
4 minute read
Papel do Apoio Institucional
!?
Papel do Apoio Institucional
Advertisement
Nesta entrevista, a apoiadora institucional da Sesap, Ana Carla Macedo do Nascimento, servidora psicóloga, especialista em Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, com formação em apoio institucional pela PNH, destaca pontos de como se dá o apoio institucional dentro do contexto da cogestão. Ela atuou por seis anos no Hospital Giselda Trigueiro, referência em gestão participativa no RN e atualmente desempenha sua função junto a CGTES e na Escola de Saúde Publica do RN.
Como definir na prática o trabalho do apoiador?
No contexto das organizações, a “função” Apoio é compreendida como o papel exercido por agentes que trabalham e assumem posicionamento subjetivo, ético e político de acordo com uma metodologia de Apoio. O fazer do apoio forma-se em ato, pois desde o início tem que ser a clareza da complexidade de se fazer saúde e uma gestão partilhada. A singularidade de cada contexto precisa ser preservada em cada arranjo de apoio e tudo deve se adequar ao constante movimento. Por isso, a Educação Permanente é a dobra perfeita do Apoio Institucional. Por meio da análise das vivências, da troca de experiências, do compartilhamento de saberes, poderes e afetos, o Apoiador (a) pode se constituir como tal e criar condições de apoiar.
E como se dá na prática esse trabalho inserido no contexto da cogestão?
Ele é realizado junto as equipes e não por elas. A matriz geradora desse trabalho é elaborar, planejar tarefas, suscitar a análise, elaboração e planejamento de tarefas e projetos de intervenção, com os recursos da própria equipe. Segundo o sanitarista e acadêmico, professor Gastão Wagner de Sousa Campos, o Apoio é pensado como função gerencial que, a partir do princípio da cogestão, visa reformular o modo tradicional de fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação em saúde. Os objetivos dos arranjos de Apoio Institucional experimentados pelas organizações são, em geral, comprometidos com a transformação dos processos de trabalho e das relações exercidas entre os sujeitos.
Assista
Gastão Wagner de Sousa Campos Apoio Institucional como estratégia de inovação em saúde
No caso de uma Secretaria tão importante na estrutura dos serviços públicos essenciais quanto a Sesap, quais as contribuições desse modelo de gestão, que impactam diretamente na vida dos servidores e da própria
população usuária dos serviços do SUS? A Política Nacional de Humanização (PNH), que norteia nosso fazer, incentiva a implantação de colegiados gestores nos serviços de saúde como dispositivo de humanização visando promover mudanças positivas nos modelos de atenção e de gestão.
A cogestão é uma diretriz que possibilita a discussão e envolvimento de processos para a melhoria das relações individuais, conjuntas e necessárias para a população, com negociação permanente, onde a decisão se dá por meio da participação de todos, e pressupõe que a gestão deixa de ter um titular e evolui para um colegiado formado por trabalhadores e gestores.
Pretende contribuir, principalmente, para o desenvolvimento da capacidade de tomar decisões, lidar com conflitos, estabelecer compromissos e contratos, além disso, garante que haja um espaço permanente de formação em ato, havendo a possibilidade para discussão, explicitando a distribuição do poder, da negociação e principalmente a possibilidade para resolver os problemas mais críticos.
Quais as ideias centrais da cogestão? Começa com o modelo centrado no trabalho em equipe, na construção coletiva e em espaços coletivos que garantem que o poder seja, de fato, compartilhado por meio de análises, decisões e avaliações construídas coletivamente, seguindo o pressuposto que diz “planeja quem executa”, visando a ampliação do grau de transversalização entre sujeitos envolvidos na trama do cuidado em saúde dos afetos, dos saberes e dos poderes. Ela também altera a correlação de forças na equipe e desta com os usuários e sua rede social e favorece a produção/ampliação da corresponsabilização no processo de cuidado.
Assista
EspaSUS: Apoio Institucional ao SUS - 1/3
EspaSUS: Apoio Institucional ao SUS - 2/3
EspaSUS: Apoio Institucional ao SUS - 3/3
Como garantir na prática a Cogestão? É importante ressaltar que só a existência do colegiado gestor não garante a democratização da gestão. Cabe aos gestores garantir que o colegiado gestor seja, de fato, um instrumento de construção coletiva. Nenhum colegiado de gestão, mesmo o que se aproxime do ideal, como estratégia de gestão, dará conta da complexidade da vida organizacional.
É necessário, portanto, ter clareza dos limites e possibilidades do colegiado enquanto instrumento de gestão. A garantia se dará na prática constante de dialogo nos grupos, na abertura da democracia institucional, na aposta da autonomia das pessoas que fazem um sistema ser resolutivo e eficiente.
Para finalizar cite alguns recursos metodológicos. O Apoio Institucional se utiliza de, alguns recursos metodológicos, dentre os quais:
Capacidade de construir rodas, ou seja, ativador de espaços coletivos visando a interação intersujeitos na análise de situações e na tomada de decisão; Habilidade em incluir as relações de poder, de afeto e a circulação de conhecimentos em análise; Capacidade de pensar e fazer junto com as pessoas e não em lugar delas, estimulando a capacidade crítica dos sujeitos; Habilidade de apoiar o grupo para construir objetos de investimento e compor compromissos e contratos; Capacidade de trabalhar com uma metodologia dialética que, ao mesmo tempo em que traga ofertas externas, valorize as demandas do grupo apoiado, pois a metodologia dialética entende o homem como um ser ativo e de relações.