InFormar nº 6.

INF

Associação de Professores e Universidade Sénior de Almada dezembro 2019

ORMAR

Associação dos Professores do Concelho de Almada e da Universidade Sénior de Almada n. º 6 dezembro 2019 ISSN 2184-464X

Presépio e o Coro da Usalma

Nuzinho sobre as palhas, Nuzinho – e em dezembro!

Que pintores tão cruéis, Menino, te pintaram!

O calor do seu corpo Pra que o quer tua Mãe?

Tão cruéis os pintores!

(Tão injusto contigo, Senhora!)

Só a vaca e a mula Com o seu bafo te aquecem…

- Quem as pôs na pintura?

Sebastião da Gama

Esta publicação é da autoria da Associação dos Professores e da Universidade Sénior de Almada e pretende dar a conhecer os trabalhos realizados pelos alunos e professores.

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Editorial Este número do Informar dá especial relevo à celebração dos 15 anos da USALMA, como há um ano destacou e celebrou o décimo quinto aniversário da Apcalmada, incubadora e mãe daquele projeto maior e de outros de existência mais pontual ou de intervenção mais específica como o das visitas domiciliárias, justamente designado “Uma Palavra um Alento”. É oportuno lembrar que também continuam na agenda e nas preocupações da Direção e dos outros Corpos Sociais da Apcalmada, os projetos que envolvem grandes responsabilidades financeiras e organizacionais, tais como, e apenas para referir os dois maiores, a Casa do professor e o Lar-Residência.

Os sócios que participam nas Assembleias Gerais vão sendo informados das diligências feitas e do estados das questões, fazendo, por seu turno, críticas e sugestões relativas à evolução dos projetos.

Cabe aqui um apelo a uma mais ampla e assídua participação nas Assembleias e nas atividades em geral da Associação de Professores, pois é da essência do associativismo a participação ativa dos associados na vida, nos projetos e nas atividades das respetivas associações, nomeadamente naqueles projetos e responsabilidades que, como os citados, envolvem tomadas de decisão de grande responsabilidade e projeção no futuro.

A propósito de colaboração, o presente boletim, contém excelente participação de artigos de qualidade nos domínios da História nacional e local e da linguística, bem como textos muito interessantes na rubrica de criatividade.

Para além das crónicas de viagens e visitas de estudo, destacam-se ainda os textos relativos à realização de conferências e aulas abertas sobre temas de saúde, lançamento de livros, cinema e outros. Refiro sobretudo as conferências que têm lugar na sala polivalente, cuja qualidade e interesse não tem muitas vezes assistência em número e participação que merecem. Os ausentes não sabem o que perdem.

Termino com um voto de Boas Férias.

Feliz Natal e Ano Novo excelente.

Até 2020.

Índice Editorial, Maria de Lourdes Albano e Jerónimo de Matos ........................................................................................... 2 Os 15 anos da USALMA, Jerónimo de Matos ........................................................................................................... 3 500 anos de Circum-navegação, Glória de Brito ...................................................................................................... 4 Lugares e Histórias de Almada, Alexandre Flores ................................................................................................... 6 A Nossa Língua, Carlos Rocha ................................................................................................................................... 8 Criatividade, ................................................................................................................................................................ 9 Conferências e aulas abertas..................................................................................................................................... 12 Atividades ................................................................................................................................................................ 15 Viagens e visitas, ...................................................................................................................................................... 20

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Os 15 anos da Usalma

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Jerónimo de Matos

m 17 de fevereiro de 2005 tiveram início as aulas da universidade Sénior de Almada – USALMA. Cerca de 300 estudantes e 33 professores, dirigiram-se ao longo do dia, às cinco escolas de ensino Secundário Vão, pois, decorridos 15 anos da cidade de Almada, para o 1.º dia de aulas das respetiletivos, duma instituição vas disciplinas. que, sendo jovem (em plena O processo de criação deste projeto de ensino sénior adolescência, se equiparada ao em regime de voluntariado docente, dos primeiros em ciclo da vida humana) não chegou Portugal no início do século XXI, surgia meses após a ainda à plenitude do seu projeto entrada em atividade da Associação de Professores do social, solidário, pedagógico e Concelho de Almada, cuja primeira Direção inscreveu científico. no primeiro Plano de Atividades anual, em 2004, entre outros, este projeto solidário e cultural.

No dia 3 de março do mesmo ano, teve lugar, no auditório da Faculdade de Ciência e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, sediada no Monte de Caparica, a 1.ª Sessão Solene de Abertura. Na assistência participavam cerca de três centenas de ouvintes, estudantes, professores e amigos.

Na mesa da Presidência sentavam-se o Reitor da Universidade Nova de Lisboa Professor Doutor Leo­ poldo Guimarães que presidiu, ladeado pela Srª Presidente da Câmara Municipal de Almada, Maria Emília de Sousa e pelo Engenheiro Roberto Carneiro que proferiu a oração de sapiência, pelo representante da direção da Faculdade Professor Doutor António Urgueira, pela Diretora do Centro de Formação de Professores de Almada Dr.ª Maria Adelaide Paredes da Silva, pela representante dos estudantes Drª Maria Rosa Lajas, pelo Presidente da Associação de Professores Dr. Jerónimo de Matos, que assumia a direção da nova Instituição de ensino Sénior em Almada, a USALMA. Vão, pois, decorridos 15 anos letivos, duma instituição que, sendo jovem (em plena adolescência, se equiparada ao ciclo da vida humana), não chegou ainda à plenitude do seu projeto social, solidário, pedagógico e científico.

Três lustros na vida de uma instituição não constituem ainda matéria amadurecida pelo tempo da História. Por isso, este apontamento é ainda da natureza da crónica ou dos anais, com a subjetividade de quem liderou o processo.

No ano que precedeu a abertura, procedeu-se a estudos e visitas a instituições congéneres já em atividade.

A autarquia, sensibilizada para o projeto da Associação de Professores, disponibilizou um espaço de encontro e estudo do grupo de trabalho, integrado pela Diretora Municipal de Educação, Drª Paula de Sousa.

Convidaram-se, por outro lado, personalidades da cultura e do associativismo para debates que trouxeram perspetivas enriquecedoras.

Criaram-se depois os instrumentos de estruturação do projeto. Tendo por base o instrumento legal de trabalho da Associação, os seus Estatutos, recentemente registados no Cartório Notarial de Almada, procedeu-se à redação do Regulamento Geral da USALMA, bem como dos Regulamentos setoriais do Conselho Científico e Pedagógico, e ainda do Regulamento da Assembleia de Delegados dos estudantes e do respetivo Conselho.

Convidaram-se os professores para a primeira estrutura disciplinar, constituída por cerca de 30 disciplinas, para cujo ensino se ofereceram, em regime de voluntariado, três dezenas de professores. Abriram-se as inscrições e, apesar de modesta divulgação, inscreveram-se cerca de trezentos candidatos.

Sem uma sede capaz de albergar ao longo do ano letivo esta especial população escolar, recorremos à hospitalidade das escolas secundárias da cidade e, fique aqui expresso o grato reconhecimento, todas responderam com generosidade e entusiasmo ao nosso pedido.

Durante dez anos os nossos estudantes seniores e respetivos professores foram acolhidos como gente da casa, reconhecendo alguns diretores que a presença dos seniores foi um exemplo e um estímulo para os seus jovens alunos.

Entretanto, devido ao interesse e apoio manifestado à USALMA desde a criação, pela então Presidente da Câmara, Maria Emília de Sousa, foram surgindo hipóteses de uma sede própria. Foi primeiro a desativada Escola Conde Ferreira, depois integrada no projeto do Quarteirão das Artes; depois o edifí3

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cio da antiga Igreja-Salão das Carochas, hoje Centro de Interpretação de Almada Velha; até que nos foi proposta a antiga sede da Sociedade Cooperativa Almadense, desativada e adquirida pela Câmara com o objetivo de realizar o projeto de uma sede destinada ao ensino Sénior / Sede da USALMA. Foi-nos proposta pela Sr.ª Presidente uma candidatura, devidamente fundamentada, ao programa da União Europeia sobre a revitalização dos espaços históricos. A candidatura foi aprovada pela União Europeia (UE) e dotada de 650 000.00 €. Estávamos em 2012 e chegava a austeridade. A dotação da União Europeia, não tendo sido ainda aplicada (estava o gabinete de arquitetura da Câmara a elaborar o projeto) foi, com o aval da “troica”, desviada para os cofres do Ministério das Finanças.

Nada que esmorecesse a vontade e invalidasse o projeto da Câmara. No lançamento da 1.ª pedra da requalificação do arruinado edifício projetado para a sede da Universidade Sénior, a Sr.ª Presidente afirmou o governo retirou para os cofres das finanças públicas a verba que nos foi atribuída pela UE, mas a câmara mantém a promessa e vai investir nesta requalificação um milhão e cem mil euros para proporcionar aos seniores almadenses uma sede condigna e funcional de acordo com os objetivos culturais e solidários da USALMA. E assim, a 14 de outubro de 2015, demos início ao letivo na nova sede.

Concluímos este apontamento homenageando as autarquias de Almada, Câmara e Juntas de Freguesia, na pessoa da então presidente, Maria Emília de Sousa, autarquias que viram no projeto da USALMA, iniciativa da Apcalmada, uma resposta cultural e solidária, prestada em regime de voluntariado à população sénior de Almada, abarcando a atividade docente da alfabetização ao ensino superior.

Queremos também lembrar e homenagear os professores e estudantes que, em 2005, deram vida a este projeto, realçando que é ainda significativo o número dos que continuam presentes e ativos na USALMA. Queremos finalmente deixar uma palavra de saudade e reconhecimento aos que partiram, destacando três dos nossos melhores que tanto deram a esta causa, os professores Glória Peres, Feliciano Oleiro e Ernesto Fernandes. A sua obra e o seu exemplo continuam presentes e a dar frutos.* _____________ * Sobre a criação e percurso da Apcalmada-USALMA o autor publicou já três ensaios: o primeiro no editorial da revista da Associação de Professores Memórias e Futuro, n.º 1 (2005-2008); o segundo na Revista Cultural da Câmara Municipal de Almada ANAIS n.ºs 7-8, pp. 265-278; o terceiro (a publicar) na Seara Nova.

