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Sabiduría para el camino sinodal

Dra. Jessie Rogers - Sabedoria para a Caminhada Sinodal shalom universal: paz, plenitude e bem-aventurança. Sabendo disso, podemos discernir o Espírito de Deus em ação em cada impulso em direção à vida e ao amor, mesmo em meio as fraturas. Sabemos também que nossa missão é edificar o corpo de Cristo, entendido no sentido mais amplo, e ser um canal da bênção de Deus para o mundo. Mas há muitas maneiras diferentes em que isso pode ser feito. O Espírito Santo concede diversos dons e existem inúmeras possibilidades para viver fielmente o chamado. Além disso, estamos caminhando com o Deus das surpresas que vem ao nosso encontro rumo a um futuro desconhecido. Não podemos prever com antecedência para onde a caminhada nos levará. Deus é fiel e criativo, sempre fiel a si mesmo e guardião das alianças, e ainda maior do que qualquer enquadramento que possamos fazer para Deus. Como caminhamos num cosmos emergente com um Deus confiável, mas radicalmente livre, que escolheu envolver as criaturas de Deus no processo criativo e que nos deu o livre

A única maneira de proceder com sabedoria é manter-se perto de Deus e do que Deus está fazendo.

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UISG - Bollettino n. 178, 2022 arbítrio para que possamos escolher contra, assim como a favor, a vida e a integridade? Esse é o desafio da sinodalidade: caminhar juntos.

2.

A única maneira de proceder com sabedoria é manter-se perto de Deus e do que Deus está fazendo. Isso requer tanto enraizamento quanto abertura. Ouça as palavras dirigidas ao povo de Deus no exílio que descrevem esta dança do discernimento:

Assim diz o SENHOR, aquele que fez um caminho pelo mar, uma vereda pelas águas violentas, que fez saírem juntos os carros e cavalos,

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UISG - Bollettino n. 178, 2022 o exército e seus reforços, e eles jazem ali, para nunca mais se levantarem, exterminados, apagados como um pavio: Não se lembram o que se foi;, não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não o percebem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo. (Isaías 43,16-19)

O povo de Deus é instruído a lembrar como, com algumas frases evocativas a travessia do mar e o afogamento do exército do Faraó, o poeta os lembra que o Deus que se dirige a eles é o Deus do Êxodo, o Deus de seus ancestrais e o Deus da Tradição. Este é o Deus da fidelidade em tempos passados. Mas então, depois de lembrá-los explicitamente, o poeta lhes diz: “não se lembrem das coisas antigas nem considerem as coisas do passado.” Eles devem esquecer apenas o suficiente para criar um espaço para a novidade de Deus. Se, em sua imaginação, eles se apegarem demais a como Deus agiu no passado, eles podem ignorar a coisa nova que Deus está fazendo no presente. Eles precisam se lembrar para que possam reconhecer as pegadas de Deus, mas cuidar para não ficar lembrando muito afim de que as expectativas baseadas no passado não os ceguem para o que Deus está fazendo agora. É o mesmo Deus e a mesma história, mas em uma chave diferente. Onde a caminhada do Êxodo os conduziu através da água à liberdade, esta caminhada os conduzirá para fora do exílio, através do deserto e de volta para casa.

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UISG - Bollettino n. 178, 2022 Você pode ouvir aqui a sabedoria para sua própria caminhada sinodal? Você é nutrida pelas tradições que a moldaram, por seus carismas fundacionais e por suas próprias histórias pessoais nas quais você conheceu Deus. Essa história lhe dá um lugar firme para se manter de pé; moldou sua compreensão de Deus e de como Deus trabalha. Tal conhecimento é a chave para ser capaz de reconhecer as pegadas de Deus. Mas, como uma árvore que lança novos galhos, você precisa estar aberta ao futuro, um futuro que você não pode prever de antemão, mas cujos novos brotos você pode reconhecer no presente se prestar atenção. O Deus que você conheceu é o Deus que levará a história adiante. Mas este Deus não pode ser limitado ao que você já conhece. Somos convidadas pelo texto bíblico a criar um espaço em nossa memória para nos impedir de tentar prender o futuro na gaiola do passado. Somos chamadas a ser abertas e receptivas à coisa nova que Deus está fazendo. No momento presente, que paira

na brecha entre o passado que pensamos conhecer e o futuro que ainda está por vir, podemos abraçar a incerteza com curiosidade. Estamos sendo solicitadas a prestar atenção porque o que Deus está fazendo não pode ser nomeado de antemão, mas pode ser percebido se estivermos alertas e atentas. Há uma continuidade na obra de Deus que, embora fuja da previsão, pode ser intuída no presente e confirmada em retrospectiva.

