs in the plains of the reserve. In March 2021, more animals of this species will be released here, so I immediately invited myself to photograph what will be a landmark for REM, and I hope to bring you those captures soon too.

Returning to the Xinguiti campsite for the second night, we had the opportunity to see a wide range of birds near the lagoon, including the fantastic osprey, with its very distinct white neck, which sets it apart from other eagle species.

Hippos and crocodiles were also within our reach.

I advise anyone who goes there to take a pair of binoculars with, so that they can better observe the wild fauna.

I was finally able to see the sun rise over the Lagoa Xinguiti on Saturday morning. It is a breath-taking setting for those who appreciate nature in its wildest state. The blue of the lagoon, intertwined with the orange reflection of the rising sun, offered us an incomparable light show.

We left the campsite where we had stayed for two nights and our destination was now Lagoa Nela,

driving through extensive plains with animals, among which herds of wildebeest stood out.

I had the perception that the Maputo Special Reserve was relatively small, but I couldn't be more wrong. It's a huge expanse of meadows, woods, hills, lakes and ponds, and with some luck you can see some animals quite up close.

The Peace Park Foundation provided us with a unique opportunity, as we were able to go on trails that are normally closed to the public. On these forays, I marvelled at the immensity of the plains as seen f rom the hills. I have no words to describe such natural beauty and I can honestly say that the photographs do not do justice to the true essence of these ladscapes. The long-awaited elephants f inally showed themselves, a herd grazing among tall grass beside a small pond.

They were far away, but it was good that way – we didn't disturb the serenity of the pachyderms with our strange presence.

Towards the end of this journey, on the third day, an even more idyllic setting than all those we had seen hours before, would be waiting for us.

We f inally arrived at the Lagoa Nela campsite.

There we only had basic camping facilities available, a bathroom, bucket shower and sink. It is, without a doubt, a campsite for the most daring but, as a prize, the landscape is deserving of the efforts of all those who come and stay overnight.

The best was yet to come. With the sunset and an upwind, several animals approached the lake to quench their thirst. For many of them, our presence went unnoticed, just over a hundred meters away. Night fell quickly, and the light emanating f rom the f ire's flames struggled against

the twinkle of the star-studded sky, a magnif icent spectacle.

In the middle of the night, at around 3:30 am, I woke up with a start to the “purr” of a herd of elephants passing through nearby, headed for the lagoon´s waters. I confess that it was a tense moment for me; for the others, not really, judging by the way they snored in their tents, as if competing with the elephants as to who was the noisiest.

On the morning of the fourth day, we would make the trip to the Membene campsite, with a small incursion into the largest lagoon in the reserve, Lagoa Piti. The path presented itself very complicated, diff icult to navigate, and we had been warned of that. It demanded a hight level of dexterity f rom the drivers, due to the deep drops in the road and loose sand, which had already claimed some vehicles, which got stuck some days ago. I was a little apprehensive, but the caravan ended up traveling the trail without a hitch. Along the edge of the lagoon, we could observe some f ishing activity, only allowed to some members of the local communities so they can carry on supporting their families.

The little time I had left did not allow me to visit Ponta Dobela, which is said to be perhaps the only point in the world where you can see two of the largest mammals on the planet, the elephant on the plain and the humpback whale at sea. It is a matter of probability, of course – it will be small, but that is precisely why this small piece of land is known and intentionally visited.

Fotografia: Mariano Silva

“...majestic beauty of this well-preserved natural park, so close to the Mozambican capital”

Fotografia: Mariano Silva

ECOTURISMO

42 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

ECOTURISMO

We f inally arrived at Ponta Membene and the namesake campsite. I was surprised at what I had before me.

On the mainland side of the primary dune was the campsite, whose facilities were similar to those of the Lagoa Xinguiti campsite, although in Membene one is able to f ind on the other side of the dune a pristine white sand beach, an immaculate landscape that looks like it came out of a perfect dream. Once again, the facilities available to visitors are fantastic for camping, perfectly integrated with the surrounding landscape. Here, more than anywhere else, there are good reasons to come and spend a few days with family and f riends in complete harmony with nature, where a barbecue will be the highlight of the get-together. Unfortunately, I couldn't stay here overnight, since I had to return to Maputo that same afternoon. The two hours by 4x4 and one hour on regular tarmac roads to Maputo seem to me like a short trip for the wonders that this nature reserve can provide to those who visit it.

We thus witnessed the strong commitment of these two institutions (PPF and ANAC) to the development of ecotourism in the Maputo Special Reserve, and I hope that this small report has aroused the reader's curiosity albeit, as I stated earlier, falling short of the real, majestic beauty of this well-preserved natural park, so close to the Mozambican capital.

If you don't respect nature, this place is not for you; don't come and destroy what many struggled to achieve for the benef it and enjoyment of others.

Those grounds, as well as the entire reserve, are only worthy of those who live harmoniously with nature. With each day that passes, we are walking towards an abyss of no return, due to disrespectful behaviour towards the world around us. We are left with these pristine pieces of land that need to be protected so that whoever destroys nature will realize how close we are to the end of what still remains, and that our presence on this planet has perhaps been meaningless.

(The Xonguila Magazine team would like to thank the Peace Parks Foundation and ANAC for the invitation and opportunity provided, which allowed us to develop this story).

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 43

Fotografia: Mariano Silva

We are left with these pristine pieces of land that need to be protected so that whoever destroys nature will realize how close we are to the end of what still remains, and that our presence on this planet has perhaps been meaningless

Fotografia: Mariano Silva

Trazido pelo Absa Bank Moçambique

46 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

As montras do Balcão Premier do Absa permitiram a continuidade de exposições artísticas durante a pandemia Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 47

Sabias que

Africanicidade Adoramos

Trazido pelo Absa Bank Moçambique

Fazer acontecer nas artes O apoio do Absa à arte e aos artistas em conversa com a Directora de Cidadania, Ema Soares Como é que surgiu o projecto do Balcão Premier virado para as artes?

As montras iniciaram simultaneamente com o conceito de Africanicidade, no âmbito da mudança de marca. Africanicidade não se trata apenas de uma nova palavra criada pelo Absa, é acima de tudo um conceito que representa a capacidade distintamente africana de encontrar sempre uma maneira de fazer

as coisas acontecerem. E neste caso, numa abordagem bastante criativa, podemos afirmar que o Absa apresentou uma solução criativa para evidenciar o conteúdo local, num contexto consideravelmente adverso. Com a eclosão da pandemia do coronavírus, vimo-nos obrigados a orientar a ideia para uma acção de apoio aos artistas que se viram limitados nas suas actividades, devido às medidas de contenção da propagação da doença adoptadas pelo governo.

Esta orientação criou, imediatamente, um efeito ‘dois em um’, sendo que, por um lado, permitiu a continuidade de exposições artístico-culturais durante a pandemia, de uma forma totalmente democratizada, e, por outro, tirou os artistas da situação de desnorte em que se encontravam, preparando-os para lidar com diferentes tipos de público.

Este espaço permite que os artistas apresentem os seus trabalhos em segurança. Terá sido preocupação do Absa a criação de um palco seguro de promoção do sector cultural?

Obviamente. E é como já dizemos no nosso mais célebre conceito, que “Africanicidade é uma forma de fazer as coisas acontecerem”. A pandemia não nos vai impedir de viver ou de fazer o que já vínhamos fazendo, mas obriga-nos a fazer de forma segura e preservando a nossa vida e a nossa saúde. Isto é o que mais importa para nós e, por isso, temos neste balcão todas as condições criadas para que a pandemia não impeça a propagação da arte viva além-fronteiras.

Já acolhemos diversas exposições e continuaremos a fazê-lo, seguindo à risca as recomendações das autoridades sanitárias.

Porque é que a cultura é um pilar importante para o Absa?