500 anos de Circum-navegação

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O que sabemos sobre a rota de Fernão de Magalhães?

Glória de Brito

o passado mês de Setembro de 2019, comemoram-se os 500 anos do início da viagem de Circum-Navegação, comandada por Fernão de Magalhães (1480-1521), assinalados com várias iniciativas culturais e científicas.

As controvérsias A efeméride começou com alguma controvérsia, após o diário espanhol ABC ter publicado notícias, corroboradas por alguns meios académicos e políticos, acusando Portugal a promover um projecto unilateral de candidatura da viagem de Circum-Navegação a Património da Humanidade, junto da UNESCO, que teria sido anunciado já em 2017. Consideraram que Portugal se queria apropriar de um feito que foi financiado pela coroa castelhana e concluído pelo basco Juan Sebastíán Elcano (1476-1526). De facto, após a morte de Magalhães, na ilha de Mactan (Filipinas), a 27 de Abril de 1521, Elcano assume o comando da nau Victória, faz a viagem de regresso e chega ao porto de Sanlucár de Barrameda, a 6 de Setembro de 1522, com 18 tripulantes, concluindo assim a volta ao mundo. A Real Academia da História (RAH) do país vizinho foi mais longe e reivindicou a exclusiva paternidade espanhola da viagem. A comunicação social transmitiu, ao longo do ano, esta animosidade que envolveu políticos e académicos dos dois países.1 1

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Ver, entre outros, os artigos publicados pelos jornais Público, Diário de Notícias e ABC.

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Toda esta polémica foi ultrapassada e esclarecida em vários encontros ao longo deste ano entre os chefes da diplomacia dos dois países que promoveram um trabalho conjunto de programação das celebrações, bem como a elaboração de uma candidatura conjunta à UNESCO da expedição de Magalhães-Elcano.

Relembram ainda que nestas iniciativas cabem também os países cujas costas a rota sulcou, como o Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Indonésia, Timor-Leste, Bornéu, África do Sul e Cabo Verde, assim como as nacionalidades da tripulação formada por 239 homens: Italianos (26), Franceses (19), Gregos (9), Alemães (4), Ingleses (1), Irlandeses (2), Flamengos (5), Portugueses (24) e Espanhóis (a maioria).

Estudos recentes Como resultado, as controvérsias tiveram a vantagem de reforçar os estudos sobre a questão, contribuindo para novas pesquisas e para a publicação de trabalhos sobre a realização da viagem e a vida de Fernão de Magalhães ainda envolta em mistério. Estes estudos têm corrigido erros e imprecisões que foram repetidos de obra em obra, devido à falta de consulta das fontes. Por exemplo, a aldeia de Sabrosa, considerada durante anos a terra natal do navegador, onde tem uma estátua, não é o seu lugar de nascimento. Michel Chandeigne e outros consideram que terá nascido no Porto. De entre os estudos recentes, destacam-se as edições críticas da equipa de Michel Chandeigne2 com a colaboração do historiador português Luís Filipe Thomaz3 e do tradutor Xavier de Castro, bem como as obras de José Manuel Garcia.

A obra de Chandeigne inclui a Relação de António Pigafeta (1519-1522)4, o cronista e cartógrafo italiano que pagou a sua própria viagem e compilou numerosas informações sobre a geografia, o clima, a fauna, a flora e os habitantes dos territórios percorridos ao longo da rota. O seu relato constitui a principal fonte documental da expedição, a par de outros testemunhos de quem nela participou.

A recente obra do historiador José Manuel Garcia5 descreve minuciosamente os pormenores da organização e realização da viagem e fornece dados inéditos sobre o homem que descobriu o estreito que ficou conhecido como Fernão de Magalhães. O último romance de João Morgado, A Ave do Paraíso (2019), uma ficção histórica, constitui também uma apreciável mais valia para a história da Circum-Navegação.

A armada, a viagem e a morte do capitão Magalhães D. Manuel I recusou a proposta de Magalhães para descobrir uma nova rota das especiarias pelo Ocidente, e ele procurou então o apoio de D. Carlos I.6 Apresentou-lhe o seu projecto de descobrir uma nova via pelo oceano a oeste, e provar que as Molucas se situavam no domínio de Castela, de acordo com o Tratado de Tordesilhas. O monarca fê-lo capitão de uma armada que partiu de Sanlucár de Barrameda no dia 20 de Setembro de 1519, com a seguinte composição: Nome da Nau1 Trinidad Santo António Victoria Conception Santiago

Tonéis 110 120 85 90 75

Capitães Fernão de Magalhães Juan de Cartagena Luiz de Mendoza Gaspar de Quesada Juan Serrano

Pilotos Estêvão Gomes Juan Rodriguez Mafra Vasco Galego João Lopes de Carvalho Juan Serrano

N.º de Tripulantes 61 55 46 45 33

A frota fez várias escalas até chegar à Baía de São Julião (sul da Argentina) onde ficaram três meses devido ao frio. Aí, Magalhães, em Agosto de 1520, enfrentou um motim da tripulação que teve que reprimir com dureza exemplar. Gaspar de Quesada foi degolado, Juan de Cartagena e o padre Pedro Sanchez de la Reina deixados no degredo na Patagónia. Elcano participou no motim, mas foi perdoado.

A descoberta da passagem (Estreito) para o Oceano Pacífico deu-se depois de 13 de Novembro de 1520. Pigafetta afirma que quando Magalhães soube, chorou. Demoraram um mês a atravessar o estreito, com início no Cabo Froward, até à saída para o “Mar do Sul”, a 28 de Novembro, segundo Pigafetta.

A travessia do Pacífico até à ilha de Guam (Ilhas Marianas) fez-se com as três naus restantes7 e 166 tripulantes, durou 105 dias e morreram nove tripulantes. Foi o momento mais duro da expedição, os alimenVer Le voyage de Magellan 1519-1522, la relation d’Antoine de Pigafetta et autres témoignages, Paris Ed. Chandeigne, 2007.

Existe uma edição de bolso (2018) com vários anexos.

3 Veja-se também a obra deste investigador O Drama de Magalhães e a Volta ao Mundo sem Querer”, Lisboa, Gradiva, 2019.

4 Este relato está disponível na Internet, mas em língua espanhola.

5 José Manuel Garcia, Fernão de Magalhães, Herói, Traidor ou Mito: A História da Primeira Viagem a Abarcar o Mundo. Lisboa, Ed. Manuscrito, 2019.

6 Foi rei de Espanha como Carlos I a partir de 1516 e Imperador Romano-Germânico como Carlos V a partir de 1519.

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tos escassearam e tiveram que comer ratos e couro dos mastros. Mas foi também o momento de glória pela descoberta de um oceano nunca dantes navegado, parte da Terra a sul do Rio da Prata, o estreito de Magalhães e finalmente as Filipinas. Aqui foi bem recebido pelo rei da Ilha de Cebu onde permaneceu 43 dias, fazendo trocas comerciais, evangelização e baptismos. A rota alternativa estava encontrada. Contudo, Magalhães apercebe-se do erro de cálculo: afinal as Molucas encontravam-se no hemisfério sob influência portuguesa. Como justificar ao rei Carlos V6 que as Molucas, afinal, não pertenciam a Castela?

Alguns consideram que a morte de Magalhães foi um suicídio outros que morreu na ilha de Mactan a 27 de Abril de 1521, em combate contra o chefe tribal Lapu-Lapu, então inimigo do rei de Cebu, e hoje herói nacional.

A viagem foi completada por Elcano que partiu das Molucas a 21 de Dezembro para Espanha, correndo imensos riscos por navegar em águas de influência portuguesa.

Sem a heroicidade de um final feliz, realça-se que Fernão de Magalhães foi o primeiro a dar a volta ao mundo em duas etapas: A primeira, entre 1505 e 1512, aquando da sua viagem de Lisboa para a Índia e posterior participação na descoberta das Molucas em 1512. A segunda, na Viagem de Circum-Navegação.

O mérito de Magalhães contribuiu para o avanço do mundo e por isso o seu nome foi escolhido pela Nasa para designar a sonda enviada a Vénus, atribuído a duas galáxias, as “Nuvens de Magalhães”, a duas crateras lunares, a universidades, projectos, lugares nacionais e internacionais. O navegador tem estátuas em Portugal, Punta Arenas (Patagónia) e até uma na ilha de Mactan perto da de Lapu-Lapu.

——————— A nau Santiago naufragou no rio de Santa Cruz (Argentina) a 3 de Maio de 1520, mas os tripulantes salvaram-se; a Santo António desertou em Novembro de 1520, no Sul da Patagónia, e chegou a Sevilha a 6 de maio de 1521; a Conception foi destruída na ilha de Bohol (Filipinas), a 2 de Maio de 1521. A Trinidad foi apreendida pelos Portugueses em Ternate (Molucas), a 24 de Outubro de 1522.

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Lugares e Histórias de Almada

D. Sancho I: o rei que deu o foral de 1190 à vila de Almada.

O rei que também foi poeta…

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D. Sancho I, pormenor da pintura setecentista de Miguel António do Amaral, nos Paços do Concelho da Moita. Reprodução fotográfica de Urbano Antunes

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Alexandre Flores

lmada tinha sido uma terra muçulmana, uma importante praça militar a sul do Tejo, na qual se movimentavam gentes e mercadorias, de complexa vida interna com o Termo que envolvia e alimentava. A toponímia de raiz árabe atesta bem o domínio muçulmano na região. Conquistada pelas forças cristãs de D. Afonso Henriques em 1147, com a ajuda dos cruzados, Almada encontrava-se na posse dos cavaleiros de Sant´Iago, por carta assinada por D. Sancho I, em 26 de Outubro de 1186.