Que disposições e atitudes de coração nos ajudarão nessa dança do discernimento, nesse lembrar e esquecer e perceber? Lembro-me das palavras de Jesus aos seus discípulos depois de os ter convidado a discernir o Reino de Deus através das lentes das parábolas que estendem, provocam e incitam a uma nova forma de experimentar Deus no mundo: “Por isso, todo escriba que tem sido preparado para o reino dos céus é como o dono de uma casa que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. (Mateus 13,52). Quando somos sábias, não somos rígidas e presas ao passado, nem levadas por todas as modas novas. Somos,

Dra. Jessie Rogers - Sabedoria para a Caminhada Sinodal ao mesmo tempo, enraizadas e sensíveis. Somos capazes de discernir o que valorizar no velho e o que abraçar no novo. Conhecemos nossas histórias. Mas também temos um vislumbre do futuro glorioso para o qual Deus nos chama. Suspensas entre o passado e o futuro, estamos atentas aos sinais de Deus em ação no presente. Nem tudo no passado pode ser trazido para fora como um tesouro. A liberdade requer a coragem de enfrentar a escuridão em nosso passado, individual e coletivamente. Para o que precisamos dar e receber perdão? O que devemos renunciar? Podemos permanecer enraizadas nas dimensões vivificantes do passado sem tentar justificar as partes dele que estão machucadas e doloridas ou que não nos servem mais por não serem boas. Mas vamos celebrar aqueles elementos que continuam a dar vida. Mulheres sábias cantam e dançam suas histórias de libertação, como Míriam, do outro lado do Mar Vermelho, que pegou seu pandeiro e guiou as mulheres na dança: “Cantemos ao Senhor, porque ele triunfou gloriosamente; cavalo e cavaleiro lançados ao mar”. (Êxodo 15,21).

Como podemos abraçar a sabedoria da vulnerabilidade? Significa

semear com esperança, mesmo quando estamos chorando, e confiar seu crescimento a Deus

(Salmo 126).

UISG - Bollettino n. 178, 2022 O que nos ajudará a ver a coisa nova que Deus está fazendo em nosso meio e no mundo? Uma atitude de admiração contemplativa, atenção compassiva e esperança. Na Evangelii Gaudium, o Papa Francisco nos exorta:

“Cremos no Evangelho quando ele nos diz que o reino de Deus já está presente neste mundo e está crescendo, aqui e ali, e de várias maneiras: como a pequena semente que cresce em uma grande árvore, como a medida do fermento que faz crescer a massa, e como a boa semente que cresce no meio do mato e pode sempre surpreender-nos agradavelmente. O reino está aqui, ele retorna, luta para florescer novamente. A ressurreição de Cristo, em todos os lugares, gera sementes desse novo mundo; mesmo que sejam cortadas, elas crescem novamente, pois a ressurreição já está secretamente tecida no tecido desta história, pois Jesus não ressuscitou em vão”. (EG par. 278)

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UISG - Bollettino n. 178, 2022 Se acreditarmos nisso, se confiarmos que Deus está trabalhando, e desejarmos fazer parte dessa marcha de esperança viva, então teremos um vislumbre da coisa nova que Deus está fazendo.