Dizem os mais sabidos na matéria que sem cultura não há vida, ou que, simplesmente, sem ela não temos identidade. É o que nos define, e só a partir de

48 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Sabias que

uma definição clara e simples é que começamos a ser conhecidos. A cultura é o que fazemos todos os dias e, portanto, valorizamo-la do mesmo jeito que valorizamos as nossas conquistas, a nossa identidade. No meio em que estamos inseridos, interagimos com diversas entidades e é importante que cada um se mostre como é e como opera, para que possamos perceber a diversidade e, a partir daí, orientarmos as nossas contribuições para o desenvolvimento da sociedade, no geral. A cultura é um elemento de extrema importância para a nossa estratégia de cidadania, pois acreditamos no seu papel fundamental na formação da sociedade, mas também no enorme talento e criatividade que os moçambicanos têm. É por essa razão que apoiamos diversos projectos e iniciativas, como o caso do Xiquitsi e o Mozambique Fashion Week. Aliás, o Absa foi o primeiro Banco que recorreu a um artista plástico (Gonçalo Mabunda) para ser o rosto central de uma campanha publicitária, precisamente a campanha de mudança de marca, o que demonstra a importância que o banco dá à arte e à cultura, sem mencionar o trabalho que temos vindo a realizar na preservação do acervo artístico do banco, que contempla obras de artistas nacionais e de renome internacional, como o grande Malangatana.

Temos muito orgulho em ser o primeiro Banco a tornar um dos seus espaços num atractivo cultural e isso já demonstra a nossa africanicidade.

Fotografia: Mariano Silva

“Temos muito orgulho em ser o primeiro Banco a tornar um dos seus balcões num atractivo cultural”

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 49

Diáspora

Na perspectiva do Banco, como é que a acção do Balcão Premier promove o crescimento de artistas nacionais?

Antes de mais, importa referir que por aqui já passaram artistas plásticos, fotógrafos, poetas e estilistas, desde os mais conceituados, aos que almejam afirmar-se no circuito das artes.

Promovemos não só o crescimento de artistas nacionais, mas das artes e cultura como um todo. Já tivemos neste espaço, não apenas artistas consagrados e jovens artistas, mas também uma exposição que deu espaço aos colaboradores do Banco para expor a sua criatividade. Obviamente que cada um vai tirando, na medida das suas capacidades, o proveito que lhe convém, mas, de uma forma geral, temos ajudado a criar grandes ligações entre quem faz e quem aprecia. Devo dizer, também, que a exposição não se limita a este espaço físico, temos igualmente partilhado as criações que aqui são apresentadas nas nossas plataformas digitais e na imprensa local, o que propicia uma visibilidade internacional e nacional amplamente benéfica para os nossos artistas.

Há quem se congratule com o aumento do número de vendas, mas há também quem se orgulhe do intercâmbio e da troca de experiências que agregam valor aos seus trabalhos.

Fotografia: Mariano Silva

Quantos artistas podem apresentaram os seus trabalhos neste projecto?

Desde finais de 2019 até ao momento, já tivemos mais de 30 artistas no nosso Balcão Premier. Pensamos que este é um recorde nacional, pois não há registos de algum centro cultural que, em tão pouco tempo, colocou em exposição igual número de artistas. Podemos dizer, com orgulho, que numa única exposição já tivemos 18 artistas, isto quando realizámos a montra MFW (Maputo Fashion Week), onde um grupo de estilistas, maioritariamente composto por mulheres, exibiu as suas criações.

Refira-se que essa exposição durou cerca de 3 meses, e que os artistas expunham em momentos diferentes, de modo a evitarem-se aglomerados. Tivemos outros tantos artistas em mais de 5 exposições só no ano passado, o que já nos coloca em destaque e referência no baluarte das exposições artístico-culturais em Moçambique.

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E quais serão os próximos passos do projecto?

Levar este projecto às principais capitais provinciais ao longo do País. O que queremos de facto é evidenciar o conteúdo local e nada melhor que trazer também as diversidades culturais que identificam cada parte do País. Queremos igualmente continuar a investir num conceito interdisciplinar, para que não se promova apenas arte e cultura, mas também se passe o legado, a nossa história, para gerações vindouras. Pretendemos, também, potenciar a componente digital e, através das redes sociais do Banco, convidar os artistas a promoverem os trabalhos que produzem durante este período crítico, que precisa, bem mais do que nunca, da arte e cultura como factor de união e que permite ajudar a humanidade a ultrapassar e transformar a sua história.

Diáspora

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Fotografia: Mariano Silva

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“A cultura é um elemento de extrema importância para a nossa estratégia de cidadania, pois acreditamos no seu papel fundamental na formação da sociedade” – Ema Soares, Directora de Cidadania do Absa Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 53

TURISMO

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TURISMO

Africanacity We love

The way we get things done brought to you by Absa Bank Moçambique

A conversation with Ema Soares, Director of Corporate Citizenship How did the arts-oriented project for your Premier Branch come about?

We began the shop windows project in tandem with the concept of Africanacity, within the scope of our rebranding. Africanacity is not just a new word created by Absa; it is above all a concept that represents the distinctly African ability to always find a way to make things happen. And in this case, through a very creative approach, we can say that Absa presented a creative solution to spotlight local content within a considerably adverse context. With the outbreak of the coronavirus pandemic, we were forced to orient the idea towards an action that would support artists who were otherwise limited in their activities, due to containment measures adopted by the Government to prevent the disease from spreading further. This orientation immediately created a ‘two-in-one’ effect: on the one hand, it allowed for the continuation of artistic and cultural exhibitions during the pandemic, in a fully democratized way, and, on the other, it rescued the artists from the bewildered stated they found themselves in, preparing them to deal with different types of audiences.

This space allows artists to present their work safely. Was it Absa’s concern to create a safe place for the promotion of the cultural sector?

Obviously [yes]. And it´s as we already say in our most famous concept, that “Africanacity is the way we get things done”. The pandemic will not stop us from living or doing what we had already been doing, but it requires us to do it safely, whilst preserving our lives and our health. This is what matters to us the most. We have therefore created in this Branch, all the necessary conditions so that the pandemic does not prevent living art from reaching across borders. We have already hosted several exhibitions and will continue to do so, in strict adherence to the recommendations from the health authorities.

Why is culture an important pillar for Absa?

The most knowledgeable in the field say that without culture there is no life, or that, without culture, we simply have no identity. It’s what defines us, and it’s only from a clear and simple definition that we can begin being known. Culture is what we do every day and, therefore, we value it in the same way we value our achievements, our identity.

In the environment we operate in, we interact with different entities and it´s important that each one shows who they are and how they operate, so that we can perceive diversity and, from there, guide our contributions to the development of society in general. Culture is an extremely important element for our citizenship strategy, as we believe in its fundamental role in shaping society, but also in the enormous talent and creativity that Mozambicans have. That’s why we support several projects and initiatives, such as the Xiquitsi [classical music festival] and Mozambique Fashion Week. Absa was, in fact, the first bank to place an artist (Gonçalo Mabunda) as the central figure of an advertising campaign – the rebranding campaign, to be precise, which demonstrates the importance the Bank places on arts and culture, not to mention the work we have been doing to preserve the Bank’s art collection, which includes works by national and internationally renowned artists, such as the great Malangatana.

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TURISMO

We are very proud to be the first Bank to turn one of its spaces into a cultural attraction and this already demonstrates our Africanacity.

From the Bank’s perspective, how does the shop windows project at the Premier Branch promote the growth of national artists?

First of all, it´s important to mention that we have hosted a broad range of fine artists, photographers, poets and fashion stylists, from the more established and highly regarded to those who aspire to assert themselves in the arts circuit. We promote not only the growth of local artists, but that of arts and culture, as a whole. In addition to established artists and young artists, we´ve already had in this same space, an exhibition that invited the Bank’s employees to exhibit their creativity. It´s obviously up to each individual how much he or she

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wants to take from this experience but, in general, we´ve helped create great connections between those who make things and those who appreciate them. I must also say that the exhibition is not limited to this physical space. We have also shared the same creations that are presented here on our digital platforms and in the local press, which provides a national and international visibility that is largely beneficial to our artists.

There are those who are pleased with an increase in sales, but there are also those who are proud of the creative exchange as an experience that adds value to their work.

How many artists presented their work in this project?

From late 2019 right up until now, we’ve had more than 30 artists at our Premier Branch. We believe that this is a national record, as there are no records of any cultural centre having exhibited an equal number of artists in such a short time. We can proudly say that we even hosted 18 artists in a single exhibition: this was when we held the MFW (Maputo Fashion Week) showcase, where a group of stylists, mostly women, exhibited their creations together. It should be noted that this exhibition lasted about 3 months, and that the artists exhibited in turns, in order to avoid overcrowding. We´ve had many other artists in more than 5 exhibitions last year alone, something that sets us apart as a stalwart supporter of artistic and cultural exhibitions in Mozambique.