Corria o ano de 1190, quando os habitantes de Almada receberam o primeiro foral, extensivo a cristãos, “homens-livres” que viviam na vila e seu termo. Ao lado dos cristãos, viviam os mouros livres e judeus, sob a protecção régia, como já se depreendia da anterior “carta de segurança” de 1170, concedida por D. Afonso Henriques aos mouros de Lisboa, Almada, Palmela e Alcácer.

O Foral de 1190, dado por D. Sancho I, filho do primeiro rei de Portugal, à “vila e termo” de Almada, é uma das mais antigas fontes documentais que nos conduzem ao conhecimento da vida local no período de formação e organização de Portugal. O Foral estabelece uma série de regras de carácter essencialmente tributário e penal, aplicáveis a um aglomerado rural e marítimo que se desenvolvia em redor do

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castelo e da sua região, contendo já aspectos específicos para a constituição do respectivo município.

O grande interesse do diploma régio reside no facto de através dele se surpreenderem mutos aspectos da vida municipal, da vida económica e social da comunidade a sul do Tejo. Poderemos compreender o que se comprava ou vendia, o que se produzia nos campos e herdades, o que se caçava e pescava, o que se vestia, as categorias ou “classes” sociais, a organização municipal, as pequenas “indústrias” dos mesteirais, os transportes e os direitos ou deveres em geral. A “vila” era o centro não só administrativo e de serviços, como também de produção de bens e de comércio. As oficinas ou “tendas” do alfaiate, do ferreiro, do sapateiro, do oleiro, do correeiro, etc. eram onde os produtos eram vendidos e ou reparados.

Os antigos usos e costumes (direito consuetudinário) ainda se mantinham como tradição oral na vida concelhia, se bem que o Foral constituísse o principal “código” do novo concelho consideravelmente rural e marítimo, complementado depois pela legislação geral do reino e ou pelas leis e determinações emanadas do poder central.

Ao lermos o documento, existente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, podemos fazer várias análises, entre as quais, a vida económica e social de Almada do século XII, onde havia uma participação activa dos membros da comunidade, quer na eleição de responsáveis pela administração (alcaide-menor, alvazis e almotacé), quer na defesa do território, quer na exploração agro-pecuária, no comércio, etc. À semelhança dos outros concelhos (que na época também receberam forais, como: Torres Novas, 1190; Mortágua, 1191; Leiria e Penedono, 1195; Belmonte e Guarda, 1199; Montemor-o-Novo, 1203; Figueiró dos Vinhos, 1204; Penamacor e Pinhel, 1209; Alcobaça, 1210), estabelecem-se os primórdios da organização municipal, na capacidade de eleição de juízes e outros oficiais da administração local e central 1.

D. Sancho I, além de ter sido o «rei povoador», pelas muitas terras que fundou e acrescentou ao reino, também foi um rei que gostava de ser poeta… O rei tem hoje a cingir-lhe a cabeça uma coroa de louros, como um dos mais antigos poetas dos Cancioneiros medievais. Atribui-se-lhe uma formosa balada para a sua dama, a famosa “Ribeirinha”. A cantiga é muito bela. Fala de amor e saudade, até ao fim do coração do homem: « Ai eu coitada! Como vivo em grande cuidado por meu amigo que ei alongado.

Muito me tarda o meu amigo na Guarda!

Ai eu coitada! Como vivo em grande desejo por seu amigo que tarda e não vejo!

Muito me tarda o meu amigo na Guarda!»

Camões, ainda que, por absurda hipótese lhe interessasse, num poema épico, o erótico enredo, não poderia conhecer. A cantiga tanto se pode atribuir, segundo o Manuscrito em que aparece, a D. Sancho de Portugal, como “a um rei Afonso de Léon”. Foi a palavra “Guarda” que levou D. Carolina Michaelis a tecer a intriga amorosa. Mas “Guarda” – observa o filólogo italiano Prof. Pellegrini, da Universidade de Pisa, pode ser um nome comum. “O meu amigo na Guarda” significaria: o meu amigo na “Guarda” do rei, no serviço militar ou coisa semelhante 2.

Entre outras doações de terras, regista-se a da Vila do Conde doada por D. Sancho I a D. Maria Pais Ribeiro (a formosa “Ribeirinha”, em 1209) «pelas razões de conversação que com ela teve», conforme escrevia, com impecável delicadeza, o discreto cronista. A doação era feita a título hereditário. O senhorio da vila pertenceria, no reinado de D. Dinis, a uma tetraneta da “Ribeirinha”, Teresa Martins, casada com o infante Afonso Sanches, filho bastardo e dilecto do Rei-Trovador e como ele poeta 3.

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(1) Alexandre Flores Foral de Almada 1190: álbum documental e iconográfico, 2.ª edição, Almada: Câmara Municipal, 1992, pp.

9-13.

(2) Nobreza de Portugal e Brasil, Editorial Enciclopédia, vol. I, p. 127.

(3) Raúl Proença Guia de Portugal, vol. Douro Litoral.

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A nossa língua Notas sobre a história da língua no concelho de Almada (II): Pera (Caparica e Trafaria)

Carlos Rocha

Quem passe hoje pelo IC20, em ambos os sentidos, verá uma placa indicativa do desvio para Pera (ou Pêra, na ortografia de 1945). Na verdade, este é o nome de, pelo menos, três lugares na atual União de Freguesias de Caparica e Trafaria – Pera de Cima, Pera do Meio e Pera de Baixo. Dada a tradição rural de toda esta região noroeste do concelho de Almada, seria de supor que o topónimo Pera fosse, sem suscitar discussões aquilo, que parece: uma alusão a um eventual produto agrícola, a pera. Talvez não seja bem assim…

Acontece que Raul Pereira de Sousa (1926-1999), grande estudioso da toponímia do nosso concelho, escreve, no seu Almada – Toponímia e História (1999, p. 179), que é «[…] certo que neste caso palavra pera nada tem a ver com o fruto da pereira mas é sim uma derivação do latim petra, pedra ou rocha, que em português deu “pera” [sic] […]». Por outras palavras, o latim petra está na origem da atual palavra pedra, mas esta última conheceu durante a Idade Média uma variante, pera. É curioso que esta variante de pedra não tenha subsistido no léxico comum, visto que a descrição dialetal não parece facultar atestações.

Poderemos manifestar alguma desconfiança perante a hipótese avançada por Pereira de Sousa?

Poder, podemos sempre, porque, quando se fala de toponímia, lida-se o mais das vezes com nomes que são o resultado de atos de nomeação de que se perdeu memória. E quanto mais antigo o topónimo maior a probabilidade de ter sido sujeito a toda a espécie de deformações fonéticas e reinterpretações formais.

Mas sabemos da existência de vários casos de Pera dispersos de norte a sul de Portugal – Armação de Pera (Silves), Pera Gaita (Grândola), Castanheira de Pera (Leiria), Perafita (Matosinhos), Peralta (Alenquer, Lourinhã), Peralva (Tomar) –, todos, ao que parece, com origem em péra, uma variante de pedra homógrafa de pera, forma que tem outra etimologia (do latim pira, com o mesmo significado). É possível que, em alguns casos, o elemento Pera tenha sido motivado pela necessidade de referir algum monumento megalítico, um menir talvez, atendendo a que Perafita, que também ocorre noutros pontos do país sob a forma de Pedrafita, resultar do latim petra ficta, ‘pedra a pino’, ou seja, ‘pedra erguida’.

Também se deve lembrar que da época medieval (ou até um pouco mais tarde) vêm mais palavras ilustrativas da passagem de -tr- latino a -dr- e, depois, a -r-. Entre nomes próprios pessoais (antropónimos), conta-se o caso de Pero, uma variante de Pedro frequentemente associada a outros nomes, como o grande filólogo português Leite de Vasconcelos (1858-1941). É o que se verifica nos nomes de vários trovadores e jograis galego-portugueses como Pero da Ponte, Pero Mafaldo ou Pero Meogo; e é o que sucede com Pero Vaz de Caminha (1450-1500), o autor da famosa carta enviada a D. Manuel I sobre o achamento do Brasil. Importa ainda mencionar o apelido Peres, um antigo patronímico (nome que identifica o pai da pessoa nomeada), foi formado não com base em Pedro, mas, sim, em Pero. Génese semelhante tem o apelido Pires, que evoluiu do latim Pretrici passando pela forma já medieval *pidrez , estas também teriam as variantes Pirez, com queda do -d- medial.

Pera, Pero, Peres e Pires constituem, portanto, bons exemplos de arcaísmos, que testemunham um processo de alteração sonora que terá estado ativo na língua medieval. O estudo da antroponímia e dos topónimos permite documentá-lo, apesar de não ser detetável nas palavras correntes do português mais antigo ou mais recente.

Almada, 16 de julho de 2019 ——————

* indica que são formas hipotéticas, que não aparecem na documentação.

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Criatividade Burro Novo

José Monteiro

As Férias na Aldeia chegavam ao fim.

Sentado debaixo da latada, deixava escorrer mais uma tarde de finais de setembro, perdendo os olhos na extensa Cova da Beira. Sobre a mó gasta que servia de tampo de mesa estava O Malhadinhas à espera da minha atenção.

A figura magra da Menina Filomena, ou melhor, M’na Floménia, vinha subindo a canada. Era uma boa ocasião para conversar com a idosa senhora, mãe de filhos casados, mas que nunca deixou de ser Menina.

Deleitava-me a sua pronúncia antiga cheia de xês, tchês, e de plurais em ze. Subia arrimada a uma vara, qual cajado ocioso, cuja serventia era a de espantar algum cão impertinente que tentasse adivinhar-lhe as pernas escondidas debaixo da preta saia rabuda e do avental cinzento.

— Santas tardes nos dê Deus, M’na Floménia. — Foi a maneira de lhe chamar a atenção para a minha presença, meio dissimulada atrás das parreiras. Se ela fosse disposta a conversar, com certeza pararia.

— Santas tardes, menino. — Eu também era menino, nos meus trinta e poucos anos.

