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História
Oterreno onde atualmente se encontra o bairro de Nova Viçosa era ocupado, em meados dos anos 1970, por uma fazenda que se dedicava a cultura cafeeira, preservando uma extensa mata e animais silvestres (LIMA, 2005) .
Com o processo acelerado de crescimento populacional ocasionado principalmente pela federalização da Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), atual UFV, em 1969, as demandas habitacionais e de serviços rapidamente se intensifi cam na cidade de Viçosa . Logo, o Centro passa a ganhar grande disputa fundiária . A gestão municipal, com o interesse de valorizar a área central e aumentar os lucros do setor área central e aumentar os lucros do setor imobiliário, aprova a lei municipal de 31 imobiliário, aprova a lei municipal de 31 de dezembro de 1971, nº 609, dispondo de dezembro de 1971, nº 609, dispondo sobre o Prolongamento de Favelas nas áreas centrais e proibindo a construção de casebres no Centro. A justifi cativa era de que as habitações pobres e insalubres poderiam causar uma “má impressão” aos visitantes e aos novos moradores da emergente cidade universitária . Em outras palavras, era necessário “varrer” os pobres, para ceder lugar a classe média (COELHO, 2012) .
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Como alternativa às camadas mais populares sem acesso aos bairros centrais, o bairro de Nova Viçosa é lançado em 4 de maio de 1978 pela Construtora e Incorporadora Chequer . A área foi inicialmente parcelada em 3500 lotes que foram oferecidos a preços muito inferiores aos dos demais bairro muito inferiores aos dos demais bairro da cidade (COELHO e CHRYSOSTOMO, da cidade (COELHO e CHRYSOSTOMO, 2015) . 2015) .


A publicidade em torno do novo empreendimento foi ostensiva e prometia uma grande oportunidade . Os principais migrantes a aderirem eram oriundos de Viçosa (53%), demais locais da microrregião de Viçosa (27%), além de outras cidades pelo Brasil (19%) . Eram, em sua maioria, profissionais com baixos salários, entre eles, domésticos (44%), lavradores (9%), serventes (17%), pedreiros (5%), entre outros (COELHO, 2013)
A inauguração de Nova Viçosa ocorreu em uma grande celebração no dia 17 de setembro de 1978 no próprio bairro promovida pela construtora . O evento contou com caminhões de chopp, bandeiras hasteadas, churrasco popular, missa de ação de graças, discurso de Antônio Chequer e prova de moto-cross com direito a troféus (COELHO, 2012) .
Ao se fixarem no novo bairro, os migrantes se depararam com um cenário precário: o loteamento se encontrava distante da cidade, sem alternativas de transporte, não possuía infraestrutura básica para ancorar a nova população, como saneamento, água, luz e pavimentação, como foi prometido pela construtora . As primeiras construções do bairro foram principalmente de pau a pique e sapê, por conta das precárias condições econômicas . Segundo relatos, no início da ocupação, o bairro era repleto de lavouras de café, milho, feijão e pasto . As estradas eram de terra e o deslocamento era feito através do caminho que o gado fazia . Em alguns trechos, cabritos e cavalos mantinham-se soltos, o que garantiu o apelido inicial de “Patrimônio dos Cabritos” ao bairro (COELHO, 2013) .
O processo de construção de Nova Viçosa ajudou a ascender uma figura emblemática como “herói” e “pai dos pobres” . Antônio Chequer era dono da Construtora e Incorporadora Chequer e por conta do marketing em torno do empreendimento vinculado a seu nome, o preço acessível e as doações de lotes feitas por ele, tornou-se o "defensor dos pobres e oprimidos" . Essa era, no entanto, uma parte da verdade: os números de lotes doados pelo empresário foram menores do que o divulgado, as condições de habitabilidade no bairro eram precárias e as ações de Chequer eram motivadas por interesses econômicos e políticos, na prática do clientismo . O empreendimento foi de grande rentabilidade para o empresário e a imagem de “mito” garantiu a ele o título de prefeito por 3 mandatos, mesmo não executando grandes ações no bairro durante esse período . O poder simbólico e material exercido por Chequer é instaurado e disseminado através da glorificação de seus feitos na imprensa, os títulos e premiações alcançados por ele, além de logradouros batizados com seu nome . Tais elementos ajudaram a produzir uma memória hegemônica pela elite local, que “obstruiu as múltiplas possibilidades de entender as práticas sociais envolvidas no processo de construção do bairro” e invisibilizou o passado dos pobres (COELHO, 2012) .
"As habitações dos pobres não eram adequadas para centro, era necessário 'varre-los' da área central, 'abrindo' novos espaços para a
classe média" (COELHO, 2012)