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Artigo

A Nova Revolução A Nova Revolução dos Bancos dos Bancos

Foi no ano de 1406, durante o Renascentismo, que se sentiu a necessidade de se criar as primeiras atividades bancárias, proporcionando a criação do Banco di San Giorgio, em Florença, com a principal atividade de trocar as moedas que eram utilizadas em um próspero comércio que se iniciara com o Oriente.

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Desde então, o sistema bancário atravessou diversos momentos disruptivos, começando, ainda no Séc. XVI, com a abertura das rotas de comércio marítimo com o Oriente como consequência dos conflitos com os mercadores que controlavam o tráfego pelo Oriente Médio.

Nos séculos seguintes, a sociedade presenciou diversas rupturas com modelos clássicos, permitindo que diversos setores se aprimorassem, trazendo oportunidades, inclusive para o setor financeiro.

Nesta evolução da sociedade, o setor bancário observou ou participou de muitas destas rupturas mas, predominantemente nos últimos 100 anos, as mudanças na sociedade se tornaram mais profundas, incluindo 2 guerras mundiais, crises econômicas, energéticas e ambientais e, mais recentemente, a chegada de outras inovações tecnológicas disruptivas, o que acabou por oferecer novos desafios e oportunidades ao setor bancário.

Foi com foco nestas oportunidades que, já em 1962, um banco brasileiro foi a primeira

empresa da América Latina a comprar um computador para controlar operações financeiras, um IBM 1401, com apenas 4K de memória, mas sendo um dos mais modernos da época.

No final da década de 80, começamos a notar a chegada da internet e, com ela, as primeiras transações de comércio eletrônico no Brasil e no mundo. Ali, uma vez mais, estavam os bancos brasileiros, viabilizando o acesso eletrônico dos clientes às suas contas e propiciando algumas movimentações financeiras. Os passos seguintes foram naturais, com a oferta de produtos e serviços bancários diretamente ao cliente nos anos seguintes.

A partir daquele momento, as rupturas se tornaram parte do cotidiano dos bancos, que se mantiveram à frente do seu tempo graças aos investimentos realizados e equipes prontas para reinventar o setor a cada novo movimento, em especial no Brasil, onde temos uma enorme capacidade de nos adaptarmos rapidamente a novos ambientes e ecossistemas.

Todas estas frequentes rupturas propiciaram que o setor bancário no Brasil tivesse um parque tecnológico completo, moderno e voltado para o cliente. Avançamos, e avançamos muito nas últimas décadas, desde a oferta de produtos e serviços de ponta, como o Sistema de Pagamentos Brasileiro, adoção de canais tecnológicos, como, pioneiramente,

Foi com foco nestas oportunidades que, já em 1962, um banco brasileiro foi a primeira empresa da América Latina a comprar um computador para controlar operações financeiras, um IBM 1401, com apenas 4K de memória, mas sendo um dos mais modernos da época

The New Banking Revolution

It was in 1406, during the Renaissance, that the need to create the first banking activities emerged, leading to the creation of Banco di San Giorgio in Florence, having as its main activity the exchange of coins used in the prosperous trade that had begun with the East.

Since then, the banking system has gone through several disruptive moments, starting in the 16th century, with the opening of maritime trade routes with the East as a result of conflicts with the markets that controlled traffic through the Middle East.

In the following centuries, society witnessed several ruptures of classical models, enabling various sectors to improve, bringing opportunities, including to the financial sector.

In this societal evolution, the banking sector has observed or participated in many of these ruptures, but predominantly in the last 100 years, changes in society have become deeper, with 2 world wars, economic, energy and environmental crises and, more recently, the arrival of other disruptive technological innovations, which eventually offered new challenges and opportunities to the banking sector.

It was with a focus on these opportunities that, already in 1962, a Brazilian bank was the first company in Latin America to buy a computer to control financial operations, an IBM 1401, with only 4K memory, but being one of the most modern of the time.