— Parece-me que vai pensativa. — Tinha de começar por algum lado.

Resultou: infletiu a marcha em direção ao meu portão e a ossuda mão esquerda apoiou-se a um dos varões. Levantei-me e fui ao seu encontro.

— São as consumições da vida, menino.

— Alguma moléstia?

— É como se fora.

— E posso ajudar?

— Antes pudera!

— Quer sentar-se um bocadinho e contar-me o que se passa? — Não esperei por resposta e fui abrindo o portão. Enquanto entrava: — Não o quero apoquentar...

— Não apoquenta nada... sente-se aqui... — Indiquei-lhe a minha cadeira. Fui à cozinha, peguei numa jarra com água e dois copos, puxei por um mocho e sentei-me na sua frente.

— Conte-me lá... São os seus filhos ou os seus netos?

— Ná! Esses lá vão com a graça de Deus. O que me mói é esse burrancana do meu irmão...

— O Ti Toninho?

— Esse!

— Não tem andado bem?

—É o de sempre. Ponho-me a pensar que vida há de ser a dele quando eu me finar e olhe... (encolheu os ombros e abriu as palmas das mãos) Já viu? Quando era tempo disso, não teve área pra arranjar uma esposada... Agora, cevada ao rabo!

— Mas ele dá bem conta da vida, não dá?

— Mas é um remedeio. Uma mulher faz muita falta numa casa. Se não anda feito um farrapana, a mim o deve. Uma ocasião, adreguei de lá passar e o que que é que eu vi? Tinha acabado de acunapar umas calças por mor de um lenho que fez quando foi roçar mato. Lá lhe amanhei as calças. E quando eu fechar os olhos, diga lá?

— Longe vá o dia, senhora. Não se apoquente que alguém lhe há de deitar a mão.

— Falar é fácil. Inda hoje... foi à feira comprar um burro novo. Chegou a casa co’ a borracheira, atirouse pra cima da palha e lá está a curti-la.

— Mas isso não é dele. O que é que lhe deu?

— Sabe-o Deus...

— Ele não é amigo de se meter na vinhaça, pois não?

— É pra que veja...

— Ó M’na Floménia, até se diz que não consegue beber o vinho todo que ele faz...

— É verdade. Quando faz o vinho novo, vaza o velho de sobra nos pés das videiras. Diz que não se 9

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pode perder nada...

— Isso não é o povo que fala de mais?

— Qual quê... Eu vi. Outra, é o comer. Não é que ele seja pesquinhento, mas come pouca sustância.

E sabe porquê?

— ...

— Pró não fazer. O mais das vezes é o pão, é a chouriça, o queijo, as azeitonas e o vinho, tá claro. Mas de lume, é raro...

— Só isso? Mas o Ti Toninho parece andar bem...

— Pois é. Mas olhe, eu é que me doo e quando calha venho aí e faço uma panela de caldo de couves com feijão e ele bem no come.

— Do mal o menos...

— Bom, a verdade se diga, ao domingo ele coze uma caçoula de batatas e a minha nora, a do meu mais velho, passa por aí e sempre lhe pergunta “Ti Toninho, então como é que hoje come as batatas?” e ele responde “como é que há de ser? Com um garfo, tá de ver”. E ela deixa uma posta de bacalhau ou uma febra ou uma entremeada, conforme calha. Ele lá se amanha. Mas uma mulher com ele era outra coisa.

— Ó M’na Floménia, conte-me lá a história da Lurdes da Alacrária...

—Oh!... Essa história tem raio, menino. Nem queira saber...

— Mas, o é que aconteceu para ter raio assim?

— O menino sabe como estas coisas são ... Eles ainda eram moços, no tempo dos rapazes olharem prás raparigas e elas pra eles, tá a ver... Ela sempre foi alevantada, e vá de rondar a casa com a desculpa de ver a minha mãe, que Deus tenha. O que ela queria era saber onde andava o Tonito com o rebanho.

A minha mãe, que Deus tenha, desconversava, bem sabia ao que vinha e ela não era, nem é, flor que se cheire. Só que na Festa da Senhô do Carmo ele ficou em casa sozinho; todos tinham ido prá romaria.

Ela, armada em colandrina, apareceu-lhe cheia de falinhas, daquelas que os homens gostam, e ele feito gimbrinhas levou-a pró palheiro. Quando ele já estava no ponto, não sei se me entende, ela deu-lhe um sacão e disse “se queres o resto vai buscar uma nota das grandes”. Ela queria saber onde ele guardava o dinheiro... Já se sabe. Olha ele!... Deitou mão à forquilha e deu atrás dela, pelos campos fora, os dois meio encarrapatos, vozeando um contra o outro. Só visto! Ela até lá deixou os chanatos que ele pendurou no barrote onde se prende o burro. Até hoje...

— Dizem que o Ti Toninho esfaqueia as notas de mil escudos, é verdade?

— Não são todas. São asquelas que têm uma mulher com o peito ao léu. Ele fura os olhos da mulher com o bico da faca, a pensar na Alacrária.

— Mas, M’na Floménia, essas notas... espere... o que é que se passa? Donde vem aquele fumo?

— Ai, Nossa Mãe nos acuda, querem lá ver...

— Fique aí, fique aí...

Deixei a senhora em ais, passei pela cozinha, peguei no balde da água e corri canada abaixo em direção à casa do Ti Toninho, donde se elevava a coluna de fumo. Dirigi-me para o palheiro. Lá dentro ouvia-se o resfolegar aflito do burro. Com uma pancada soltei a tranca da porta e antes que eu entrasse saiu o animal, espinoteando e dando coices. O fumo espalhava-se por todo o telhado, sem forro. Lembrei-me do lenço... molhei-o no resto da água que não tinha vertido durante a correria, levei-o à boca e ao nariz e procurei pelo velhote que devia estar por ali a curtir a borracheira. Não tardei a encontrá-lo de borco, com a cara num cobertor velho que lhe servia de enxerga. Roncou quando comecei a arrastá-lo por baixo dos braços.

Quando o larguei, longe do palheiro, já outros vizinhos acudiam com baldes de água e num instante o pequeno incêndio estava debelado. Foi encontrada a causa do fogo: a candeia acesa tinha caído ao chão.

Já com a M’na Floménia presente, era tempo de socorrer os sinistrados: o Ti Toninho e seu burro novo.

Uma jarra de água pela cabeça do homem surtiu o efeito desejado. Ainda não dizia coisa com coisa, mas já resmoneava e agitava as mãos, limpando a cara. Menos mal!

O burro tinha-se refugiado debaixo da figueira, ao fundo do campo, mas continuava muito inquieto.

— O burro está assustado! — Sentenciou o vizinho Américo.

— É novo, está desorientado — acrescentei eu como justificativa.

O Américo foi junto do animal e com palavrinhas meigas tentava acalmá-lo, enquanto lhe passava a mão pelo pescoço: “oi, oi, elá!.. Assim!... Calminha!...”

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De repente, parou, olhou para a mão e gritou: — Que é isto? Querem ver?...

E todos quiseram ver. Era a mão pintada de preto!

— Isto é que é um burro novo?

A resposta àquela pergunta foi um banho a preceito ao infeliz animal. A água tinta manchou o chão, imitando a sombra da figueira.

Estava explicada a queda da candeia.

— Até o burro velho pintaram e ele comprou como se fora novo. Quem seria o safardana?

— Acalme-se, senhora!

— Ser velho e trambalazana tem raio!

— Viver tem raio!

O azar de sexta-feira treze Foi numa sexta-feira treze Por destino e má sorte Os cavaleiros templários Encontraram a sua morte

Desde então para cá Este dia ficou marcado Por receio ou superstição Muita gente julga-o azarado

Por inveja ou necessidade O rei francês armou-lhes a cilada E os pobres cavaleiros Ficaram com a vida arruinada

Acreditem ou não As bruxas andam por aí Disfarçadas ou escondidas O melhor é exorcizá-las daqui

Por maldição de um cavaleiro O Rei e o Papa tiveram a mesma sorte Passado cerca de um ano O esconjuro foi mais forte

Cobra, cobrão, olhos de sapo Patas e pelo de cão Cornos de bode, rabo de onagro Larga-me para sempre da mão

Rosa Pires

Radar

Rede de Apoio a Idosos Vítimas de Violência Telefone 800910073 Precisa ou sabe de alguém que precise de apoio

Ligue

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Conferências e aulas abertas

Sítios arqueológicos acessíveis à pública fruição José Brandão

Por todo o país, têm vindo a ser descobertos e estudados centenas de sítios arqueológicos em diversos estados de preservação, cobrindo um amplo horizonte cronológico, que se estende do passado mais remoto da Humanidade (Paleolítico), à contemporaneidade. Muitos destes lugares proporcionaram a exumação de grandes quantidades de artefactos, posteriormente incorporados em museus, ou remetidos para depósitos, aguardando estudos posteriores.

Lidos no seu conjunto e contextos, sítios e espólios arqueológicos, permitem reconstituir, com alguma fiabilidade, habitats e modos de vida das sociedades que nos precederam.

No que respeita aos sítios arqueológicos, é notório o esforço que tem vindo a ser feito pela administração central e pelas autarquias, com a colaboração das universidades e organizações de direito privado, no sentido de inventariar, investigar e promover a valorização de lugares que, pelos seus “valores de memória, antiguidade, ou originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade (cf. Lei 107/2001 de 8 de setembro), constituem importantes peças do património cultural nacional.

A valorização deste património visa a sua pública fruição, último elo de uma cadeia de trabalhos que se iniciam com a escavação e o estudo dos contextos (grutas, megálitos, assentamentos e fortificações, entre os mais familiares) e dos espólios, a conservação dos bens imóveis in situ e bens móveis, e a reconstrução e restauro, sempre que tal se justifique.