And what will be the project´s next steps?

That would be to take it to the main provincial capitals of the country. What we really want is to highlight local content, and nothing can be better than to also bring to the fore the cultural diversity and identity of each part of the country.

We also want to continue investing in an interdisciplinary concept, so that we not only promote arts and culture, but also to pass on the legacy, our history, to future generations. We also intend to enhance the digital component and, through the Bank’s social networks, invite artists to promote the works they produce during this critical period, which needs, more than ever, arts and culture as a uniting factor and that which allows us to help humanity overcome and transform its history.

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Fotografia: Nathaniel Tetteh

“Nos últimos anos, tem havido uma tendência de se focar em medidas não-monetárias da pobreza.

No entanto, a dimensão convencional da pobreza é a dimensão monetária.”

Escrito por:

Carlos da Maia Nas últimas duas décadas, Moçambique tem desfrutado de um crescimento económico robusto e acelerado que tem impactado positivamente no bem-estar das famílias. A economia do país cresceu a uma taxa média anual de 7% entre o ano 2000 e o ano 2016. Como resultado, os números oficiais mostram uma redução na taxa da pobreza nacional de 52% em 2009 para 46% em 2015. O progresso económico também se traduziu em melhorias nas dimensões não-monetárias do bem-estar. Por exemplo, em 2015 as famílias

tinham melhor qualidade de vida do que no final dos anos 1990; o acesso à educação tem vindo a apresentar melhorias desde o início da década de 2000; a esperança de vida aumentou significativamente, passando de 49 anos em 2001 para 58 anos de idade; a mortalidade infantil desceu, de 99 óbitos por cada mil nados-vivos em 2003, para 68 em 2011; a estas mudanças acresce a melhoria na qualidade da habitação e a maior capacidade de posse de bens duráveis das famílias moçambicanas.

AFINAL DE CONTAS, O QUE É POBREZA? COMO É ELA MEDIDA EM MOÇAMBIQUE? QUE CAMINHOS SEGUIR PARA REDUZIR OS NÍVEIS DE POBREZA EM MOÇAMBIQUE? Quando em casa não se tem arroz, a farinha de milho está no fim, o/a chefe de família não tem emprego ou negócio viável, quando as crianças vão para a escola com roupa rasgada ou com fome, quando não há energia eléctrica, água corrente ou sistema sanitário adequado na habitação, quando não há uma habitação apropriada que possa servir para proteger os membros do agregado familiar das intempéries, quando se tem menos de três refeições por dia não por escolha, está-se, muito provavelmente, em estado de pobreza. Sen (1983) define a pobreza

como sendo o fracasso em atingir certas capacidades mínimas.

Para medir a pobreza, é necessário, primeiro, escolher a dimensão do indicador de bem-estar, segundo, derivar ou seleccionar a linha ou o limiar da pobreza e, por último, escolher a medida a usar no reporte dos resultados. Nos últimos anos, tem havido uma tendência de se focar em medidas não-monetárias da pobreza. No entanto, a dimensão convencional da pobreza é a dimensão monetária.

PARA COMBATER A POBREZA É NECESSÁRIO, PRIMEIRO, COMPREENDÊ-LA. QUEM SÃO OS POBRES? ONDE ESTÃO LOCALIZADOS? QUAIS SÃO AS SUAS CARACTERÍSTICAS? QUAL É O SEU PERFIL? Para responder a estas questões é imprescindível terem-se dados estatísticos regulares e de qualidade.

Em Moçambique estes dados são recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), usando, como instrumentos, censos e inquéritos científicos, como, por exemplo, o Recenseamento Geral da População e Habitação e o Inquérito sobre o Orçamento Familiar (IOF).

O Banco Mundial tem apoiado o país no combate à pobreza há mais de três décadas. Uma das formas utilizadas por esta instituição neste sentido é o apoio na implementação destes instrumentos de recolha de dados, sem os quais seria impossível medir e monitorar a evolução da pobreza e bem-estar no país.

Estes censos e inquéritos acarretam custos elevados e usam técnicas de implementação avançadas, nem sempre disponíveis em países como este. Por exemplo, a implementação do último Censo Populacional (Censo 2017) e do último inquérito sobre o orça-

mento familiar (IOF 2019/2020) contou com o apoio técnico e financeiro do Banco Mundial através do Projecto Nacional de Estatísticas e Dados para o Desenvolvimento. O principal objectivo deste projecto é capacitar o INE e os seus quadros para uma melhor produção e disseminação de estatísticas socioeconómicas de qualidade. O projecto tinha o financiamento inicial de 62 milhões de dólares, dos quais 44 milhões estavam destinados ao INE. A implementação do IOF 2019/2020 custou cerca de 5 milhões de dólares, e o projecto prevê a implementação de mais um destes inquéritos em 2022. Para a implementação do Censo 2017, o Banco Mundial contribuiu com 25 milhões de dólares. A análise dos dados destes censos e inquéritos permite compreender a pobreza, o seu perfil e assim informar o desenho de políticas públicas que contribuam para a redução da pobreza. A apresentação de potenciais caminhos a seguir para reduzir os níveis de pobreza em Moçambique será o objectivo do próximo artigo.

Nota: 1. De 2017 a 2020, a taxa de crescimento médio anual no PIB baixou substancialmente, e em 2020 foi negativa, algo que não acontecia há mais de 30 anos. Principais razões para isso foram os vários ciclones que assolaram o país durante esse período e a crise sanitária causada pela Covid-19, entre outras.

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Fotografia: Hanna Morris

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Written by:

Carlos da Maia

Understanding poverty in Mozambique Over the past two decades, Mozambique has enjoyed robust and accelerated economic growth that has positively impacted the well-being of households. The country's economy grew at an average annual rate of 7% between the year 2000 and the year 2016. As a result, official figures show a reduction in the national poverty rate from 52% in 2009 to 46% in 2015. Economic progress also translated into improvements in the non-mone-

tary dimensions of well-being. For example, in 2015 families had a better quality of life than in the late 1990s; access to education has improved since the early 2000s; life expectancy increased significantly, from 49 years in 2001 to 58 years of age; infant mortality dropped from 99 deaths per thousand live births in 2003 to 68 in 2011. We must add to these changes, the improved quality of housing and the greater ability of Mozambican families to possess durable goods.

BUT WHAT IS, IN FACT, POVERTY? HOW IS IT MEASURED IN MOZAMBIQUE? WHAT STEPS CAN BE TAKEN TO REDUCE POVERTY LEVELS IN MOZAMBIQUE? When there is no rice at home and the maize flour is running out, when the head of the household has no job or viable business, when children go to school with torn clothes or hungry, when there is no electricity, running water or adequate sanitation system in the home, when there is no suitable housing that can shelter members of the household from the weather, when one has less than three meals a day not by choice, one is, most likely, in a state of poverty. Sen (1983) defines poverty as

the failure to achieve certain basic needs.

To measure poverty, it is first necessary to establish the dimension of the well-being indicator; secondly, to derive or select the poverty line or threshold and, finally, to choose the measure to use in reporting the results. In recent years, there has been a tendency to focus on non-monetary measures of poverty. However, the conventional dimension of poverty is the monetary dimension.

TO FIGHT POVERTY, IT IS FIRST NECESSARY TO UNDERSTAND IT. WHO ARE THE POOR? WHERE ARE THEY LOCATED? WHAT ARE THEIR CHARACTERISTICS? WHAT IS THEIR PROFILE? To answer these questions, it is essential to have regular and quality statistical data. In Mozambique, these data are collected by the National Institute of Statistics (INE), using, as instruments, censuses and scientific surveys, such as the General Population and Housing Census and the Family Budget Survey (IOF).