3. O Deus do Êxodo nos é revelado como o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. O mistério pascal é um lembrete poderoso de que Deus trabalha de maneiras surpreendentes. Deve estar no centro de nossa lembrança, porque os seguidores de Jesus Cristo são chamados a abraçar a sabedoria da vulnerabilidade. São Paulo recorda-nos que a Boa Nova que anunciamos é Cristo crucificado. O que o mundo chama de fraqueza, loucura e fracasso, na verdade é o poder e a sabedoria de Deus em ação. “Pois a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e a fraqueza de Deus é mais forte que a força humana.” (1 Coríntios 1,25). Diante da violenta oposição, Jesus evitou as reações instintivas ao perigo de lutar ou fugir. Ele não procurou superar a violência com a força, que é o caminho do revolucionário. Tampouco escolheu o pacifismo, fugindo ou deixando-se silenciar. Jesus abraçou a terceira via de resistência não-violenta. Ele permaneceu fiel até o fim. Absorvendo a violência sem retaliar ou recuar, sem lutar nem fugir, mas perseverando na obediência fiel ao seu Pai, Jesus desmascarou as mentiras dos poderosos e sofreu em solidariedade com os impotentes. Sua morte criou a possibilidade de reconciliação e novas possibilidades tanto para os oprimidos como para os opressores terem sua humanidade restaurada. Esse é o poder transformador da solidariedade vulnerável ao qual Deus diz um sonoro ‘sim’ na Ressurreição. Como podemos abraçar a sabedoria da vulnerabilidade? Significa semear com esperança, mesmo quando estamos chorando, e confiar seu crescimento a Deus (Salmo 126). Significa arriscar a nós mesmas e o nosso futuro pelo bem do mundo e seu futuro. Significa aceitar que a mudança acontece não pela força, mas abraçando o outro, através da oferta da reconciliação. Precisamos absorver o modo contracultural de Jesus estar no mundo. A sabedoria convencional pode nos dizer que só podemos provocar mudanças a partir de uma posição de poder e influência, ou que precisamos dominar a conversa ou os fatos, ou que o fim justifica os meios. Mas não é assim que Deus traz novidades.

Quero observar, porém, que num mundo patriarcal, a tentação enfrentada pelas mulheres é muitas vezes invertida. Jesus nos diz que aquele que quiser salvar sua vida a perderá, mas aquele que perder sua vida a salvará (Mt 16,27). Mas existem motivações diferentes para perder a vida. Outros vão querer tirar isso de nós pedindo que nos sacrifiquemos por seus objetivos ou desejos. Negar a si mesmo para permitir o egoísmo ou a destrutividade dos outros não é viver de uma vulnerabilidade moldada por Cristo. Devemos estar convencidas do nosso próprio valor inestimável aos olhos de Deus, para encontrar a liberdade interior e para nos entregarmos por amor. Quando tivermos ouvido a afirmação do Pai “Tu és minha filha amada, em ti ponho o meu agrado” (cf Lc 3,22), teremos força para dizer ‘não’ às tentações que nos tirariam da missão, assim como Jesus fez no deserto (Lucas 4, 1-12). Às vezes, a tentação é alimentada pelo orgulho, mas para as mulheres em particular, as vozes que devem ser resistidas, geralmente, vêm de um sentimento de inadequação ou de uma expectativa cultural internalizada de que vivemos nossas vidas de acordo com a vontade dos outros. Jesus não era um capacho, e nós também não o somos. A sabedoria nos chama a agir a partir de um lugar de liberdade genuína. Quando sabemos que nossas vidas são de Deus e que são preciosas, além da medida, nós as entregaremos pelas razões justas.