At the end of the 1980s, Internet started spreading and with it the first e-commerce transactions in Brazil and worldwide. Once again, Brazilian banks were at the forefront, enabling electronic customer access to their accounts and providing some financial transactions. The following steps were natural, with banking products and services being offered directly to customers in the years that followed.

From that moment on, the disruptions became part of banks´ daily life, and they remained ahead of their time thanks to investments made and teams ready to reinvent the sector with each new movement, especially in Brazil, where we have an enormous capacity to adapt quickly to new environments and ecosystems.

All these frequent disruptions led to the banking sector in Brazil having a complete, modern and customer-oriented technology park.

Podemos também falar do Blockhain, que se apresentou em um primeiro momento como grande risco à indústria financeira na medida em que permitiria uma total disrupção de diversas atividades bancárias

o Internet Banking, ATMs e Mobile Banking, tudo dentro de um ambiente de segurança de ponta, com uso de chips, tokens e biometria.

Todo este movimento ocorreu sem nos esquecermos do papel fundamental do banco, que é emprestar dinheiro e recuperá-lo, de forma a remunerar o investidor. Para tanto, não descuidamos da saúde financeira da sociedade, mantendo todos os esforços necessários para aprendermos com nosso passado e não nos esquecermos dos custos de uma crise financeira, como a que ocorreu em 2008 na Europa e EUA. Naquele momento, mais uma vez, nossas instituições aqui no Brasil se mostraram robustas e resilientes, possibilitando que tivéssemos um efeito mitigado destas crises por aqui.

Mais recentemente, novas tecnologias e inovações disruptivas estão surgindo e, com elas, os estudos sobre viabilidade, escalabilidade e segurança, sendo este último o pilar fundamental da atividade bancária pois, sem ela, não há confiança.

No âmbito de canais de comunicação, os celulares ganharam protagonismo com o surgimento de maior capacidade de processamento, aplicativos mais intuitivos e uso de biometria para autenticação de aplicativos. Com isso, os bancos puderam oferecer ainda mais serviços e maior segurança no uso dos seus aplicativos, consolidando a estratégia de estar sempre ao alcance do cliente, a todo o momento. Aqui vale destacar que ainda mais interessante é acompanhar a instantaneidade que os celulares oferecem para realizar pagamentos e transferências com o lançamento do Pix, iniciado no último dia 16 de novembro.

Podemos também falar do Blockhain, que se apresentou em um primeiro momento como grande risco à indústria financeira na medida em que permitiria uma total disrupção de diversas atividades bancárias. No entanto, ao longo do tempo, o setor compreendeu as oportunidades do Blockchain e o aplicou em diversos problemas do dia a dia, permitindo sua utilização em funcionalidades específicas.

Mais recentemente tivemos o surgimento das APIs – Application Programming Interface – que permitem a comunicação de dados entre aplicativos de forma segura e eficiente, o que viabilizou o surgimento do Open Banking, uma iniciativa que trará maior conveniência e novos serviços aos clientes por meio do compartilhamento de seus dados.

O Open Banking será um passo importante no processo de relacionamento com o cliente, na medida que se permitirá que o cliente, que é o dono das suas informações, possa decidir com quem compartilhar suas informações. Este movimento, uma vez consolidado, irá gerar uma quantidade inimaginável de dados e diversas possibilidades para melhor conhecer os hábitos, cultura e expectativas dos clientes que decidirem trabalhar com tais plataformas. Este volume de dados abrirá oportunidades para novas tecnologias, como processamento e análise de dados brutos, Inte-

We have made headway, and advanced a lot in recent decades, from the offer of state-of-the-art products and services, such as the Brazilian Payment System, to the adoption of technological channels, pioneering Internet Banking, ATMs and Mobile Banking, all within a state-of-the-art security environment, with the use of chips, tokens and biometrics.