The World Bank has supported the country in the fight against poverty for over three decades. One of the ways used by the Bank in this regard is to support the implementation of these data collection instruments, without which it would be impossible to measure and monitor the evolution of poverty and well-being in the country. These censuses and surveys are costly and use advanced implementation techniques not always available in countries like ours. For example, the implementation of the latest Population Census (Census 2017) and the latest household budget survey (IOF 2019/2020) Note:

received technical and financial support from the World Bank through the National Statistics and Data for Development Project. The main objective of this project is to train the National Institute of Statistics (INE) and its staff for a better production and dissemination of quality socio-economic statistics. The project had an initial funding of US$62 million, of which US$44 million were earmarked for INE. The implementation of the IOF 2019/2020 cost about US$5 million, and the project foresees the implementation of one more of these surveys in 2022. For the implementation of the 2017 Census, the World Bank contributed with US$25 million.

The analysis of data from these censuses and surveys allows us to understand poverty, its profile and thus inform the design of public policies that contribute to poverty reduction. The presentation of potential ways forward to reduce poverty levels in Mozambique will be the objective of the next article.

1. From 2017 to 2020, the average annual growth rate in GDP decreased substantially, and in 2020 it was negative, something that had not happened in over 30 years. The main reasons for this were the various cyclones that devastated the country during this period and the health crisis in the wake of Covid-19, among others.

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Fotografia: Ninno Jackjr

The analysis of data from censuses and the Family Budget Survey alows us to understand poverty and thus inform the Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 63 design of public policies to poverty reduction

Fotografia: Cortesia de Carla Fonseca

Diáspora

64 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Diáspora

Carla Fonseca

Eu tiro a maior parte da minha inspiração de experiências pessoais, da tradição africana e de assuntos globais

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Fotografia: Cortesia de Carla Fonseca

Diáspora

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Diáspora

Carla Fonseca

As várias cenas e sonhos de Carla Fonseca, Joanesburgo Escrito por:

Eliana Silva É de aqui tão perto que surgem as cenas de Carla Fonseca Mokgata. De Joanesburgo até Maputo, a artista conta-nos um pouco de si na vizinha Áf rica do Sul, num mundo recheado de novas histórias, todos os dias.

Tal como acontece com grande tentar compreender a mudanparte dos moçambicanos que ça. Eu quero que meu trabalho rumam até ao país vizinho, Carla mude pessoas, mova pessoas. foi viver para Joanesburgo, ainda Altere a maneira como pensam, muito jovem, à procura de um como se sentem. Se a arte não ensino diferenciado, tendo man- muda você, então é arte?”, acrestido sempre uma relação muito centa a artista. próxima com o seu país natal, especialmente pelas referências Questão que se alonga quando culturais. abordamos o principal desaf io do Carla nasceu para trabalho: o f inancriar histórias. ciamento. Embora Cresceu a olhar tenha muitos propara a cultura e a jectos, o suporte f iarte como o cennanceiro é sempre tro do crescimento um factor muito de um ser: “A miimportante na alnha família adora tura de os desenmúsica, cinema e volver, chegando arte. Isso sempre a ser o seu maior fez parte de mim”, obstáculo.

Todarevela, numa pasvia, é com humor e sagem rápida por boa disposição que Maputo. encara a situação: “Eu gostaria de fazer um f ilme com Música, teatro ou amor e ar!” cinema, uma pergunta dolorosa para quem vive A proximidade com para a arte. “O teaa terra natal acaba tro sempre será o meu primeiro por manter viva dentro de Carla amor (…) Eu tiro a maior parte da a vontade de implementar algo minha inspiração de experiên- seu em Moçambique: “Há muitos cias pessoais, da tradição af rica- anos, eu queria fazer shows de na e de assuntos globais. O meu teatro... e quero fazer f ilmes tamfoco está no teatro de vanguarda, bém. E farei, um dia – em breve”, e na performance”, conta Fon- confessa, esperançosa. Enquanto seca. Embora seja um processo esse momento não chega, é em instigante, emocional e ousado, família, com o marido, que revia artista adora fazer com que as ve as suas rainhas, tão longe e, pessoas parem e pensem naqui- ao mesmo tempo, tão perto. Molo que estão a presenciar. “Parar çambique corre-lhe no sangue, e abordar o estado do mundo. Às na música que ouve, na comida vezes reclamamos, mas estamos que cozinha, nos livros, a cultura ocupados demais para parar e está consigo todos os dias.

A proximidade com a terra natal acaba por manter viva dentro de Carla a vontade de implementar algo seu em Moçambique

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Diáspora

Carla Fonseca The various scenes and dreams of Carla Fonseca, Johannesburg Written by:

Eliana Silva Carla Fonseca Mokgata`s creations arise not too far from here. From Johannesburg to Maputo, the artist tells us a little bit about herself and her life in nearby South Africa, a world filled with new stories, every day.

As with most Mozambicans who travel to that neighboring country, Carla moved to Johannesburg when she was very young, seeking a better education. However, she always maintained a very close relationship with her native country and, in particular, to its cultural references.

Carla is a natural-born storyteller. She grew up regarding arts and culture to be the centre of one´s self development: “My family loves music, cinema and art. This has always been a part of me”, she reveals, during a quick visit to Maputo.

Music, theatre or cinema? A painful question for those who live for art. “The theatre will always be my first love (…). I draw most of my inspiration from personal experiences, African tradition and global affairs.

My focus is on avant-garde theatre, and on performance”, says Fonseca. Although it is an exciting, emotional, and daring process, the artist loves to make people stop and think about what they are witnessing. “Stop and address the state of the world. We sometimes complain, but we are too busy to stop and try to un-

derstand the change. I want my work to change people, to move people. Change the way they think, how they feel. If art doesn't change you, then is it art?”, adds the artist.

The question is further developed when we address the main challenge of creative work: financing. Although she has many project ideas, financial support is always a very important consideration, the biggest obstacle even, when developing them.

However, she faces this challenge with humour and in good spirits: "Imagine making a film with just love and air!"

Carla´s proximity to her homeland keeps well alive within her, the desire to plant something of her own in Mozambique: “For many years, I wanted to do theatre shows... and I want to make films too. And I will, one day – soon”, she shares, hopeful.

Until that moment arrives, it is within the family, with her husband, that she revives her roots, so far away and yet so near. Mozambique is in her blood, in the music she hears, in the food she cooks, in her books… the culture is within her, every day.

“For many years, I wanted to do theatre shows... and I want to make films too. And I will, one day – soon” 68 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Fotografia: Cortesia de Carla Fonseca

O PETISCO Existem locais com características que os tornam distintos de todos os outros. A comida pode ser mais ou menos boa, o ambiente mais ou menos agradável, mas há neles qualquer coisa mais que os torna únicos. Há uma conjuntura, há uma mística, há uma f igura, ou algum outro elemento que transforma um simples restaurante em algo único, e O Petisco tem esse quê.

Trata-se de um restaurante de Maputo que funcionou, durante muitos anos, na residencial Hoyo Hoyo, mas que presentemente se localiza num simpático jardim privado na Avenida Mártires de Machava. Este que é um bastião da gastronomia goesa em Maputo é daqueles sítios que toda a gente deve conhecer, pois a comida, de qualidade assegurada de perto pela proprietária, a Sra. Isabel, é realmente boa.

Com pratos mais e menos picantes, aromas e sabores que fazem crescer água na boca, é óptima a relação preço-qualidade que se encontra neste restaurante. Não hesite em pedir, entre as suas várias propostas, sarapatel, chacuti ou briani, por exemplo, acompanhados com achares exóticos. Para sobremesa, 70 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

entre outras, a deliciosa bebinca. Caso prefira degustar algum prato do Petisco no conforto do seu lar, tem a possibilidade de take away, com um menu variado e diversas possibilidades para a família ou grupos de amigos. Os rissóis e as chamuças são bem conhecidos na nossa capital.

O atendimento é simpático e informal e, se procura um local que o surpreenda, esta é uma excelente sugestão. Visite-o e, já agora, aproveite para, de passagem, apreciar o bonito jardim que lhe serve de entrada, com imensas e variadas plantas tratadas com amor.

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Fotografia: Mariano Silva

O Petisco é um bastião da gastronomia goesa em Maputo que toda a gente deve conhecer

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Fotografia: Mariano Silva

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Palates on the loose

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Palates on the loose

O PETISCO There are places with characteristics that make them distinct f rom all others. The food can be good or bad, the atmosphere more or less pleasant, but there is something else in them that makes them unique. There is a conjuncture, there is a mystique, there is a character, or some other element that transforms a simple restaurant into something unique, and O Petisco has that je ne sais quoi.