Este conjunto de processos configura a musealização dos sítios, a que acresce, em muitos casos, a determinação e qualificação de percursos de visita que garantam a sua visão global e, simultaneamente, a segurança do visitante e dos próprios bens arqueológicos. No limite do desejável, considera-se ainda a instalação de estruturas de acolhimento e interpretação, que interajam com os visitantes, associando à visita uma componente científica, de interpretação, e funcionem, também, como reguladores dos fluxos de visitação.

Subscrevemos L. Raposo (2009) quando sublinha que os sítios musealizados oferecem, sobre os museus, as vantagens de um contacto de proximidade - diríamos assim - com os vestígios do passado no seu próprio lugar e contexto, enquanto os museus, ao contrário, “favorecem a integração do particular em visões mais amplas”.

O património histórico-arqueológico, que tem sido tema de trabalho e discussão da disciplina de Património e Museus, da USALMA, foi agora abordado na vertente da valorização e pública fruição com uma conferência aberta à comunidade USALMA de Jorge Raposo, do Centro de Arqueologia de Almada e diretor da conhecida revista Al-Madan.

O arqueólogo passou em revista o trabalho de reconhecimento e inventário dos sítios e conjuntos arqueológicos com condições de fruição pública, que tem vindo a desenvolver há mais de uma década, abordando vários resultados obtidos no inquérito que dirigiu, a nível nacional, em 2015 e que permitiu apurar, no conjunto do pais, 500 lugares preenchendo esse requisito (Raposo, 2016). A informação recolhida, georreferenciada, está disponível numa base de dados acessível em linha, a partir da página da revista: http://www.almadan.publ.pt.

A fim de consubstanciar o enquadramento apresentado, a turma realizou, na semana seguinte uma visita ao povoado fortificado pré-histórico de Leceia, Barcarena (http://www.cm-oeiras.pt/pt/descobrir/ patrimonio/patrimonio-arqueologico/Paginas/povoado_pre_historico_de_leceia.aspx), e respetivo centro de interpretação, projetos liderados pelo Centro de Estudos Arqueológicos do Concelho de Oeiras (Câmara Municipal de Poeiras), cuja apresentação culmina cerca de 20 anos de trabalhos de campo continuados que puseram a descoberto estruturas habitacionais e defensivas de épocas diversas, do Neolítico Final à Idade do Cobre. Os espólios arqueológicos mais significativos, em parte patentes no Centro de Interpretação, comprovam o sucesso de uma economia agro-pastoril, complementada pela caça e pela recoleção de moluscos ao longo do litoral estuarino adjacente (Adap. de folheto de divulgação, 2019).

Guiado pela arqueóloga M.ª Conceição André, o grupo teve oportunidade de apreciar o complexo dispositivo defensivo, organizado em três linhas de muralhas, reforçadas exteriormente por bastiões semicirculares, articuladas com as duas importantes escarpas naturais pré-existentes, uma leitura posteriormente complementada com maquetes tridimensionais à escala.

Referências

Raposo, J. (2016). Sítios arqueológicos portugueses revisitados. Al-madan, IIª s. 20, p. 70-196.

Raposo, L. (2009). Arqueologia e Museus: experiências portuguesas recentes. Museologia.pt, 3, p. 75-103.

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Apresentação da obra O Duplo Fulgor do Tempo Glória de Brito

No dia 14 de novembro de 2019, a escritora Maria Graciete Besse , esteve na USALMA para falar do seu último romance O Duplo Fulgor do Tempo (2019). A sessão contou também com um recital de poesias selecionadas do seu último livro de poemas, intitulado Na Inclinação da Luz (2018), realizado pela turma de Poesia Viva, que a autora muito apreciou.

O Duplo Fulgor do Tempo é um romance que contribuí para alargar o conhecimento sobre alguns aspectos da História de Almada, em particular do Monte da Caparica e da História nacional, nos contextos do séc. XVIII e da primeira metade do séc. XX. A obra cruza duas épocas históricas, duas classes sociais e duas protagonistas femininas, distanciadas por duzentos anos, integradas no mesmo espaço geográfico – o Monte da Caparica. Assim, coexistem no romance duas narrativas que se vão tecendo em paralelo e de forma alternada, ao longo de vinte e um capítulos. A protagonista Luísa do Pilar de Noronha é uma fidalga da família dos Condes de Arcos que vive no palacete da Quinta da Torre, casada com Álvaro de Távora, em 1731, apenas com 13 anos e de quem tem 11 filhos. Trata-se de figuras reais que viveram na Quinta da Torre cujas vidas a autora ficciona, envolvendo factos e cenários verídicos associados à família real e à alta nobreza: os Távoras, os Arcos, os Alornas e outros, diluídos nos episódios das intrigas. A outra estória é protagonizada por Luísa, uma camponesa nascida em 1926 no Monte da Caparica, viúva, que vive num lar de idosos, abandonada pelos filhos e netos, insatisfeita com a vida de rotina, decadência, vazio e tristeza, aguardando a morte.

No presente da enunciação, estas duas mulheres, apresentadas na fase final das suas existências, reconstroem, pela memória e retrospectivamente, a cronologia dos acontecimentos marcantes das suas vidas, dando a ver as ligações familiares e vários factos histórico-sociais e políticos ocorridos nos reinados de D. João V e D. José I, bem como na ditadura do Estado Novo.

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Maria Graciete Besse nasceu no Monte da Caparica, mas fez toda a sua carreira académica em França, sendo actualmente Professora Jubilada da Universidade da Sorbonne IV, Paris e possui dupla nacionalidade .

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A representação no cinema

Adelaide Paredes No dia 31 de outubro de 2019 a Apcalmada-USALMA realizou, no auditório da sua sede, um encontro memorável com o especialista José Pires, beneficiando do seu saber e reflexão sobre cinema, teatro e publicidade. Com efeito, durante cerca de duas horas, os participantes tiveram a oportunidade e a felicidade de aprender a ver e a pensar a sétima arte, num virtuoso diálogo entre artes, como a literatura, o teatro, a fotografia, a publicidade.

Os excertos dos filmes visionados permitiram fazer infinitas viagens, recordar momentos significativos e projetar no tempo modos de sentir, de viver e de recriar o pensamento crítico. Comprometidos com o dever da memória, permanecemos na contemplação das artes, no sentido da fruição da vida. A criatividade humana revelou-se e emocionou-nos, amigos do cinema de culto, amigos da mensagem, da imagem, dos atores e realizadores, dos criativos, mestres com que nos identificamos e crescemos, vivemos. Éramos aprendentes felizes, naquela tarde longa, lenta, leve, livre. José Pires soube convidar a sonhos com mestria e fez com a sua alegria reviver, recordar, ressignificar os caminhos, porventura caminhados ou a caminhar. Abundou a qualidade, a beleza, a inspiração, a bondade. José Pires foi prodigioso. Homem e profissional de eleição que, por sorte, reside em Almada e está curioso e empenhado em conhecer o pulsar da vida do concelho e da cidade, acalentou-nos, acolheu-nos. Almada na diversidade cultural das suas gentes, das suas comunidades, em ambientes artísticos, pensantes, inovadores conta com a sua inestimável paixão pela Vida.

Fomos ao cinema. É preciso ver cinema para nos vermos representados, repensados.

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Apresentação do livro O Regresso

Valter Deusdado

Teve lugar na USALMA no dia 21 de novembro de 2019 o lançamento do livro “O Regresso”, escrito em português e mirandês, da autoria de Valter Deusdado, com a presença do seu Diretor Jerónimo de Matos e da Presidente da Apcalmada, Maria de Lourdes Albano.

Este regresso é um dos muitos possíveis regressos. Regresso às origens, regresso à vida, como o João na história de amor com Inês.

Os acontecimentos ficcionados neste livro referem-se ao período da década de cinquenta até à década de oitenta do século XX. A pobreza corroía a sociedade, retirando-lhe toda a dignidade e direitos de cidadania.

Muita emigração para as Américas, para a Europa clandestina, o grito embora contido de uma geração inteira que queria sobreviver.

Por terras de Moçambique a felicidade é efémera para depois se reduzir tudo a nada. O regresso forçado retirou a esperança a muitos.

A escolha de uma mulher como uma das personagens principais não terá sido por acaso, quis o autor simbolizar todas as mulheres, a sua força e determinação, porque a mulher tem competências que fazem dela uma heroína.

Neste romance o autor traz-nos os dois lados da humanidade, o bem que o amor enobrece e o mal da ignomínia e desfaçatez.

A droga ganha uma dimensão trágica que destrói a pessoa, mas a esperança mesmo no fim da linha pode salvar, quando o amor é maior. A felicidade e a paz nunca serão fáceis.

Este “regresso” aviva-nos as fragilidades humanas, quantas vezes numa morte trágica renasce a esperança de um novo amor.

Entomofagia - Perspetivas futuras para a segurança alimentar

Odete Alexandre

No âmbito da área de Saúde da USALMA, realizou-se no dia 27 de novembro, uma Aula Aberta com o tema: Entomofagia - Perspetivas futuras para a segurança alimentar. A apresentação foi feita pelo Professor Doutor Raul Xisto de Sousa, professor catedrático jubilado da Faculdade de Agronomia e atual Provedor do Aluno da Universidade de Lisboa.

Ficámos a saber que o consumo de insetos na alimentação humana, já presente em muitas sociedades, poderá vir a ser uma realidade entre nós, dado que se trata de produtos alimentares cuja composição se adequa às nossas necessidades nutricionais. A sua produção, menos consumidora de recursos e consequentemente mais amiga do ambiente, é uma mais-valia em termos do planeamento do futuro da alimentação.

Deixamos o agradecimento deste contributo que esclareceu muitos dos nossos atuais mitos no que respeita a esta temática.

Pensamentos O que é que eu posso fazer que tu não podes?

O que tu podes fazer eu não posso.