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A sabedoria abraça os melhores objetivos e escolhe os caminhos ideais para alcançá-los. Que ações e valores são necessários para viver com sabedoria e caminhar sinodalmente, num mundo interconectado, emergente, permeado por Deus, que sofre e é belo? Se o Deus de Jesus Cristo está operando nas e através das criaturas de Deus e se Deus está reconciliando todas as coisas em Cristo (Cl 1,16), então a sabedoria não consiste em ter poder ou em verdades abstratas a serem impostas. Em vez disso, encontrase no acompanhamento, na aproximação. Onde há brotos verdes indo em direção à luz, a mulher sábia rega, capina e espera com esperança. Ela presta atenção de forma compassiva e responde às necessidades capacitando e encorajando o crescimento. Ela tem paciência e coragem para segurar as tensões enquanto algo novo vem à tona. Ela explora sua criatividade dada por Deus e atrai a criatividade dos outros. Ela não trabalha sozinha. Profundamente ciente dos elos que compõem a teia da vida, ela celebra a vida e o amor que fluem através deles, consertando os elos fracos, desbloqueando o obstruído, lamentando os que estão quebrados e forjando novos elos. Ela constrói a comunidade e é ela mesma alimentada e apoiada por outros. Ela continua ampliando o círculo. Tal vida se enraíza e cresce em corações abertos, criativos, confiantes e dispostos a se aventurar por novos caminhos. Há duas práticas que são de particular importância para a sinodalidade: saber quando falar e quando calar, e a prática da hospitalidade. O pregador em Eclesiastes nos lembra que “para tudo há um tempo, e um tempo para todo propósito debaixo do céu”, incluindo “tempo de calar e tempo de falar” (Eclesiastes 3, 1, 7b). Seria muito mais fácil se algumas ações estivessem sempre certas e outras sempre erradas! Mas a sabedoria consiste em saber o momento oportuno. O caminho sinodal é um processo de conexão, de escuta e discernimento e de falar a nossa verdade com coragem. A hora de falar é depois de ouvirmos profundamente. É quando nos abrimos em verdadeira vulnerabilidade para o outro. A conversa honesta é presença autêntica. É também um tempo para falar quando a nossa voz pode trazer em foco a perspectiva dos excluídos. Devemos falar contra atos de silenciamento opressivos ou descuidados. A hora errada de falar é antes de ouvirmos - a Deus, a nós mesmas e aos outros. O discurso tolo vem de um lugar irrefletido e complacente, onde pensamos que sabemos e não temos nada de novo para aprender. As palavras podem ser uma forma de abafar o que não queremos ouvir, porque somos arrogantes ou medrosas, talvez até as duas coisas. “A palavra proferida no momento certo é como frutas de ouroincrustadas numa escultura de prata” (Pv 25,11). A palavra certa na hora certa cria a possibilidade de conexão. E o silêncio? Ficar em silêncio quando devemos falar é recusar a conexão ou privar os outros de nossas percepções singulares. Quando uma perspectiva sobre uma questão complexa não é escutada, o discernimento comunitário em direção a uma solução pode ser desequilibrado e incompleto. Ficar em silêncio na hora errada pode permitir que o mal floresça e prive o necessitado de um advogado. O bom silêncio está a serviço da escuta atenta. Cria um espaço de compreensão, de conversão e de crescimento. O silêncio atento é um ato de hospitalidade radical. A hospitalidade é uma das marcas do Evangelho em ação, particularmente quando é estendida ao estrangeiro (Romanos 12,13; Hebreus 13,2) A prática da sinodalidade espelha a própria prática de Jesus de inclusão dos companheiros/as nas refeições; uma prática que abre espaço à mesa. A hospitalidade não apenas alimenta o estranho; abre espaço para ele em nossas vidas. A hospitalidade deve ser recebida com humildade, bem como assim ser oferecida. A sabedoria da vulnerabilidade reconhece as maneiras pelas

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UISG - Bollettino n. 178, 2022 quais dependemos da hospitalidade radical dos outros. Estou pensando em como Jesus enviou os 72 discípulos, dizendo-lhes que não levassem nada para a viagem e instruindoos a ficar onde fossem recebidos e a comer o que lhes fosse oferecido (Lucas 10). A hospitalidade nos lembra que não somos autossuficientes; ela tece fios para superar a divisão e o isolamento. A hospitalidade é essencial para a sinodalidade porque cria possibilidades de transformação através do encontro.

5.