I

t is a Maputo restaurant that operated for many years out of the pension-style hotel Residencial Hoyo-Hoyo and has now relocated to a nice private garden on Avenida Mártires da Machava. This bastion of Goan gastronomy in Maputo is one of those places that everyone should know, since the quality of food offerings, closely assured by the owner, Mrs. Isabel, is really good.

The service is f riendly and informal and, if you are looking for a place that will surprise you, this is an excellent suggestion. Do not hesitate to visit and, while you´re at it, take the opportunity to enjoy the beautiful garden, which has a variety of lovingly tended plants.

Fotografia: Mariano Silva

With dishes of varying degrees of spiciness, aromas and flavors that make your mouth water, this restaurant has an excellent price-quality ratio. Do not hesitate to order, among the offerings, sarapatel, chacuti or biryani, for example,

accompanied with exotic atchars. For dessert, among others, is the delicious bebinca. If you prefer to enjoy O Petisco´s food in the comfort of your own home, you can place a take-away order f rom the varied menu on offer, and there are also several great options for families or groups of f riends. Patties such as rissóis and samosas are well known snacks in our capital.

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Fotografia: Mariano Silva

Palates on the loose

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Palates on the loose

The service is friendly and informal and, if you are looking for a place that will surprise you, this is an excellent suggestion

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Fotografia: Cortesia do DJ Tarico

Sons da Alma

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Sons da Alma

DJ TARICO

“Yaba buluku”, de DJ Tarico, foi considerada a música mais tocada na rádio cidade, e na plataforma de música Spotify o artista tem mais de 200 mil reproduções mensais

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Sons da Alma

De Moçambique para o mundo: O sucesso “Yaba Buluku”, de Dj Tarico Escrito por:

Jaime Álvaro As primeiras linhas desta crónica são sobre alguns números interessantes que vão ajudar o leitor a entender melhor o tamanho do sucesso da música “Yaba Buluku”, de Dj Tarico, com a participação de Nelson Tivane e Preck.

E

m finais de 2020, nas vésperas da quadra festiva, foi lançada a música “Yaba Buluku” – “Bate as calças”, em tradução literal –, quando o que na verdade batia era (e continua a ser) a covid-19. Presumimos que o leitor se tenha interrogado quanto ao que “bate” as referidas calças. É aí que surge a polémica desta composição de sucesso internacional que, ainda assim, continua a dividir opiniões na sociedade moçambicana. A Xonguila vai contá-lo em detalhe, mas essa é uma conversa para mais adiante.

Continuemos com os números. “Yaba buluku” foi considerada a música mais tocada na rádio cidade, e na plataforma de música Spotify o artista aparece com uma marca de mais de 200 mil reproduções mensais.

Um facto curioso é que o hit “Yaba buluku” não estava cogitado para fazer parte do segundo álbum a solo do Dj e produtor, e saiu “à pressa, para cumprir o prazo do lançamento”. “A música surgiu primeiro só como instrumental. Eu tinha a ideia de a lançar assim, sem vozes. Mas senti a necessidade de ter uma voz, e logo veio, como um flash, a voz do Preck, e o Nelson Tivane para compor. Não estava nos planos do álbum Moz Piano Vol. II e foi a última música a sair”, revelou-nos o Dj. Nas redes sociais, a porta de saída da música para o exterior, existem vários hashtags em que milhões de pessoas se propuseram a fazer o desafio da coregrafia. A proposta da música no género sul-africano afro house “amapiano” que foi interpretada toda em changana (língua predominante na região sul de Moçambique) por Nelson Tivane, um exímio ghostwriter, e Preck, era de celebração, e o povo moçambicano celebrou-a, em meio de pandemia, contrastando com a realidade vigente, antes de ela se tornar uma febre também na diáspora, agora na voz do nigeriano Burna Boy, um dos maiores artistas africanos da actualidade.

E COMO SE FEZ O CAMINHO DE MAPUTO, MOÇAMBIQUE, A LAGOS, NA NIGÉRIA? Os bastidores, parte I: a ida à África do Sul Apesar do sucesso, a composição “Yaba Buluku” foi recebida com certo desdém em certos meios.

Sua mensagem foi considerada por alguns internautas “explícita”, “polémica” e “imprópria” para o consumo de menores. Dj Tarico, o autor 80 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

do hit do momento, diz que a “crítica é bem-vinda e é sinal de que há trabalho”.

“Música é arte, é entretenimento. A interpretação das minhas músicas deixo ao critério do público, até porque compomo-la de forma figurativa. É natural que surjam críticas” – assim se esquivou o jovem Dj, de 28 anos de idade, à dúvida sobre o que significava “Yaba Buluku”.

“Quem não faz nada não é criticado. Se somos criticados é porque estamos a fazer alguma coisa. Nós esperamos crítica no nosso trabalho.

Tanto que há gente que critica, mas há também gente que elogia. As pessoas que nos elogiam acabam sendo a nossa força para continuarmos”, salientou.

“Yaba buluku” foi uma das músicas mais tocadas na virada do ano (2020-2021) na vizinha África do Sul, na plataforma de streaming Spotify, embora seja alvo de censura e discriminação no país”, comentou Dj Tarico, sublinhando o orgulho que sente pelo sucesso que ela alcançou.

“Eu me sinto feliz porque a música se está a expandir a nível internacional. Ela já fez sucesso aqui em Moçambique, sim, teve o seu momento aqui em Moçambique. Eu também senti isso do povo moçambicano. Se calhar não foi tão grande porque a nossa indústria não é muito forte.

Fora, como é o caso do mercado sul-africano, é diferente. A música lá é um negócio sério”.

Foi através das plataformas digitais, que Dj Tarico ficou a saber que a sua música estava a “bombar” na África do Sul. Decidimos então ir até lá, eu e outros integrantes da música, com meios próprios, com objectivo de capitalizar esse sucesso. Na África do Sul, gravámos um remix com a Sho Madjozi e fizemos alguns shows, e ainda tivemos encontros com alguns djs locais, como o Dj Maphorisa e o Kabza De Small, e Ntoshi Gazi, o intérprete do sucesso “John Vuli Gate”, e fizemos uma música com ele” – assim anunciou DJ Tarico novos projectos seus, sem revelar a data de lançamento das músicas.

Na África do Sul, o jovem Dj estabeleceu uma parceria com Geobek Records. Foi a chave para a gravação do remix “Yaba Buluku” ao lado do ícone da música nigeriana Burna Boy.

Sons da Alma

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 81

Fotografia: Cortesia do DJ Tarico

Eu me sinto feliz porque a música se está a expandir a nível internacional.

Ela já fez sucesso aqui em Moçambique, sim, teve o seu momento aqui em Moçambique

Sons da Alma

Os bastidores, parte II: a remix com Burna Boy

nacionalmente”, concluiu.

Geobek é o produtor executivo musical nigeriano responsável pela colaboração de D j Tarico com Burna Boy. A remix da “Yaba Buluku” fará parte de um novo projecto musical, denominado “Geobek Standard”, cujo objectivo é mostrar a música, os artistas e a cultura de Moçambique na diáspora.

Durante a estadia na Nigéria, que durou 15 dias, os artistas moçambicanos participaram em vários programas de televisão e rádio nigerianas, nas cidades de Lagos e Abuja, onde tiveram a oportunidade de criar mais intercâmbio cultural com outros artistas, como os D js Consequence, Neptune e Kaywise.

“O Burna Boy ouviu a música e contactou o meu agente Geobek. Ele é que facilitou tudo, a nossa ida à Nigéria, a gravação do remix e do vídeo”, que, em menos de uma semana atingiu a marca de sete dígitos, ou seja, um milhão de visualizações.

Dj Tarico continua a trabalhar na saga “Moz Piano”, Volume III, depois do sucesso dos volumes I (2019) e II (2020), com um total de 27 faixas. Destes, o volume II foi o que alcançou maior sucesso, precisamente devido à polémica canção “Yaba buluku”.

Segundo o produtor, o novo álbum contará com a participação de vários artistas internacionais.

“Quando chegámos à Nigéria, a nossa música era número um nas rádios. A remix com Burna Boy só veio alavancar o sucesso que ela por si já tinha, e permitiu que o público nos conhecesse, porque achavam que éramos sul-af ricanos. Não sabiam que éramos moçambicanos”, gabou-se o artista do momento, sem ser arrogante.