All this movement occurred minding banks´ fundamental role, which is to lend money and recover it, in order to reward investors. To this end, we do not neglect the financial health of society, maintaining all efforts necessary to learn from our past and not forget the costs of a financial crisis, such as that which occurred in 2008 in Europe and the USA. At that moment, once again, our institutions here in Brazil proved to be robust and resilient, enabling us to have a mitigated effect of all crises here.

More recently, new technologies and disruptive innovations are emerging and, with them, studies on feasibility, scalability and security, the latter being the fundamental pillar of banking activity because, without it, there is no trust.

Communication channels and mobile phones have gained prominence with the emergence of greater processing capacity, more intuitive applications and the use of biometrics for application authentication. As a consequence, banks were able to offer even more services and greater security in the use of their applications, consolidating the strategy of always being available to customers, at all times. It is worth mentioning how interesting it is to whiteness mobile phones offering to make payments and transfers instantaneity through Pix, that began on November 16th 2020.

We can also mention Blockhain, which presented itself at first as a great risk to the financial industry since it would allow a total disruption of various banking activities. However, over time, the industry understood blockchain opportunities and applied it to various day-

* Isaac Sidney Presidente FEBRABAN | Federação Brasileira de Bancos FEBRABAN President | Brazilian Federation of Banks

ligência Artificial, Bots, novos algoritmos e modelos preditivos de comportamento do cliente.

Poderemos ter uma enorme mudança na forma como vamos nos relacionar com os clientes, superando suas expectativas e oferecendo interfaces modernas e personalizadas. O canal de relacionamento poderá se tornar muito mais relevante do que os produtos que estarão sendo oferecidos, os quais poderão experimentar uma padronização nas suas funcionalidades.

A única certeza que podemos ter é que estas rupturas serão parte do nosso cotidiano, da mesma forma como já foram nos últimos 100 anos. O que temos em comum com todos estes ciclos é que precisaremos estar abertos a reinventar as formas como vamos nos relacionar com os clientes, a forma como vamos nos relacionar com nossos colaboradores e estarmos abertos para lidar com novas tecnologia e diferentes ofertas de produtos e serviços.

A nova revolução dos bancos não é no âmbito de novas tecnologias disruptivas ou mesmo de enfrentamento de crises e desafios, mas sim estarmos sempre atentos e abertos às oportunidades que surgem à frente, realizando os investimentos adequados e colhendo os resultados destas iniciativas.

Certo é que o setor bancário no Brasil está muito preparado para essa nova era. Podem confiar.

Certo é que o setor bancário no Brasil está muito preparado para essa nova era

to-day problems, allowing its use in specific features.

More recently we have had the emergence of APIs - Application Programming Interface - that enable the communication of data between applications in a safe and efficient way, which in turn enabled the emergence of Open Banking, an initiative that will bring greater convenience and new services to customers through the sharing of their data.

Open Banking will be an important step in the customer relationship process, as it will allow customers, who are own their own information, to decide who to share their information with. This movement, once consolidated, will generate an unimaginable amount of data and various possibilities to better understand customers´ habits, culture and expectations working from such platforms. This volume of data will open opportunities for new technologies such as raw data processing and analysis, Artificial Intelligence, Bots, new algorithms, and predictive models of customer behavior.

We can have a huge change in the way we relate to customers, exceeding their expectations and offering modern and personalized interfaces. The relationship channel may become much more relevant than the products being offered, which may experience standardization in its functionality.

The only certainty we can have is that these ruptures will be part of our daily lives, just as they have been in the last 100 years. What we have in common with all these cycles is that we will need to be open to reinventing the ways we relate to customers, how we will relate to our employees and be open to dealing with new technology and different product and service offerings.

The new revolution of banks is not in the context of new disruptive technologies or even of coping with crises and challenges, but in being attentive and open to the opportunities that rise ahead, making the appropriate investments and reaping the results of such initiatives.

It is certain that the banking sector in Brazil is very prepared for this new era. You can trust that.