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APRESENTAÇÃO
Um tesouro em vasos de argila
O tema da fragilidade é um tema que diz respeito a todo ser humano. Somos frágeis porque somos seres limitados, inacabads e expostos aos acontecimentos inesperados da existência.
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Ser mulheres e homens de fé, e ser homens e mulheres consagrados, não nos isenta da fragilidade, mas nos torna mais conscientes dela. À luz do Espírito, nos descobrimos parte de uma humanidade necessitada de escuta, de esperança, de salvação.
Buscando a esperança do Coração de Cristo, Crucificado e Ressuscitado, trazemos ao mundo nosso tesouro, escondido em vasos de barro.
Escolhamos nos deparar com o mais profundo de nós mesmos e compartilhar nossas fragilidades, para que se tornem transparência da graça, o que nos leva a reconhecer a marca de Deus na história e a partilhar a caminhada de nossos irmãos e irmãs mais vulneráveis, como nos exorta o Papa Francisco: “Partindo de sua fragilidade, libertas dos espíritos que as perturbam, vocês podem suavizar seu caminhar para um anúncio do Evangelho pleno de esperança”.
(Discurso do Santo Padre às participantes da Assembleia Plenária daUnião Internacional das Superioras Gerais (UISG), Sala Paulo VI, 5 de maio de 2022.
Deixarmo-nos amar em nossa fágil interioridade…
Paula Jordão, FMVD
O amor de Jesus nos capacita para amar, libertando-nos: “Se permanecerdes na minha palavra, sois meus discípulos de fato; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará... E se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis libres” (Jo 8,31-32.36). O conhecimento da verdade sobre nós mesmas, que nos é dada unicamente através de nosso relacionamento com Deus e com sua Palavra, nos levará a nos deixar amar e a amar do jeito de Jesus. Este é o objetivo de nossa vida consagrada, que só se eleva tocando nosso chão - nosso húmus - colocando-a sincera e humildemente diante de Deus que sempre nos fortalecerá e nos justificará com sua graça.
Madeleine Delbrêl. Companheira de fragilidades e de esperanças
Mariola López Villanueva, RSCJ
O Papa Francisco, em 27 de Janeiro de 2018, declarou as suas “virtudes heróicas” e não podemos deixar de notar as convergências que encontramos entre Evangelii Gaudium (cujo título se assemelha a um dos livros mais conhecidos de Madeleine: A Alegria de Crer) e a forma como Madeleine concebe o anúncio missionária do Evangelho no meio urbano, essa necessidade de “reconhecer a cidade a partir do olhar contemplativo...que descobre o Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças” [71]. Ela representa também, de forma excepcional, aquela “santidade da porta do lado” que o Papa descreve em Gaudete et Exsultate; ela recorda-nos a dimensão social inevitável de uma Igreja em saída e vai viver no concreto das suas interaçoes quotidianas aquela amizade social a que somos exortadas em Fratelli Tutti.
A Consagração, caminho eucarístico
Simona Brambilla, MC
A nossa consagração é um fato fundamentalmente relacional. E é na dinâmica relacional da consagração que podemos ler sua essência eucarística. A Eucaristia é relação, relação de Amor. A Eucaristia expressa, na experiência de Deus conosco, de Deus feito carne, o mistério insondável da comunhão de Amor intrínseco à Trindade. Amor que transborda na Criação e na Redenção, como o desejo mais ardente, terno e humilde de Deus de estar com a pessoa humana, de consolá-la, de fazê-la feliz, convidando-a a participar do Fogo ardente e alegre do Amor. A Eucaristia é uma expressão eloquente do Amor que tudo dá e tudo recebe. Nossa Consagração só encontra sentido na medida em que é um caminho de abertura e de transformação de nosso ser para que este Amor seja livre para viver em nós e nos libertar de tudo o que não é Amor!
Vida Religiosa em Tempo de Incerteza:
Permanecendo entre “ver” e “não ver” – uma leitura lacaniana de João 9
Sophia Park, SNJM
A linguagem pode operar como um sistema para conter e restringir nossa realidade viva. Acreditamos inconscientemente que estamos seguros e protegidos, desde que permaneçamos na linguagem ou no mundo simbólico. No entanto, a vida religiosa nunca é fixa; ele se move conforme o Tao flui. Ontologicamente, a identidade da mulher religiosa, dada em um determinado espaço e tempo, não pode ser estática, mas, sim, constantemente em movimento. O filósofo pré-socrático, Heráclito de Éfeso, afirmou: não se pode entrar duas vezes no mesmo rio; para as outras águas sempre fluindo para você. Chamamos este momento de Kairós, o tempo da transformação e da ação correta. Então, como a vida religiosa escapa do sistema fechado de linguagem ou da cosmovisão logocêntrica?
Promovendo o Pleno Florescimento das Crianças na Igreja
Sarah Rudolph, IBVM
A dignidade e os direitos fundamentais da criança estão situados no fundamento da dignidade fundamental da pessoa humana. No Concílio Vaticano II, a Igreja afirmou a dignidade inviolável da pessoa criada à imagem de Deus, capaz de amar e conhecer o Criador. Jesus é a “imagem do Deus invisível” (Colossenses 1,15). Na Encarnação, Jesus une-se à humanidade. Por meio de sua morte, ele liberta a humanidade do pecado. Assim, a pessoa cristã conformada à semelhança de Cristo torna-se “capaz de cumprir a nova lei do amor”. As crianças, como pessoas humanas, são imbuídas de dignidade através da sua criação à imagem de Deus e crescem em santidade através da conformação à vida de Cristo, particularmente através da experiência da infância.