“Todo esse sucesso da música signif ica que em Moçambique se faz boa música, signif ica que há pessoas no mundo que estão a observar-nos. Isso serve de motivação para outros artistas, sobretudo da nossa geração, para acreditarem que o seu trabalho pode quebrar barreiras e triunfar inter-

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Tarico é membro do grupo Afro Madjaha e é produtor residente na Inovações Music. Engrenou na música com influências do hip-hop, mas acabou especializando-se no género afro house. Ao longo da sua carreira, produziu vários sucessos de artistas de renome em Moçambique, como Ziko, Mulher Melancia, Júlia Duarte, Twenty Fingers, Dj Dilson, entre outros. O seu sonho era ser arquitecto, mas a música moçambicana agradece por Tarico se ter inclinado para as artes. Engenharia mesmo é só de som, e ele segue construindo sucesso atrás de sucesso, a partir de Maputo, sua cidade, para o mundo.

“Quando chegámos à Nigéria, a nossa música era número um nas rádios.

A remix com Burna Boy só veio alavancar o sucesso que ela por si já tinha, e permitiu que o público nos conhecesse, porque achavam que éramos sul-africanos” – DJ Tarico

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Fotografia: Cortesia do DJ Tarico

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Fotografia: Cortesia do DJ Tarico

Sounds of the soul

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Sounds of the soul

From Mozambique to the world: The “Yaba Buluku” hit by DJ Tarico Written by:

Jaime Álvaro The opening lines of this chronicle are about some interesting numbers that will help the reader to better understand the sizable success of the song “Yaba buluku”, by DJ Tarico, with the participation of Nelson Tivane and Preck.

In late 2020, on the eve of the festive season, the song “Yaba buluku” was released – “Bate as calças” (“Hit the pants”), in literal translation – when what was actually “hitting” was (and continues to be) Covid-19. We assume that the reader has questioned himself as to what “hits” these pants. This is where the controversy of this internationally successful composition arises and continues to divide opinions in Mozambican society. Xonguila will tell you more about this in detail, but this is a conversation for later. Let's get on with the numbers first. “Yaba buluku” was considered the most played song on Rádio Cidade, and on the music platform Spotify, the artist achieved more than 200 thousand monthly reproductions.

A curious fact is that the hit “Yaba buluku” was not initially intended to be part of the DJ and producer's second solo album, and came out “in a hurry, to meet the release deadline”. “The music first appeared only as an instrumental. I had the idea to launch it like this, without voices. But I felt the need to have a voice, and soon it came to me, like a flash, Preck´s voice, and Nelson Tivane as composer. It wasn't in the plans for the album Moz Piano Vol. II and it was the last song to come out”, revealed the DJ. On social media networks, the entryway portal for music to reach across borders, there are several hashtags in which millions of people set out to take on the choreography challenge. The song´s treatment to reference the South African “amapiano” Afro house genre and it being sung entirely in Changana (the predominant language in southern Mozambique) by Nelson Tivane, an expert ghostwriter, and Preck, was one of celebration. And the Mozambican people did indeed celebrate it, amidst the pandemic, in contrast with the prevailing climate, before it feverishly spread among the diaspora too, now in the voice of the Nigerian Burna Boy, one of the greatest African artists today.

ate” for the consumption of minors. DJ Tarico, the author of the hit of the moment, says that “criticism is welcome and it's a sign that there's work”.

“Music is art, it's entertainment. I leave the interpretation of my songs to the public's discretion, not least because we composed [this one] figuratively. It's natural for criticism to arise” – that's how the 28-year-old DJ evaded explanation on the unclear meaning of “Yaba buluku”.

“Those who do nothing are not criticized. If we are criticized, it´s because we are doing something. We expect criticism in our work. So much so that there are people who criticize, but there are also people who praise. People who praise us end up giving us the strength to continue”, he stressed.

“Yaba buluku was one of the most played songs at the turn of the year (2020-2021) in neighbouring South Africa, on the streaming platform Spotify, although it´s the target of censorship and discrimination in the country”, lamented DJ Tarico, underlining the pride that he feels for the success the song has achieved.

“I feel happy because the song is expanding internationally. It has already been successful here in Mozambique; yes, it had its moment here in Mozambique. I also felt that from the Mozambican people.

Maybe it wasn't that big because our industry isn't very strong. Outside, as is the case with the South African market, it´s different. Music over there is serious business”.

Behind the Scenes, Part I: Going to South Africa

It was through digital platforms that DJ Tarico learnt that his music was “popping” in South Africa. “We decided to go there, myself and the other guys who made the song, with our own means, with the aim of capitalizing on this success. In South Africa, we recorded a remix with Sho Madjozi and did some shows, and we even had meetings with some local djs, like DJ Maphorisa and Kabza De Small, and Ntoshi Gazi, the interpreter of the hit “John Vuli Gate”, and we made a song with him” – thus announced DJ Tarico of his new projects, without revealing the release date of the songs.

Despite its success, the composition “Yaba buluku” was received with some disdain in certain social circles. His message was considered by some internet users as “explicit”, “controversial” and “inappropri-

In South Africa, the young DJ established a partnership with Geobek Records. It was key to recording the remix “Yaba buluku” alongside Nigerian music icon Burna Boy.

BUT HOW WAS THAT ROAD FROM MAPUTO, MOZAMBIQUE, TO LAGOS, NIGERIA?

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Sounds of the soul

Behind the Scenes, Part II: A remix with Burna Boy Geobek is the Nigerian executive music producer responsible for DJ Tarico's collaboration with Burna Boy. The remix of “Yaba buluku” will be part of a new musical project, called “Geobek Standard”, which aims to showcase music, artists and culture of Mozambique in the diaspora.

“Burna Boy listened to the song and contacted my agent Geobek. He was the one who facilitated everything, our trip to Nigeria, recording the remix and the video”, which, in less than a week, reached the seven-digit mark, in other words, one million views.

“When we arrived in Nigeria, our music was number one on the radio.

The remix with Burna Boy only leveraged the success it already had, and allowed the audience to get to know us, because they thought we were South Af ricans. They didn't know we were Mozambicans”, boasted the artist of the moment, albeit without arrogance.

“All this song´s success means is that good music can be made in Mozambique. It means that there are people in the world who are watching us. This serves as a motivation for other artists, especially f rom our generation, to believe that their work can break barriers and triumph internationally”, he concluded.

During their stay in Nigeria, which lasted 15 days, the Mozambican artists participated in several Nigerian television and radio programs, in the cities of Lagos and Abuja, where they had the opportunity to create more cultural exchanges with other artists, such as DJs Consequence, Neptune and Kaywise.

DJ Tarico continues to work on the saga “Moz Piano”, Volume III, after the success of volumes I (2019) and II (2020), with a total of 27 tracks. Of these two, Volume II was the most successful, precisely because of the controversial song “Yaba buluku”. According to the producer, the new album will feature the participation of several international artists.

Tarico is a member of the Af ro Madjaha group and is a resident producer at Inovações Music. He got into music with influences f rom hip-hop, but ended up specializing in the af ro house genre. Throughout his career, he produced several hits by renowned artists in Mozambique, such as Ziko, Mulher Melancia, Júlia Duarte, Twenty Fingers, D j Dilson, among others.

His dream was to be an architect, but Mozambican music is grateful that Tarico was inclined towards the arts. His engineering is only about the sound, and he continues to compose and build upon success after success, f rom Maputo, his city, to the world.

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A curious fact is that the hit “Yaba buluku” was not initially intended to be part of the DJ and producer's second solo album, and came out “in a hurry, to meet the release deadline”.

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Fotografia: Cortesia do DJ Tarico

Sounds of the soul

Hédito Marcelino Novo embaixador da marca Jameson em Moçambique

U

m embaixador de uma marca tem um importante papel no actual cenário comercial mundial, pois acarreta a responsabilidade de criar consciência da existência do(s) produto(s) dessa marca, colocando-o(s) em destaque no mercado e atraindo consumidores com alto potencial de fidelização. Trabalha com as equipas de marketing e vendas para conceber estratégias exclusivas no mercado que dêem visibilidade à marca e aumentem o potencial de comercialização dos seus produtos e serviços. A sua actividade consiste em ajudar a empresa a criar conteúdos que incentivem o público a envolver-se com as suas marcas e produtos.