Concluo com um extravagantemente generoso convite da carta de Tiago, um texto de sabedoria do Novo Testamento:

Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá generosamente e de boa vontade; e ela lhe será dada. Mas peça-a com fé, Sem duvidar, pois quem duvida é semelhante a uma onda do mar, Levada e agitada pelo vento (Tiago 1,5-6 NRSV). Você precisa de sabedoria? Bem, peça e você receberá! Deus anseia que façamos essa caminhada sinodal com sabedoria. Nosso Deus generoso se deleita em nos dar tudo o que precisamos à medida que crescemos num modo sinodal de ser e de servir. O convite não poderia ser mais claro: peça o que você precisa! Somos lembradas de que devemos pedir com fé, nunca duvidando. Como podemos fazer isso? Talvez antes de pedirmos sabedoria para o caminho sinodal, devêssemos pedir a Deus que nos ajude a confiar, confiar que Deus está trabalhando, confiar que o Reino de Deus está se enraizando e crescendo mesmo nos lugares mais improváveis, e confiar que podemos ouvir o convite do Espírito nas experiências dos outros, particularmente nas margens. Tiago enfatiza que a fé não é o que dizemos que cremos, mas o que fazemos. A fé é vista em ação (Tiago 2, 17, 26). Por implicação, duvidar é recusar-se a realizar a ação que a fé exige. Se pedirmos sabedoria e não dermos o primeiro passo, por mais vacilante que pareça, estaremos pedindo sem fé e nunca descobriremos a sabedoria que Deus nos oferece. Não caia na tentação de pensar que falar de sinodalidade é o mesmo que praticá-la. Não estude a sinodalidade sem experienciá-la. Tornar-se uma igreja sinodal significa caminhar juntos, juntas. Significa abrir-se aos outros, escutar e falar, refletir e discernir e dar o próximo passo juntos, juntas. O caminho se faz caminhando. A sabedoria é encontrada em responder ao convite do Senhor para caminhar com o Espírito, uns com os outros, umas com as outras e, finalmente, com toda a criação, enquanto co-criamos um futuro que é o sonho de Deus para o mundo.

VULNERABILIDADE COMO LÍDER DURANTE O TEMPO DA PANDEMIA

UISG - Bollettino n. 178, 2022 UISG - Bollettino n. 177, 2022 Irmã Mª Carmen Mora Sena, hcsa

A Irmã Mª del Carmen Mora Sena, Superiora Geral das Irmãs da Caridade de Santa Ana, Vice-Presidente da Comissão de Saúde da USG-UISG, (nascida em Sevilha, Espanha), é graduada em Medicina e Cirurgia pela Universidade de Sevilha ( 1988) e é Especialista em Medicina Famíliar e Comunitária. Obteve o grau de Mestre em Bioética pela Universidade Católica de Valência.

Quando recebi o convite para participar neste painel, senti que não podia dizer não, porque precisamente, a vulnerabilidade acompanhou-me ao longo da minha vida e acho que é a palavra que melhor define a minha experiência pessoal no desempenho do serviço, como Superiora Geral da Congregação da qual faço parte. Serviço que iniciei em julho de 2019, poucos meses antes do início da pandemia do covid-19. A verdade é que, desde o início, antes mesmo da pandemia começar, me senti pequena e vulnerável e praticamente passei o primeiro ano deste serviço me perguntando por que disse sim no Capítulo, quando fui eleita. Lembrei-me de Samuel perguntando a Jesé: “São estes todos os filhos que você tem?” (1 Sam 16,11) Eu tinha alguma experiência de Governo, mas nunca tinha sido uma “Superiora”, nem mesmo de uma comunidade local... Sentia facilmente os meus limites na vida quotidiana: uma certa insegurança pessoal, apego à minha imagem, vontade de “fazer” bem feito, não sabia administrar bem minhas emoções, nem me expressar muito bem quando afetada por elas..., e sentia que havia outras Irmãs que poderiam prestar esse serviço melhor do que eu. No entanto, nos Exercícios Espirituais que vivi, no tempo da Pandemia, a “escolha” foi “dizer sim” ao serviço que agora realizo, a partir da vulnerabilidade, convicta de que este é o tipo de liderança que a vida religiosa necessita. hoje. Sou espanhola e, no meu país, o “estado de alarme” foi decretado devido à Pandemia em março de 2020. Eu havia retornado da Venezuela uma semana antes e não estava ciente da situação. A noticia, então, me pegou de surpresa, com um cansaço acumulado e questões atrasadas esperando para serem resolvidas. Mas, para além das recomendações iniciais, protocolos e orientações de ação que, em conjunto com a Conselheira encarregada pela área da Saúde, enviamos às comunidades e centros, confesso que tive dificuldade em reagir:

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