Mas juntos podemos fazer algo de bonito Madre Teresa de Calcutá, Agnes Gonxha Bojaxhiu: 1910-1997 14

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Atividades Resultado dos V Jogos Florais

Edite Prada

O Júri apreciou os trabalhos a concurso nos V Jogos Florais da Apcalmada-USALMA. Embora tenha considerado todos de excelente qualidade, atribuiu os seguintes prémios: Poesia 1.º prémio - Vítor Manuel Alves Fernandes 2.º prémio - Maria Sales Cardoso 3.º prémio - Maria Manuela Figueiredo Cruz Conto 1.º prémio - Valter Augusto Deusdado 2.º prémio - Vítor Manuel Alves Fernandes 3.º prémio - Maria Helena Guimarães Castelhano Menção honrosa - António Luís Pinto da Costa

História de vida 1.º prémio - Manuel António Martins Fonseca 2.º prémio - Maria Luísa Vieira Elvas da Silva 3.º prémio - Maria Manuela Figueiredo Cruz Menção honrosa – Vítor Manuel Alves Fernandes A direção apresenta os parabéns a todos os premiados e um agradecimento a todos os concorrentes.

Na sequência da apreciação do júri foram entregues os prémios no dia 6 de dezembro, em sessão animada.

Curso de Inglês para os funcionários da União de Juntas de Freguesia Domitila Cardoso | Esmeraldina Gralha

Foi estabelecido um protocolo entre a USALMA e a União de Juntas de Freguesia no âmbito da aprendizagem da língua inglesa. O curso, com a duração de 50 horas, destinado aos funcionários de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, decorre até dezembro, correspondendo a uma Unidade de Formação de Curta Duração (UFCD), na qual se desenvolvem competências de interpretação (ouvir/ ver e ler) e produção (falar/escrever).

O curso é dinamizado pela professora Esmeraldina Gralha que referiu “A ensinar também se aprende.

Foi o que aconteceu com as aulas aos funcionários da União de Freguesias. Os alunos aprenderam vocabulário específico, ferramenta importante para um melhor atendimento a utentes estrangeiros. A necessidade da utilização de um vocabulário próprio levou a uma pesquisa de vocábulos e expressões que não integram os currículos dos anos que leciono. Esta experiência tem sido enriquecedora por esta partilha de saberes. Atualmente os alunos estão a ensaiar uma peça de teatro concebida por eles próprios, aplicando uma metodologia de práticas teatrais ao serviço da aprendizagem de uma língua estrangeira.”

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Apcalmada participa na receção à Comunidade Educativa Edite Prada

Uma vez mais a Sra Presidente da Câmara, Dra Inês Medeiros, mandou convidar a Associação de Professores do Concelho de Almada para participar na sessão de receção à comunidade educativa, que engloba a Homenagem ao professor aposentado. Apresenta-se a seguir a comunicação apresentada pela Vice-Presidente, por impedimento da Presidente: Cumpre-me em nome da Presidente da Associação de Professores do Concelho de Almada, Prof.

Lourdes Albano, cumprimentar a todos e desejar um excelente ano letivo àqueles cuja lide se vai manter.

A Associação de Professores do Concelho de Almada (Apcalmada) é uma associação sem fins lucrativos que tem como finalidades prosseguir, manter e alargar um conjunto de atividades e objetivos sociais, educativos e culturais dirigidos ao grupo profissional dos professores do Concelho de Almada, mas também a toda a comunidade Almadense, incluindo aqui os imigrantes que se encontram no nosso concelho a dar um novo ruma às suas vidas.

Nesse sentido, desenvolve vários projetos em prol da Comunidade.

Embora o mais visível e abrangente seja a Universidade Sénior de Almada (USALMA), que este ano completa o seu 15.º ano de serviço à comunidade, não podemos deixar de destacar, pela sua importância socioafetiva e pela sua relevância inovadora, o projeto Uma palavra um alento, que leva a casa de seniores com menor mobilidade uma palavra amiga, a que se associou desde há três anos um outro projeto, As visitas cantadas, cujos voluntários usam a música como meio de comunicar, tocando e cantando para, e com, o sénior que visitam.

Lançámos as mãos à obra e a obra vai nascendo e vai criando raízes e fortalecendo-se pelo sonho de cada um, contribuindo para a realização do sonho de muitos.

Porque todos somos poucos e porque juntos somos mais fortes deixo a todos um apelo: venha conhecer o nosso trabalho. Junte-se a nós.

Participação na atividade Almada somos nós

Edite Prada

Nos dias 24, 25 e 26 de outubro decorreu a terceira Feira Social, promovida pela Câmara Municipal, sob o título de sentido plural Almada Somos Nós.

A Apcalmada, como nas iniciativas anteriores, esteve presente, com uma banca onde mostrou e ofereceu exemplares dos diversos números da revista Memórias e Futuro.

Além da banca, para dinamização da qual contou com elementos voluntários quer do projeto Uma Palavra um Alento, quer do Conselho de Delegados da USALMA, a Associação fez-se representar com uma atuação das concertinas.

Não fora um pequeno momento menos agradável relacionado com a atuação, teria corrido tudo muito bem.

A Apcalmada agradece a todos os voluntários que tornaram possível a presença dignificante na feira.

Não poderia deixar de reconhecer a disponibilidade das funcionárias da Associação, que, com o Conselho de Delegados arranjaram o espaço.

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Visita à Exposição de Livros Miniatura Edite Condeixa

Esteve patente entre 1 de outubro e 2 de novembro, no Fórum Municipal Romeu Correia, uma exposição de livros miniatura.

No dia 15 de outubro houve uma visita guiada para os alunos de Escritores Almadenses, aberta a todos os interessados. Foi orientada pelo organizador, João Lizardo, que nos fascinou com tudo o que nos mostrou e nos explicou.

A exposição integrou mais de 500 volumes agrupados em oito categorias: Fé, Poder, Jogo, Computar, Arte, Letras, Referência e Memórias.

Todos recordaram os mini-livros da infância, da coleção Juvenil Bambina (Lisboa, 1950) e foram muito apreciados vários modelos de pequenas bibliotecas antigas, em madeira.

O mais pequeno dos volumes expostos tinha apenas 2,9 x 2,4 milímetros, e o maior era uma rara e excêntrica edição da Carta Constitucional da Monarchia Portuguesa, impressa em Londres, em 1832.

Tivemos oportunidade de ver autênticas edições de luxo de textos religiosos de meados de 1700; livros de histórias infantis, oriundos de muitos países e épocas e que divertiram gerações de crianças; bibliotecas miniatura encomendadas por colecionadores do início de 1900, ou uma fina edição de Os Lusíadas, em filigrana.

Alguns dos exemplares puderam ser manuseados e lidos individualmente, com a ajuda do organizador João Lizardo, que proporcionou ao público interessado uma excelente e invulgar experiência.

Atuação do Coro Polifónico na Igreja de Carcavelos Joaquim Silva

No passado dia dezassete de novembro, o Coro Polifónico da USALMA, sobe a direção do Maestro Victor Gaspar, teve uma brilhante atuação, a convite do Coro Cantar Glória, na igreja paroquial de Carcavelos.

Após o concerto, realizou-se um beberete participado por todos os intervenientes.

– Também no passado dia 23 de novembro, dessa vez a convite da Direção da Associação 1.º de Dezembro, o Coro Polifónico da USALMA participou na festa de aniversário da mesma, a qual teve lugar no átrio da Academia Almadense. Um vasto programa com outros agrupamentos convidados, o que permitiu um saudável convívio.

A atuação do coro foi brilhante, sob a direção do Maestro Victor Gaspar, aplaudida pela vasta assistência.

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2019 Ano Nacional da Colaboração Colaborar Faz toda a diferença

Maria Carreiras Seabra

O Ano Nacional da Colaboração é uma iniciativa de âmbito nacional, promovida pelo Fórum para a governação integrada (Fórum Govint) e seus promotores.

Neste sentido, ocorreu o evento “O Poder da Colaboração” em Almada, que teve lugar no passado dia 30 de outubro, na Academia Almadense – Auditório Osvaldo Azinheira.

A Associação de Professores do Concelho de Almada foi convidada a participar com o projeto de voluntariado “Uma Palavra Um Alento”, como um exemplo de colaboração entre várias entidades e instituições.

Este projeto tem como objectivo – promover a corresponsabilização e participação social dos cidadãos, no apoio a pessoas idosas e/ou dependentes, no domicilio, e tem como Missão, combater a solidão e o isolamento, a que os mesmos estão sujeitos.

Entre as várias intervenções, que constituíram o painel do programa “ O Poder da Colaboração”, em Almada coube-me o privilégio de apresentar o projeto “Uma Palavra Um Alento” que, atendendo à sua metodologia de intervenção e acompanhamento, mereceu destaque por parte de alguns participantes. É bem verdade, que, sozinhos, pouco podemos, mas, juntos seremos capazes de ultrapassar barreiras!

Insisto e apelo ao espírito de solidariedade. Junte-se a nós e contribua, deste modo, para levar um pouco mais de alegria e melhorar a qualidade de vida de quem está só.

Colabore!

Colaborar faz toda a diferença!

Voluntariado

Maria da Conceição Barros

A minha integração no projeto de voluntariado criado pela Apcalmada veio preencher algo que faltava na minha vida. É com muito carinho que eu falo da associação e do seu projeto “UMA PALAVRA UM ALENTO”, do qual faço parte desde o início. Aliás, estive presente em algumas reuniões com vista à sua constituição, nas quais me foi permitido assistir ao esforço, empenho e dedicação da equipa da Apcalmada, nomeada para o efeito.

Sem querer ser injusta para qualquer elemento da direção, deixo aqui o meu apreço à Professora Maria Carreiras cujo empenho e dedicação continuam presentes no dia-a-dia deste projeto. Concluído o processo, a formação dos voluntários teve lugar em novembro/dezembro de 2009 e o início da minha atividade em fevereiro de 2010.

D. Josefina, da LIGA, apenas uns meses. O estado de saúde da senhora agravou-se, o que levou ao seu internamento. Ao longo destes anos sinto-me feliz, muito feliz por todos os testemunhos que tenho recebido das queridas e doces senhoras a quem tenho tido o gosto de fazer companhia.