Um dos aspectos mais importantes é, pois, a habilidade de conectar a marca com o público.

Para isso, a estratégia passa por promover conversas e desenvolver toda uma série de acções

presenciais e nas redes socias (desafios, lives, apresentação de novas formas de usar os produtos, entre outras), por criar experiências únicas, promovendo a satisfação do cliente em todos os momentos.

No caso da marca Jameson, que está a crescer bastante no cenário moçambicano, sempre focada num espírito empreendedor de confiança mútua e forte sentido de ética, uma das apostas passa por uma maior presença no universo digital, assim como por criar, inovar e proporcionar um maior acesso do público a conteúdo local.

(Jameson é a marca de um whiskey irlandês blended produzido pela Irish Distillers, empresa fundada em 1780, que é afiliada da Pernod Ricard.)

Para seu novo embaixador, a Jameson designou recentemente Hédito Marcelino, cujo percurso

Teremos sempre conteúdos e momentos inesquecíveis, procurando alavancar a nossa cultura olhando sempre, simultaneamente, para os valores da marca

Master Class de Gin, Bar Stars Academy, pela Pernod Ricard, e Cocktail Academy, com Paulo Ramos. Representou Moçambique em Lusaka, no concurso Mix Masters Bar Stars, onde ficou classificado em 1º lugar. Participou em eventos de renome, tais como Jameson Connects, Sunrise, Blackout, Vivo, Absolut Chill Out, para além de outros, corporativos e privados.

“A minha visão para o futuro é fazer com que a marca seja icónica, trazer experiências únicas para todos os momentos de socialização, alcançar novos consumidores e maximizar as vendas.

Pelo facto de a Jameson ser uma marca jovem, teremos sempre conteúdos e momentos inesquecíveis, procurando alavancar a nossa cultura olhando sempre, simultaneamente, para os valores da marca. Em princípio, teremos novamente eventos Jameson Connects em Março de 2022, mas tudo depende da situação pandémica que vivemos hoje. Iremos trazer novas receitas de cocktails, que todo o pessoal poderá aprender e preparar onde estiver. É necessário acabarmos com a percepção que as pessoas têm de que não se faz um cocktail com whiskey.”

Fotografia: Cortesia de Hedito Marcelino

profissional foi o seguinte: Licenciado em Administração Pública pelo Instituto Superior de Relações Internacionais, entrou para a área de Hotelaria em 2013. Fez vários cursos de Cocktails, Food & Beverage, Técnicas de Bar Americanas,

Hédito Marcelino A new brand ambassador for Jameson Moçambique

Therefore, one of the most important aspects is the ability to connect the brand with the audience. For this purpose, the strategy involves promoting conversations and developing a whole series of in-person and social media interactions (challenges, lives, showcasing new ways of using the products, among others), creating unique experiences and promoting customer satisfaction at all times.

In the case of the Jameson brand, which is signif icantly growing in the Mozambican scenario, always focusing on an entrepreneurial spirit of mutual trust and a strong sense of ethics, one of their big bets is a greater presence in the digital universe, as well as creating, innovating and providing an increased public access to local content. (Jameson is the brand name for a blended Irish whiskey

produced by Irish Distillers, a company founded in 1780, which is aff iliated with Pernod Ricard.)

Jameson recently appointed Hédito Marcelino as its newest ambassador.

Hédito graduated in Public Administration at the Instituto Superior de Relações Internacionais and entered the Hospitality area in 2013. He took several courses in Cocktails, Food & Beverage, American Bar Techniques, Gin Master Class, Bar Stars Academy

by Pernod Ricard, and Cocktail Academy, with Paulo Ramos. He represented Mozambique in Lusaka, in the Mix Masters Bar Stars contest, where he was ranked 1st place. He participated in renowned events such as Jameson Connects, Sunrise, Blackout, Vivo, Absolut Chill Out, in addition to others, both corporate and private.

“My vision for the future is to make the brand iconic, bring unique experiences to all socializing moments, reach new consumers and maximize sales. Because Jameson is a young brand, we will always have unforgettable content and moments, seeking to leverage our culture, whilst simultaneously looking at the brand’s values . In principle, we will kick-start Jameson Connects events again f rom March 2022, but it all depends on the pandemic situation we live in today. We will bring you new cocktail recipes that anyone can learn about and prepare, wherever they are. We need to end the perception people have that a cocktail cannot be made with whiskey.”

“My vision for the future is to make the brand iconic, bring unique experiences to all socializing moments, reach new consumers and maximize sales."

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Fotografia: Cortesia de Hedito Marcelino

A

brand ambassador has an important role in the current global market scenario. He or she carries the responsibility of creating awareness about the existence of a brands´ specif ic product(s), spotlighting it in the market and attracting consumers with high loyalty potential. He or she works with the marketing and sales teams to design unique market strategies that raise brand visibility and increase the marketing potential of its products and services. The brand ambassador´s role is to help the company to create content that encourages the public to get involved with its brands and products.

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 93

STRAWBERRY & SALT MARGARITA INGREDIENTES: 50 ml de Tequila Olmeca Blanco 15 ml de licor de casca de laranja 25 ml de sumo de lima 6 a 8 cubos de morango Gelo em cubos Sal fino 1 rodela de lima 1 Copo Margarita Modo de preparação: Num liquidificador, colocar a tequila e o licor e espremer a lima à medida. Adicionar os cubos de morango fresco e ligar, por um minuto. Simultaneamente, passar sumo de lima na borda da taça e, em seguida, sal fino. Servir a mistura na taça, decorada com uma rodela de lima ou morango.

STRAWBERRY & SALT MARGARITA INGREDIENTS:

PREPARATION:

50 ml of Tequila Olmeca Blanco 15 ml of orange peel liqueur 25 ml of lime juice 6 to 8 strawberry cubes Ice cubes Fine grain salt (table salt) 1 lime slice

In a blender, place the tequila and orange liqueur and squeeze some fresh lime to add the juice, to taste (25ml or so). Add fresh strawberry cubes to the mix and blend for one minute. Simultaneously, wet the rim of the Margarita Glass with lime juice and then apply fine salt to it. Pour the blended mix into the glass, garnished with a slice of lime or strawberry.

1 Margarita Glass

Fotografia: Mariano Silva

Momentos Fashion

98 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Momentos Fashion

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 99

MODA CAPITAL

Coffee and models Escrito por Louiggi

Júnior

Gosta de moda e café? Então precisa de conhecer o Djambu, uma referência da baixa de Maputo que reúne o melhor desses dois mundos, graças a uma original parceria com a Black Gold Agency.

Visite o Café Djambu, na Rua da Imprensa, e faça o seu teste de fotogenia, gratuito, sem qualquer compromisso com a Black Gold, e assim poderá viver a realidade do início de uma carreira de modelo.

Os cenários e as composições das imagens aqui apresentadas são variados, mas existem dois itens nunca faltam: estilo e café.

Email:info@djambu.co.mz

A Black Gold Agency procura transformar sonhos em realidade, com um diferenciado trabalho de excelência no mais alto padrão de agenciamento e experiências em Moçambique.

Dispõe de um olhar diferente no mundo da moda, publicitário e artístico, com consciência de que não basta produzir um material fotográfico e vídeo de qualidade. Considera ser preciso adequar os modelos ao mercado, proporcionando cursos, palestras e workshops, realizados na própria agência ou em instituições parceiras, e aspira a tornar-se na melhor agência de modelos nacional.

100 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

Fotografia: Mariano Silva

MODA CAPITAL

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 101

Fotografia: Mariano Silva

MODA CAPITAL

102 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

MODA CAPITAL

Written by Louiggi

Júnior

Do you enjoy fashion and coffee? Then you need know about D jambu, a distinct venue in downtown Maputo that brings together the best of both worlds, thanks to an original partnership with the Black Gold Agency.

The Black Gold Agency seeks to turn dreams into reality, delivering excellent agenting work and elevated experiences in Mozambique. The agency has a unique insight into the worlds of fashion, advertising and art, with a view that it is not enough to just produce quality photographic material and video. It is necessary to adapt the models to the market, and thus they provide courses, lectures and workshops which take place at the agency or in partner institutions, seeking to become the best Mozambican modelling agency.

