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A PARTiciPAÇÃO DOs iNDÍGENAs Em 1923

Relato do servidor da Justiça aposentado e advogado Aguinaldo de Sotto-Maior Prates.

Quem me contou essa his tória foi Luciano Martins Prates, meu avô. Na revolu ção de 1923, ele fez parte, como ele falava, do “Exérci to dos Pé no Chão”. Acredito que eram todos (soldados) provisórios. Ele nasceu na ci dade de Santo Augusto, hoje localizada na chamada Re gião Celeiro, lá no Noroes te do estado do Rio Grande do Sul, nas Missões. Ele, em campo de batalha, chegou a patente de coronel. Era co nhecido como coronel Rico Prates.

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A tropa que ele comandava era montada pelo pessoal da região e também pelos Kaingangs. Suponho que daí venha o termo “Pé no Chão”, pois os indígenas não calçavam botas, afinal, eram acostumados, desde pequenos, a andar

Esses indígenas eram da região Noroeste, das cidades Miraguaí, Redentora, Tenente Portela, Santo Augusto e Campo Novo. Eram guerreiros, se prontificaram para tudo. Lutaram e foram eles que se ofereceram. As mulheres indígenas se reuniam com as das fazendas e se ajudavam quando os homens saíam para as guerras, para as lutas.

PRATES, Aguinaldo de Sotto-Maior Prates. A participação dos indígenas na revolução de 1923. Entrevista concedida a Carolina Jardine. Maio de 2023.

Depois dessa revolução, ao lado de alguns homens dessas tropas que ele comandou, fez parte da Coluna Prestes e foram até a Bolívia. Quando voltou para o Rio Grande do Sul, era da turma do general Flores da Cunha, inimigo do Getúlio Vargas, então passaram a ser perseguidos. Meu avô Luciano, teve que fugir para o Paraguai. Depois voltou, foi anistiado e nomeado como gerente da Caixa Econômica Federal. Ali trabalhou toda vida até se aposentar. O velhinho era faca na bota.

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