Nunca imaginei ter alguém ansioso na janela esperando por mim, todos os dias da visita e na hora da mesma terminar, ter dificuldade de me libertar dos beijos, abraços e das mil e uma coisas que ainda havia para falar… Assim: as duas horas passavam a três, a quatro, a cinco e alguns dias a seis!!! Era uma querida, a Dona Gina (da LIGA). Estive com ela à volta de quatro anos, até a senhora ir para o lar.

Seguiu-se a Dona Raquel (da URPICA), que dizia: “Quando me disseram que vinha uma senhora fazer-me companhia, fiquei de pé atrás. Mas hoje, estou sempre ansiosa pela sua presença, não imagina como a sua companhia é importante para mim”. Um dia despedimo-nos carinhosamente, horas depois foi para o hospital e no dia seguinte partiu.

Seguiu-se a minha frágil e doce Umbelina (da URPICA), era um bombom!!! No fim da primeira visita despedi-me da senhora com um abracinho e ela disse-me carinhosamente: “Há quanto tempo eu não recebia um carinho assim.” Este e tantos outros testemunhos que tenho recebido deixam-me muito feliz e de coração cheio.

Pena é que não haja mais pessoas disponíveis para oferecer o seu tempo e afeto a quem está só e triste.

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Neste momento visito duas senhoras muito amorosas, a Dona Bina (da LIGA) e a Dona Teresa (da Santa Casa), e certamente que delas vou receber mais do que lhes vou dar: o meu tempo e carinho.

Se leu este texto, reflita, pense na solidão de quem vive sozinho, junte-se a nós, e venha dar um pouco de si, a quem precisa de uma palavra, de um alento.

Apcalmada-USALMA anima comunidade educativa Lourdes Albano

A Apcalmada-USALMA participou com música e dança na sessão de Boas-Vindas à Comunidade Educativa da Charneca-Sobreda, que decorreu na Freguesia da Charneca no dia 30 de outubro, a partir das 18h00 A UsalTuna entrou em palco e logo que os sons dos instrumentos e as afinadas vozes se fizeram ouvir, nada mais importou e todos os presentes, sala cheia, permaneceram atentos até ao final que culminou com fortes aplausos.

Seguiram-se várias apresentações de projetos educativos, de diferentes escolas das Freguesias, todos muito interessantes.

A terminar a sessão de homenagem ao professor, aconteceu mais um momento de espetáculo com a atuação do nosso Grupo de Folclore da Apcalmada-USALMA executando algumas coreografias e contagiando os presentes que, alegremente, batiam palmas e, com alguma dificuldade, resistiam em juntar-se ao grupo.

Após o encerramento esperava-nos um agradável beberete.

Parabéns à União de Juntas da Charneca-Sobreda pela iniciativa.

Juntos por Uma Causa

Maria Carreiras Seabra

O já habitual espectáculo “Juntos Por Uma Causa”, teve lugar no passado dia 24, no teatro Joaquim Benite.

Desta vez, fomos brindados com a atuação dos “MaZéi” - um espectáculo diferente que, “fazendo uso de sonoridades improváveis e genuínas, valoriza e integra a riqueza e a alma de canções portuguesas, explorando o espírito complexo, criativo e misterioso do Jazz e a espontaneidade e energia do Folk” Foi como uma lufada de ar fresco, que, avaliando pelas aplausos recebidos, encheu a alma e o coração de todos os que quiseram e puderam marcar presença, apoiando-nos, deste modo, na grande “Causa” por que lutamos.

A Causa é a construção de um Lar/Residência da Associação de Professores do Concelho de Almada – objetivo primeiro, contemplado nos seus Estatutos.

Um bem-haja a todos os que colaboraram!

Festival 6 Continentes

Jerónimo de Matos

Pelo 5.º ano consecutivo, a USALMA celebrou a língua portuguesa, integrando as associações de lusófonos espalhadas pelos cinco continentes, que há alguns anos vêm celebrando a língua comum em dia que lhe é consagrado. Este ano foi designado o dia 27 de setembro, nas vésperas da abertura do novo ano letivo da USALMA. O evento constituiu uma celebração de gala, com a participação dos grupos musicais e de Poesia Viva, incluindo professores do Conservatório.

Pelas 10h00, teve início o turno da manhã, com uma saudação do Diretor da USALMA, seguida de intervenções muito apreciadas das turmas de Piano, Poesia Viva, Concertinas e Cavaquinhos.

De tarde, após um almoço “luso gástrico” (feijoada à Transmontana) intervieram o grupo de fagotes do Conservatório de Almada, o Coro Polifónico, de novo a Poesia Viva e a Usaltuna, tendo sido encerrado o convívio com um moscatel de honra.

Excelente ideia esta de não só celebrar, mas cultivar e defender a língua portuguesa, das mais faladas no mundo, que une centenas de milhões de falantes de meia dúzia de países e muitos emigrantes, nos cinco continentes.

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Viagens e Visitas Magusto Serrano

Lina Almeida

Decorreu nos passados dias 10, 11 e 12 de novembro o nosso magusto que desta vez decorreu pelas bandas da Serra da Estrela.

O dia 10 foi passado em Seia com estadia na Quinta do Crestelo.

Foi ainda feita uma visita ao Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) estrutura do Município de Seia, orientada para a valorização e divulgação do património ambiental da serra da Estrela.

Ao fim da tarde seguimos em direcção ao Museu do Pão, sediado em Seia na Quinta Fonte do Marrão, um museu privado que pretende recolher, preservar e exiO grupo junto ao Pelourinho de Linhares da Beira bir os objetos e o património do pão português nas suas vertentes: etnográfica, política, social, histórica, religiosa e artística.

Já no dia 11 visitámos Linhares da Beira uma aldeia histórica do concelho de Celorico da Beira, um autêntico museu ao ar livre onde se podem observar as suas janelas Manuelinas. Observámos ainda a igreja da Misericórdia e Castelo que fica situado a 820m de altura. Pena foi estar nevoeiro e não se poder observar o vale do Mondego. De seguida fomos em direcção a Celorico da Beira onde se visitou o Solar do Queijo.

Após o almoço na cidade da Guarda tivemos oportunidade de observar a Praça Velha bem como a Sé e Judiaria.

Neste mesmo dia, dia de S. Martinho, não perdemos a oportunidade de provar as castanhas, a jeropiga e ainda os belos queijos todos produtos oriundos da região, num fantástico Magusto oferecido na Quinta do Crestelo.

No último dia de visita passámos pela aldeia do Sabugueiro, a mais alta do país, visitando o Museu Etnográfico e o Forno Comunitário, em direcção à Serra da Estrela com almoço na cidade da Covilhã.

Seguidamente visitámos o Museu de Lanifícios, núcleos da Real Fábrica de Panos e Real Fábrica Veiga, memórias vivas da indústria de lanifícios.

A visita decorreu de forma muito harmoniosa tendo o grupo de participantes contribuído para o sucesso da mesma.

Visita à Batalha e a Alcobaça

José Monteiro

No âmbito disciplina “Cantigando: viajar pela Idade Média”, lecionada pelas Professoras Júlia Carrapo e Edite Prada, realizou-se uma visita à Batalha e a Alcobaça, no dia 18 de setembro. O objetivo era o de apreciar, localmente, a arquitetura dos túmulos de D. Pedro e D. Inês e tomar contacto com os locais onde se desenrolou a Batalha de Aljubarrota.

A visita guiada ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mandado erigir por D. João I, com o duplo objetivo de comemoração da vitória na batalha e de afirmação régia do neto bastado de D. Pedro I, decorreu durante a parte da manhã.

Após o almoço de confraternização, assistimos a um interessante filme sobre a referida batalha e os seus antecedentes históricos, no Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota.

Por fim, deslocámo-nos ao Mosteiro de Alcobaça, onde os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro continuam... a lembrar a morte, mas também o amor (...) real, que tem despertado o interesse de diversas formas literárias, não só 20

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a nível nacional, como internacionalmente, até aos nossos dias. (História da Arte Portuguesa, Dir. Paulo Pereira, Círculo de Leitores, Vol I, p. 446).

Realçamos o interesse da interpretação das cenas iconográficas das “arquiteturas” que ornamentam os túmulos. A forte individualização, a decoração e a colocação dos sarcófagos no espaço do templo, integram-se no contexto de reabilitação de Inês como rainha, demostrando que a sua união com Pedro, sacramentada pelo matrimónio, obedecia aos cânones da época.

Viagem a Nova Iorque e a Washington

Júlia Carrapo

Finalmente chegou o dia 1 de setembro de 2019 e um grupo de alunos de História da Cultura e das Artes da USALMA e associados da Apcalmada partiram para Nova Iorque – o voo era longo e a expectativa grande… À entrada de Manhattan a grandeza e imponência dos arranha-céus, a riqueza das lojas com enormes vitrinas profusamente iluminadas, a largueza das avenidas, as pessoas apressadas a atravessar as ruas demonstrando a ideia de que tempo é dinheiro não deixou ninguém indiferente.

No segundo dia da visita, e dando cumprimento ao objetivo principal da viagem, o grupo pôde admirar a imponência do Metropolitan Museum of Art e a modernidade orgânica do Guggenheim, ambos contendo preciosas obras de arte.

Contrastando com Nova Iorque, Washington impressionou pela largueza das suas avenidas com edifícios institucionais neoclássicos imponentes mas de menor altura. Impressionou também o caráter burguês da Casa Branca em oposição com a grandiosidade do Capitólio, a estátua de Abraham Lincoln de traços fortes, denunciando um caráter determinado a cumprir os seus objetivos – a luta pela liberdade e a união dos estados.

A zona de Georgetown, local do nosso hotel, lembrava um bairro residencial de Inglaterra!

Os momentos de lazer foram muitos e variados: o cruzeiro circum-navegando a ilha de Manhattan, ao cair da noite mostrou o fascínio das luzes da cidade; inesquecível e emocionante foi a visão da estátua de Liberdade, lembrando o símbolo de esperança para sucessivas gerações de emigrantes.

Também a subida ao Empire State Building, conhecido por ser o cenário de tantos filmes românticos, foi muito apreciada.