Visit Café D jambu on Rua da Imprensa to take a photogenic test f ree of charge, without any commitment to Black Gold, and this may well be the start of your modelling career.

Among the variety of backdrops and imagery, two things are always present: style and coffee.

Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 103

Dia Mundial do Tubarão

14 de Julho

O mundo celebra a 14 de Julho o Dia Mundial do Tubarão, sob o lema “O oceano e os humanos estão intrinsecamente interconectados”.

Como os principais predadores em qualquer ecossistema, os tubarões desempenham um papel essencial no manter os mares saudáveis e produtivos, mas várias ameaças tornam esses oligarcas oceânicos uma espécie perseguida e vulnerável.

Luke Warwick, Director do Programa dos Tubarões e Raias da WCS, diz: “Muitas pessoas ainda percebem os tubarões sob um olhar negativo, quando a realidade é que são os tubarões que estão mais ameaçados pelos humanos, já que a pes-

ca excessiva de tubarões em todo o mundo está a levar muitas espécies à beira da extinção. A boa notícia é que há um movimento global crescente que reconhece que os tubarões são vulneráveis e que a pesca do tubarão precisa ser administrada de forma sustentável.

Conf ira nas imagens infográf icas o resultado do trabalho que a WCS está a desenvolver em Moçambique em prol da protecção desta espécie, em parceria intrínseca com o Governo de Moçambique, através da Administração Nacional das Pescas (ADNAP) e do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP), e de outros parceiros.

“Muitas pessoas ainda percebem os tubarões sob um olhar negativo, quando a realidade é que são os tubarões que estão mais ameaçados pelos humanos, já que a pesca excessiva de tubarões em todo o mundo está a levar muitas espécies à beira da extinção”

Shark Awareness Day

14 July

Shark Awareness Day is celebrated worldwide on July 14th and, this year, the motto was "The Ocean and Humans are Inextricably Interconnected".

Sharks are the main predators in any ecosystem, and as such they play an essential role in keeping the seas healthy and productive. However, several threats have made these oceanic oligarchs a persecuted and vulnerable species.

Luke Warwick, Director of the WCS Sharks and Rays Program, says: "Many people still perceive sharks in a negative light, when in reality, it is sharks that are most threatened by humans [and not the other way around], as overfishing for sharks worldwide is pushing many species to the brink of extinction. The good news is that there is a growing global movement that recognizes that sharks are vulnerable and that shark fisheries need to be managed sustainably."

Refer to the infographic images for a visual of the outcomes of WCS´s ongoing efforts in Mozambique to protect this species, in close partnership with the Government of Mozambique, through the National Fisheries Administration (ADNAP) and the National Institute of Fisheries Research (IIP), and other partners.

Filete de garoupa a vapor INGREDIENTES • Filete de garoupa - 300 g • 50 g de alga Kumbo desidratada • Sal • Azeite • Alga branca desidratada Hidratar a alga Kumbo com água, e temperar o filete de garoupa com sal. Num saco de vácuo, meter o filete junto com a alga Kumbo e acrescentar um fio de azeite. Selar o saco, e cozer numa panela de água em lume brando, sem deixar ferver, por 15 minutos. Hidratar a alga branca na mesma água, e temperar com sal e um fio de azeite.

MOLHO HOLANDAISE • 3 gemas • 50 g de manteiga • 75 ml de sumo de limão • 75 ml água Num tacho em lume brando, pôr a água e o sumo de limão. Quando estiver morno, acrescentar a manteiga, sempre mexendo, e, finalmente, as gemas, continuando a mexer, até engrossar. Servir numa tacinha à parte.

COUVE SALTEADA • 150 de g couve portuguesa escaldada • 5 gr de alho picado • Azeite, q.b.

• Sal, q.b.

Numa frigideira, saltear a couve e ajustar os temperos.

MOLHO DE AZEITE, LIMÃO, ALHO, COENTROS E PIRIPIRI • Azeite, q.b.

• Sumo de limão, q.b.

• Alho, q.b.

• Coentros, q.b.

• Piripíri, q.b.

Juntar todos os ingredientes, mexer bem e regar o peixe.

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Steamed Grouper Fillet INGREDIENTS: • 300 g of Grouper fillet • 50 g of Kumbo seaweed, dehydrated • Salt, to taste • Olive oil, to taste • White seaweed, dehydrated

PREPARATION: Pour the water and lemon juice into a pot and let it simmer over a low hear. Once the liquid is warm, add the butter, stirring continuously, and, finally, the yolks, continuing to stir, until the mixture thickens. Serve in a separate bowl.

PREPARATION: Rehydrate the Kumbo seaweed with water and season the grouper fillet with salt. In a vacuum bag, place the fillet together with the Kumbo seaweed and add a little oil. Seal the bag and cook it in a pan of water over a low heat, without letting it boil, for 15 minutes. Rehydrate the white seaweed in the same water, and season it with salt and a little olive oil.

SAUTÉED CABBAGE

HOLANDAISE SAUCE Ingredients: • 3 Egg yolks • 50 g of Butter • 75 ml of Lemon juice • 75 ml of Water

Ingredients: • 150 g of Portuguese cabbage, blanched • 5 g of Chopped garlic • Olive oil, to taste • Salt, to taste Preparation: In a skillet, sauté the cabbage and adjust the seasoning to your taste.

OLIVE OIL, LEMON, GARLIC, CORIANDER AND CHILLI SAUCE INGREDIENTS: • Olive oil, to taste • Lemon juice, to taste • Garlic, to taste • Coriander, to taste • Piripiri, to taste PREPARATION: Add all the ingredients, mix well and pour over the fish.

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110 - Julho/July 2021 • Revista Xonguila © ™ Ed. 38

M

MWANA NKETO

wana Nketo é a primeira longa-metragem do realizador angolano José Ambriz Satanha. Conta a história de Kwanhama e Massala, dois jovens de diferentes grupos étnicos (kwanhama e bakongo) que decidem desaf iar as suas culturas para poderem viver o forte e genuíno sentimento de amor que sentem um pelo outro. Será que esta intensa paixão terá a força suf iciente para vencer todas as barreiras impostas pela sociedade? Ou, tal como em muitas das clássicas histórias de amor, como o caso de Romeu e Julieta, uma vez que são quebradas as antigas tradições o resultado culmina numa grande tragédia?

Embora focado no romance do jovem casal, o f ilme aborda também importantes temas ligados ao resgate da valorização dos hábitos locais, dos antepassados, da cultura angolana, que muitas vezes, por efeito da modernização, acabam por ser esquecidos.

A fotograf ia, com imagens lindíssimas captadas em localidades recônditas do território angolano, é um dos pontos fortes da película, que conta, no elenco de actores, com Leles Twavequemba, Evanilde Ferreira, Fernando Mailoge, Carlos de Carvalho e Mariana António. A produção executiva é de Sílvio Nascimento, Allen Mamona e Joel.

Embora focado no romance de um jovem casal, “Mwana Nketo” aborda importantes temas ligados à valorização dos hábitos locais, dos antepassados, da cultura angolana Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 111

MWANA NKETO Mwana Nketo is the f irst feature f ilm by Angolan director José Ambriz Satanha. It tells the story of Kwanhama and Massala, two young people f rom different ethnic backgrounds (Kwanhama and Bakongo) who decide to challenge their cultures in order to live out the strong and genuine love they feel for each other. Will this intense passion be strong enough to overcome all barriers imposed by society? Or, as in many of the classic love stories where lovers break bonds with tradition, such as Romeo and Juliet, will it end in great tragedy?

Although the f ilm revolves around the young couple's romance, it also addresses important themes linked to recovering the respect and appreciation for cultural habits, the ancestors, and local Angolan culture, which tend to be forgotten as a result of modernization.

One of the f ilm´s strengths is the photography, with stunningly beautiful images captured in remote locations in Angola. The cast of actors includes Leles Twavequemba, Evanilde Ferreira, Fernando Mailoge, Carlos de Carvalho and Mariana António. Executive production is by Sílvio Nascimento, Allen Mamona and Joel.

One of the film´s strengths is the photography, with stunningly beautiful images captured in remote locations in Angola

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Revista Xonguila © ™ Ed. 38 • Julho/July 2021 - 113