Em Filadélfia, um guia local trajando à moda do século XVIII mostrou os sítios emblemáticos como o museu onde está o sino da Independência.

A Fraunces Tavern, local de encontro dos fundadores da nação, serviu um bom almoço.

Foi uma viagem magnífica com diferentes e enriquecedoras experiências.

Para terminar devo assinalar a boa colaboração do grupo e, sobretudo, o empenho e profissionalismo do nosso guia, Rui Alvim Silva, que a todos atendeu e procurou satisfazer.

Apelo à participação

Gosta de escrever? Tem poemas ou histórias, na gaveta? Este espaço é seu.

Envie-nos os seus textos que nós publicamos!

Eis alguns aspetos que precisa de ter em conta: a) A entrega dos textos pelos autores deve ser feita até um mês antes da edição para revisão prévia. b) Os textos devem ser escritos em Times New Roman, a espaço e meio, sem quebra de páginas. c) Por uma questão de gestão de espaço, os textos em prosa não podem ultrapassar as 800 palavras.

Participe, traga para a luz os textos que guarda na gaveta!

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Rota dos Mosteiros e Catedrais do Norte

Luísa Elvas

Como se não bastasse a beleza da paisagem, tivemos o privilégio de ter connosco uma viajante transmontana, que a dado momento nos fez saber que, perto de Macedo de Cavaleiros, em Morais, duma antiga colisão de massas resultou uma cadeia de montanhas, o Cabeço da Paixão – Umbigo do Mundo. Tratou-se de um fenómeno geológico raro, no planeta só há cinco lugares como este.

Iniciámos a visita pelo circuito do Vale do Rio Varosa e fomos conhecer os mosteiros da Ordem de Cister do século XII: o Mosteiro de São João de Tarouca e a Igreja que da época praticamente já só tem a rosácea e o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, que foi ampliado seis séculos após a construção, sendo o claustro barroco do século XVIII imponente.

Dos caminhos percorridos, foi o de Lamego para Podence que teve mais atrativos, ao longo do Douro com oliveiras, castanheiros e vinhas nos socalcos, em tons outonais, alternando períodos de chuva e nuvens negras com outros de sol brilhante, que arrancavam um grito de entusiasmo aos participantes! Podence é uma terra original, onde se festeja o carnaval com liberdades do corpo e do espírito, uma pausa na rotina quotidiana, as máscaras permitem alargar as fantasias, daí a importância dos caretos com sua garridice e pitoresco! O período seguinte tem que ser de purificação, o que sugeriu o nome Igreja de Nossa Senhora da Purificação, que por ser de diminutas dimensões tem uma certa espiritualidade, possui um altar barroco de talha dourada e um relógio especial.

Conhecemos Bragança e seguimos para Miranda do Douro. No trajeto fomos ao Miradouro de Fraga de Puio – magistral vista panorâmica! Que arrepio ao aproximarmo-nos do vidro donde nos debruçávamos para ver nas profundezas o rio e suas margens escarpadas! A Igreja Matriz de Miranda do Douro, de estilo maneirista, tem um retábulo-mor de grande riqueza e podemos encantar-nos com a imagem do Menino Jesus da Cartolinha, ícone de religiosidade popular. O Museu Terra de Miranda apresenta tradições do povo mirandês, como a dos pauliteiros ou das tecedeiras, os trajes, sobressaindo a capa de honra.

Um dos momentos altos da nossa rota foi o surpreendente Cruzeiro pelo Douro Internacional, com o sol a iluminar as margens altas e rochosas de diversas tonalidades, abrigo de aves de rapina, ambiente em que se apreciava a natureza no seu melhor!

Foi uma viagem de cultura e ameno convívio, com a excelente organização das Professoras Júlia Carrapo, Edite Prada e Glória de Brito. Ocorrida em meados de outubro, foi um início do novo ano letivo da Usalma muito agradável!

Almada, 15 de novembro de 2019

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Viagem a Malta

Maria Odete Alexandre e Maria Carreiras

Em finais de setembro, um grupo de associados da Apcalmada e alunos da USALMA, deliciaram-se com uma viagem a Malta.

O arquipélago de Malta fica a 90 km da Sicília e a 290 km do continente africano, o que o situa no centro do Mediterrâneo.

Compreende as ilhas de Malta, Gozo e Comino, todas habitadas e ainda outras ilhas mais pequenas e desabitadas de Cominotto, Filfla e St. Paul.

A ilha maior e mais importante é Malta, que dá o nome ao arquipélago, com uma área de cerca de 320 km2 e pode reclamar o título de ilha com maior densidade populacional, na Europa (cerca de 400 mil habitantes).

Em Malta, as cidades são muito numerosas, sendo a mais importante - La Valetta, a capital. A zona mais moderna da cidade de La Valetta cruza-se com uma traça antiga em belíssima harmonia.

O arquipélago é notável pela sua história, belezas naturais e riqueza arquitetónica.

A sua situação determinou que fosse dos territórios mais disputados ao longo dos séculos, sofrendo diversas invasões que deixaram marcas na história das ilhas.

Atualmente integra a União Europeia e tem como principal fonte de riqueza, o turismo.

Durante a visita pudemos conhecer locais maravilhosos, como por exemplo, a Gruta Azul, a baía de São Paulo, o Palácio Paraíso, os Jardins de San Anton, os Templos pré-históricos, a Torre Vermelha e a Catedral de S. João.

De referir que a ilha de Malta não tem recursos de água doce, pelo que a sua autonomia, a este nível, resulta de um cuidadoso tratamento da água do mar, da importação de água doce da vizinha Sicília e da água que é recolhida, em cisternas, na época das chuvas.

A grande marca nestas ilhas é a da presença da ordem de Malta, que determinou uma grande religiosidade, de tal modo que esta ilha tem cerca de 420 capelas, sendo de realçar a Catedral de S. João, que encerra a obra-prima de Caravaggio, “A Degolação de S. João Batista”, a única obra assinada por aquele grande génio da pintura.

Os cruzeiros no Mediterrâneo foram pontos altos desta viagem, quer na travessia para a ilha de Gozo (onde vimos uma belíssima cidadela), quer à volta da ilha de Malta, onde nos surpreendemos com enormes paquetes ancorados no porto.

Do alto do miradouro, a paisagem é deslumbrante!

Surpreendente é a presença constante da cor das habitações, todas elas em pedra caliça (branca e bege) e a existência de jardins frondosos, tendo em conta a escassez de água.

Curiosidades: • • • •

As cidades, na ilha de Malta, estão separadas apenas por uma rua, na sua grande maioria.

Os barcos de pesca artesanais são os “Luzzi” e estão pintados com um olho gigante na proa.

A presença de S. Paulo, na ilha, determinou que, ainda hoje, os nomes das pessoas se relacionem com o seu.

Para além de S. Paulo, também outros santos cuja imagem aparece em muitas das habitações da ilha, influenciaram o nome dos habitantes: • S. João – Guanni (para homem) e Govanna (para mulher); • S. Nikolas – Nicola, Kola (para homem) Nikoline e Kolini (para mulher)

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A Apcalmada no país dos Czars Fernanda Ataíde

Fomos recebidos com frio e chuva, mas não lhes demos qualquer importância! Entusiasticamente fomos à descoberta deste país e da sua cultura (arte, literatura, música, gastronomia).

Que dizer do museu da Armaria? E do Hermitage? E da Catedral de Santo Isaac? As palavras não chegam para descrever a riqueza (ouro, pedras preciosas, pérolas, malaquite, azurite,...) e a beleza que estes monumentos encerram. A pintura, a escultura, as artes decorativas são preciosas.

Umas, genuinamente russas; outras, europeias.

Moscovo é a velha capital repleta de história e de agitação. São Petersburgo é a nova metrópole: plana, moderna que nos surpreende a cada instante. São as limusinas, os casamentos (assistimos a alguns...), a vida sofisticada das suas gentes, a limpeza das ruas, a arquitetura, os cafés e restaurantes, a agitada vida noturna!

De qual gostámos mais? É difícil dizer, mas reconhecemos que a segunda tem um encanto muito especial.

As cidades do Anel Dourado revelam o lado profundamente religioso do povo russo. A UNESCO encontra-se a fazer um trabalho notável de restauro deste património que engloba igrejas e mosteiros muito antigos. De salientar, o Mosteiro da Trindade e S. Sérgio, o mais importante mosteiro russo e centro espiritual da Igreja Ortodoxa Russa.

Em Suzdal, participámos (e com que afinco) numa aula de pintura de matrioskas. Olhem só para nós a posar para a fotografia!

E os gatos?! Que dizer do amor dos russos por estes animais? São os primeiros a entrar nas casas a estrear; são os guardiões do Hermitage e de outros museus; têm um Dia Nacional (1.º de Março); são uma companhia procurada nos Cat Café; são uma figura meiga e fofa que nos dá as boas vindas e se senta no nosso colo!

Ficha Técnica Direção: Maria de Lourdes Albano e Jerónimo de Matos, Redação: Adelaide Paresdes, Alexandre Flores, Carlos Rocha, Domitila Cardoso, Edite Condeixa, Edite Prada, Esmeraldina Gralha, Fernanda Ataíde, Glória de Brito, Jerónimo de Matos, Joaquim Silva, José Brandão, José Monteiro, Julia Carrapo, Lina Almeida, Lourdes Albano, Luísa Elvas, Maria Carreiras, Maria da Conceição Barros, Maria Odete Alexandre, Rosa Pires, Walter Deusdado.

Fotos: Joaquim Ribeiro, Joaquim Louro, Lina Almeida, Maria de Lourdes Albano, Conceção Gráfica, Paginação: Joaquim Ribeiro, Secretariado: Sónia Tomás e Tânia Sofia Redação e Administração: Rua da Cerca, 21-23 - 2800-050 Almada Telefone e Fax: 219012420 URL www.usalma.apcalmada.org e-mail: usalma@apcalmada.org Periodicidade: Trimestral

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